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domingo, 23 de março de 2014

Venezuela na OEA (nao exatamente): e o Brasil? Ativo, como sempre...

Nossa diplomacia sempre foi muito ativa, extremamente bem preparada para todas as tarefas que lhe pedirem, sempre disposta a mostrar sua eficiência em todo e qualquer tema que estiver na agenda oficial, cumpridora exemplar de todas as instrucoes expedidas pela Secretaria de Estado (por vezes, diretamente da presidência da república, como se sabe), enfim, um corpo unido, obediente, disciplinado, submisso ao poder, como deve ser qualquer corpo diplomático ao redor do mundo, mesmo os que não são tão bons quanto o nosso.
O governo pode ficar orgulhoso de sua diplomacia, certo?
E os diplomatas podem ficar orgulhosos deles mesmos, não é mesmo?
Alguns podem até não concordar, mas ele nunca deixarão de cumprir ordens, não é mesmo?
Tudo isso é o normal e o esperado, não é mesmo?
Ainda que os tempos sejam não convencionais, certo?
Os diplomatas, eles, sempre são convencionais...
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela abafa discurso de opositora na OEA

Com ajuda do Brasil, governo venezuelano manobra para impedir discurso da deputada María Corina Machado, uma das líderes da oposição a Nicolás Maduro

A deputada María Corina Machado durante uma coletiva de imprensa logo após discursar na OEA
A deputada María Corina Machado durante uma coletiva de imprensa logo após discursar na OEA (EFE)
Com ajuda do Brasil e de países aliados, o governo venezuelano conseguiu abafar nesta sexta-feira uma fala da oposição em um encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizado em Washington. Por duas vezes, os membros da organização apelaram para manobras para impedir a deputada venezuelana María Corina Machado, uma das lideranças da oposição ao presidente Nicolás Maduro, de discursar sobre a repressão promovida pelo governo chavista.

Em um primeiro momento, o Conselho Permanente da organização decidiu pela proibição do acesso do público e da imprensa à reunião. A proposta recebeu 22 votos a favor, 11 contra e uma abstenção. Posteriormente, os membros da OEA resolveram simplesmente eliminar da agenda o tópico dedicado à crise venezuelana, decisão que contou com 22 votos a favor, três contra e nove abstenções. Nos dois casos, o Brasil se posicionou a favor da censura à deputada.

Reinaldo Azevedo: A mais recente delinquência do Itamaraty

María Corina só conseguiu se manifestar brevemente, e a portas fechadas, graças à delegação do Panamá, que cedeu o seu tempo para a venezuelana discursar. No início deste mês, após a representação panamenha solicitar a convocação dos chanceleres do órgão para discutir a crise, Maduro anunciou que estava cortando relações com o país.

Censura - Depois do encontro, María Corina deixou claro que as manobras para impossibilitar sua fala na OEA foram um ato de censura. "É a mesma censura que o regime da Venezuela nos impôs. Seu braço censor chegou até aqui", disse a deputada, em entrevista coletiva. "Eles demonstraram que têm medo da divulgação da magnitude da repressão na Venezuela", completou. A parlamentar afirmou ainda que a oposição venezuelana pretende levar uma lista de exigências à OEA, entre elas a aplicação da Carta Democrática Interamericana - que estabelece princípios democráticos para os países-membros da organização -, uma resolução condenando a existência de presos políticos no país e o envio de uma missão de observação. “Não estamos pedindo um favor. Estamos exigindo um direito”, disse Corina.

Leia também:
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A oposição venezuelana, no entanto, vai ter dificuldades para arrancar alguma coisa da OEA, cuja ação diante dos protestos que já deixaram mais de 30 mortos tem sido limitada pelos aliados do governo chavista. A iniciativa do Panamá de convocar os chanceleres da organização para avaliar a crise foi frustrada. Na sequência, Maduro conseguiu que seus amigos na Unasul, grupo formado para servir de palanque regional para o mentor de Maduro, o coronel Hugo Chávez, criassem uma comissão para “acompanhar, apoiar e assessorar um diálogo político amplo e construtivo” – atuação que promete ser inócua diante da gravidade da crise na Venezuela.

