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sábado, 22 de setembro de 2012

Estrategias de política externa: a grande estrategia do Barao e as pequenas - P. R. Almeida


O Barão do Rio Branco e as estratégias do Brasil: a grande e as pequenas

Paulo Roberto de Almeida
revista Sapientia (ano 1, n. 2, setembro 2012, p. 23-25; link: http://www.cursosapientia.com.br/revista/ed2/).
Relação de Originais n. 2407; Relação de Publicados n. 1073.

Se, por um desses acasos históricos, o Barão do Rio Branco, falecido exatamente cem anos atrás, retornasse eventualmente entre nós, quais seriam suas grandes preocupações diplomáticas? Esgotada a tarefa de remodelar a geografia dos limites territoriais, por meio de negociações de fronteiras com todos os nossos vizinhos, o Barão talvez se preocupasse com temas mais permanentes, ou mais estruturais, sobretudo numa fase – como foi a sua – de transição nas relações internacionais. De fato, cem anos atrás, o mundo assistia aos primeiros passos da transposição hegemônica das velhas potências europeias para o novo poder emergente, os Estados Unidos da América, país com o qual o Barão do Rio Branco tentou estabelecer uma estratégia de coexistência de zonas de influência: os EUA ao norte, o Brasil ao sul. Obviamente, o Barão tinha consciência dos meios limitados do Brasil do início do século XX, mas ele se perguntaria, de igual modo, o que o Brasil precisaria fazer, atualmente, para ocupar seu espaço no chamado concerto das nações.
Talvez ele começasse pela pergunta clássica dos estadistas: o Brasil possui uma estratégia, grande ou pequena? Talvez, embora nem sempre se perceba. Os militares talvez tenham pensado em alguma, e ela sempre envolve grandes meios, para defender as grandes causas: a soberania, a integridade territorial, a preservação da paz e da segurança no território nacional e no seu entorno imediato. Enfim, todas aquelas coisas que motivam os militares. Os diplomatas, também, talvez tenham escrito algo em torno disso, e ela sempre envolve o desenvolvimento nacional num ambiente de paz e cooperação com os vizinhos e parceiros da sociedade internacional, no pleno respeito dos compromissos internacionais e da defesa dos princípios e valores constitucionais, que por acaso se coadunam com a Carta da ONU. Mas eles também acham que está na hora de “democratizar” o sistema internacional, que ainda preserva traços do imediato pós-Segunda Guerra, ampliando o Conselho de Segurança da ONU, reformando as principais organizações econômicas multilaterais e ampliando as possibilidades de participação dos países em desenvolvimento nas instâncias decisórias mundiais; enfim, todo aquele discurso que vocês conhecem bem.
Tudo isso é sabido, e repassado a cada vez, nas conferências nacionais de estudos estratégicos, em grandes encontros diplomáticos, nos discursos protocolares dos líderes nacionais. Até parece que possuímos de fato uma grande estratégia, embora nem sempre isso seja percebido por todos os atores que dela participam, consciente ou inconscientemente. Aparentemente, ela seria feita dos seguintes elementos: manutenção de um ambiente de paz e cooperação no continente sul-americano e seu ambiente adjacente, num quadro de desenvolvimento econômico e social com oportunidades equivalentes para todos os vizinhos, visando a construção de um grande espaço econômico integrado, de coordenação e cooperação política, num ambiente democrático, engajado coletivamente na defesa dos direitos humanos e na promoção da prosperidade conjunta dos povos que ocupam esse espaço.

O que seria uma grande estratégia para o Brasil?
Muito bem, mas esses são objetivos genéricos, até meritórios e desejáveis, que precisam ser implementados de alguma forma, ou seja, promovidos por meio de iniciativas e medidas ativas, o que envolve inclusive a remoção dos obstáculos que se opõem à consecução desses grandes objetivos. É aqui que entra, de verdade, a grande estratégia, quando se tem de adequar os meios aos objetivos, não simplesmente na definição de metas genéricas. A estratégia é que permite se dizer como, e sob quais condições, o povo do país e suas lideranças vão mobilizar os recursos disponíveis, as ferramentas adequadas e os fatores contingentes – dos quais, os mais importantes são os agentes humanos – por meio dos quais será possível alcançar os grandes objetivos e afastar as ameaças que se lhes antepõem. Uma verdadeira estratégia diz o que deve ser feito, na parte ativa, e também, de maneira não simplesmente reativa, como devemos agir para que forças contrárias não dificultem o atingimento das metas nacionais.
Nesse sentido, se o grande objetivo brasileiro – que integra nesta concepção sua “grande estratégia” – é a consolidação de um espaço econômico democrático e de cooperação econômica no continente, devemos reconhecer que avançamos muito pouco nos últimos anos. A despeito da retórica governamental, não se pode dizer, atualmente, que a integração e a democracia progrediram tremendamente na última década. Ao contrário, olhando objetivamente, esses dois componentes até recuaram em várias partes, e não se sabe bem o que o Brasil fez para promovê-los ativamente. O presidente anterior foi visto abraçado com vários ditadores ou candidatos a tal, esqueceu-se de defender a liberdade de expressão, os valores democráticos e os direitos humanos onde eles foram, e continuam sendo, mais ameaçados, quando não vêm sendo extirpados ou já desapareceram por completo. A integração que realmente conta, a econômica e comercial, cedeu espaço a uma ilusória integração política e social que até pode ter rendido muitas viagens de burocratas e políticos, mas não parece ter ampliado mercados e consolidado a abertura econômica recíproca.

À falta de uma grande estratégia, o Brasil possui pequenas estratégias?
Desse ponto de vista, o Brasil parece ter falhado em sua grande estratégia, se é verdade que ele realmente possui uma. Se não possui, está na hora de pensar em elaborar a sua. Passada a retórica grandiloquente – contra-produtiva, aliás – da liderança e da união exclusiva e excludente, contra supostas ameaças imperiais, pode-se passar a trabalhar realisticamente na implementação da grande estratégia delineada sumariamente linhas acima. A julgar pela experiência recente, não parece que sequer começamos a retificar os equívocos mais eloquentes do passado imediato, quando apoiamos ditadores e adotamos uma concepção muito peculiar dos direitos humanos e dos valores democráticos. O que diria o Barão, a esse respeito?
Talvez ele devesse começar examinando as pequenas estratégias desenvolvidas nos últimos anos. Na verdade, o Barão seria naturalmente levado a elaborar uma grande estratégia, obviamente diversa daquela de sua época, e adaptada aos requisitos do presente. Negligenciando o fato de que ele, quando vivo, já era quase um santo protetor da diplomacia brasileira, uma personalidade incontrastável, incontestável, o “dono” da política internacional do Brasil, além e acima de qualquer presidente, pode-se imaginar que ele atuaria segundo as instruções do presidente de turno, mas com certa latitude de ação, em vista de sua reconhecida competência para certos temas.
Vamos imaginar, contudo, que ele apenas atuaria como um chanceler qualquer, em face dos mesmos desafios ou agendas, que se colocariam a um chanceler de nossos dias, nas circunstâncias atuais do Brasil, país que deixou de ser simplesmente em desenvolvimento, e um instável crônico na América Latina, para se tornar um “emergente”, um país dotado de pretensões a ter uma influência regional e global. É com base, exatamente, nessas premissas, que podemos, em primeiro lugar, criticar as diversas estratégias que o Brasil seguiu nos últimos tempos, e às quais poderíamos chamar de pequenas.

