O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador narcotrafico. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador narcotrafico. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de novembro de 2015

Republica Bolivariana do Narcotráfico? E quanto passaria pelo Brasil?




Cai a fronteira entre o regime venezuelano e o narcotráfico

A prisão do filho de criação do presidente da Venezuela ao tentar enviar 800 quilos de cocaína para os EUA reforça a suspeita de que o governo chavista é um cartel de drogas

Por: Leonardo Coutinho - Veja, em 


O presidente venezuelano Nicolás Maduro ao lado da primeira-dama Cilia Flores durante um comício em Caracas - 26/08/2015
Maduro e sua mulher, Cilia Flores: prisão dos sobrinhos da primeira-dama empurra o presidente venezuelano para o centro de uma investigação que corrói a reputação do chavismo(Presidência da Venezuela/AFP)
Na semana passada, Nicolás Maduro foi tragado por um fato capaz de agravar a crise de legitimidade de seu governo. Dois sobrinhos de sua mulher, Cilia Flores, foram presos por tentar vender 800 quilos de cocaína a um funcionário disfarçado da agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA). Aproveitando-se do passaporte diplomático, que lhes permitia ter isenção no controle de bagagem, Efraín Antonio Flores e Franqui Francisco Flores desembarcaram na terça-feira 10 em Porto Príncipe, capital do Haiti, com 5 quilos da droga. Era uma amostra do carregamento que estava pronto para ser enviado em um jatinho aos Estados Unidos, de uma pista clandestina no norte de Honduras. Em um quarto de hotel nas imediações do aeroporto local, os venezuelanos entregaram aos agentes que se faziam passar por traficantes a mala recheada de pó com um nível de pureza próximo de 100%. Os Flores queriam impressionar e provar aos falsos clientes, com quem vinham negociando desde outubro, que podiam fornecer grandes quantidades da melhor cocaína possível. Efraín, de 29 anos, foi adotado ainda criança por Cilia ao ficar órfão de mãe e era tratado como filho por Maduro.


No avião da DEA que os transportou para os Estados Unidos, Efraín revelou que ele e o primo eram apenas os mensageiros e que a droga pertence ao Cartel dos Sois. Seus chefes, eles asseguraram, são Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, e Tareck al Aissami, governador de Aragua. Os nomes desses dois líderes chavistas são recorrentes nas delações referentes ao tráfico da cocaína produzida na Colômbia, que tem na Venezuela sua principal rota de escoamento. Em janeiro, Leamsy Salazar, um ex-guarda-costas de Cabello e do presidente Hugo Chávez (morto em março de 2013), detalhou o funcionamento do cartel chavista. Salazar implicou Cabello, Al Aissami e o filho de Chávez, Hugo Colmenares, na cúpula do grupo criminoso. A prisão dos sobrinhos da primeira-dama empurrou Nicolás Maduro para o centro de uma investigação que nos últimos três anos vem corroendo a reputação do chavismo e revelou que não existe fronteira entre o regime instituído em 1999 e o narcotráfico. Maduro, cujo governo enfrentará uma difícil eleição legislativa no início de dezembro, se diz vítima de uma conspiração imperialista. Esse discurso pode funcionar para uma parcela da esquerda latino-americana, mas não na Venezuela.Um funcionário ligado à investigação contou a VEJA que os Flores esperavam apenas pelo pagamento de 100 milhões de dólares para dar a ordem de decolagem ao jatinho rumo aos Estados Unidos. Depois de misturado com outras substâncias, o carregamento poderia render o triplo desse valor no mercado americano. Mas a dupla foi surpreendida com uma ordem de prisão seguida de imediata extradição para os Estados Unidos. Na quinta-feira passada, os primos foram indiciados em um tribunal federal de Nova York por tráfico de drogas e conspiração. Pelas leis americanas, esses crimes podem ser punidos com prisão perpétua.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Integracao sul-americana (da droga) - tem tarifa comum para o produto? - Juan Forero (NPR)