Em VEJA: Maduro sufoca venezuelanos, mas Brasil silencia e PT aplaude

A proposta de fechar a reunião para a imprensa nesta sexta foi feita pela Nicarágua, uma das maiores aliadas do governo chavista. Ao votar, a representante da Venezuela Carmen Velasquez escancarou o cinismo do governo chavista: "Com total transparência, votamos por uma reunião privada". Também votaram a favor de bloquear o acesso à reunião Uruguai, El Salvador, Argentina, Bolívia e Brasil, entre outros países. "O objetivo desta reunião não é transformá-la em um circo para o público externo, como alguns representantes mostraram que pretendem fazer", disse o embaixador brasileiro Breno Dias da Costa ao justificar seu voto. Entre os países que rejeitaram a iniciativa de abafar o discurso estavam, além do Panamá, Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia, México, Paraguai e Peru.

Saiba mais: Diplomacia patina e Brasil se apequena diante da crise venezuelana

Perseguição - A deputada, que tem sido uma das incentivadoras dos protestos contra o presidente Nicolás Maduro, passou a ser alvo de represálias do governo. Na última terça, a Assembleia Nacional, dominada por chavistas, criou uma comissão para investigar os protestos e apontar responsabilidades pelas mortes ocorridas em meio a um cenário de forte repressão estatal. A Assembleia também solicitou que o Ministério Público investigue María Corina, em uma manobra para suspender a imunidade parlamentar da deputada.

Brasil dos companheiros: conselhos para enriquecer a burguesia docapital alheio - Elio Gaspari

Sempre foi assim: coloca-se um companheiro, ou companheira, num Conselho de empresa não para ler os documentos e atuar com independência, mas para ganhar o dobro do que recebem do governo, e para votar como manda o partido, que já controla a empresa. Não precisa nem pensar, a rigor nem falar, ou vice versa; basta concordar com os companheiros do partido.
Acho que fui claro, não é?
Paulo Roberto de Almeida 

Chegou a conta da Bolsa Conselho

Elio Gaspari
 O Globo, 23/03/2014

A prática é velha: reforça-se o orçamento dos hierarcas nomeando-os para conselhos de empresas. Ela vale tanto na administração federal como nas dos estados. Tome-se o exemplo de Dilma Rousseff.
Em 2006, como chefe da Casa Civil, tinha um salário mensal de R$ 8.362. Em 2007, ganhava R$ 8.700 mensais como conselheira da Petrobras e de sua distribuidora. À Casa Civil, ela ia todo dia; aos conselhos, uma vez a cada dois meses (e às vezes chegava atrasada).
O conselho de Itaipu, joia da coroa do comissariado, paga R$ 19 mil. Em 2012 havia 13 ministros nas bolsas Conselho, e os doutores Guido Mantega e Miriam Belchior fechavam os meses com um total de R$ 41,5 mil. A comissária Belchior estava no conselho da BR Distribuidora, para quê, não se sabe.
Quando o PT estava na oposição, reclamava disso. No governo, acostumou-se. Agora chegou a conta. Como integrante (e presidente) do Conselho da Petrobras, Dilma é responsável pela aprovação da ruinosa compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.

Dilma Rousseff. Foto: Ana Araújo / Arquivo
A repórter Andreza Matais obteve do Planalto uma nota, escrita pela doutora, informando que a decisão foi tomada com base num relatório “técnica e juridicamente falho”. A ver. A ruína estava em duas cláusulas do contrato, e elas viriam a custar US$ 820 milhões à empresa.
A explicação segundo a qual esses dispositivos só chegaram ao conhecimento dos conselheiros depois da aprovação do negócio é plausível. Mesmo que a doutora só tenha percebido a ruína depois, era a poderosa chefe da Casa Civil. Quem pode tirar quaisquer dúvidas sobre o caso é o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso na Polícia Federal.
Numa estrutura séria, seria demitido o presidente da empresa, ou iriam embora os conselheiros que se julgaram desinformados.
Os conselhos de estatais não são sérios, são bicos. O caso da refinaria acertou a testa da doutora Rousseff, a gerentona que pode ser acusada de viver num mundo de verdades próprias, mas nunca se meteu em transações tenebrosas.
A vida é arte, errar faz parte. Enquanto houver hierarcas em boquinhas, o erro será a arte.

Elio Gaspari é jornalista.