A primeira estratégia pequena do Brasil, na verdade mesquinha, seria a de ter exibido, durante os oito anos da doutrina do “nunca antes neste país”, uma orientação de política externa não exatamente nacional, mas mais propriamente partidária, para não dizer sectária. Quando o Barão foi convidado para ser chanceler, cargo que ele ensaiou recusar, seja por motivos de saúde, de dinheiro ou qualquer outro, a primeira coisa que ele adiantou era a de que não vinha servir a qualquer partido, a qualquer causa política, mas ao Brasil, em benefício da nação e de seu prestígio na região e no mundo.
Cem anos depois, parece que tivemos não apenas uma diplomacia estreitamente partidária, mas até um chanceler que, talvez insatisfeito por ser “apenas” diplomata, resolveu se inscrever num partido, ou melhor, no partido do poder, o que aparentemente nunca lhe foi exigido como chanceler ou como funcionário de Estado. Mas, como defensor de um governo partidário, ele resolveu se filiar a esse partido. Como todo militante desse partido, como naquelas agrupações religiosas que exigem o dízimo, tem de contribuir com sua cota de boa vontade financeira, o mesmo chanceler escolheu ser conselheiro de algumas coisas, para arredondar o salário, já que o Brasil é hoje um país caro (talvez em função de algumas políticas de pequena estratégia que o mesmo partido aplica). O Barão, provavelmente, desprezaria gestos como esse.
A segunda estratégia pequena que o Barão lamentaria, se hoje contemplasse a diplomacia dos oito anos do “nunca antes”, seria justamente essa tal de “diplomacia Sul-Sul”. O Barão nunca compreenderia, e nunca admitiria, como se consegue ser tão reducionista, tão simplista, tão estreito geograficamente nas escolhas de relacionamento internacional, ele que sempre se bateu para equilibrar as relações do Brasil entre a velha Europa, os EUA emergentes, e a América do Sul, todos tão presentes em nossas relações imediatas. A despeito dessa “aliança não escrita” com os EUA, de que falam alguns acadêmicos, o Barão, na verdade, nunca se deixou prender, ou enredar, numa relação exclusiva, ou privilegiada, com qualquer sócio maior, mas procurava sempre manter equidistância dos grandes centros de poder, das velhas potências coloniais – mas ainda agressivamente imperialistas – e da nova potência que despontava no hemisfério – e já agressivamente imperialista, precisamente. Menos ainda ele compreenderia que o Brasil só tivesse olhos para o seu entorno imediato – claro, porque a África não “existia”, dominada que era pela Europa, e que a Ásia também se debatia na colonização direta e indireta das mesmas potências – e descurasse por completo das relações com aqueles que eram nossos principais mercados e fornecedores de capitais. Ele sorriria com certa complacência antes essas propostas de “nova geografia comercial internacional”, sabedor que, em matéria de comércio, toda e qualquer geografia é boa, desde que se consiga realizar todos os intercâmbios, nos dois sentidos, que interessariam ao Brasil.
Justamente, mesmo se ele tivesse de administrar uma “estratégia Sul-Sul” para o Brasil – fatalidade lamentável que ele certamente se escusaria por completo de iniciar – ele jamais se permitiria ser complacente, leniente, inconsequente ou descuidado em relação aos direitos do Brasil. Ele jamais permitiria, por exemplo, que tripudiassem injustamente sobre nossas exportações – como infelizmente ocorre muito frequentemente com certo vizinho arrogante – ou que, ao arrepio de tratados bilaterais e de contratos internacionais, outros vizinhos inconsequentes invadissem nossas propriedades legítimas para esbulhar-nos de nossos direitos, rasgando unilateralmente compromissos que tinham sido solenemente contraídos anteriormente. Por muito menos ele fez deslocar tropas para proteger nacionais ameaçados de maus tratos; ainda que não fosse o caso de fazê-lo em todas as circunstâncias, o Barão certamente teria sido bem mais vigoroso na reação a certos atos de expropriação ilegal.
Por exemplo: ainda que confrontado a uma declaração inevitável de expropriação de bens nacionais, ele JAMAIS assinaria uma nota na qual se reconhecia o direito soberano de outro país de, sem a cortesia de sequer um alerta preliminar, expropriar sem negociações ou consulta prévia propriedades nacionais, em total desrespeito às normas do direito internacional e à letra de tratados que constituíam obrigações para as duas partes. Ele certamente consideraria certas atitudes registradas nesses tempos caóticos de diplomacia confusa não só como marcas de uma pequena estratégia, mas como uma demonstração cabal de uma estratégia vergonhosa.
A mais forte razão, o Barão se guardaria escrupulosamente, e faria com que o seu presidente também observasse esse tipo de recato, de jamais interferir nos assuntos políticos internos de outros países, seja demonstrando apoios eleitorais indevidos, seja adiantando preferências ideológicas ou ainda rompendo normas e costumes de direito internacional e de relações diplomáticas. A melhor forma de manter boas relações com quaisquer vizinhos – mesmo os mais turbulentos – e com todo e qualquer país da comunidade internacional é manter reserva total quanto aos assuntos internos desses outros países, mesmo quando se possa, em privado, manter preferência por um outro personagem da vida política que possa ter influência nas relações com o Brasil. Expressar publicamente interesse nesse tipo de assunto é a mais pequena estratégia que o Barão poderia conceber, e isso ele deixou registrado em vários escritos públicos.
Finalmente, o Barão tampouco consentiria em dividir o processo de tomada de decisão em múltiplas cabeças, em fracionar o comando da diplomacia em diversos centros independentes de formulação e de execução de uma política nacional, como deve ser a política internacional de um país. Consciente, provavelmente, de que a política externa é uma espécie de política interna por outros meios, e sabedor de que a diplomacia, como a arte da guerra, exige unidade de formulação, de decisão e de implementação das ações requeridas, ele obstaria por completo a qualquer fragmentação da atuação diplomática do Brasil em unidades separadas de atuação. Já ao assumir a chefia do Ministério, e confrontando-se com a provecta figura de Cabo Frio, ele apressou-se em inaugurar um busto em homenagem a essa magnífica figura do Império, como forma de afastá-lo dos assuntos correntes, encaminhando-o a uma merecida aposentadoria que ainda tardou a acontecer. Independentemente desses dissabores, ele jamais consentiria, por exemplo, que dirigentes partidários, representantes de interesses especiais, neófitos palacianos ou quaisquer outros aprendizes de diplomatas lhe viessem sugerir esta ou aquela política em matérias que fossem de sua competência exclusiva. Como “general” da diplomacia, ele sabia que comando não se divide: ou se assume, ou se assiste a confusão predominar em temas que têm a ver com a segurança nacional.