Confesso não saber se a branquinha, a cocaina -- em pó, pasta base ou qualquer outra forma -- tem uma classificação aduaneira, ou seja, os 9 ou 10 dígitos do Sistema Harmonizado da Aladi que serve para classificar os milhares de itens que entram na pauta aduaneira de comércio exterior de um país, no caso, os nossos países, o Brasil e seus simpáticos vizinhos, que devem estar ganhando uma grana preta com a droga branca.
Em todo caso, apreciaria que alguém me dissesse qual a Nomenclatura Aduaneira do Mercosul que classifica a droga, uma vez que ela pode, teoricamente, ser exportada legalmente, para fins de pesquisa ou para uso médico, por exemplo. E qual seria a tarifa aplicada, por favor, se está em lista de exceção, se está prevista convergência em algum momento (no livre comércio total que um dia deve existir, caramba, inclusive com a legalização dessa importante commodity do comércio mundial).
Enquanto isso, ela continua a provocar destruição, morte, corrupção, tangos e tragédias neste nosso canto de planeta que alguns pretendem integrado. Também acho, mas não sempre pelas vias corretas.
Paulo Roberto de Almeida
Brazilian federal police patrol the Mamore River, which separates Brazil from Bolivia. The river is used by traffickers to ferry cocaine from Bolivia into Brazil, where cocaine consumption is rising rapidly.
Juan Forero/Getty Images
As cocaine consumption falls in the United States, South American drug traffickers have begun to pioneer a new soft target for their product: big and increasingly affluent Brazil.
And the source of the cocaine is increasingly Bolivia, a landlocked country that shares a 2,100-mile border with Brazil.
As Brazilian police officers and border agents can attest, the drug often finds its way to Brazil by crossing the Mamore River, which separates the state of Rondonia from Bolivia in the heart of South America.
It is not an easy border to patrol. Much of it is porous jungle or river. It is also a big border, bigger than the U.S.-Mexico line that has caused so much trouble for both the Obama administration and Mexico's government.
Worse still is that Bolivia, along with Peru and Colombia, are the three biggest cocaine-producing countries — and Brazil shares 5,000 miles of frontier with them.
An agent of Brazil's Forca Nacional, an agency made up of military policemen, stands guard in a largely abandoned border hamlet that is used by drug traffickers to ferry cocaine from neighboring Bolivia.
Juan Forero/NPR
A perfect route for the transport of cocaine is the Mamore River, which meanders northward from Bolivia into the heart of Brazil's Amazon. So say the Brazilian cops who use a speedboat to patrol the wide, slow-moving Mamore near the Brazilian border town of Guajara-Mirim.
"Here we patrol at dawn and at night, looking to ambush the boats that cross with drugs," says Alexandre Nascimento, a federal police agent who piloted the boat. "But it's difficult and dangerous, and you have to have patience."
The agents also say they have to have a degree of luck, to decipher which of the countless small boats that cross the river from Bolivia are carrying drugs.
Most don't stop at the major border crossings, but rather find their way along narrow channels and drop off their goods at isolated ports.
"There are many ports," says Alexandre Barbosa, another federal agent. "Every 100 meters or sometimes less, you see a port. So you can move from one port to the other very fast."
Brazilian and U.N. counternarcotics officials say those little boats making quick trips, along with small planes that make 20-minute flights, are flooding Brazil with Bolivian cocaine.
As Brazil Grows Richer, Cocaine Use Rises
The reasons are simple: Brazil, long the world's No. 2 consumer of cocaine after the United States, is seeing consumption rise fast. And Bolivia is responding to the demand, increasing its production of cocaine in recent years, according to U.N. and U.S. data.
"You've seen a shift where the drug traffickers are looking for a new market, new and emerging markets," says Bo Mathiasen, a senior U.N. drug official who tracks the cocaine trade across the continent. "And so the traffickers have been focusing on trying to ship more cocaine over towards Brazil, to Argentina and down to Chile."
It is Brazil, though, that is the big prize out of the many countries that have seen a spike in cocaine use in recent years. Brazil has lifted 30 million people into the middle class in recent years. For traffickers, that's particularly alluring, Mathiasen says.
"Brazil is in a way victim of its own success," he says. "Clearly, the economic success and the rising purchasing power and the growth of the economy turned it more attractive also for drug trafficking."
The turn toward Brazil has come as cocaine use in the United States has fallen by an estimated two-thirds over the past 30 years, according to the United Nations 2012 World Drug Report, which says the trend has been particularly notable since 2006.
Meanwhile, Colombia, which has historically supplied cocaine to the U.S., has seen the amount of land dedicated to drug crops reduced by half since 2001.
Cocaine production has also fallen steeply.
Increased Production In Peru And Bolivia
Peru and Bolivia have picked up the slack, with the cocaine from Bolivia proving to be the biggest challenge, according to Brazilian police.
"We see this as a problem of security and, at times, a problem of national defense," says Regina Miki, national secretary of public security at Brazil's Ministry of Justice.
Brazilian President Dilma Rousseff's government has since 2011 moved to shore up border security by deploying thousands of troops and assigning more and better equipped federal police agents to the border.
There are also plans for a fleet of unmanned aerial drones to patrol the most remote sectors. In a recent hearing in the capital, Brasilia, Justice Minister Jose Eduardo Cardozo said Brazil moved fast and aggressively.
"It's impossible to have a border that's invulnerable, because no country in the world has that," he said. "But our frontiers are much better controlled than in the past."
But out on Brazil's frontier with Bolivia, the Mamore River, it's clear how difficult the challenge is for a group of 35 federal agents assigned to patrol just one sector.
On a recent day, heavy rains fell and the Mamore and other rivers became swollen. Meanwhile, the small dugout canoes from Bolivia kept coming, loaded with provisions and suitcases, boxes and equipment.
In their speedboat, the federal officers dashed from one side of the Mamore to the other, trying to decide which boats to stop and search. With the river running high, they also had another problem to worry about: small creeks that had been made navigable by the constant rainfall.
"Look, even here, in front of us, you can see a canal," says Allan Oliveira, one of the agents. "You can go in with the small boats traffickers use to hide from the police."

sábado, 1 de setembro de 2012

Um vizinho preocupante: a Bolivia e o narcotrafico (e producao...)

Transcrevendo, apenas, sem qualquer comentário (e precisa?):


Reinaldo Azevedo, 1/09/2012

As Páginas Amarelas da VEJA desta semana trazem uma entrevista cuja leitura é obrigatória. Duda Teixeira falou com Douglas Farah, um consultor de segurança que presta serviços ao governo americano. Tema: o combate ao crime organizado no mundo. Farah trata em especial da conivência dos governos ditos bolivarianos com o narcotráfico e evidencia como isso traz riscos enormes ao Brasil. Também aborda a estreita relação desses narcoestados com o Irã.
Abaixo, reproduzo alguns trechos da entrevista. Eles devem ser lidos à luz de um fato: a presidente Dilma Rousseff, em parceria com Cristiana Kirchner (aquela que foi um arquiteto egípcio em encarnações passadas…), patrocinou a entrada da Venezuela no Mercosul — contra a lei, diga-se. Ao fazê-lo, incorporou ao bloco econômico um país que pode ser chamado hoje, sem qualquer exagero, de narcoestado e que, ademais, mantém relações incestuosas com o estado terrorista iraniano — do qual o governo Lula também se aproximou. Talvez um dia venhamos a descobrir os milhões de motivos que a tanto o moveram.
A questão é séria e diz respeito ao papel que o Brasil pretende desempenhar no cenário internacional. No momento em que alguns equivocados de boa-fé e muitos pilantras disfarçados de equivocados de boa-fé defendem a descriminação do consumo de drogas, convém prestar atenção a que tal política remeteria e a quem beneficiaria.  Leiam trechos da entrevista.
*
Duglas Farah é pago para redigir relatórios de segurança para empresas privadas e órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Defesa. Membro do Centro de Avaliação Estratégica Internacional (lasc), de Washington, o consultor americano é especialista em identificar as áreas de influência de cartéis mexicanos, gangues salvadorenhas e grupos terroristas na América Latina. Também revela as armas, os centros de lavagem de dinheiro e os contatos no governo e na Justiça usados por esses criminosos. Autor do livro Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, Farah foi criado na Bolívia, onde seus pais, missionários americanos, trabalharam.
NARCOESTADOS BOLIVARIANOS
Como explicar o avanço do crime organizado na América Latina?
(…)Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos “bolivarianos”, liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região.
Como e a parceria entre os governos e os criminosos?
(…) Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interna e externa e apoiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento do papel da Venezuela corno local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia.
(…)
AS AUTORIDADES LATINO-AMERICANAS ENVOLVIDAS
Quais são as principais autoridades envolvidas com narcotraficantes?
São muitas. O ministro da Defesa da Venezuela. Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento de Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotraficantes. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia. Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenú acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Corrêa, Gustavo Larrea, ex-ministro de Segurança Interna e Externa, e José Ignácio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com traficantes das Farc.
(…)
O MAL PARA OS BRASILEIROS
Como a sociedade brasileira é afetada pelos narcoestados da vizinhança?
O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior parte da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim, cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack, com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba ou comete outros crimes. Os pontos de venda passam a ser disputados, e os bandos começam a se armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas, o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tinha sido acompanhado do aumento da criminalidade.
(…)
O FATOR IRANIANO
O Irã tem petróleo e está muito longe daqui. Qual é o seu interesse na América Latina?
Um dos objetivos claros do Irã é driblar as sanções internacionais. Na Venezuela, criaram-se instituições financeiras de fachada, como o Banco Internacional de Desenvolvimento, que Chávez sempre disse que não era iraniano. Eu tive acesso aos papéis de sua fundação, contudo, e verifiquei que todos os dezessete diretores eram iranianos. Tinham passaporte e nomes persas. O banco era usado para movimentar o dinheiro das transações internacionais do Irã, especialmente as relacionadas ao seu programa nuclear. Depois que esse esquema foi descoberto, o Irã e a Venezuela inventaram outros. (…) No Equador, os iranianos utilizam bancos nacionais que não funcionam mais, mas ainda existem no papel. Bem mais difícil é saber o que eles querem na Bolívia. Há 140 diplomatas iranianos que oficialmente atuam como assessores comerciais no país, mas o comércio bilateral não passa de alguns poucos milhões de dólares. (…)
O senhor arrisca uma explicação?
Temo que o Irã queira usar a América Latina para ameaçar ou chantagear os Estados Unidos. Os generais venezuelanos carregam nos bolsos um pequeno livro com as doutrinas do Hezbollah, um grupo fundamentalista xiita apoiado pelo Ira. O texto contém a meta de derrubar o império americano com armas de destruição em massa. O intercâmbio com os países bolivarianos serviria, então, para montar um perigoso arsenal, talvez químico ou biológico, no quintal dos americanos.
(…)

