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domingo, 29 de janeiro de 2012

Em Defesa da Globalização (Jagdish Bhagwati) - resenha Paulo R. de Almeida

Agora a segunda resenha desaparecida no site do Ipea. Cabe esclarecer que minhas resenhas, originais, são sempre maiores, ou seja, mais extensas, do que as versões publicadas, que passam pelos cortes dilacerantes dos editores, sempre roubando caracteres aos autores e adequando seus textos aos espaços disponíveis.

2. “Globalização para todos os gostos”, Brasília, 12 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres (Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 76). Relação de Trabalhos nº 1281. Relação de Publicados nº 507.




Globalização para todos os gostos

Resenha do livro de:
Jagdish Bhagwati

Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres

(Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2)

            O economista indiano da Columbia University se pergunta, no frontispício dessa obra, se o mundo precisa de mais um livro sobre a globalização. A pergunta é pertinente pois que, desde a popularização desse conceito no início dos anos 90, rios, talvez oceanos de tinta já foram vertidos em escritos pró- ou anti-globalização. O movimento anti-globalizador – que se vê como altermundialista, sem jamais ter explicado de que seria feito esse “outro mundo” – deve seu sucesso ao fenômeno que vitupera em encontros movidos mais a transpiração do que inspiração.
            O propósito de Bhagwati é outro: nem atacar, nem elogiar, mas explicar como funciona esse processo (nos seus mecanismos comerciais, financeiros, tecnológicos e culturais) e ver o que fazer para aperfeiçoá-lo. Os maiores beneficiários são, obviamente, as multinacionais, mas os pobres dos países emergentes também vêem sua prosperidade aumentar, como o provam milhões de chineses e indianos retirados da miséria absoluta. Os anti-globalizadores agitam temores, mas não dão provas concretas de que ele produza, como proclamam, miséria, concentração de renda ou destruição das culturas nacionais.
A primeira parte do livro é justamente dedicada à compreensão do movimento contrário à globalização, constatando no entanto Bhagwati que ela é benéfica não só economicamente, mas também socialmente. Na segunda parte, ele considera suas implicações sociais, examinando a distribuição da riqueza via comércio, via trabalho (com redução da exploração de crianças), a promoção das mulheres, da cultura e da democracia. Os benefícios dos investimentos diretos são muito superiores aos problemas, o que o leva a concluir que são infundados os temores dos anti-globalizadores.
A terceira parte aborda os aspectos “incômodos” da globalização: movimentos de capitais de curto prazo e fluxos de pessoas. Bhagwati não apóia a liberalização financeira e critica o “complexo Wall Street-Tesouro” (que engloba outras instituições, como o FMI e o Banco Mundial); ele comprova, com satisfação, que a ultra-liberal The Economist acabou rendendo-se às suas teses. A quarta parte, finalmente, quer fazer a globalização funcionar melhor e aqui também Bhagwati se distancia dos anti-globalizadores, pois ele preconiza o seu gerenciamento adequado pelos mesmos organismos multilaterais que eles querem enterrar. Ele discorda, portanto, de que a globalização necessite de uma face humana: isso ela já tem, mas pode-se sempre melhorá-la. Em conclusão, ele recomenda um pouco menos de paixão e um pouco mais de razão aos críticos da globalização.

Paulo Roberto de Almeida


Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro (Albert Fishlow) - resenha por PRA


Começo transcrevendo a primeira resenha que produzi para a revista do Ipea, que simplesmente desapareceu do site da revista. Ela tinha sido preparada para o número zero da revista, depois foi "esquartejada", reduzida a pedacinhos e publicada no número 1.

1. “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”, Brasília, 2 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Albert Fishlow, Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica (São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 77). Relação de Trabalhos nº 1275. Relação de Publicados nº 503.

Origens e itinerário do desenvolviment[ism]o brasileiro

Paulo Roberto de Almeida

Resenha do livro de Albert Fishlow:
Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica
(São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p; ISBN: 85-219-0749-4; R$ 40,00).