Enfim, falamos das “pequenas estratégias” que o Barão não teria, e não poderia ter, para as relações internacionais do Brasil, cem anos depois de sua morte, se por acaso voltasse ao nosso convívio. Mas faltou falar, positivamente, de uma grande estratégia que o Barão do Rio Branco poderia exibir na atualidade.
E por que uma estratégia teria de ser “grande”? Não existe nenhum motivo especial para isso: trata-se apenas de um adjetivo, talvez exagerado, que visa, de certo modo, enfatizar o aspecto crucial para o país na determinação de suas políticas mais essenciais; neste caso, grande pode ser considerado como algo diferente de setorial (como poderia ser apenas defesa ou desenvolvimento). Grandes países, com grande interface ou exposição internacional, ou, ainda, países capazes de grande projeção internacional, costumam ter grandes estratégias. Talvez seja o caso do Brasil.
O Brasil é um ator relevante malgré lui, ou seja, possui massa e presença de dimensões relevantes, embora não consiga determinar o curso dos eventos e dos processos no subcontinente, mesmo mobilizando as armas de sua política – a diplomacia – ou “ameaçando” (o que, aliás, seria difícil de concretizar) recorrer à política das armas – para a qual lhe faltariam os requisitos de base, justamente. Mesmo no terreno das proposições de política, não se pode dizer que o Brasil tenha constituído um manancial de iniciativas significativas, capazes de alterar, de maneira sensível, o peso e o papel da região no contexto mundial.
Quais são, numa análise realista, os componentes dessa grande estratégia? A resposta a esta questão implica necessariamente identificar os principais desafios colocados ao Brasil na realização dos supremos interesses nacionais. Quais são estes últimos, portanto? Em plena transparência de propósitos, não parece restar dúvidas de que o objetivo supremo da nação – ademais daquelas questões básicas de soberania, que já consideramos não prioritárias – é o atingimento de uma etapa superior no seu processo de desenvolvimento, de maneira a garantir bem estar e vida digna a todos os brasileiros, como condição da plena integração do país ao sistema internacional num status de potência capaz e plenamente dotada dos meios de ação para atuar positivamente nesses sistema, em conformidade com os propósitos da Carta das Nações Unidas e dos demais instrumentos da cooperação internacional.
Mas isso discutiremos numa próxima ocasião.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de Julho de 2012; revisão: 14/09/2012

Revista Sapientia - relacoes internacionais e concurso para a carreira diplomatica

Informo e recomendo: 
Existe uma nova publicação de relações internacionais no cenário acadêmico brasileiro, esta especificamente voltada para a preparação de candidatos à carreira diplomática: a revista Sapientia.

Nunca faço publicidade, aqui, de cursos preparatórios à carreira diplomática, por uma questão de princípio, pois este blog jamais se pautaria por critérios outros que não o debate "puro" de ideias em torno das questões que constituem o seu foco, sem qualquer conotação comercial.
Em todo caso, como neste caso há uma revista associada, vai aqui uma recomendação puramente intelectual.
Os links para os dois primeiros números publicados encontram-se abaixo.

http://www.cursosapientia.com.br/images/revista/RevistaSapientia-Edicao1.pdf

http://www.cursosapientia.com.br/revista/ed2/

Neste segundo número, publiquei um artigo, referenciado a seguir:

 “O Barão do Rio Branco e as estratégias do Brasil: a grande e as pequenas”, revista Sapientia (ano 1, n. 2, setembro 2012, p. 23-25; link: http://www.cursosapientia.com.br/revista/ed2/). Relação de Originais n. 2407; Relação de Publicados n. 1073.

Vou postar aqui, no post subsequente.
Paulo Roberto de Almeida 

Bases para crescer em 2013 - Editorial OESP

Tenho visto poucos países no mundo crescerem apenas na base do consumo, essa propensão marginal a idiotice econômica inventada por John Maynard Keynes.
Se não houver investimento e crescimento da oferta, a situação é insustentável.
Por isso continuo apoiando a lei de Say: a oferta cria sua própria demanda.
E recusando sua contrafação keynesiana...
Paulo Roberto de Almeida 

Bases para crescer em 2013

Editorial O Estado de S.Paulo, 21 de setembro de 2012
Prometido pelo governo, o crescimento econômico de pelo menos 4% no próximo ano parece garantido, se depender do consumo. As famílias continuam com boa capacidade de compra, sustentada pelo emprego elevado e pelo aumento da renda média e da massa de rendimentos, como acaba de confirmar mais uma vez o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o reforço do crédito ainda vigoroso, os brasileiros continuarão indo às compras neste semestre e, se outros fatores ajudarem, a economia poderá retomar um bom ritmo de expansão antes do fim do ano. Mas a boa disposição dos consumidores é apenas uma das condições necessárias para o aumento geral do nível de atividade. Falta ver se a indústria será capaz de atender à demanda interna e de retomar o espaço perdido, nos últimos anos, para os concorrentes de fora.
Do lado do consumo, os dados são claramente positivos, como têm sido quase invariavelmente há alguns anos. As condições do mercado de trabalho permanecem muito favoráveis, nas seis áreas metropolitanas cobertas pela pesquisa do IBGE, embora a economia esteja em marcha lenta há mais de um ano. No mês passado, a desocupação ficou em 5,3%, praticamente sem variação em relação a julho (5,4%) e bem abaixo do nível observado em agosto de 2011 (6%). Nas seis regiões, o rendimento médio habitual dos trabalhadores foi 1,9% maior que o do mês anterior e 2,3% superior ao de agosto do ano passado. Como consequência da criação de empregos e da elevação do rendimento médio, a massa dos ganhos da população ocupada aumentou 2,3% de julho para agosto e foi 3,6% maior que a de um ano antes.
Com o crédito ainda em expansão e alguma redução da inadimplência, os consumidores continuam com elevado potencial de compra. Os últimos dados gerais sobre o varejo, referentes a julho, mostram um cenário positivo. O volume de vendas do comércio varejista cresceu 1,4% de junho para julho. Nesse mês, foi 7,1% maior que o de igual mês do ano anterior. O total acumulado em 12 meses foi 7,5% superior ao dos 12 meses anteriores.
O varejo ampliado (com veículos e material de construção) recuou 1,5% em julho, porque as vendas de automóveis diminuíram 8,9% depois de um crescimento espetacular de 23,9% no mês anterior. No acumulado de 12 meses, o volume vendido pelo varejo ampliado foi 5,9% maior que o do período precedente.
Apesar da vigorosa demanda de consumo, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre foi só 0,6% maior que o de janeiro a junho de 2011. Mesmo com alguma recuperação, o crescimento médio do ano dificilmente passará de 2%, em nova estimativa do governo (a anterior era de 3%). A mediana das projeções do mercado coletadas pelo Banco Central no dia 14 havia chegado a 1,57%. Será o segundo ano de estagnação. Em 2011 o PIB aumentou só 2,7%.
Esses números refletem principalmente o mau desempenho da indústria. O mercado interno tem crescido, mas a indústria de transformação vem sendo afetada, há anos, por desvantagens crescentes diante da concorrência. Durante anos, o governo atribuiu as dificuldades do setor principalmente à valorização do real - fator de encarecimento dos produtos nacionais e de barateamento dos importados - e aos juros altos. Mas o real desvalorizou-se desde o ano passado, os juros caíram e as exportações empacaram, enquanto as importações continuaram vigorosas. Além disso, o crédito para investimentos já era barateado por subsídios. Mas têm ocorrido novidades promissoras.
A presidente Dilma Rousseff decidiu dar menos ênfase ao discurso costumeiro e cuidar mais da produtividade geral da economia e das condições de competição da indústria. O governo deu um passo além dos estímulos pontuais e temporários e anunciou políticas de redução de custos. É cedo para dizer se essas medidas permitirão à empresa brasileira, em poucos meses, acompanhar mais de perto a expansão da demanda interna. Os sinais são positivos e o índice de confiança do empresário industrial, medido pela confederação do setor, subiu em setembro pelo segundo mês seguido e superou o de um ano antes.