Venezuela: a situacao segundo o Diario de Caracas (22/03/2014)

El castrochavismo no pudo callar a María Corina ni en la OEA

Diario de Caracas, el Domingo, 23/March/2014
No pudo el castrochavismo evitar que María Corina Machado le gritara al mundo, y desde la Organización de Estados Americanos, OEA, que en Venezuela hay una dictadura y que los venezolanos son asesinados en las calles por el único delito de disentir y protestar contra un régimen que, aparte de “socialista” y militarista, ha hundido al país en la peor crisis política y económica de su historia. Horror que, no es que no ocurriera antes de los sucesos del último mes y medio, sino que se perpetraba de manera más taimada y selectiva, y, generalmente, encubriéndolo de un manto de simulación judicial que fue una de las novedades con las que el neototalitarismo castrochavista pretendió disfrazar la dictadura militar, plebiscitaria y monocrática de siempre.
Foto: Twitter @MariaCorinaYA
Pero si hasta llegaron al poder camuflándose de demócratas, participando en una elecciones libres y jurando que renunciaban a su condición de golpistas y violentos y respetarían la constitución en todos sus términos y principios.
Fue el primer acto de la tragedia, pues, ya en el poder, los neototalitarios iniciaron el proceso de ir anulando la constitución, de hacer nugatorios sus mandatos y de convertirla de parlamentaria en presidencialista, de civilista en militarista y de democrática en dictatorial.
Por ahí, desde luego, se llegó fácilmente a la represión, pero sin asignarla al comienzo a los cuerpos militares y policiales formales, sino transfiriéndola a los “para” que llaman , o al hampa común o la delincuencia organizada, lo cual se traducía en matanzas que contaban de hasta 200 víctimas por semana y un  anual de asesinados que, por ejemplo, el año pasado, alcanzó los 25.000.
Es decir, que lo “diferente” en la represión sangrienta desde hace mes y medio, es que militares, policías, paramilitares, hampa común y delincuencia organizada han formado filas con la dictadura castromadurista, han comenzado la danza de la muerte que, a finales del siglo XX ejecutaron en el Cáucaso y los Balcanes -y antes Stalin, Hitler, Mussolini, Mao, los Sung de Corea del Norte y los hermanos Castro de Cuba- los postcomunistas que buscaban adaptarse a un mundo que no conocían, ni comprendían.
La guerra asimetría, pues, la que surge en el caos y la anarquía más extrema, donde se pierden las fronteras de lo legal y lo ilegal, lo humano y lo inhumano, lo real y lo subrreal, lo moral y lo inmoral, y como bestias, los Milosevich de ayer, y los Cabello de hoy, jadean por sus raciones diarias de víctimas.
Un espectáculo u orgía de malhechorías donde política y narcotráfico, terrorismo y causas perdidas, fanatismo e impiedad pueden ser unas y las mismas cosas, si sirven a los intereses de las pandillas del horror involucradas.
En otras palabras, que al referirnos a Maduro, Cabello, Rodríguez Torres, Vielma Mora, Ameliach, Noguera Pietri, Quevedo y otros, no hablamos de “revolucionarios”, o “socialistas” -ni siquiera de venezolanos-, sino de carne de cuartel que pronto estarán poblando los calabozos de la justicia penal nacional e internacional.
Sicarios, por cierto, de dos de los más grandes asesinos del siglo XX, Fidel y Raúl y Castro, los dictadores octogenarios cubanos que se han hecho sentir en las matanzas venezolanas, pues, siendo los sobrevivientes de un estado fallido y forajido, de una llamada “revolución” que lleva 55 años reduciendo la isla de Cuba a escombros, han devenido en mercenarios que, por “una paga”, concurren a prestar sus cuerpos policiales y represivos para dirigir, asesorar o participar en los crímenes de lesa humanidad en que incurren otras tiranías.
En el caso venezolano, la paga suma los 125.000 barriles de petróleo diarios que se les regalan a los sátrapas para que estos, vendan sus dos terceras partes en el mercado internacional, permitiéndoles, además, triangulaciones en la reventa de productos que ellos adquieren en los mercados mundiales a precios de chatarra, y después revenden al gobierno venezolano con altísimas comisiones, y como si se hablara de bienes recién salidos de fábricas que, desde luego, los cubanos no tienen, ni conocen.
Artífices de un sistema económico y político depredador, puesto que, no  destruyó las industrias azucarera, licorera, de servicios, de turismo y el comercio cubanos, sino que, igualmente, perpetra la razzia más extrema hacia los gobiernos de adolescentes revolucionarios tardíos que, por el embrujo ideológico, se acercan a subsidiarlos, como sucedió, primero, con Chávez, y ahora con Maduro.
En Venezuela, por ejemplo, ya puede decirse que no hay una industria petrolera, reducida PDVSA a una empresa del cuarto mundo, carcomida por accidentes, su infraestructura obsoleta, y su producción que, en sus mejores tiempos llegó a casi 4 millones de crudo diarios, reducida a poco menos que de la mitad.
Pero tampoco hay industrias, ni aparato productivo agrícola, ni servicios públicos, ni seguridad personal, ni nada parecido a una educación productiva y eficiente.
Pero al hablar de la conexión Raúl-Fidel-Chávez-Maduro, también se apuntaría a una ocupación o protectorado de la devastada, empobrecida, ruinosa, y exhausta isla a un país que hasta hace 15 años fue uno de los más ricos de América latina y en espera de superar una crisis económica para volver a colocarse entre los más país más desarrollados de la región.
Hoy vive un colapso en el abastecimiento, una escasez que se acerca al 60 por ciento en los alimentos de la cesta básicas, las farmacias y otros expendios de medinas carecen hasta del 50 por ciento de provisiones, decenas enfermos mueren a diario por la carencia de medicamentos y equipo médico quirúrgico, y servicios como el de luz eléctrica, eltransporte y la educación de evaporan en transe de desaparecer.
La inflación es otro jinete apocalíptico de la dupla hermanos Castro-Maduro, pues el año pasado se acercó al 60 por ciento anual, la paridad bolívar-dólar es de uno a 100 y la deuda externa del país hace ya tiempo que pasó de los 200.000 millones de dólares.
En otras palabras: que la Venezuela que durante 70 años del siglo XX fue uno de los principales productores de crudo del mundo, que tiene las reservas energéticas e hídricas para contar con un desarrollo creciente y sustentable, que fue exportador de materias primas agronaderas y emplazó un complejo industrial donde la pesada, mediana y pequeña industria garantizaban la autosuficiencia alimentaria, se encuentra hoy a las puertas de la marca de fábrica de todas las dictaduras socialistas: la libreta de racionamiento a la cubana que, tal como sucedió en la isla, desde hace medio siglo ha conducido al pueblo a una desnutrición, epidemias, y enfermedades que prácticamente los han convertido en una sociedad de fantasmas.
Y contra tales calamidades, ruinas, destrucción, miseria y violaciones masivas de los derechos humanos es que María Corina Machado ha gritarlo en la OEA que, si bien, es una multilateral que concluyó controlada por los petrodólares que Hugo Chávez repartió a granel entre muchos de sus estados miembros, es posible que haya hecho como el avestruz para no ver ni oír la tragedia venezolana, pero sin evitar que el mundo oyera el grito de María Corina Machado:
“En Venezuela hay una dictadura”.
Por Manuel Malaver / El Diario de Caracas 