Publicada,
sob o título de “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”,
na revista Desafios do Desenvolvimento
(Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 0, julho 2004, p. 79).
Trechos sumprimidos na publicação da revista: [ ]

A caracterização de brasilianista tem sido comumente aplicada, no Brasil, aos estudiosos americanos das áreas de ciências sociais, do contrário um economista como Albert Fishlow já teria há muito merecido o título de brasilianista emérito, junto com Werner Baer [(que aliás já o recebeu, em 2002, da Embaixada do Brasil em Washington)]. Poucos economistas teóricos e aplicados – [o que inclui não apenas a atividade de pesquisa, mas sobretudo a de formulador de políticas e, sobretudo, a nobre missão de professor –] detêm um currículo tão vasto e tão diversificado em coisas do Brasil e da América Latina quanto este antigo aluno do famoso historiador econômico Alexander Gerschenkron, com quem ele certamente aprendou algumas lições a respeito das “vantagens do atraso” [(expressão não por acaso útil para descrever a situação brasileira)].
Autor ou co-autor de mais de 14 livros [(embora nenhum deles exclusivamente sobre o Brasil)] e de centenas de artigos e ensaios – dezenas deles sobre o Brasil – Fishlow é extremamente conhecido nos circulos de estudiosos da economia brasileira, mas não tinha ainda sido contemplado com uma compilação de seus [muitos] trabalhos sobre nosso país e a região. A lacuna acaba de ser fechada graças à feliz iniciativa de Edmar Bacha, que selecionou seus melhores escritos das últimas três décadas, com o que podemos comprovar que Fishlow pode ser tranqüilamente equiparado aos grandes [da sua área,] como Raul Prebisch, Celso Furtado ou Albert Hirshmann.
Diretor de tese de muitas das melhores cabeças da economia aplicada brasileira [– entre eles alguns ministros –] e formador das primeiras equipes que se dedicaram ao planejamento econômico, Fishlow não pode ser considerado nem um “estruturalista” nem um “neoliberal”. Ele é um profissional completo e pragmático. Reconhece o papel do Estado no desenvolvimento brasileiro, mas aponta as insuficiências sociais do processo. Sustenta teoricamente seus argumentos, mas também os dota de provas empíricas e sabe colocar nosso itinerário em perspectiva histórica [(o endividamento externo no século XIX ou nos anos 1930, por exemplo)] e também em visão comparada com os países asiáticos. Impossível não experimentar um crescimento do PIB intelectual com a leitura deste livro [dotado de tantas vantagens comparativas (relativas e absolutas) e] de tão grandes externalidades positivas.

(capturar capa do livro no site da Livraria Cultura ou da Paz e Terra)

[Brasília, 1274: 1 junho 2004, 2 p.]



Desafios do Desenvolvimento (lpea) - Resenhas Paulo R. de Almeida

O Ipea, na versão online de sua revista Desafios do Desenvolvimento, meteu os pés pelas mãos (não surpreende), na seção "Estante" (neste link), que traz minhas colaborações ao longo dos anos em que aquele instituto funcionou normalmente.
Começou atribuindo-me uma resenha de um livro que jamais li, e cuja resenha deve ter sido feita por um de seus funcionários.
Depois suprimiu as duas primeiras resenhas que fiz, estas aqui, que vou repostar sequencialmente, em novos posts.

2. “Globalização para todos os gostos”, Brasília, 12 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres (Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 76). Relação de Trabalhos nº 1281. Relação de Publicados nº 507.

1. “Origens e itinerário do desenvolvimento brasileiro”, Brasília, 2 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Albert Fishlow, Desenvolvimento no Brasil e na América Latina: uma perspectiva histórica (São Paulo: Paz e Terra, 2004, 340 p). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 77). Relação de Trabalhos nº 1275. Relação de Publicados nº 503.