sábado, 26 de maio de 2012

Venezuela: novas acusacoes de narcoEstado - ex-presidente Uribe

Desta vez, a acusação não vem de um transfuga do Estado venezuelano, como os dois juízes que se autoexilaram, por medo de serem eliminados pelos narcotraficantes de alto escalão no governo venezuelano, mas do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe, que levou uma guerra implacável contra as Farc-narcotraficantes, acusando diversas vezes o governo chavista de cumplicidade com os terroristas narcotraficantes.
Pode ser lido na sequência de post anterior sobre o mesmo assunto:

SÁBADO, 12 DE MAIO DE 2012


Uma herança pesada, sem dúvida, para o governante que suceder a Chávez, pois terá a hostilidade de certos círculos militares.
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: o perigo do ‘Narco-Estado’

Infolatam
Madrid, 24 maio 2012
(Especial para Infolatam, por Luis Esteban González Manrique).- O ex-presidente colombianoÁlvaro Uribe acusou via Twitter Hugo Chávez de converter seu país em um “paraíso do narcotráfico e refúgio de terroristas”, depois da recente morte de 12 militares colombianos em um ataque das FARC na zona rural de Guajira, fronteira com a Venezuela. Segundo o comandante do Exército colombiano, o general Sergio Mantilla, entre 70 e 80 guerrilheiros que participaram do golpe teriam cruzado a fronteira venezuelana antes e após o ataque.
As acusações de conivência das autoridades venezuelanas com o narcotráfico e as FARC nao são novas, mas fizeram-se mais insistentes depois das recentes denúncias de dois juízes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano que fugiram do país. Segundo o ex-magistrado do TSJ, Luis Velásquez Alvaray, que se exilou na Costa Rica em 2006 depois de ser acusado de corrupção, entre os “generais favoritos” de Chávez há vários narcotraficantes que integram o poderoso “Cartel de los Soles”.
aponte