Iran: teocracia misogina? - BBC World News


Iranian university bans on women causes consternation


Tehran University students in Tehran, Feb 2005Female university students in Iran have outnumbered men for the past decade
With the start of the new Iranian academic year, a raft of restrictions on courses open to female students has been introduced, raising questions about the rights of women to education in Iran - and the long-term impact such exclusions might have.
More than 30 universities have introduced new rules banning female students from almost 80 different degree courses.
These include a bewildering variety of subjects from engineering, nuclear physics and computer science, to English literature, archaeology and business.
No official reason has been given for the move, but campaigners, including Nobel Prize winning lawyer Shirin Ebadi, allege it is part of a deliberate policy by the authorities to exclude women from education.
"The Iranian government is using various initiatives… to restrict women's access to education, to stop them being active in society, and to return them to the home," she told the BBC.
Higher Education Minister Kamran Daneshjoo has sought to play down the situation, stressing Iran's strong track record in getting young people into higher education and saying that despite the changes, 90% of university courses are still open to both men and women.
Men outnumbered
Iran was one of the first countries in the Middle East to allow women to study at university and since the Islamic Revolution in 1979 it has made big efforts to encourage more girls to enrol in higher education.
The gap between the numbers of male and female students has gradually narrowed. In 2001 women outnumbered men for the first time and they now make up more than 60% of the overall student body.
A university entrance exam at a high school in Tehran, June 2009University entrance exams are highly competitive in Iran, with the number of female applicants increasing each year
Year-on-year more Iranian women than men are applying for university places, motivated some say by the chance to live a more independent life, to have a career and to escape the pressure from parents to stay at home and to get married.
Women are well-represented across a wide range of professions and there are many female engineers, scientists and doctors.
But many in Iran fear that the new restrictions could now undermine this achievement.
"I wanted to study architecture and civil engineering," says Leila, a young woman from the south of Iran. "But access for girls has been cut by fifty per cent, and there's a chance I won't get into university at all this year."
In the early days after the Islamic revolution, universities were one of the few places where young Iranian men and women could mix relatively freely.
Over the years this gradually changed, with universities introducing stricter measures like separate entrances, lecture halls and even canteens for men and women.
Since the unrest after the 2009 presidential election this process has accelerated as conservative politicians have tightened their grip on the country.
Women played a key role in those protests - from the traditionally veiled but surprisingly outspoken wives of the two main opposition candidates, to the glamorous green-scarved demonstrators out on the streets of Tehran and other cities.
A woman protests after a heavily disputed Presidential election in June 2009 in Tehran's Azadi SquareSome say it was the prominient role of women in 2009's protests that has unnerved Iran's conservative leaders
Some Iranians say it was the sight of so many young Iranian women at the forefront of the protests in 2009 that unnerved the country's conservative leaders and prompted them into action.
"The women's movement has been challenging Iran's male-dominated establishment for several years," says Saeed Moidfar, a retired sociology professor from Tehran.
"Traditional politicians now see educated and powerful women as a threat."
'Islamisation'
In a speech after the 2009 protests, the country's Supreme Leader Ayatollah Ali Khamenei called for the "Islamisation" of universities and criticised subjects like sociology, which he said were too western-influenced and had no place in the Iranian Islamic curriculum.
Since then, there have been many changes at universities, with courses cut and long-serving academic staff replaced with conservative loyalists.

tudy art and design instead” student from 

Many see the new restrictions on female students as a continuation of this process.
In August 2012 Ayatollah Khamenei made another widely-discussed speech calling for Iranians to return to traditional values and to have more children.
It was an affront to many in a country which pioneered family planning and has won praise from around the world for its emphasis on the importance of providing families with access to contraception.
"People are more educated now and they are more concerned about the size of their families," says Saeed Moidfar. "I doubt that the government plans will change anything."
However, since the speech there have been reports of cutbacks in family planning programmes, and in sex education classes at universities.
It is not yet clear exactly how many women students have been affected by the new rules on university entrance. But as the new academic year begins, at least some have had to completely rethink their career plans.
"From the age of 16 I knew I wanted to be a mechanical engineer, and I really worked hard for it," says Noushin from Esfahan. "But although I got high marks in the National University entrance exam, I've ended up with a place to study art and design instead."
Over the coming months campaigners will be watching closely to track the effects of the policy and to try to gauge the longer-term implications.

Paraguai e Mercosul: cronica de uma violacao da legalidade - Sixto Portela

Um jurista que também acredita que a decisão de suspender o Paraguai do Mercosul foi eivada de ilegalidades por parte dos três países que a tomaram.
Eu diria que a decisão foi totalmente ilegal, e passível de contestação jurídica. O que infelizmente não vai ocorrer, pois os dois grandes têm atuado mais politicamente do que legalmente.
Paulo Roberto de Almeida 
  
Paraguay y Mercosur
Sixto Portela*
Mercosur ABC, 21/9/2012

Al suscribir el Protocolo de Ushuaia del MERCOSUR, los países integrantes de ese Acuerdo establecieron, en el artículo 4º, que, en caso de ruptura del orden democrático en uno de ellos, “los demás Estados Partes promoverán las consultas pertinentes entre sí y con el Estado afectado”, agregando que, “cuando las consultas… resultaren infructuosas, los demás Estados Partes del presente Protocolo, en el ámbito específico de los Acuerdos de integración vigentes entre ellos, considerarán la naturaleza y el alcance de las medidas a aplicar, teniendo en cuenta la gravedad de la situación existente”.

Esas medidas podrían abarcar “desde la suspensión del derecho a participar en los distintos órganos de los respectivos procesos de integración, hasta la suspensión de los derechos y obligaciones
emergentes de esos procesos (artículo 5º)”.

Producida la separación de su cargo del presidente Fernando Lugo por parte del Poder Legislativo paraguayo, en la reunión de presidentes del MERCOSUR realizada en la ciudad de Mendoza el 29 de junio de 2012 se decidió, sobre tablas y sin debate, suspender al Paraguay en su condición de miembro de aquel Acuerdo, aunque sin afectar sus derechos económicos y financieros, obviándose toda consulta con el “Estado afectado”.