Venezuela: a violencia do regime nao interrompe as manifestacoes (Lemonde)

Au Venezuela, l'opposition se renforce malgré la répression

23.03.2014 à 14:27
Le Monde.fr Paulo A. Paranagua (Caracas, envoyé spécial)
Des dizaines de milliers de manifestants ont rempli l'avenue Francisco de Miranda à Caracas, samedi 22 mars, à l'appel de Leopoldo Lopez, le dirigeant de l'opposition détenu depuis le 18 février dans une prison militaire. Partant de cinq points de rendez-vous, les protestataires ont convergé jusqu'au quartier huppé de Chacaito.
La séparation entre l'Est résidentiel et l'Ouest populaire de Caracas est souvent présentée comme le reflet d'un pays coupé en deux. Cependant, ce samedi matin, une soixantaine d'opposants sortent du métro de la place Venezuela, où se rassemblaient les partisans de l'ancien président Hugo Chavez. « Qui sommes-nous ?, crient les premiers, ceux de l'Ouest. Que voulons-nous ? La liberté ! »
Surpris par l'irruption du groupe adverse, des chavistes ont à peine le temps de siffler, tandis que la plupart s'abstiennent de toute réaction. Le climat est pourtant tendu depuis le début février : on compte trente-trois morts au cours de manifestations réprimées avec brutalité.
Devant ses partisans, le président Nicolas Maduro a encore taxé l'opposition de « terrorisme, vandalisme et fascisme ».
>> Lire : Qui sont les « fascistes » au Venezuela et en Ukraine ?
Le groupe d'opposants venus de l'Ouest de Caracas enfile bruyamment le boulevard de Sabana Grande, vers l'avenue Francisco de Miranda. Lorsqu'ils passent devant un détachement de policiers, ils les interpellent : « Gardien, frère, nous luttons pour toi aussi. » Parmi d'autres slogans, revient souvent celui qui refuse l'instauration d'« une dictature à la cubaine ».

