2. “Globalização para todos os gostos”, Brasília, 12 junho 2004, 2 p. Resenha do livro de Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres (Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2). Publicada na revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 1, nº 1, agosto 2004, p. 76). Relação de Trabalhos nº 1281. Relação de Publicados nº 507.
Globalização para todos os gostos
Resenha do livro
de:
Jagdish Bhagwati
Em Defesa da Globalização: como a globalização está ajudando ricos e pobres
(Rio de Janeiro:
Elsevier-Campus, 2004, 348 pp.; ISBN: 85-352-1440-2)
O
economista indiano da Columbia University se pergunta, no frontispício dessa
obra, se o mundo precisa de mais um livro sobre a globalização. A pergunta é
pertinente pois que, desde a popularização desse conceito no início dos anos
90, rios, talvez oceanos de tinta já foram vertidos em escritos pró- ou
anti-globalização. O movimento anti-globalizador – que se vê como
altermundialista, sem jamais ter explicado de que seria feito esse “outro
mundo” – deve seu sucesso ao fenômeno que vitupera em encontros movidos mais a
transpiração do que inspiração.
O
propósito de Bhagwati é outro: nem atacar, nem elogiar, mas explicar como
funciona esse processo (nos seus mecanismos comerciais, financeiros,
tecnológicos e culturais) e ver o que fazer para aperfeiçoá-lo. Os maiores
beneficiários são, obviamente, as multinacionais, mas os pobres dos países
emergentes também vêem sua prosperidade aumentar, como o provam milhões de
chineses e indianos retirados da miséria absoluta. Os anti-globalizadores
agitam temores, mas não dão provas concretas de que ele produza, como
proclamam, miséria, concentração de renda ou destruição das culturas nacionais.
A primeira parte do livro é
justamente dedicada à compreensão do movimento contrário à globalização,
constatando no entanto Bhagwati que ela é benéfica não só economicamente, mas
também socialmente. Na segunda parte, ele considera suas implicações sociais,
examinando a distribuição da riqueza via comércio, via trabalho (com redução da
exploração de crianças), a promoção das mulheres, da cultura e da democracia.
Os benefícios dos investimentos diretos são muito superiores aos problemas, o
que o leva a concluir que são infundados os temores dos anti-globalizadores.
A terceira parte aborda os
aspectos “incômodos” da globalização: movimentos de capitais de curto prazo e fluxos
de pessoas. Bhagwati não apóia a liberalização financeira e critica o “complexo
Wall Street-Tesouro” (que engloba outras instituições, como o FMI e o Banco
Mundial); ele comprova, com satisfação, que a ultra-liberal The Economist acabou rendendo-se às suas
teses. A quarta parte, finalmente, quer fazer a globalização funcionar melhor e
aqui também Bhagwati se distancia dos anti-globalizadores, pois ele preconiza o
seu gerenciamento adequado pelos mesmos organismos multilaterais que eles
querem enterrar. Ele discorda, portanto, de que a globalização necessite de uma
face humana: isso ela já tem, mas pode-se sempre melhorá-la. Em conclusão, ele
recomenda um pouco menos de paixão e um pouco mais de razão aos críticos da
globalização.
Paulo Roberto de Almeida
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