Este hecho pone dudas respecto de la licitud de la decisión adoptada, tanto por la falta de consulta, requisito esencial exigido por la norma comunitaria que se aplicó, como también porque, en apariencia, se habría tomado aquélla sin conocer cabalmente los hechos y, en especial, las normas jurídicas, que llevaron al Poder Legislativo paraguayo a remover al titular del Poder Ejecutivo.

Ocurre que la Constitución de la República del Paraguay promulgada el 20 de junio de 1992 establece, en el primer párrafo de su artículo 3:

“El pueblo ejerce el Poder Público por medio del sufragio. El gobierno es ejercido por los poderes Legislativo, Ejecutivo y Judicial en un sistema de separación, equilibrio, coordinación y recíproco control.”

La norma constitucional consagra así la obligación, para los tres poderes republicanos, de controlar recíprocamente el ejercicio que cada uno de ellos hace de sus facultades; y no cabe duda alguna que ese control tiene sus raíces en los antecedentes del Paraguay, y de nuestros países suramericanos en general, generosos en ejemplos de déspotas dispuestos a saltar toda valla y recurrir a cualquier argucia para acceder y permanecer en el ejercicio del poder. Esto es, las mismas raíces que dice rechazar el Protocolo de Ushuaia.

A aquella norma, de singular interés jurídico, la acompaña una estructura específica de aplicación.

En ese aspecto las facultades del Poder Legislativo comprenden, según el extenso artículo 195 de la citada Constitución, la de investigación a todas las ramas del gobierno: “… Ambas Cámaras del Congreso podrán constituir comisiones conjuntas de investigación sobre cualquier asunto de interés público, así como sobre la conducta de sus miembros…”.

Pero esa facultad no es absoluta; el articulo contiene un reparo respecto del Poder Ejecutivo, que ampara el funcionamiento del propio sistema de Gobierno: “El Presidente de la República, el Vicepresidente,… no podrán ser investigados…”.

Significa esto que ellos pueden permanecer impunes hasta el fin de sus mandatos? Esta solución no sería adecuada, ni siquiera en una Constitución como la del Paraguay, envidiable también por establecer en su artículo 229 que:

“El Presidente de la República y el Vicepresidente durarán cinco años improrrogables en el ejercicio de sus funciones… No podrán ser reelectos en ningún caso. El Vicepresidente sólo podrá ser electo Presidente para el período posterior si hubiese cesado en su cargo seis meses antes de los comicios generales. Quien haya ejercido la presidencia por más de doce meses no podrá ser electo Vicepresidente de la República”.

Como la impunidad hasta el fin del mandato no se adecuaría con el bien común, y tampoco lo haría la apertura de una investigación con debate prolongado sobre la idoneidad del servidor público, establece la Constitución el juicio político, proceso aplicado en el caso del ex presidente Fernando Lugo.

Dice el artículo 225 de aquella Constitución, que regula el Juicio Político:

“El Presidente de la República, el Vicepresidente, los ministros del Poder Ejecutivo, los ministros de la Corte Suprema de Justicia, el Fiscal General del Estado, el Defensor del Pueblo, el Contralor General de la República, el Subcontralor y los integrantes del Tribunal Superior de Justicia Electoral, sólo podrán ser sometidos a juicio político por mal desempeño de sus funciones*, por delitos cometidos en el ejercicio de sus cargos, o por delitos comunes.”

“La acusación será formulada por la Cámara de Diputados, por mayoría de dos tercios. Corresponderá a la Cámara de Senadores, por mayoría absoluta de dos tercios, juzgar en juicio público a los acusados por la Cámara de Diputados y, en caso, declararlos culpables, al sólo efecto de
separarlos de sus cargos.* En los casos de supuesta comisión de delitos, se pasarán los antecedentes a la justicia ordinaria.”

El artículo no prevé plazo ni procedimiento alguno para que las Cámaras se expidan; sólo requiere que el juicio sea público, exigencia que protege el conocimiento que debe tener el pueblo de la existencia del proceso y de su motivación, pero evitándose el peligro, como indiqué, de que un conflicto prolongado haga que la nación caiga en el desgobierno y el caos, como experimentamos los argentinos hace una década.

A aquello se agrega que el ex presidente Lugo, mostrando más respeto por su Constitución que los alarmados presidentes extranjeros reunidos en Mendoza, admitió rápidamente la decisión del Poder Legislativo, manifestando ante los medios de comunicación que recurriría a la justicia.

Fuera de la situación particular planteada, debemos fijar nuestra atención en ese artículo 225, que constituye una muy interesante aproximación, hecha en una democracia con estructura presidencialista, a la institución de la “pérdida de confianza” existente en las democracias
parlamentarias, por lo que su aplicación práctica lo convierte en un antecedente político y doctrinario del mayor interés.

En el caso del presidente Fernando Lugo, la Cámara de Diputados decidió que era pasible de ser imputado por mal desempeño de sus funciones, considerando tal lo actuado respecto de una refriega por toma de campos, entre campesinos y policías, con un saldo de muertes en ambos bandos.
Aquella Cámara confirmó la imputación a Fernando Lugo por 73 votos contra 1 y 2 ausentes; y la Cámara de Senadores lo consideró culpable por 39 votos contra 4 y 2 ausentes, excediéndose en ambos casos los porcentajes exigidos por la Constitución. Como correspondía, reemplazó de inmediato al presidente Lugo su vicepresidente.

El ex presidente Lugo no objetó el procedimiento aplicado, está libre, su actuación podrá o no ser investigada, e incluso nada obsta a su anunciada presentación espontánea ante la justicia para que ella decida sobre la existencia o inexistencia de su mal desempeño.

En tanto, avanzando en el retorno a la normalidad constitucional, el legítimo gobierno del Paraguay acaba de convocar a elecciones generales y departamentales para el 21 de abril de 2013.

* Abogado, con postgrados en Geopolítica, Análisis Estratégico y Estrategia, en la Escuela Superior de Guerra del Ejército Argentino, y en Política y Administración Aduanera, en la Fundación Getúlio Vargas de Río de Janeiro. info.maertens@gmail.com

O governo, as contas nacionais e os impostos: esperteza ou maracutaia?