Eladio Aponte
Por sua vez, Eladio Aponte, outro ex-membro do TSJ, fez cargos similares contra as cúpulas militar e judicial venezuelanas depois de prestar-se a colaborar com a DEA, a agência de antidrogas dos EUA, desde o Panamá, onde se refugiou depois de ser demitido de seu cargo em meio a revelações sobre seus nexos com o narcotráfico. Também um empresário venezuelano de origem síria, Walid Makled, que enriqueceu pelos contratos de moradias do Estado e hoje é processado por narcotráfico e assassinato na Venezuela após ser extraditado em 2010 a esse país pelo governo colombiano, revelou em uma entrevista que teve mais de 40 de altos oficiais do exército venezuelano em sua folha de pagamento e aos que pagava um milhão de dólares mensais por sua “proteção”.
Sobre Makled pesa a acusação de fornecer os insumos químicos que alimentam os laboratórios de cocaína das FARC na selva colombiana e de ter introduzido toneladas de cocaína nos EUA. Abandonado em uma cela em uma prisão colombiana, ante sua iminente deportação à Venezuela, Makled falou com El Nacional (10-10-2010) ao sentir-se traído pelos militares de alta patente, deputados e magistrados do TSJ e dirigentes do Partido Socialista Unificado da Venezuela que, segundo ele, protegiam suas operações. “Tenho vídeos e gravações de conversas telefônicas de todos eles”, assegurou.
Há tempo, tornaram-se habituais no país operações de assassinatos encomendados, ordenados pelos narcotraficantes que se infiltraram às forças de segurança. Mas, ninguém acredita que Aponte ou Velásquez estivessem fora desse jogo.
Segundo diversas versões da imprensa venezuelana, quando estavam em exercício, seu primeiro cliente era o governo, que os usava para perseguir inimigos políticos, contra os quais forjavam sentenças condenatórias e negando-lhes os direitos que tinham para se defender.
Segundo escreveu Moisés Naím no último número de Foreign Affairs, o que acontece Venezuela faz parte de um fenômeno global mais amplo: a penetração do crime organizado nos aparelhos estatais, o que tem provocado o aparecimento de “Estados mafiosos”, nos quais os sindicatos do crime terminam se comportando como apêndices dos governos, gozando da ajuda de juízes, espiões, generais, ministros, policiais e diplomatas.
Esse processo tem convertido o crime multinacional em um assunto de segurança internacional porque as máfias, nesta nova fase de seu desenvolvimento global, contam com a proteção legal e as mordomias diplomáticas que antes só desfrutavam os Estados. Naím cita como um exemplo paradigmático dessa metástase do câncer criminal, o caso de Jackie Selebi, o comissário da Polícia Nacional da África do Sul que foi nomeado em 2006 presidente da Interpol, um cargo desde o qual defendeu o fortalecimento da cooperação das autoridades policiais mundiais para combater o crime transnacional. Em 2010 Selebi foi condenado a 15 anos de prisão em seu país por aceitar um suborno de 156.000 dólares de narcotraficantes.
Outro caso notório de corrupção nas altas esferas é o do general boliviano René Sanabria, ex-diretor da agência antidrogas desse país, detido ano passado no Panamá por agentes federais dos EUA, acusado de ter planejado o embarque de centenas de quilos de cocaína a Miami. Sanabria foi condenado a 14 anos de prisão na Flórida depois de declarar-se culpado das acusações contra ele.
Em seu comparecimento ante a comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA, Douglas Farah, pesquisador sobre crime e terrorismo do International Assesment and Strategic Center, sustentou que as organizações criminosas e as terroristas utilizam os “mesmo canais, as mesmas estruturas ilícitas e exploram as mesmas debilidades dos Estados”. Essas organizações, segundo Farah, estão convergindo em “entidades híbridas” como as FARC.
A Venezuela aparece vinculada a muitos desses casos, especialmente depois que em 2005 o governo de Chávez expulsasse a DEA. Segundo o Escritório da ONU contra as Drogas e o Crime (UNODC), a Venezuela fornece hoje ao menos a metade da cocaína que chega à Europa. O governo de Caracas assegura que está apreendendo mais drogas do que nunca antes e que desde 2005 extraditou aos EUA 69 grandes “chefes” do narcotráfico.
No entanto, seus próprios dados mostram uma queda de 50% na cocaína apreendida entre 2005 e 2010. Segundo a DEA, 90% dos aviões que levam cocaína colombiana decolam da Venezuela. Os grupos criminosos estão especialmente ativos no Estado de Apresse, utilizado como a zona de aterrissagem e saída dos aviões que partem carregados de cocaína rumo a América Central, o Caribe, EUA e África Ocidental, desde onde se dirigem a Europa. Os carregamentos de droga lançados do ar no Caribe são recolhidos por lanchas rápidas que as levam ao Haiti, Honduras e Guatemala em trânsito ao México e EUA. Entre 2006 e 2008, a metade das embarcações capturadas com cocaína no Atlântico pelo serviço de guarda-costas norte-americano tinha partido da Venezuela, frente aos 5% da Colômbia.
As evidências contra os ‘narco-gerais’
Um relatório do departamento do Tesouro de 2008 acusou os generais Henry Rangel Silva, nomeado ministro a princípios deste ano, e Hugo Carvajal Barrios, diretor da contra inteligência militar, eRamón Rodríguez Chacín, ex-ministro de Justiça e do Interior de Chávez, de estarem envolvidos no narcotráfico e de serem as conexões do governo com as FARC.
Traficantes venezuelanos foram presos no México, Espanha, Holanda, República Dominicana, Grenada, Santa Lucía e países africanos como Ghana e Guiné-Bissau. A ofensiva do governo de Bogotá contra suas operações obrigaram os narcotraficantes colombianos a utilizar o território da Venezuela, aproveitando a porosidade de uma fronteira a mais de 2.000 quilômetros para atingir os mercados dos EUA e Europa.
O relatório do Tesouro assinala que as FARC e os cartéis colombianos tem um incentivo adicional: a colaboração de unidades das forças antinarcóticos, da Guarda Nacional e da polícia. A Venezuela é hoje, ademais, um centro de operações de traficantes de pessoas, lavagem de dinheiro, contrabando de armas e petróleo. O jornalista venezuelano Manuel Malaver sustenta que o fato de que não tenha estourado na Venezuela uma guerra entre cartéis rivais como no México, é uma demonstração de que os grupos atingiram um ‘modus vivendi’ com as forças de segurança, que arbitram seus conflitos.
Segundo relatórios de inteligência e da UNODC, a cocaína cruza o Atlântico desde Venezuela à África em aviões de carga e barcos mercantes até aeroportos e portos como Dakar (Senegal) e Accra (Ghana), onde os carregamentos são divididos e transportados à Europa por velhas rotas de contrabando terrestres e marítimas.
Na África ocidental, países inteiros caíram nas mãos dos cartéis. O valor da cocaína que transita por países como Guiné-Bissau com direção à Europa multiplica várias vezes o tamanho de sua economia. Essa região inclui 10 dos 20 países mais pobres o mundo, o que os faz especialmente vulneráveis ao poder corrupto do crime organizado multinacional. A UNODC estimou que só em 2006 cerca de 40 toneladas de cocaína, com um valor de mercado de 1,8 bilhões de dólares, transitaram pela região.
Segundo Antonio Mazziteli, ex-diretor da UNODC, o governo da Guiné-Bissau “vendeu” em 2009 o acesso a várias das 90 ilhas do arquipélago de Bijagós aos narcotraficantes para que as utilizassem como trampolim de seus embarques para Europa. No dia 1 de março de 2009, o chefe do exército desse país, general Batista Thagme Na Waie, morreu em uma explosão e horas depois, o presidenteJoao Bernardo Vieria foi assassinado por soldados do exército. Provavelmente ambos os crimes foram cometidos por militares comprados pelo narcotráfico. Nenhum desses dois crimes foi resolvido.
Em novembro de 2008, um Boeing 727 que decolou da Venezuela carregado de cocaína aterrissou em um deserto no norte de Malí. Após descarregá-lo, seus tripulantes atearam fogo para apagar vestígios. Em abril desse ano, as autoridades de Serra Leoa extraditaram aos EUA seis homens -dois deles venezuelanos- por utilizar aviões para transportar drogas.
Brian Lattel, ex-especialista da CIA em Cuba, acha que os vínculos da ilha com o narcotráfico terminaram em fracasso, quando Fidel Castro, a se ver descoberto pela DEA, ordenou o fuzilamento do general Arnaldo Ochoa e do coronel Tony da Guarda para salvaguardar o prestígio do regime. A escritora venezuelana Elizabeth Burgos sustenta, por sua vez, que o “mecanismo mimético” que Chávez estabeleceu com Cuba, levou seu governo a imitar o sistema castrista e as variações que este foi incorporando durante meio século, sobretudo seu envolvimento no tráfico de drogas, que abria a Cuba a possibilidade de encher o vazio deixado pela suspensão dos subsídios soviéticos.
Burgos diz que escutou mencionar pela primeira vez essa estratégia aos servidores públicos cubana no Chile durante o período da Unidade Popular, sob o pretexto de que essa atividade se justificava pelo confronto com o imperialismo, dado que os EUA era o primeiro consumidor e, portanto, a primeira vítima do vício.
Ao reconhecer as FARC como “exército beligerante” Chávez deu o primeiro passo para a aceitação do narcotráfico como “arma contra o imperialismo”, com o que converteu à bacia de Orinocona estrada fluvial da cocaína produzida na Colômbia, materializando o sonho de utilizar a droga como “arma revolucionária”. Inclusive os analistas mais benevolentes com Chávez, acham que o líder bolivariano prefere olhar ao outro lado por sua necessidade do apoio da cúpula militar.
Traduzido por Infolatam


