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Duglas Farah é pago para redigir relatórios de segurança para empresas privadas e órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Defesa. Membro do Centro de Avaliação Estratégica Internacional (lasc), de Washington, o consultor americano é especialista em identificar as áreas de influência de cartéis mexicanos, gangues salvadorenhas e grupos terroristas na América Latina. Também revela as armas, os centros de lavagem de dinheiro e os contatos no governo e na Justiça usados por esses criminosos. Autor do livro Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, Farah foi criado na Bolívia, onde seus pais, missionários americanos, trabalharam.
Como explicar o avanço do crime organizado na América Latina?
(…)Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos “bolivarianos”, liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região.
(…) Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interna e externa e apoiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento do papel da Venezuela corno local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia.
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AS AUTORIDADES LATINO-AMERICANAS ENVOLVIDAS
Quais são as principais autoridades envolvidas com narcotraficantes?
São muitas. O ministro da Defesa da Venezuela. Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento de Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotraficantes. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia. Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenú acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Corrêa, Gustavo Larrea, ex-ministro de Segurança Interna e Externa, e José Ignácio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com traficantes das Farc.
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O MAL PARA OS BRASILEIROS
Como a sociedade brasileira é afetada pelos narcoestados da vizinhança?
O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior parte da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim, cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack, com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba ou comete outros crimes. Os pontos de venda passam a ser disputados, e os bandos começam a se armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas, o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tinha sido acompanhado do aumento da criminalidade.
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O Irã tem petróleo e está muito longe daqui. Qual é o seu interesse na América Latina?
Um dos objetivos claros do Irã é driblar as sanções internacionais. Na Venezuela, criaram-se instituições financeiras de fachada, como o Banco Internacional de Desenvolvimento, que Chávez sempre disse que não era iraniano. Eu tive acesso aos papéis de sua fundação, contudo, e verifiquei que todos os dezessete diretores eram iranianos. Tinham passaporte e nomes persas. O banco era usado para movimentar o dinheiro das transações internacionais do Irã, especialmente as relacionadas ao seu programa nuclear. Depois que esse esquema foi descoberto, o Irã e a Venezuela inventaram outros. (…) No Equador, os iranianos utilizam bancos nacionais que não funcionam mais, mas ainda existem no papel. Bem mais difícil é saber o que eles querem na Bolívia. Há 140 diplomatas iranianos que oficialmente atuam como assessores comerciais no país, mas o comércio bilateral não passa de alguns poucos milhões de dólares. (…)
Temo que o Irã queira usar a América Latina para ameaçar ou chantagear os Estados Unidos. Os generais venezuelanos carregam nos bolsos um pequeno livro com as doutrinas do Hezbollah, um grupo fundamentalista xiita apoiado pelo Ira. O texto contém a meta de derrubar o império americano com armas de destruição em massa. O intercâmbio com os países bolivarianos serviria, então, para montar um perigoso arsenal, talvez químico ou biológico, no quintal dos americanos.
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3 comentários:
Boa noite! Já faz alguns meses que acompanho o seu blog, e queria dizer que acho muito interessante a seleção de assuntos.
Quanto à entrevista das páginas amarelas, por acaso, alguns dias atrás vi uma notícia na capa do UOL que não repercutiu muito, mas achei bem suspeita...
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2012/08/28/governo-da-bolivia-diz-ter-achado-duas-toneladas-de-uranio-perto-da-embaixada-do-brasil-em-la-paz.htm
O rap das Farcs:
"Las FARC difunden un desafiante rap en video sobre la paz en Colombia."
http://www.ortegaonline.net/2012/09/las-farc-difunden-un-desafiante-rap-en.html
...e sua versão em português:
http://www.youtube.com/watch?v=sAYZmKILy24&feature=related
Vale!
Presidentes traficantes, reencarnados, ditadores, urânio e aliados com teocracias que aceitam a "jy-had" ... hmm que belo caldeirão.
Agora de tudo isso o que mais me surpreendeu foi ler no BJIR , volume1 edição número 2, 2012 (postado aqui mesmo no blog): "La reemergencia del discurso nacional-popular en la nueva izquierda latinoamericana: para una discusión de los movimientos nacional-populares", de Hugo Cancino.
A menos que minha habilidade de interpretação de texto esteja realmente falhando o que eu vi foi praticamente um discurso de ódio entre classes sociais e uma apologia à esses movimentos 'populares". Não vi nenhum contrabalanço, nenhuma reflexão sobre a diminuição da liberdade individual, da falta de envolvimento do "povo" nos processo de transformação, dos efeitos de empobrecimento com o recuo das economias, enfim, o tipo de esforço de análise neutra que poderíamos esperar do setor intelectual.
Se o setor intelectual perder o rumo, o que diremos dos demais?
Abraços,
RAA
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