Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 15 de novembro de 2015
Republica Bolivariana do Narcotráfico? E quanto passaria pelo Brasil?
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Integracao sul-americana (da droga) - tem tarifa comum para o produto? - Juan Forero (NPR)
Em todo caso, apreciaria que alguém me dissesse qual a Nomenclatura Aduaneira do Mercosul que classifica a droga, uma vez que ela pode, teoricamente, ser exportada legalmente, para fins de pesquisa ou para uso médico, por exemplo. E qual seria a tarifa aplicada, por favor, se está em lista de exceção, se está prevista convergência em algum momento (no livre comércio total que um dia deve existir, caramba, inclusive com a legalização dessa importante commodity do comércio mundial).
Enquanto isso, ela continua a provocar destruição, morte, corrupção, tangos e tragédias neste nosso canto de planeta que alguns pretendem integrado. Também acho, mas não sempre pelas vias corretas.
Paulo Roberto de Almeida
And the source of the cocaine is increasingly Bolivia, a landlocked country that shares a 2,100-mile border with Brazil.
As Brazilian police officers and border agents can attest, the drug often finds its way to Brazil by crossing the Mamore River, which separates the state of Rondonia from Bolivia in the heart of South America.
It is not an easy border to patrol. Much of it is porous jungle or river. It is also a big border, bigger than the U.S.-Mexico line that has caused so much trouble for both the Obama administration and Mexico's government.
Worse still is that Bolivia, along with Peru and Colombia, are the three biggest cocaine-producing countries — and Brazil shares 5,000 miles of frontier with them.
"Here we patrol at dawn and at night, looking to ambush the boats that cross with drugs," says Alexandre Nascimento, a federal police agent who piloted the boat. "But it's difficult and dangerous, and you have to have patience."
The agents also say they have to have a degree of luck, to decipher which of the countless small boats that cross the river from Bolivia are carrying drugs.
Most don't stop at the major border crossings, but rather find their way along narrow channels and drop off their goods at isolated ports.
"There are many ports," says Alexandre Barbosa, another federal agent. "Every 100 meters or sometimes less, you see a port. So you can move from one port to the other very fast."
Brazilian and U.N. counternarcotics officials say those little boats making quick trips, along with small planes that make 20-minute flights, are flooding Brazil with Bolivian cocaine.
As Brazil Grows Richer, Cocaine Use Rises
The reasons are simple: Brazil, long the world's No. 2 consumer of cocaine after the United States, is seeing consumption rise fast. And Bolivia is responding to the demand, increasing its production of cocaine in recent years, according to U.N. and U.S. data.
"You've seen a shift where the drug traffickers are looking for a new market, new and emerging markets," says Bo Mathiasen, a senior U.N. drug official who tracks the cocaine trade across the continent. "And so the traffickers have been focusing on trying to ship more cocaine over towards Brazil, to Argentina and down to Chile."
It is Brazil, though, that is the big prize out of the many countries that have seen a spike in cocaine use in recent years. Brazil has lifted 30 million people into the middle class in recent years. For traffickers, that's particularly alluring, Mathiasen says.
"Brazil is in a way victim of its own success," he says. "Clearly, the economic success and the rising purchasing power and the growth of the economy turned it more attractive also for drug trafficking."
The turn toward Brazil has come as cocaine use in the United States has fallen by an estimated two-thirds over the past 30 years, according to the United Nations 2012 World Drug Report, which says the trend has been particularly notable since 2006.
More On Brazil
Cocaine production has also fallen steeply.
Increased Production In Peru And Bolivia
Peru and Bolivia have picked up the slack, with the cocaine from Bolivia proving to be the biggest challenge, according to Brazilian police.
"We see this as a problem of security and, at times, a problem of national defense," says Regina Miki, national secretary of public security at Brazil's Ministry of Justice.
Brazilian President Dilma Rousseff's government has since 2011 moved to shore up border security by deploying thousands of troops and assigning more and better equipped federal police agents to the border.