sábado, 12 de maio de 2012

Venezuela: um narcoEstado no Mercosul? - revelacoes graves

O narcoestado da Venezuela
Francisco Toro
O Estado de S.Paulo, 12 de maio de 2012

 As revelações de dois juízes de Caracas não deixam mais dúvidas: o narcotráfico corroeu praticamente todo aparato estatal venezuelano

Mais um dia, mais uma denúncia de um ex-magistrado do Supremo Tribunal da Venezuela. No mês passado, o juiz Eladio Aponte Aponte fugiu do país e colocou na TV uma lavagem de roupa suja chavista. Antes, seu outrora colega Luis Velásquez Alvaray saíra-se melhor ainda, oferecendo provas detalhadas sobre um sistema judiciário que parece cada vez mais uma conspiração criminosa. Parafraseando Oscar Wilde, perder um magistrado de um Supremo Tribunal pode ser falta de sorte. Perder dois é descuido.
Juntas, as entrevistas - exibidas uma em seguida à outra no canal SOiTV, de propriedade de um exilado venezuelano, cuja base fica em Miami - oferecem uma imagem de um sistema de Justiça penal mancomunado com os guerrilheiros das Farc e no qual a interferência política, as decisões distorcidas, o conluio com traficantes de drogas e os eventuais assassinatos por encomenda são rotineiros. A rota da cocaína que sai da Colômbia, passa pela Venezuela e segue para EUA e Europa Ocidental é altamente lucrativa. Os tentáculos dos milhões de dólares produzidos por esse comércio se infiltraram em todo o sistema.
Partindo de pessoas da confiança do presidente Hugo Chávez que estavam em posição de saber dos fatos, essas entrevistas extinguem toda aparência de legitimidade que o sistema judiciário chavista poderia desfrutar. Mas enquanto as afirmações de Aponte Aponte careçam de detalhes e não são apoiadas por documentos, o juiz Alvaray teve muito tempo para organizar as provas e apoiar suas alegações: ele está exilado desde 2006, tendo fugido da Venezuela ao ser avisado de um complô para assassiná-lo. Logo depois da sua partida, seu escrevente foi encontrado morto em circunstâncias estranhas.
As revelações retratam a Venezuela como um narcoestado - um país onde o dinheiro do tráfico de drogas não comprou somente um ou outro juiz, este ou aquele promotor, mas assumiu o controle do Estado como um todo. O tráfico em larga escala invariavelmente deixa um rastro de sangue no seu caminho. Uma série de assassinatos sob encomenda de oficiais do Exército profundamente envolvidos nos negócios levanta a possibilidade de uma futura guerra das drogas como a que se observa hoje no México. Infelizmente a analogia não é muito precisa. No México, a guerra da droga opõe as Forças Armadas contra os cartéis. Na Venezuela, a se acreditar nos dois magistrados, os cartéis operam dentro das Forças Armadas. E como podemos chamar quando uma parte das Forças de um país entra em guerra contra a outra? Isso mesmo: guerra civil.

FRANCISCO TORO É COLABORADOR DO BLOG DEMOCRACY LAB, DA REVISTA FOREIGN POLICY.
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Hezbollah e Venezuela: tudo a ver? - Vanessa Neumann (Foreign Policy Research Institute)

Foreign Policy Research Institute - www.fpri.org
You can now follow FPRI on Facebook and FPRINews on Twitter

THE NEW NEXUS OF NARCOTERRORISM:
HEZBOLLAH AND VENEZUELA
by Vanessa Neumann
December 26, 2011

Vanessa Neumann is a Senior Fellow of the Foreign Policy
Research Institute and is co-chair, with FPRI Trustee Devon
Cross, of FPRI's Manhattan Initiative.

Available on the web and in pdf format at:

             THE NEW NEXUS OF NARCOTERRORISM:
                 HEZBOLLAH AND VENEZUELA

                    by Vanessa Neumann

Press stories, as well as a television documentary, over the
past two months have detailed the growing cooperation
between South American drug traffickers and Middle Eastern
terrorists, proving that the United States continues to
ignore the mounting terrorist threat in its own "backyard"
of Latin America at its own peril. A greater portion of
financing for Middle Eastern terrorist groups, including
Hezbollah and Al Qaeda, is coming from Latin America, while
they are also setting up training camps and recruiting
centers throughout our continent, endangering American lives
and interests globally. Some Latin American countries that
were traditional allies for the U.S. (including Venezuela)
have now forged significant political and economic alliances
with regimes whose interests are at odds with those of the
U.S., particularly China, Russia and Iran. In fact Iran and
Iran's Lebanese asset, "the Party of God," Hezbollah, have
now become the main terror sponsors in the region and are
increasingly funded by South American cocaine.

Venezuela and Iran are strong allies: Venezuelan President
Hugo Chavez and Iranian President Mahmoud Ahmadinejad
publicly call each other "brothers," and last year signed 11
memoranda of understanding for, among other initiatives,
joint oil and gas exploration, as well as the construction
of tanker ships and petrochemical plants. Chavez's
assistance to the Islamic Republic in circumventing U.N.
sanctions has got the attention of the new Republican
leadership of the House Foreign Affairs Committee, resulting
in the May 23rd, 2011 announcement by the US State
Department that it was imposing sanctions on the Venezuelan
government-owned oil company Petroleos de Venezuela (PDVSA)
as a punishment for circumventing UN sanctions against Iran
and assisting in the development of the Iran's nuclear
program.