Para o acesso à seção "Estante"da revista, com a qual colaborei de seu início até 2007 -- tendo então desistido de colaborar voluntariamente devido à censura política exercida contra uma resenha minha -- ver este link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=12&Itemid=30

Paulo Roberto de Almeida

Niilismo Academico - resenha Paulo R. de Almeida

Já que o Ipea reformulou completamente seus links (e tornando meus antigos links inoperantes), nada melhor do que recuperar aqui as próprias resenhas que andei publicando numa revista que já foi boa, muitos anos atrás, mas que atualmente só serve para transmitir a pobreza do pensamento único que reina naquela instituição que no passado já serviu para coisas úteis...
Paulo Roberto de Almeida

Resenha 3:
3. “Niilismo filosófico-político?”, Brasília, 22 agosto 2004, 3 p. Resenha de Paulo Eduardo Arantes, Zero à Esquerda (São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2004, 306 p.), publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 2, setembro 2004, p. 76, link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1749:catid=28&Itemid=23). Relação de Trabalhos nº 1318. Relação de Publicados nº 514. 

Niilismo filosófico-político?ImprimirE-mail
Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)

livro-0aesquerda
O livro de Paulo Arantes, professor universitário dotado de sólida cultura filosófica, apresenta as conhecidas virtudes e defeitos da produção acadêmica na área de ciências humanas: um aparato conceitual rico e diversificado, um instrumental analítico sofisticado, uma preocupação legítima, socialmente engajada, com velhas questões que preocupam toda e qualquer sociedade - emprego, distribuição, igualdade, inclusão cultural e outras -, ou seja, uma boa qualidade no diagnóstico, tudo isso acompanhado, entretanto, por um deslocamento do eixo "terapêutico" em direção a um hipercriticismo teórico que não leva em conta as limitações do real na implementação de políticas públicas, nacionais ou setoriais.

Com efeito, os dezessete ensaios reunidos neste volume tocam nos mais diversos problemas culturais, políticos e filosóficos que "agitam" (este é o termo) qualquer departamento de filosofia que se pretenda "socialmente responsável". Mas eles também revelam algumas das "obsessões" do seu autor com dois problemas que parecem ter ficado parados na garganta da esquerda universitária: o partido da reforma, atualmente no poder (e decepcionando seus velhos aliados acadêmicos), e o processo de globalização (invariavelmente classificado de capitalista, injusto, assimétrico ou destruidor). Assim, a despeito da salada filosófica muito variada servida em fartas doses em quase todos os seus capítulos, o que o livro comporta, de verdade, é uma crítica implacável ao processo de globalização, o que me parece não apenas inócuo mas desfocado, e uma condenação sem apelo da política econômica do atual governo (que não atende aos padrões de "ruptura" pregados quixotescamente pela comunidade acadêmica).

Em relação ao governo liderado pelo PT, por exemplo, o autor considera, num epílogo datado de abril de 2003 e intitulado "Beijando a Cruz", que o partido "já vinha entregando os pontos há um bom tempo". Para ele, o partido já está inapelavelmente "a serviço do Capital" e teria ocorrido uma "conversão suicida do Governo Lula à ortodoxia econômica" (p. 303 e 306). Nisso o livro não difere da meia dúzia de "manifestos econômicos de oposição" que circularam na academia e nas redações de jornais no último ano e meio. Ele é igualmente cáustico em relação à globalização. Vê seu sangue ferver com a "desfaçatez" do "show diário de cinismo das elites econômicas globalizadas que afinal chegaram ao cúmulo de impingir a falência social do seu sistema como uma lei natural a ser aceita por todos". Acredita, sinceramente, que "o capitalismo não tem alternativa para a humanidade" (p. 127).

Este é o universo mental no qual se move a maior parte das crônicas, entrevistas e reflexões "filosóficas" desse autor, um mundo no qual existe um "Partido Intelectual", um "Partido da Ordem", outro do "Progresso", a "saudosa Dialética" e outras variações impressionistas sobre a ditadura do Capital, a "riqueza financeirizada", a "estetização do poder" ou o "pensamento único", conceito este tomado de empréstimo a um dos papas da antiglobalização (da tribo dos irredutíveis gauleses, mas que preferem se ver como "altermundialistas", sem jamais ter explicado do que, exatamente, seria feito esse "outro mundo possível"). O autor exibe sua certeza de que vivemos uma nova "lógica dual", na qual o 'ajuste' latino-americano ao padrão geomonetário deflagrado pelo diktat político do novo dinheiro mundial (o parâmetro imperial do dólar-flexível), em que a integração global subalterna (se faz) acompanhar de uma igual desintegração nacional" (p. 42); ou a certeza de que a "barbárie hoje nada mais é do que o capitalismo triunfante levado ao seu paroxismo" (p. 234).