There are also plans for a fleet of unmanned aerial drones to patrol the most remote sectors. In a recent hearing in the capital, Brasilia, Justice Minister Jose Eduardo Cardozo said Brazil moved fast and aggressively.
"It's impossible to have a border that's invulnerable, because no country in the world has that," he said. "But our frontiers are much better controlled than in the past."
But out on Brazil's frontier with Bolivia, the Mamore River, it's clear how difficult the challenge is for a group of 35 federal agents assigned to patrol just one sector.
On a recent day, heavy rains fell and the Mamore and other rivers became swollen. Meanwhile, the small dugout canoes from Bolivia kept coming, loaded with provisions and suitcases, boxes and equipment.
In their speedboat, the federal officers dashed from one side of the Mamore to the other, trying to decide which boats to stop and search. With the river running high, they also had another problem to worry about: small creeks that had been made navigable by the constant rainfall.
"Look, even here, in front of us, you can see a canal," says Allan Oliveira, one of the agents. "You can go in with the small boats traffickers use to hide from the police."
sábado, 1 de setembro de 2012
Um vizinho preocupante: a Bolivia e o narcotrafico (e producao...)
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Duglas Farah é pago para redigir relatórios de segurança para empresas privadas e órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Defesa. Membro do Centro de Avaliação Estratégica Internacional (lasc), de Washington, o consultor americano é especialista em identificar as áreas de influência de cartéis mexicanos, gangues salvadorenhas e grupos terroristas na América Latina. Também revela as armas, os centros de lavagem de dinheiro e os contatos no governo e na Justiça usados por esses criminosos. Autor do livro Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, Farah foi criado na Bolívia, onde seus pais, missionários americanos, trabalharam.
Como explicar o avanço do crime organizado na América Latina?
(…)Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos “bolivarianos”, liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região.
(…) Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interna e externa e apoiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento do papel da Venezuela corno local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia.
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AS AUTORIDADES LATINO-AMERICANAS ENVOLVIDAS
Quais são as principais autoridades envolvidas com narcotraficantes?
São muitas. O ministro da Defesa da Venezuela. Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento de Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotraficantes. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia. Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenú acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Corrêa, Gustavo Larrea, ex-ministro de Segurança Interna e Externa, e José Ignácio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com traficantes das Farc.
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O MAL PARA OS BRASILEIROS
Como a sociedade brasileira é afetada pelos narcoestados da vizinhança?
O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior parte da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim, cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack, com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba ou comete outros crimes. Os pontos de venda passam a ser disputados, e os bandos começam a se armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas, o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tinha sido acompanhado do aumento da criminalidade.
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O Irã tem petróleo e está muito longe daqui. Qual é o seu interesse na América Latina?
Um dos objetivos claros do Irã é driblar as sanções internacionais. Na Venezuela, criaram-se instituições financeiras de fachada, como o Banco Internacional de Desenvolvimento, que Chávez sempre disse que não era iraniano. Eu tive acesso aos papéis de sua fundação, contudo, e verifiquei que todos os dezessete diretores eram iranianos. Tinham passaporte e nomes persas. O banco era usado para movimentar o dinheiro das transações internacionais do Irã, especialmente as relacionadas ao seu programa nuclear. Depois que esse esquema foi descoberto, o Irã e a Venezuela inventaram outros. (…) No Equador, os iranianos utilizam bancos nacionais que não funcionam mais, mas ainda existem no papel. Bem mais difícil é saber o que eles querem na Bolívia. Há 140 diplomatas iranianos que oficialmente atuam como assessores comerciais no país, mas o comércio bilateral não passa de alguns poucos milhões de dólares. (…)
Temo que o Irã queira usar a América Latina para ameaçar ou chantagear os Estados Unidos. Os generais venezuelanos carregam nos bolsos um pequeno livro com as doutrinas do Hezbollah, um grupo fundamentalista xiita apoiado pelo Ira. O texto contém a meta de derrubar o império americano com armas de destruição em massa. O intercâmbio com os países bolivarianos serviria, então, para montar um perigoso arsenal, talvez químico ou biológico, no quintal dos americanos.