Besides its sponsored terrorist groups, Iran also has a
growing direct influence in Latin America, spurred by three
principal motivations: 1) a quest for uranium, 2) a quest
for gasoline, 3) a quest for a base of operations that is
close to the US territory, in order to position itself to
resist diplomatic and possible military pressure, possibly
by setting up a missile base within striking distance of the
mainland US, as the Soviets did in the Cuban Missile Crisis.
FARC, Hezbollah and Al Qaeda all have training camps,
recruiting bases and networks of mutual assistance in
Venezuela as well as throughout the continent.

I have long argued that Latin America is an increasing
source of funding for Middle Eastern terrorism and to
overlook the political changes and security threats in the
region with such geographic proximity to the US and its
greatest source of immigrants is a huge strategic mistake.
It was inevitable that South American cocaine traffickers
and narcoterrorists would become of increasing importance to
Hezbollah and other groups. While intelligence officials
believe that Hezbollah used to receive as much as $200
million annually from its primary patron, Iran, and
additional money from Syria, both these sources have largely
dried up due to the onerous sanctions imposed on the former
and the turmoil in the latter.

A recent New York Times front-page article (December 14,
2011) revealed the extensive and intricate connections
between Hezbollah and South American cocaine trafficking.
Far from being the passive beneficiaries of drug-trafficking
expats and sympathizers, Hezbollah has high-level officials
directly involved in the South American cocaine trade and
its most violent cartels, including the Mexican gang Los
Zetas. The "Party of God's" increasing foothold in the
cocaine trade is facilitated by an enormous Lebanese
diaspora. As I wrote in my May 2011 e-note, in 2005, six
million Muslims were estimated to inhabit Latin American
cities. However, ungoverned areas, primarily in the Amazon
regions of Suriname, Guyana, Venezuela, Colombia, Ecuador,
Peru, Bolivia, and Brazil, present easily exploitable
terrain over which to move people and material. The Free
Trade Zones of Iquique, Chile; Maicao, Colombia; and Colon,
Panama, can generate undetected financial and logistical
support for terrorist groups. Colombia, Bolivia, and Peru
offer cocaine as a lucrative source of income. In addition,
Cuba and Venezuela have cooperative agreements with Syria,
Libya, and Iran.

Some shocking revelations into the global interconnectedness
of Latin American governments and Middle Eastern terrorist
groups have come from Walid Makled, Venezuela's latter-day
Pablo Escobar, who was arrested on August 19, 2010 in
Cucuta, a town on the Venezuelan-Colombian border. A
Venezuelan of Syrian descent known variously as "El Turco"
("The Turk") or "El Arabe" ("The Arab"), he is allegedly
responsible for smuggling 10 tons of cocaine a month into
the US and Europe-a full 10 percent of the world's supply
and 60 percent of Europe's supply. His massive
infrastructure and distribution network make this entirely
plausible, as well as entirely implausible the Venezuelan
government did not know. Makled owned Venezuela's biggest
airline, Aeropostal, huge warehouses in Venezuela's biggest
port, Puerto Cabello, and bought enormous quantities of urea
(used in cocaine processing) from a government-owned
chemical company.

After his arrest and incarceration in the Colombian prison
La Picota, Makled gave numerous interviews to various media
outlets. When asked on camera by a Univision television
reporter whether he had any relation to the FARC, he
answered: "That is what I would say to the American
prosecutor." Asked directly whether he knew of Hezbollah
operations in Venezuela, he answered: "In Venezuela? Of
course! That which I understand is that they work in
Venezuela. [Hezbollah] make money and all of that money they
send to the Middle East." A prime example of the importance
of the Lebanese diaspora in triangulating amongst South
American cocaine and Middle Eastern terrorists, is Ayman
Joumaa, a Sunni Muslim of the Medell¡n cartel with deep ties
with Shiites in the Hezbollah strongholds of southern
Lebanon. His indictment made public on Tuesday "charges him
with coordinating shipments of Colombian cocaine to Los
Zetas in Mexico for sale in the United States, and
laundering the proceeds" (NY Times, Dec. 14, 2011).

The growing routes linking South American cocaine to Middle
Eastern terrorists are primarily from Colombia through
Venezuela. According to an April 2011 report by the United
Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) the Bolivarian
Republic of Venezuela is the most prominent country of
origin for direct cocaine shipments to Europe, with the
cocaine coming mainly from Colombia, primarily the FARC and
ELN terrorist groups. Shipments to Africa, mostly West
Africa, gained in importance between 2004 and 2007,
resulting in the emergence of a new key trans-shipment hub:
centered on Guinea-Bissau and Guinea, stretching to Cape
Verde, The Gambia and Senegal, thus complementing the
already existing trafficking hub of the Bight of Benin,
which spans from Ghana to Nigeria. As the cocaine is
transported through Africa and into Europe, its safe passage
is guaranteed (much as it was in Latin America) by terrorist
groups-most prominently, Al Qaeda and Hezbollah. The cocaine
can also travel from Latin America's Tri-Border Area
(TBA)-bounded by Puerto Iguazu, Argentina; Ciudad del Este,
Paraguay; and Foz do Iguacu, Brazil-to West Africa
(particularly Benin, Gambia and Guinea-Bissau, with its poor
governance and vast archipelagos) and then north into Europe
through Portugal and Spain or east via Syria and Lebanon.

Hezbollah's traditional continental home has been the TBA,
where a large, active Arab and Muslim community consisting
of a Shi'a majority, a Sunni minority, and a small
population of Christians who emigrated from Lebanon, Syria,
Egypt and the Palestinian territories about 50 years ago.
The TBA, South America's busiest contraband and smuggling
center, has long been an ideal breeding ground for terrorist
groups, including Islamic Jihad, Hezbollah and Al Qaeda-the
latter since 1995 when Osama bin Laden and Khalid Sheikh
Mohammad first visited.

Hezbollah is still active in the TBA, according to Argentine
officials. They maintain that with Iran's assistance,
Hezbollah carried out a car-bomb attack on the main building
of the Jewish Community Center (AMIA) in Buenos Aires on
July 18, 1994, protesting the Israeli-Jordanian peace
agreement that year. Today, one of the masterminds of those
attacks, the Iranian citizen and Shia Muslim teacher, Mohsen
Rabbani, remains not only at large, but extremely active in
recruiting young Brazilians, according to reports in
Brazilian magazine Veja. This region, the third in the world
for cash transactions (behind Hong Kong and Miami),
continues to be an epicenter for the conversion and
recruitment of a new generation of terrorists who then train
in the Middle East and pursue their activities both there
and in the Americas.