O governo não é bobo, disso sabemos, embora alguns políticos e outros tantos tecnocratas possam ser idiotas, a ponto de ignorar certos preceitos básicos da economia política, e produzirem uma situação sub-ótima do ponto de vista do crescimento econômico e da produtividade microeconômica. Refiro-me, por exemplo, ao extremo intervencionismo governamental, que leva a uma super-extração de recursos dos agentes primários de criação de renda e riqueza -- empresários e trabalhadores -- para os cofres do próprio Estado, de onde esses recursos saem para suas destinações respectivas: muito com o próprio Estado e seus mandarins privilegiadas (nos três poderes, com predominância do Judiciário e do Legislativo), pouco para investimentos, muitas transferências para as unidades subfederadas (com irracionalidades diversas nos programas) e todo um arsenal de políticas setoriais (dirigidas essencialmente para os mais espertos dos espertos, banqueiros, industriais, universitários), e com os mais pobres (aqui criando um exército de assistidos que é também um curral eleitoral).
Em 2005, o governo já tinha efetuado uma revisão das contas públicas, dando maior peso ao item serviços na economia e assim produzindo o "efeito mágico" de um crescimento no PIB de mais de 10% (o que permitiu, inclusive, uma redução proporcional, e artificial, da dívida pública sobre o PIB e, sobretudo, da carga fiscal, que de outro modo já se aproximaria dos 40% hoje, se medida na série antiga).
Agora o governo pretende fazer, e vai fazer, nova revisão das contas públicas, retirando certos itens da categoria serviços e alocando para a categoria indústria. Não creio que seja justificado, por exemplo, colocar limpeza, segurança e atendimento telefônico -- QUE SÃO SERVIÇOS! -- como atividades industriais. Creio que uma das consequências disso -- e aí reside a "experteza" dos burocratas governamentais -- é a tonificação do setor industrial, que anda esquálido, coitadinho, e já alimenta todo um debate sobre a "desindustrialização" do Brasil.
Acredito que o debate é falho e que essa desindustrialização é em grande medida fantasmagórica, mas é um fato que muitas indústrias tem sido levadas a se extinguir, e  unidades a fecharem, no Brasil, uma vez que o país se tornou muito caro e as unidades simplesmente não são e não mais podem ser competitivas, sobretudo e principalmente devido ao chamado custo Brasil, com destaque para a carga tributária, justamente.
Isso o governo reluta em admitir, e como bom stalinista industrial, o governo dos companheiros não quer passar à História e ser acusado de ter sido o responsável pela desindustrialização do país.
Enfim, este é um argumento poderoso, mas acredito que exista outro, ainda mais poderoso -- e talvez o único que justifica essa reclassificação esdrúxula -- que é o deslocamento de bases tributárias. Ao reclassificar essas "indústrias" -- que SÃO SERVIÇOS, repito -- o governo federal retira da esfera da cobrança de ISS, que são MUNICIPAIS, uma faixa ampla, e crescente, de atividades, que passam a recolher tributos INDUSTRIAIS para o governo central.
Vocês já repararam que cada vez que o governo precisa fazer "sacrifícios", ele o faz com o dinheiro dos outros? 
1) Crise das montadoras automobilisticas? Redução do IPI, que é um imposto dividido com Estados e municípios...
2) Excesso de recolhimentos laborais? Redução dos tributos para o INSS e criação de uma taxa (obviamente federal) sobre o faturamento...
3) Perda da CPMF? Sem problemas: criação de um IOF equivalente, e que o governo federal manipula a seu bel prazer, sem ter de passar pelo Congresso.

"Experto" esse governo, não é mesmo? Acho que ele acaba de fazer o mesmo com essa revisão das contas do IBGE, especialmente desenhada para "engordar" o PIB industrial e "engordar" as receitas federais.
Assim vai o Brasil...
Paulo Roberto de Almeida 


Revisão das contas do PIB

O Estado de S.Paulo, 19 de setembro de 2012 | 20h00
Celso Ming
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou nesta quarta-feira que prepara revisão metodológica das Contas Nacionais (as que calculam as contas do PIB). Os estudos deverão ser finalizados e adotados em 2014, mas serão retroativos até aos números de 2010.
Espera o governo que a novidade aumente a participação da indústria e do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) na renda nacional (PIB). Desde já, admitem os técnicos do IBGE, atividades terceirizadas pela indústria – como limpeza, segurança e acompanhamento telefônico (call centers), hoje entendidas como serviço – serão lançadas como atividade industrial. E desembolsos com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e software (programas de computador), como investimento.
Em princípio, se forem exclusivamente técnicas, não há nada de errado nessas alterações. Ao contrário, é recomendável que as mensurações da atividade econômica incorporem padrões internacionais para que sejam passíveis de comparação. Em 2001, por exemplo, o IBGE passou a trabalhar com critérios bem mais próximos dos aceitos nas grandes economias para as medições da evolução do mercado de trabalho. Essa metodologia chegou a ser criticada por assumir como emprego atividades que, na verdade, podem não passar de subemprego ou de emprego disfarçado. No entanto, essa incorporação metodológica tornou mais realistas as comparações com o que acontece no resto do mundo.
O que é sempre condenável é a manipulação estatística com objetivo de evitar repasses de recursos, prática que, felizmente, não faz parte do DNA do IBGE, uma instituição de credibilidade. Mudanças que eventualmente expandissem a participação da indústria no PIB nacional e que reduzissem a de serviços poderiam até abafar reiteradas denúncias de desindustrialização do Brasil, mas não alterariam significativamente a renda do setor. O mesmo se pode dizer do investimento. Parece bem mais consistente que despesas com software ou com tecnologia da informação sejam classificadas como investimento. No entanto, o que importa aqui é a capacidade de produzir renda (crescimento potencial), algo que, a rigor, não crescerá com meras variações de metodologia.
O governo do PT, no entanto, já chegou a apelar para mudanças conceituais oportunistas quando se viu apertado para cumprir certas metas, como no caso do superávit primário (que é a sobra da arrecadação para o pagamento da dívida). Aconteceu em 2010: algumas despesas de empresas públicas foram classificadas como investimento e puxaram para baixo a meta de 3,1% do PIB.
Mas, se também essa é somente uma questão puramente técnica, cabe perguntar por qual motivo o IBGE não tomou a iniciativa de adotá-la e precisou que o governo o pressionasse a dar esse passo. Vale questionar, também, se o governo faria questão dessa revisão se, em vez de aumentar a participação da indústria e do investimento, fosse produzido o efeito oposto.
E é necessário examinar eventuais implicações tributárias. Se atividades terceirizadas de faxina, de segurança e de atendimento por telefone ou pela internet vierem a ser identificadas como industriais, pode se tonar inevitável que mude também o fato gerador do tributo cobrado no setor de serviços e, nessas condições, os municípios poderiam perder arrecadação.
CONFIRA
Os preços do petróleo afundaram nesta quarta-feira quase 4%, em consequência da divulgação de estoques americanos mais altos do que os esperados.
O que atrapalha mais? O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, garante que as novas licitações para exploração de petróleo e gás dependem da aprovação do projeto de lei dos royalties. Difícil saber o que pode atrapalhar mais: se a não aprovação do projeto, que impediria as licitações e o aumento de produção; ou se a falta de licitações e a queda de produção, que prejudicariam a distribuição dos royalties.