(…)
sábado, 26 de maio de 2012
Venezuela: novas acusacoes de narcoEstado - ex-presidente Uribe
Pode ser lido na sequência de post anterior sobre o mesmo assunto:
SÁBADO, 12 DE MAIO DE 2012
Uma herança pesada, sem dúvida, para o governante que suceder a Chávez, pois terá a hostilidade de certos círculos militares.
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: o perigo do ‘Narco-Estado’
Madrid, 24 maio 2012
As acusações de conivência das autoridades venezuelanas com o narcotráfico e as FARC nao são novas, mas fizeram-se mais insistentes depois das recentes denúncias de dois juízes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano que fugiram do país. Segundo o ex-magistrado do TSJ, Luis Velásquez Alvaray, que se exilou na Costa Rica em 2006 depois de ser acusado de corrupção, entre os “generais favoritos” de Chávez há vários narcotraficantes que integram o poderoso “Cartel de los Soles”.
aponte
Por sua vez, Eladio Aponte, outro ex-membro do TSJ, fez cargos similares contra as cúpulas militar e judicial venezuelanas depois de prestar-se a colaborar com a DEA, a agência de antidrogas dos EUA, desde o Panamá, onde se refugiou depois de ser demitido de seu cargo em meio a revelações sobre seus nexos com o narcotráfico. Também um empresário venezuelano de origem síria, Walid Makled, que enriqueceu pelos contratos de moradias do Estado e hoje é processado por narcotráfico e assassinato na Venezuela após ser extraditado em 2010 a esse país pelo governo colombiano, revelou em uma entrevista que teve mais de 40 de altos oficiais do exército venezuelano em sua folha de pagamento e aos que pagava um milhão de dólares mensais por sua “proteção”.
Sobre Makled pesa a acusação de fornecer os insumos químicos que alimentam os laboratórios de cocaína das FARC na selva colombiana e de ter introduzido toneladas de cocaína nos EUA. Abandonado em uma cela em uma prisão colombiana, ante sua iminente deportação à Venezuela, Makled falou com El Nacional (10-10-2010) ao sentir-se traído pelos militares de alta patente, deputados e magistrados do TSJ e dirigentes do Partido Socialista Unificado da Venezuela que, segundo ele, protegiam suas operações. “Tenho vídeos e gravações de conversas telefônicas de todos eles”, assegurou.
Há tempo, tornaram-se habituais no país operações de assassinatos encomendados, ordenados pelos narcotraficantes que se infiltraram às forças de segurança. Mas, ninguém acredita que Aponte ou Velásquez estivessem fora desse jogo.
Segundo diversas versões da imprensa venezuelana, quando estavam em exercício, seu primeiro cliente era o governo, que os usava para perseguir inimigos políticos, contra os quais forjavam sentenças condenatórias e negando-lhes os direitos que tinham para se defender.
Segundo escreveu Moisés Naím no último número de Foreign Affairs, o que acontece Venezuela faz parte de um fenômeno global mais amplo: a penetração do crime organizado nos aparelhos estatais, o que tem provocado o aparecimento de “Estados mafiosos”, nos quais os sindicatos do crime terminam se comportando como apêndices dos governos, gozando da ajuda de juízes, espiões, generais, ministros, policiais e diplomatas.