According to Lebanon's drug enforcement chief, Col. Adel
Mashmoushi, as cited in The New York Times, a main
transportation route for terrorists, cash and drugs was
aboard a flight commonly referred to as "Aeroterror," about
which I wrote in my May 2011 e-note for FPRI. According to
my own secret sources within the Venezuelan government, the
flight had the route Tehran-Damascus-Caracas-Madrid, where
it would wait for 15 days, and flew under the direct orders
of the Venezuelan Vice-President, according to the captain.
The flight would leave Caracas seemingly empty (though now
it appears it carried a cargo of cocaine) and returned full
of Iranians, who boarded the flight in Damascus, where they
arrived by bus from Tehran. The Iranian ambassador in
Caracas would then distribute the new arrivals all over
Venezuela.

I wrote in my May 2011 e-note that reports that Venezuela
has provided Hezbollah operatives with Venezuelan national
identity cards are so rife, they were raised in the July 27,
2010, Senate hearing for the recently nominated U.S.
ambassador to Venezuela, Larry Palmer. When Palmer answered
that he believed the reports, Chavez refused to accept him
as ambassador in Venezuela. Thousands of foreign terrorists
have in fact been given national identity cards that
identify them as Venezuelan citizens and give them full
access to the benefits of citizenship. In 2003, Gen. Marcos
Ferreira, who had been in charge of Venezuela's Department
of Immigration and Foreigners (DIEX) until he decided to
support the 2002 coup against Chavez, said that he had been
personally asked by Ramon Rodr¡guez Chac¡n (who served as
both deputy head of DISIP-Venezuela's intelligence service,
now renamed SEBIN-and Interior Minister under Chavez) to
allow the illegal entry Colombians into Venezuela thirty-
five times and that the DISIP itself regularly fast-tracked
insurgents including Hezbollah and Al Qaeda. The newly-
minted Venezuelan citizens during Ferreira's tenure include
2,520 Colombians and 279 "Syrians." And that was only during
three of the past twelve years of an increasingly
radicalized Chavez regime.

While Chavez has done more than anyone to strengthen these
relationships with Middle Eastern terrorists, in an attempt
to use what he calls "the International Rebellion"
(including Hezbollah, Hamas and ETA) in order to negotiate
with the US for power in Latin America, the coziness of the
seemingly strange bedfellows dates back to the fall of the
Soviet Union, when the USSR abandoned Cuba. At the Sao Paulo
Forum of 1990, prominent Venezuelans and international
terrorists were all in attendance, including: then-
Venezuelan President Carlos Andres Perez (against whom
Chavez attempted a coup in 1992); Al¡ Rodr¡guez, then-
President of PDVSA (Petroleos de Venezuela, the government-
owned oil company); Pablo Medina, a left-wing Venezuelan
politician who initially supported Chavez, but has now moved
to the opposition; as well as Fidel Castro, Moammar Qaddafi
and leaders of the FARC, Tupamaros and Sendero Luminoso
(Shining Path). The extent to which these alliances have
deepened and become institutionalized is exemplified by the
Continental Bolivarian Coordinator, the office that
coordinates all the Latin American terrorists. According to
a well-placed Venezuelan military source of mine, they are
headquartered in the Venezuelan state of Barinas-the same
state that is effectively a Chavez family fiefdom, with
their sprawling family estate, La Chavera, and their total
control of local politics. Their extreme anti-Semitism is
not ideological, but simply out of convenience: to court and
maintain Iranian support.

According to the Congressional Research Service, with
enactment of the sixth FY2011 Continuing Resolution through
March 18, 2011, (H.J.Res. 48/P.L. 112-6) Congress has
approved a total of $1.283 trillion for military operations,
base security, reconstruction, foreign aid, embassy costs,
and veterans' health care for the three operations initiated
since the 9/11 attacks: Operation Enduring Freedom (OEF)
Afghanistan and other counter terror operations; Operation
Noble Eagle (ONE), providing enhanced security at military
bases; and Operation Iraqi Freedom (OIF).

Yet for all this massive spending on fighting terrorists and
insurgents in the Middle East, we are leaving ourselves
vulnerable to them here, on a number of fronts. First and
foremost, the United States is under territorial threat
through its Mexican border. Hezbollah operatives have
already been smuggled, along with drugs and weapons, in
tunnels dug under the border with the US by Mexican drug
cartels. Only a week after my October 5th interview by KT
McFarland on Fox, where I specifically warned of a
possibility of this resulting in a terrorist attack carried
out inside the US with the complicity of South American drug
traffickers, the global press revealed a plot by the elite
Iranian Quds Force to utilize the Mexican gang Los Zetas to
assassinate the Saudi ambassador to Washington in a bombing
that would have murdered many Americans on their lunch hour.

Second, American assets in Latin America are under threat.
Embassies, consulates, corporate headquarters, energy
pipelines and American- or Jewish-sponsored community
centers and American citizens have already been targeted by
terrorist groups all over Latin America for decades: FARC in
Colombia, Sendero Luminoso and Tupac Amaru in Peru and
Hezbollah in Argentina. Al Qaeda is also rumored to have a
strong presence in Brazil.

Third, while American soldiers give their lives trying to
defeat terrorists and violent insurgents in the Middle East,
these same groups are being supported and strengthened
increasingly by Latin America, where they receive training,
weapons and cash. This makes American military engagement
far more costly by any metric: loss of life and financial
cost.

Indeed over the last decade, Latin America is a region
spiraling ever more out of American control. It is a region
with which the United States has a growing asymmetry of
power: it has more importance to the United States, while
the United States is losing influence over Latin America,
which remains the largest source of oil, drugs and
immigrants, both documented and not. Latinos now account for
15 percent of the US population and nearly 50 percent of
recent US population growth, as well as a growing portion of
the electorate, as seen in the last presidential elections.
The discovery of huge new oil reserves in Brazil and
Argentina, that might even challenge Saudi Arabia, and the
2012 presidential elections in Venezuela, make Latin America
of increasing strategic importance to the U.S., particularly
as the future political landscape of the Middle East becomes
ever more uncertain, in the wake of the Arab Spring and the
political rise of the Muslim Brotherhood in previously
secular Arab governments. The growth of transnational gangs
and the resurgence of previously waning terrorist
organizations pose complicated new challenges, as violence
and murder cross the U.S. border, costing American lives and
taking a huge toll on U.S. law enforcement. The United
States needs to develop a smart policy to deal with these
challenges.