A crer em autores como Paulo Arantes (e outros catastrofistas de plantão), o Brasil caminha rápido para um processo de "africanização", cuja culpa, é óbvio, cabe inteiramente às nossas elites estrangeirizadas, hoje incorporando também o partido no poder. O que resta, finalmente, é uma confusa sensação de déjà vu, all over again. Em lugar de "espalhar a arte da subversão para as novas gerações", como pretende o livro, ele corre seriamente o risco de espalhar tédio e apatia no que resta de pensamento crítico no interior da torre de marfim. É realmente surpreendente que acadêmicos pagos com o dinheiro da sociedade para atuar como consciência crítica dessa mesma sociedade consigam viver em circuito fechado, fazendo e desfazendo continuamente o fio da meada de sua própria irrelevância prática.

Desfios do Desenvolvimento (Ipea) - resenhas de livros

De repente, não mais do que de repente, surgem, das catacumbas da internet, uma referência a um texto sobre a diplomacia brasileira, recebido pelo sistema do Google alerts, que me remeteu a outra época, e nem eu me lembrava mais dessas colaborações.
O alerta foi este:

Não parte de imagens pré-concebidas, mas de fontes documentais, e tira do limbo historiográfico um período crucial na formação da diplomacia brasileira.

E o que surgiu?
Tchan, tchan, tchan...: dois textos meus!
Incrível!
Material de 2007, ressurgindo assim agora, do nada, de graça?
Ou o Google é muito bom, ou o pessoal do Ipea está revisando os arquivos e republicando material antigo com novos links.

Eis o que apareceu: 
(neste link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1809:catid=28&Itemid=23)
PS.: Quero deixar registrado que colaborei voluntariamente com a revista do Ipea, "Desafios do Desenvolvimento", publicando inúmeras resenhas de livros, gaciosamente, quando essa instituição era dirigida por pessoas normais, e fazia coisas normais. Depois que ela passou para mãos (e pés, mas muito pouco cérebros) algo anormais, deixei de colaborar. O Ipea vem publicando alguns estudos ridículos nos últimos tempos...
Paulo Roberto de Almeida