Esse processo tem convertido o crime multinacional em um assunto de segurança internacional porque as máfias, nesta nova fase de seu desenvolvimento global, contam com a proteção legal e as mordomias diplomáticas que antes só desfrutavam os Estados. Naím cita como um exemplo paradigmático dessa metástase do câncer criminal, o caso de Jackie Selebi, o comissário da Polícia Nacional da África do Sul que foi nomeado em 2006 presidente da Interpol, um cargo desde o qual defendeu o fortalecimento da cooperação das autoridades policiais mundiais para combater o crime transnacional. Em 2010 Selebi foi condenado a 15 anos de prisão em seu país por aceitar um suborno de 156.000 dólares de narcotraficantes.
Outro caso notório de corrupção nas altas esferas é o do general boliviano René Sanabria, ex-diretor da agência antidrogas desse país, detido ano passado no Panamá por agentes federais dos EUA, acusado de ter planejado o embarque de centenas de quilos de cocaína a Miami. Sanabria foi condenado a 14 anos de prisão na Flórida depois de declarar-se culpado das acusações contra ele.
Em seu comparecimento ante a comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, Douglas Farah, pesquisador sobre crime e terrorismo do International Assesment and Strategic Center, sustentou que as organizações criminosas e as terroristas utilizam os “mesmo canais, as mesmas estruturas ilícitas e exploram as mesmas debilidades dos Estados”. Essas organizações, segundo Farah, estão convergindo em “entidades híbridas” como as FARC.
A Venezuela aparece vinculada a muitos desses casos, especialmente depois que em 2005 o governo de Chávez expulsasse a DEA. Segundo o Escritório da ONU contra as Drogas e o Crime (UNODC), a Venezuela fornece hoje ao menos a metade da cocaína que chega à Europa. O governo de Caracas assegura que está apreendendo mais drogas do que nunca antes e que desde 2005 extraditou aos EUA 69 grandes “chefes” do narcotráfico.
No entanto, seus próprios dados mostram uma queda de 50% na cocaína apreendida entre 2005 e 2010. Segundo a DEA, 90% dos aviões que levam cocaína colombiana decolam da Venezuela. Os grupos criminosos estão especialmente ativos no Estado de Apresse, utilizado como a zona de aterrissagem e saída dos aviões que partem carregados de cocaína rumo a América Central, o Caribe, EUA e África Ocidental, desde onde se dirigem a Europa. Os carregamentos de droga lançados do ar no Caribe são recolhidos por lanchas rápidas que as levam ao Haiti, Honduras e Guatemala em trânsito ao México e EUA. Entre 2006 e 2008, a metade das embarcações capturadas com cocaína no Atlântico pelo serviço de guarda-costas norte-americano tinha partido da Venezuela, frente aos 5% da Colômbia.
As evidências contra os ‘narco-gerais’
Um relatório do departamento do Tesouro de 2008 acusou os generais Henry Rangel Silva, nomeado ministro a princípios deste ano, e Hugo Carvajal Barrios, diretor da contra inteligência militar, eRamón Rodríguez Chacín, ex-ministro de Justiça e do Interior de Chávez, de estarem envolvidos no narcotráfico e de serem as conexões do governo com as FARC.
Traficantes venezuelanos foram presos no México, Espanha, Holanda, República Dominicana, Grenada, Santa Lucía e países africanos como Ghana e Guiné-Bissau. A ofensiva do governo de Bogotá contra suas operações obrigaram os narcotraficantes colombianos a utilizar o território da Venezuela, aproveitando a porosidade de uma fronteira a mais de 2.000 quilômetros para atingir os mercados dos EUA e Europa.
O relatório do Tesouro assinala que as FARC e os cartéis colombianos tem um incentivo adicional: a colaboração de unidades das forças antinarcóticos, da Guarda Nacional e da polícia. A Venezuela é hoje, ademais, um centro de operações de traficantes de pessoas, lavagem de dinheiro, contrabando de armas e petróleo. O jornalista venezuelano Manuel Malaver sustenta que o fato de que não tenha estourado na Venezuela uma guerra entre cartéis rivais como no México, é uma demonstração de que os grupos atingiram um ‘modus vivendi’ com as forças de segurança, que arbitram seus conflitos.