So while the US is expending vast resources on the GWOT, the
terrorists are being armed and reinforced by America's
southern neighbors, making the GWOT far more costly for the
US and directly threatening American security. Even though
Venezuelan President Hugo Chavez may be removed from the
presidency either through an electoral loss in the October
7, 2012 presidential elections or through his battle with
cancer, certain sectors of the Venezuelan government will
continue to support international terrorism, whose
activities, bases and training camps have now spread
throughout this region. By understanding the dynamics of the
increasingly entrenched narcoterrorist network, the U.S. can
develop an effective policy to contend with these, whether
or not President Chavez remains in power.

----------------------------------------------------------
Copyright     Foreign      Policy     Research     Institute

----------------------------------------------------------
The Winter 2012 issue of Orbis, FPRI's Journal of World Affairs
is now available. Orbis is edited by Mackubin (Mac) Owens, Associate
Dean of Academics for Electives and Directed Research and Professor
of National Security Affairs at the Naval War College in Newport,
Rhode Island. A prolific writer on military affairs, Dr. Owens is
a long-time associate of FPRI, where he is a Senior Fellow in
the Program on National Security.

Current issue featuring:

Margin Call: How To Cut A Trillion From Defense
    Kori Schake
China's Naval Rise And The South China Sea: An Operational Assessment
    Felix K. Chang
Confronting A Powerful China With Western Characteristics
    James Kurth
Religious Relations Across The Taiwan Strait: Patterns, Alignments, And
Political Effects
    Deborah A. Brown and Tun-jen Cheng
Jordan: Between The Arab Spring And The Gulf Cooperation Council
    Samuel Helfont and Tally Helfont
The Arab Spring And The Saudi-Led Counterrevolution
    Mehran Kamrava
India's ‘Af-Pak’ Conundrum: South Asia In Flux
    Harsh V. Pant
Intelligence And Grand Strategy
    Thomas Fingar
The Reform Of Military Education: Twenty-Five Years Later
    Joan Johnson-Freese

Complete Table of Contents and links to all articles:
----------------------------------------------------------

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Narcotrafico na Bolivia: crescimento sustentado...


 La sentencia más incómoda para Evo Morales
Redacción
BBC Mundo, 24/09/2011

El gobierno de Bolivia trató de descalificar la sentencia en las semanas previas.
La sentencia a 14 años de cárcel en Estados Unidos al exzar antidrogas de Bolivia por narcotráfico, aunque esperada, se produce en un momento delicado para el presidente Evo Morales que desde hace casi un mes y medio se ha enfrentado a protestas ambientalistas.
La prensa boliviana ha seguido de cerca en los últimos meses el caso de René Sanabria, que fue detenido en febrero en Panamá y que declaró su culpabilidad ante el tribunal de Miami que lo ha condenado.
Sanabria era considerado un hombre de confianza de Morales y su caso ha dañado en el ámbito internacional la credibilidad de la política antidrogas de Morales.
El efecto en Bolivia ha tratado de ser contenido en las últimas semanas por el gobierno, que calificó la condena de politizada, al provenir de EE.UU., país con el que rompió la colaboración antidrogas en 2008.
Morales advirtió que Sanabria podría estar negociando con las autoridades de EE.UU. "dañar su imagen, para que su pena sea más corta".
Tras conocer la sentencia, el viceministro de Régimen Interior dijo que el gobierno estaba satisfecho porque durante su última intervención en el banquillo no acusó a terceras personas.

Las marchas en Bolivia han resurgido en el último mes.
"La captura de Sanabria fue un golpe para Morales pero sus mayores efectos se produjeron al conocerse la noticia", valora Jaime Cordero, analista de la actualidad boliviana, en conversación con BBC Mundo.
"La sentencia es simplemente la ratificación de que la política antinarcóticos de Morales es de tolerancia", afirma Cordero, politólogo de la Universidad Católica.
El fallo llega, no obstante, en un momento de creciente conflictividad. "El gobierno se enfrenta de nuevo a una espiral de conflictos y su apoyo ha caído en las encuestas por debajo del 40%".
Tras el "gasolinazo" de enero, una fuerte subida de los precios de la gasolina, las protestas habían dado una tregua al gobierno, pero éstas han resurgido contra su intención de construir una autopista de 300 kilómetros en el Amazonas.
El conflicto con las etnias de la Amazonia está deteriorando la imagen de indigenista y ecologista que cultiva Morales.
A pesar de su problema de popularidad, agrega Cordero, en la oposición no ha surgido aún ningún rival que pueda competir contra Morales, quien en 2009 renovó su mandato presidencial por cinco años más.

"La política antidrogas de Bolivia no solo genera tensión con Estados Unidos, sino también cada vez más con varios países vecinos y de la Unión Europea"
 Brceu Bagley, experto en política antidrogas

Protestas internacionales
Las repercusiones de la condena a Sanabria para Bolivia son profundas, no solo en Estados Unidos, según Bruce Bagley, experto en narcotráfico en la Universidad de Miami, sino también en otros países.
"La política antidrogas de Bolivia no solo genera tensión con Estados Unidos, sino también cada vez más con varios países vecinos y de la Unión Europea", según Bagley.
Bagley sostiene que el malestar en países como Perú, Brasil y Argentina ha crecido porque observan que ha crecido el tráfico de drogas con origen en Bolivia.
"Se han callado porque hay intereses en juego", observa. "Por ejemplo Brasil, que tiene acuerdos gasísticos con Bolivia, ha reforzado su frontera sur con 7.000 soldados"
"Los países europeos, otro mercado de destino de la cocaína, también han espresado en reuniones internacionales su preocupación creciente contra Bolivia".
El gobierno de Evo Morales tomó en los últimos años varias medidas contra el narcotráfico que causaron protestas internacionales.
En 2008, expulsó a la agencia antidroga estadounidense, la DEA, tras acusar a sus agentes de conspirar contra el gobierno.
Y su gobierno, que cuenta con el respaldo de los productores de hoja de coca, amplió la superficie permitida para la siembra de esta planta, que es la sustancia con la que se fabrica la cocaína.
Estados Unidos incluye a Bolivia en su lista negra de los tres países que han roto ostensiblemente sus obligaciones internacionales en materia de tráfico de drogas.
Washington considera que la expulsión de sus 30 agentes ha dejado al narcotráfico fuera de control.