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Paulo Roberto de Almeida
Do leão britânico para a águia americana?
estante18
Entre América e Europa: a política externa brasileira na década de 1920 Eugênio Vargas Garcia:
Editora UnB-Funag, 2006, 672 p., R$ 89,00
A versão corrente vê no entre-guerras a passagem do Brasil da esfera britânica para o domínio americano, com base nos novos fluxos de comércio, investimentos e empréstimos, que trocam a City londrina por Nova York. Esse livro, de um diplomata-historiador, demonstra que as relações do Brasil com seus dois principais parceiros eram mais complexas. Revisa os anos que vão da Primeira Guerra à Revolução de 1930. Não parte de imagens pré-concebidas, mas de fontes documentais, e tira do limbo historiográfico um período crucial na formação da diplomacia brasileira.
A revisão é bem-vinda,já que o período é movimentado.Versalhes, que efetuou o primeiro ordenamento da era moderna,foi uma repetição - sem bailes nem diplomacia secreta - do Congresso de Viena: a Liga das Nações tentou diminuir,sem conseguir, os ímpetos guerreiros dos velhos imperialismos. O Brasil, presente na criação da nova ordem, abandonou essa "ONU frustrada" poucos anos depois. Projetou-se na América do Sul, livre dos constrangimentos do século XIX,com as fronteiras já delimitadas por Rio Branco.
O autor segue os passos da diplomacia brasileira no triângulo Europa-EUA-América do Sul.Organiza seu roteiro em torno de sete grandes eixos: 1) "rumo à Europa", isto é, a presença na Conferência de Versalhes; 2) "diplomacia econômica", com a defesa do café e a atração de capitais; 3) "equilíbrio estratégico na América do Sul" e os ensaios de corrida armamentista; 4) "comércio e finanças", em que é mais visível a substituição de hegemonias; 5) "experiência da Liga das Nações", tentativa precoce de entrar em outro "Conselho"; 6) "de volta à América": o distanciamento da velha Europa e a reafirmação do americanismo; 7) "a diplomacia anti-revolução das oligarquias", em que cuida dos problemas do século (comunismo, anticomunismo, imigração) e da gestão diplomática da Revolução de 1930.
O presidente se "intrometia" demais nos assuntos diplomáticos, como visto na saída,"batendo a porta", da Liga das Nações. As grandes potências, então como agora, tratavam o Brasil com negligência benigna, o que refletia, aliás, a pouca importância do país, simples fornecedor de produtos de sobremesa, no equilíbrio mundial.
O desejo de uma "aliança" com os Estados Unidos também é típica dessa fase, que assiste à hegemonia ideológica do pan-americanismo,mais do que do pró-americanismo (cuja vigência foi limitada em nossa história). Não existia ainda o "imperialismo americano", pela razão de que os europeus preenchiam esse papel. Os americanos eram amigos e os novos donos do dinheiro fácil. O autor pratica um saudável revisionismo,que emerge da leitura dos documentos e dos fatos reais, não das concepções conspiratórias dos que vêem no manifesto destino da nova Roma a referência obrigatória da diplomacia brasileira no século XX.
Não falta oportunidade para crises...
Nove entre dez palestrantes empresariais, ao falarem de crises, começam lembrando a surrada explicação do ideograma chinês que congrega os dois sentidos utilizados como título nesse livro. É óbvio que eles não conhecem nada de chinês e essa chinoiserie cansa a quem assiste. Não é o caso dessa obra, uma excelente oportunidade para repensar algumas das crises que atingiram o Brasil e um alerta para outras que poderão sobrevir se não corrigirmos alguns rumos.
Vinte autores, economistas à exceção de dois, preenchem as quatro partes do livro - investimentos diretos, fluxos de capitais, macroeconomia e competitividade externa - com catorze estudos, alguns mais propositivos do que outros,mas todos dotados de forte sustentação empírica.Apenas Luiz Carlos Prado foge à regra e faz digressões sóbrias e intelectualmente estimulantes sobre o conceito de globalização.
O enfant terrible do Banco Central (BC) - e âncora cambial do Plano Real -,Gustavo Franco, abre o volume tirando as lições dos dois censos do BC sobre o capital estrangeiro. Demonstra que o investimento estrangeiro direto (IED) deve ser considerado um "ativo estratégico",que traz muitos benefícios ao sistema produtivo brasileiro, bem longe daquela visão de "passivo externo" ou parte da "vulnerabilidade externa". Pedro da Motta Veiga refaz, em seguida, a trajetória cambaleante dos acordos de investimento: multilaterais (TRIMs), regionais (Nafta) e plurilaterais (o frustrado MAI,da OCDE), lembrando ainda os acordos bilaterais de investimentos de última geração, bastante abrangentes e bem ao gosto do capital.
Justamente,Maria Helena Zockun, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), identifica os incríveis obstáculos impostos pelo Brasil à entrada de IED,desde a burocracia infernal até a selva legal das regras contraditórias de União, estados e municípios.
estante23Crise e Oportunidade: o Brasil e o cenário internacional Antonio Corrêa de Lacerda (organizador)
Editora Lazuli, 2006, 328 p., R$ 40,00
O ex-assessor internacional da Fazenda, Otaviano Canuto, e Pablo Santos fazem uma análise comparada do risco-soberano em economias emergentes, concluindo que ainda carregamos, a despeito da flutuação cambial e do aumento das exportações, uma elevada vulnerabilidade externa. Daí o alto prêmio de risco pago pelas emissões.Essa vulnerabilidade é confirmada no estudo seguinte, por Marcos Cintra e Daniela Prates, que examinam os fluxos voluntários de capitais para o Brasil entre 1995 e 2004. Carlos Kawall e Adriana Beltrão analisam as condições sob as quais o Brasil poderia adquirir a classificação de "grau investimento": o peso da dívida diminuiu, mas as exportações e as receitas correntes são ainda insuficientes para um salto antes de seis ou sete anos.
Carlos Eduardo Carvalho tira, em seu texto, algumas lições das crises cambiais e da dependência do financiamento externo: o Brasil respondeu bem a esses desafios, comparado à tragédia argentina,dada sua maior flexibilidade fiscal. Corrêa de Lacerda e Fernando Leite constatam que o setor público "seqüestra"a poupança do setor privado, que só pode, assim, financiarse mediante endividamento externo. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que se procurava transferir ativos do Estado para o setor privado, aumentava, via carga tributária, o peso do Estado no conjunto da economia.
Renato Baumann discute o paradoxo dos países latino-americanos nos anos 1990, quando ganhos sobre a inflação não trouxeram a
esperada retomada do crescimento econômico.O embaixador Rubens Barbosa traça um decálogo para aumentar a competitividade, mas admite que, pelo menos no plano dos valores,o Brasil parece preparado para enfrentar a globalização.
Finalmente, um estudo analisa os fatores de competitividade associados às subsidiárias de multinacionais, reconhecendo o papel central das políticas de governo. Seria a volta da velha aliança entre o Estado e o capital estrangeiro? Talvez. Esse livro representa, em todo caso, uma saudável contribuição de pesquisa empírica ao ambiente, por vezes impressionista, em que se desenvolvem certos trabalhos acadêmicos.Os estudos devem ser continuados, de modo a criar oportunidades de afastar novas crises.