Que tal acabar com algumas mordomias, no Brasil? - Fabio Giambiagi

Na verdade, o autor não pretende acabar com nenhuma mordomia (até deveria, no caso dos funcionários públicos). Apenas chamar a atenção para alguns desenvolvimentos demográficos dramáticos...
Paulo Roberto de Almeida 


Contrarreforma na Previdência (I)

O Estado de S.Paulo, 22 de setembro de 2012
FABIO GIAMBIAGI -ECONOMISTA; AUTOR DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA, (ED. CAMPUS)
Em minhas palestras gosto de perguntar à plateia qual foi a notícia de 2008 com maior impacto para a vida futura de nossos filhos. Invariavelmente, a resposta é: "A crise financeira". Porém, no dia em que os historiadores, daqui a 50 anos, se debruçarem sobre o período, talvez a crise de 2008 seja no Brasil apenas uma nota de rodapé. Ao mesmo tempo, o fato que - disparado - foi a novidade mais importante de 2008 para os brasileiros foi solenemente ignorado por todos: imprensa, governo, opinião pública e o (frequentemente míope) mercado. Refiro-me à revisão da projeção populacional feita pelo IBGE naquele ano.
Nas palestras costumo chocar a plateia com um slide em que está escrito "o dia em que desapareceram 45 milhões de brasileiros", seguido de outro que diz "e ninguém falou uma palavra". Nada no Brasil terá sido mais relevante para definir o contexto em que nossos filhos vão viver nas próximas quatro décadas do que as informações que o IBGE nos trouxe naquela ocasião.
A instituição, que a cada quatro ou cinco anos tem feito revisões da projeção populacional até o ano de 2050 - antecedidas pelas revisões de 2000 e 2004 -, informou que:
A população brasileira, que na revisão de 2004 se imaginava que aumentaria até 2050, passaria a diminuir a partir de 2040;
a população total estimada para 2050, que em 2004 tinha sido prevista em 260 milhões de pessoas, alcançaria naquela data, pela revisão de 2008, na verdade, 45 milhões de pessoas a menos;
e a população de 15 a 59 anos, que na revisão de 2004 se supunha que cresceria até 2040 para cair depois, a rigor, pela nova revisão, começaria a declinar já em 2028.
Vamos recapitular o quadro em perspectiva um dia antes que o IBGE apresentasse sua revisão no ano de 2008. Até então o IBGE, em função da revisão de 2004, informava que:
A proporção de pessoas com 60 anos e mais de idade, prevista para 10% do total em 2010, aumentaria até 25% do total em 2050;
e a população com idades de 15 a 59 anos aumentaria anualmente 0,5% entre 2010 e 2050.
Tal quadro já era preocupante. Pois bem, não bastasse isso, o IBGE, em 2008 informou que, na verdade:
A proporção de pessoas com 60 anos e mais de idade aumentaria não até 25%, e sim até 30% do total em 2050;
e a população com idades de 15 a 59 anos não aumentaria 0,5 % ao ano, mas, ao contrário, encolheria em termos absolutos entre 2010 e 2050.
A mudança ocorrida entre 2004 e 2008 dava sequência a um fenômeno já observado na passagem da revisão de 2000 para a de 2004: a mudança progressiva do quadro de envelhecimento da população - a proporção crescente de idosos em perspectiva era maior na revisão de 2004 que na de 2000 e foi novamente maior para cada ano na revisão de 2008 que na de 2004.
O número de pessoas com 60 anos e mais para cada 100 pessoas no grupo etário de 15 a 59 anos, previsto para 2050, passou de 38, na revisão de 2000, para 43, na revisão de 2008 e, finalmente, para 52, na revisão de 2008.
Na revisão de 2008 o IBGE nos informou, então, que a população total do Brasil alcançaria um máximo de 219 milhões de pessoas em 2039, passando a declinar posteriormente; e que a população de 15 a 59 anos atingiria um máximo em 2027, caindo depois.
A maioria dos países, defrontados com uma realidade em perspectiva tão desafiadora como essa, teria acionado todos os sinais de alerta, começando a enfrentar a difícil tarefa de explicar à população que as regras de aposentadoria estabelecidas para uma realidade que estava ficando para trás teriam de ser revistas, não apenas porque a realidade estava mudando, mas também porque essa mudança se estava processando num ritmo mais intenso do que o originalmente previsto.
Já o Brasil, porém, preferiu exercitar o seu "lado grego", lembrando o velho tango argentino que diz que vos interpretás las cosas al revés. Não só manteve as regras de aposentadoria intactas, perpetuando o regime surrealista que permite, por exemplo, que as mulheres se aposentem por tempo de contribuição pelo INSS com 30 anos de serviço, em média, aos 52 anos de idade, quando têm a expectativa de viver mais 30 anos, como também aumentou o valor médio da aposentadoria, incrementando o valor real de duas em cada três aposentadorias a uma média de 5% ao ano entre 2008 e 2012.
Defrontada com a crise, recentemente a Grécia fez o impensável: reduziu o valor das aposentadorias - algo cuja brutalidade salta aos olhos. Exatamente para evitarem ter de chegar a essa situação dramática, os países, tendo de encarar o fenômeno do envelhecimento populacional, procuraram adotar mecanismos mitigadores do desequilíbrio futuro do sistema, postergando o momento da aposentadoria. O Brasil do contexto de fantasia dos anos recentes fez exatamente o oposto: não só conservou as mesmas regras esdrúxulas de aposentadoria e pensão no âmbito do INSS - regras que permitem, no limite, que uma moça de 20 anos se case com um idoso de 80 anos que morra um mês depois, deixando para a viúva pensão integral pelas seis ou sete décadas seguintes, sem ter contribuído com um centavo -, como, ainda por cima, aumentou a remuneração real de dois terços dos aposentados.
Diante dessa realidade, o que tem sido publicado na imprensa, que o governo vai anunciar após as eleições - o fim do fator previdenciário -, é uma verdadeira contrarreforma. Num país onde a população de 15 a 59 anos em 2050 será inferior à de 2010 e que se defronta com o imenso desafio de ter de elevar a sua competitividade num contexto em que a Previdência custa cada vez mais, iríamos aumentar o valor das futuras aposentadorias. É simplesmente espantoso.
Voltaremos a tratar do assunto daqui a uma semana.

Ainda a questao da ENORME classe media brasileira

Depois de ter postado uma pequena coluna de Carlos Brickmann, que também se surpreendia, como eu, que o governo considere que qualquer pessoa que ganhe mais de 291 reais por mês já pertence à classe média, um Anônimo, provavelmente da SAE, escreve anonimamente -- como sempre acontece com quem tem vergonha de sustentar um debate pessoalmente, ou tem vergonha de trabalhar para esse governo que está aí -- para me mandar este pequeno trecho do que deve ser o perfeito manual da ascensão à classe média por obra e graça do governo.
Não tem problema, eu tiro da nota de rodapé e promovo a post por inteiro, e ainda faço um comentário inicial.
O porta-voz da nova e genial trouvaille governamental, ao anunciar, orgulhosamente, que a classe média agora era maioria no país, dizia que o governo continuaria trabalhando, desta vez em favor da classe média, e não apenas dos pobres e miseráveis.
Dizia esse economista, tecnicamente muito qualificado, mas atingido de governice incontida, que o governo iria desenvolver "políticas para a classe média".
Eu teria muita coisa a dizer sobre esse acesso de intervencionismo declarado e aberto, mas só vou ficar neste comentário: Por que não deixam a classe média tranquila, cuidando dos seus assuntos? Por que é que vão ainda descobrir como fazer outras bondades, desta vez políticas setoriais para a classe média? Por que é que vão arrancar mais algum dinheiro da classe média para beneficiar a classe média? Não seria melhor deixá-la quieta, no seu canto, consumindo por sua própria conta, sem que o governo se apoquente a lhe "provocar" mais felicidade?
Era isso...
Paulo Roberto de Almeida 

Anônimo disse...