Segundo relatórios de inteligência e da UNODC, a cocaína cruza o Atlântico desde Venezuela à África em aviões de carga e barcos mercantes até aeroportos e portos como Dakar (Senegal) e Accra (Ghana), onde os carregamentos são divididos e transportados à Europa por velhas rotas de contrabando terrestres e marítimas.
Na África ocidental, países inteiros caíram nas mãos dos cartéis. O valor da cocaína que transita por países como Guiné-Bissau com direção à Europa multiplica várias vezes o tamanho de sua economia. Essa região inclui 10 dos 20 países mais pobres o mundo, o que os faz especialmente vulneráveis ao poder corrupto do crime organizado multinacional. A UNODC estimou que só em 2006 cerca de 40 toneladas de cocaína, com um valor de mercado de 1,8 bilhões de dólares, transitaram pela região.
Segundo Antonio Mazziteli, ex-diretor da UNODC, o governo da Guiné-Bissau “vendeu” em 2009 o acesso a várias das 90 ilhas do arquipélago de Bijagós aos narcotraficantes para que as utilizassem como trampolim de seus embarques para Europa. No dia 1 de março de 2009, o chefe do exército desse país, general Batista Thagme Na Waie, morreu em uma explosão e horas depois, o presidenteJoao Bernardo Vieria foi assassinado por soldados do exército. Provavelmente ambos os crimes foram cometidos por militares comprados pelo narcotráfico. Nenhum desses dois crimes foi resolvido.
Em novembro de 2008, um Boeing 727 que decolou da Venezuela carregado de cocaína aterrissou em um deserto no norte de Malí. Após descarregá-lo, seus tripulantes atearam fogo para apagar vestígios. Em abril desse ano, as autoridades de Serra Leoa extraditaram aos EUA seis homens -dois deles venezuelanos- por utilizar aviões para transportar drogas.
Brian Lattel, ex-especialista da CIA em Cuba, acha que os vínculos da ilha com o narcotráfico terminaram em fracasso, quando Fidel Castro, a se ver descoberto pela DEA, ordenou o fuzilamento do general Arnaldo Ochoa e do coronel Tony da Guarda para salvaguardar o prestígio do regime. A escritora venezuelana Elizabeth Burgos sustenta, por sua vez, que o “mecanismo mimético” que Chávez estabeleceu com Cuba, levou seu governo a imitar o sistema castrista e as variações que este foi incorporando durante meio século, sobretudo seu envolvimento no tráfico de drogas, que abria a Cuba a possibilidade de encher o vazio deixado pela suspensão dos subsídios soviéticos.
Burgos diz que escutou mencionar pela primeira vez essa estratégia aos servidores públicos cubana no Chile durante o período da Unidade Popular, sob o pretexto de que essa atividade se justificava pelo confronto com o imperialismo, dado que os EUA era o primeiro consumidor e, portanto, a primeira vítima do vício.
Ao reconhecer as FARC como “exército beligerante” Chávez deu o primeiro passo para a aceitação do narcotráfico como “arma contra o imperialismo”, com o que converteu à bacia de Orinocona estrada fluvial da cocaína produzida na Colômbia, materializando o sonho de utilizar a droga como “arma revolucionária”. Inclusive os analistas mais benevolentes com Chávez, acham que o líder bolivariano prefere olhar ao outro lado por sua necessidade do apoio da cúpula militar.
Traduzido por Infolatam
sábado, 12 de maio de 2012
Venezuela: um narcoEstado no Mercosul? - revelacoes graves
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Hezbollah e Venezuela: tudo a ver? - Vanessa Neumann (Foreign Policy Research Institute)
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Narcotrafico na Bolivia: crescimento sustentado...
"La política antidrogas de Bolivia no solo genera tensión con Estados Unidos, sino también cada vez más con varios países vecinos y de la Unión Europea"
Brceu Bagley, experto en política antidrogas
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