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La bonne table a Paris: des recommendations du Le Monde

Avant le travail, le plaisir...
Ça c'est une bonne formule, et c'est moi qui la trouve bonne, car c'est moi qui le dis...
C'est pour ça que je poste ici ces quelques recommendations de la bonne chaire à Paris, et pas très cher, ou chère, la bonne chaire...
Paulo Roberto de Almeida

Bonnes tables du marché

LEMONDE | 28.01.12 | 14h49

Les restaurateurs seront-ils bientôt obligés de mentionner sur la carte : "produit frais", "surgelé", "conserve" ou "fait maison" ? C'est ce que l'on peut espérer du vote, fin décembre, par le Sénat en première lecture d'un projet de loi - déjà adopté par l'Assemblée nationale - visant à renforcer l'information des consommateurs.

Cette mesure de bon sens est destinée à faire cesser la confusion entre les plats industriels servis dans certains restaurants et la cuisine du marché élaborée àpartir de produits frais. L'adoption définitive de ce texte et ses décrets d'application interviendront-ils avant la fin de la législature ?
Les professionnels sont partagés et le lobby agroalimentaire à la manœuvre. Voici, en attendant, quelques bonnes tables parisiennes de confiance. Christophe (8, rue Descartes, Paris 5e) est un passionné du produit. Il affiche même le nom de ses fournisseurs : veau de la boucherie Charcellay, poitrine rôtie rosé et haricots verts frais ! Cervelle meunière de Vadorin, l'un des derniers tripiers parisiens. Cave exigeante à prix serrés. Au déjeuner : formule à 16 euros. Menu : 19 euros (soupe de potiron, boudin basque et mousse au chocolat d'anthologie).
A L'Insoumis (22, rue des Capucines, Paris 1er), chaque jour une entrée, une viande, un poisson, un dessert différents (formule : 26 euros). Des goûts justes et de jolies bouteilles. Au pied de la butte Montmartre, La Galère des Rois (8, rue Cavallotti, Paris 18e) propose une délicieuse cuisine ménagère (soupe de pois cassés, terrine de sanglier, saumon à l'oseille, tartare pommes sautées) à des prix imbattables (formule à 13 euros, menu complet à 16 euros).
Décor d'autrefois, service aimable et carte des vins soignée. Le Coude-à- Coude (46, rue Saint-Honoré, Paris 1er) est un bistrot atypique, où l'on aime siroter le minervois de Marc Tempé (Domaine de Courbissac) en dégustant des charcuteries de l'Aveyron, et une entrecôte frites maison. Menu à 12 euros (midi) et 15 euros (soir). Au Gorille Blanc (4, impasse Guéménée, Paris 4e), Bernard Arenyet son fils Benoît tiennent une ambassade du Sud-Ouest dans un décor rustique.
Petit menu traditionnel à 18 euros (midi), 25 euros environ à la carte : excellents filets de maquereau en escabèche, foie gras maison et gelée au jurançon, dacquoise aux noisettes. Chez Plume (6, rue des Martyrs, Paris 9e), Alexandre etStéphanie Girault viennent d'ouvrir une rôtisserie à l'ancienne où ils servent des volailles avec de bonnes bouteilles de vin nature.
par Jean-Claude Ribaut