"Crescimento da classe média não é igual à redução na pobreza
Muitas vezes se associa o crescimento da classe média à redução na pobreza. Embora exista uma relação próxima entre esses dois eventos, eles não são necessariamente um o reflexo do outro. Existem essencialmente duas razões para isso. Em primeiro lugar, existe uma classe intermediária entre os pobres e a classe média. Trata-se do grupo que denominamos vulneráveis. São aqueles que vivem em famílias com renda acima da linha oficial de pobreza (R$162 per capita4), porém abaixo do limite inferior para ingressar na classe média (R$291 per capita). Dessa forma, reduções na pobreza que se limitem a expandir o grupo de vulneráveis não terão impacto algum sobre o tamanho da classe média. Em segundo lugar, deve-se lembrar que o tamanho da classe média também é influenciado pela desejável ascensão de parte de seus membros à classe alta.
Assim, deve-se reconhecer que a evolução do tamanho da classe média é o resultado líquido da diferença entre o número de pessoas que ascenderam da classe baixa (pobres e vulneráveis) para a média e o número de pessoas que ascenderam da classe média para a alta."

*in:"VOZES DA CLASSE MÉDIA"; Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República. Documento disponível no link: http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/Vozes-Classe-Media_20SETFinal.pdf

A "tolerancia" dos intolerantes - Reinaldo Azevedo

Não preciso acrescentar muita coisa ao que vai transcrito abaixo. Bastaria, por exemplo, invocar Voltaire ou Rosa Luxemburgo, e lembrar que a liberdade é justamente aquela de permitir a expressão de alguém com quem não concordamos em absoluto, mas a quem reconhecemos o direito de se expressar.
Essa simples verdade ainda não chegou à maioria dos muçulmanos, menos ainda a seus clérigos e regimes políticos.
Paulo Roberto de Almeida 


Reinaldo Azevedo, 22/09/2012

E a onda de violência continua em alguns países islâmicos sob o pretexto de protestar contra o filme “Inocência dos Muçulmanos” e contra as charges publicadas no semanário francês “Charlie Hebdo”. Dizer o quê? Eles que são muçulmanos que se entendam. Se seus respectivos governos não conseguem pôr ordem na casa — e se alguns até estimulam as manifestações, a exemplo do que faz o do Egito —, não há muito o que o Ocidente possa fazer a não ser tomar as medidas adicionais de segurança. Isso, em si, não tem muita importância.
O que me preocupa é outra coisa. Os países ocidentais e, sobretudo, suas respectivas imprensas (a nossa também) se tornaram reféns do extremismo islâmico. Da linguagem empregada ao viés das reportagens, há um clamor geral de condenação ao filme e às charges. Não vi nem uma coisa nem outra, mas me ocorre que a liberdade de expressão é um fundamento das democracias — inclusive, vejam só!, para criticar Maomé. E sabem por quê, meus irmãos muçulmanos? Porque, nas democracias de maioria cristã, a Bíblia, Deus, Jesus, o papa, os patriarcas judeus do Velho Testamento — e, claro!, também “O Profeta” — podem e devem ser submetidos ao livre exame das consciências.
O filme é uma boçalidade? Pode até ser. Mas, nas democracias, também se publicam e se divulgam boçalidades. Se fatias consideráveis da população muçulmana são incapazes de entender que os regimes democráticos não podem ser submetidas aos fundamentos do islamismo, então seus respectivos governos têm de agir com a energia necessária para que, ao menos, se contenham.
Ocorre que não é isso o que está em curso. Ao contrário. Governos de países islâmicos — inclusive daqueles que viveram a tal “Primavera Árabe” — estão é estimulando a mobilização, que, ora vejam!, já chegou ao Brasil. Ontem, em Foz do Iguaçu, houve uma “manifestação pacífica” em favor da tolerância religiosa. A maioria dos participantes era muçulmana, mas representantes de outras religiões também foram convidados. Huuummm… Posso fazer de conta que não vi o que vi. Como vi, então não faço de conta.
Tomavam-se por “intolerância”, ali, claramente, o tal filme e as charges, não os protestos violentos que varreram boa parte do mundo, fazendo vítimas. O fato de a manifestação ser pacífica não nos impede de questionar: aquela era também uma manifestação em favor da TOLERÂNCIA COM QUEM PENSA DIFERENTE? O que queriam os  de Foz do Iguaçu? Mandar aos muçulmanos do resto do mundo a mensagem de que eles também estão indignados com as supostas “ofensas” ao Islã ou lhes dizer que estão errados ao sair pelas ruas quebrando o que veem pela frente? Infelizmente, eu sei a resposta, e ela não é boa.
Não! Os muçulmanos não têm nada a ensinar em matéria de tolerância com o outro, com a diferença. Aliás, nem mesmo existe um só Islã, não é? E, no que se dividem, assistimos a batalhas verdadeiramente sangrentas. Mas eles têm muito a aprender. Gozam, nas democracias, de uma liberdade religiosa que os países islâmicos jamais concederam àqueles que não pertencem à sua fé. Um pastor protestante está condenado à morte no Irã. Acusação: ter-se convertido ao cristianismo. Que país muçulmano é hoje exemplo de liberdade religiosa? Como eu a concebo, nem mesmo a Turquia, uma sedizente “democracia islâmica”. Nem tão democrática que se possa criticar… “O Profeta”!
Os que foram às ruas ontem, em Foz do Iguaçu, estavam pedindo tolerância religiosa também nos países islâmicos? Ou, ao condenar filme e charges, explicavam e justificavam, de modo oblíquo, a violência que toma conta de boa parte do mundo? E tudo por causa de um filme amador, que jamais seria notícia, não fosse justamente a… fúria popular organizada por extremistas, tolerada e até apoiada por governos?
Terão, doravante, as respectivas Constituições das democracias ocidentais de contar com uma cláusula de exclusão? Que tal esta: “É assegurada a liberdade de pensamento e de expressão, menos em assuntos que se refiram ao Profeta Maomé”? Ban Ki-moon, esse banana que é hoje secretário-geral da ONU, certamente concordaria com o texto. Afinal, segundo ele, a liberdade de expressão é um “privilégio” que tem de ser usado com parcimônia…
Essa tal “Primavera Árabe” fica, realmente, a cada diz mais interessante, não é? Até agora, não se viu por lá uma só conquista típica das democracias (também existem eleições em ditaduras!), mas já estamos, nos países ocidentais, flertando com seus valores ditatoriais. 
O choque de civilizações previsto por Samuel Huntington não vai acontecer. Antes disso, os “cruzados” jogam a toalha…
Que dias estes!