Mais manchetes idiotas: os companheiros se esmeram na estupidez...

Assim não dá: eu tento ler coisas sérias na imprensa online, mas só pipocam manchetes idiotas, dessas capazes de provocar em mim, imediatamente, aquele comichão anti-estupidez, a que sou incapaz de resistir. Aliás, esse tipo de manchete é insuportável.
Sempre quando vejo uma idiotice estampada em algum veículo, não resisto a uma espécie de alergia anti-burrice. Daí que tomo da minha pluma para anotar no meu caderninho de asneiras a última pérola da coleção. Agora, com o blog, ficou ainda mais fácil.
Vejam esta aqui, por exemplo: 






Não é uma gracinha?
Os companheiros não se esmeraram na idiotice consumada?
Como é que eles vão fazer para marchar contra o capitalismo?
Vão marcar encontro com os banqueiros na Avenida Paulista?
Vão assaltar a sede da CNI em Brasília?
Vão ocupar Wall Street outra vez? 
Vai sair caro; além de passagens, um hotelzinho em Manhattan não sai por menos de 100 dólares...


E como é essa coisa de pedir mais "justiça ambiental"?
Vão pedir para o sol ser menos agitado e fazer menos aquecimento global?
Vão pedir para a mãe natureza parar de provocar desastres ambientais (tem uma santa, no Brasil, uma tal de Marina das selvas, que talvez possa ajudar...).


Curiosos esses caras do Fórum Social: passam a semana inteira ouvindo os mesmos subintelectuais repetirem as mesmas bobagens de sempre, urrando os mesmos slogans e chavões contra o capitalismo e, depois, no final de tudo, ainda ficam reclamando da "dificuldade de encontrar uma pauta comum".
Mas que idiotas: eles não conseguem consenso contra o mesmo monstro perverso, conhecido desde meados do século XIX, quando um profeta barbudo fez sua anatomia, descreveu suas entranhas e predisse que ele estava condenado ao desaparecimento fatal devido a suas contradições internas?
Como é que agora eles não conseguem "impor derrotas reais ao capital"?
Mas eles não são 99% da humanidade, e os capitalistas apenas o 1% de privilegiados?
Que idiotas esses anticapitalistas e antiglobalizadores.


A única coisa na qual eles são ótimos é na redação de manchetes idiotas...
CQD...
Paulo Roberto de Almeida 

Partido Comunista descobre (finalmente) que comunismo nao funciona...

Mais uma manchete, das boas (isso é, das grandes idiotices que podem ser lidas): 





Começou, neste sábado, a primeira conferência nacional do Partido Comunista Cubano (PCC), que tem como objetivo mudar a “mentalidade” dos “dogmas e critérios obsoletos”, segundo a imprensa local. Pela primeira...



Não diga!
Será que vão agora mudar o nome para Partido Capitalista de Cuba?
Enfim, foi algo assim que fez o PCC, não o cubano, mas o chinês.
O Partido Comunista Chinês é o mais capitalista de toda a história do comunismo, e ainda assim não mudou o nome e continua com sua ditadura semi-totalitária.
Algo assim estão buscando os companheiros cubanos (e os idiotas que os apoiam no Brasil). 
Acho que no caso deles não vai dar muito certo, para desgosto de uns e outros...
Paulo Roberto de Almeida