Durée : 01:52 | Images : Reuters

Les manifestations lancées après l'élection de Nicolas Maduro à la présidence du Venezuela ont fait au moins sept morts, dont un policier, et soixante et un blessés. "Lors de ces violences, sept Vénézuéliens sont morts, parmi eux un fonctionnaire de police de l'Etat de Tachira", a déclaré Luisa Ortega, procureur général, précisant que cent trente-cinq personnes avaient été interpellées au cours des manifestations.
Pourquoi n'y a-t-il pas de protestations à l'Ouest ? A cette question, une manifestante répond sans hésiter : « Ici, nous sommes nombreux ; là-bas, nous nous retrouvons isolés devant les "collectifs" chavistes armés qui menacent nos familles. »
« LA JUSTICE DANSE SELON LA MUSIQUE JOUÉE PAR L'EXÉCUTIF »
Beaucoup ont le sentiment que le Venezuela bascule vers la dictature, alors que le gouvernement multiplie les attaques contre des élus de l'opposition. « Justice a été rendue et justice continuera d'être rendue », prétend le président Maduro, qui annonce lui-même les prochaines décisions du pouvoir judiciaire.« Nous assistons à une situation inédite, à une tragicomédie : la justice danse selon la musique jouée par l'exécutif », affirme le juriste Nelson Socorro.
Toutefois, l'escalade répressive n'a pas intimidé les opposants, qui sont parvenus à rebondir, à en juger par la mobilisation de samedi, à Caracas et dans une douzaine d'Etats (sur vingt-trois). A San Cristobal, capitale de l'Etat de Tachira, dont le maire Daniel Ceballos a été emprisonné mercredi, les manifestations et affrontements ont duré douze heures, vendredi, et provoqué la mort par balle d'un homme.
A Caracas, les « Gochos », les naturels du Tachira, ont été ovationnés par les manifestants. C'est là-bas que le mouvement étudiant a commencé et a ensuite essaimé sur tout le pays. « Nous sommes furieux et nous allons continuer dans les rues, confie Jean Piero Osorio, dirigeant étudiant de l'Université des Andes, à San Cristobal. Nous ne voulons pas de dialogue avec ce président mensonger, mais sa démission. »
« LE GOUVERNEMENT EST FRAGILE, MAIS SA CHUTE N'EST PAS IMMINENTE »
Dans une lettre ouverte envoyée de son cachot et lue devant la foule rassemblée à Caracas, Leopoldo Lopez, lui aussi, place la barre très haut : il demande à M. Maduro de renoncer au pouvoir et de permettre ainsi aux chavistes et aux opposants d'entamer, ensemble, une transition vers « une véritable démocratie ».
>> Lire (en édition abonnés) : Au Venezuela, le pouvoir chaviste vise désormais les élus de l'opposition
Tout le monde dans l'opposition ne partage pas cet espoir d'un dénouement rapide de la crise. « Le gouvernement est plus fragile qu'il n'en a l'air, mais sa chute n'est pas imminente », estime Guillermo Ramon Aveledo, le stratège de la Table de l'unité démocratique (MUD). A son avis, les six semaines de fièvre que vient de vivre le Venezuela ont aggravé la polarisation entre les deux moitiés du pays, même si beaucoup de chavistes ne sont pas d'accord avec la répression.
Les manifestations de samedi ont renforcé l'opposition, d'autant que la concentration organisée au même moment par le pouvoir a tourné au désavantage des chavistes. Depuis février, le gouvernement peine à mobiliser ses partisans. A en croire certains observateurs, parce que la pénurie de ressources touche la logistique nécessaire à l'organisation des grandes messes affectionnées par feu le président Chavez.
>> Lire : Venezuela : une crise économique en trois graphiques
Pour sortir de l'impasse, une négociation entre les chavistes et l'opposition serait nécessaire. La MUD pose deux conditions : qu'elle soit publique et en présence d'un médiateur de bonne foi, vénézuélien ou international. Les opposants ne manqueront pas d'exposer leurs arguments devant les ministres des affaires étrangères sud-américains, attendus à Caracas le 25 mars. Mais M. Aveledo ne cache pas son pessimisme face à l'intransigeance du pouvoir.
>> Lire aussi : Pourquoi le Venezuela explose maintenant ?

Brasil historia: queda de Goulart, 50 anos depois - Revista Veja

Especial

A queda de João Goulart, 50 anos depois

João Goulart foi deposto em março de 1964 pelos militares, que tiveram apoio popular, de intelectuais, artistas e da imprensa
João Goulart foi deposto em março de 1964 pelos militares, que tiveram apoio popular, de intelectuais, artistas e da imprensa (Getty Images)

Os personagens

João Goulart
Castello Branco
Ernesto Geisel
Olympio Mourão Filho
Amaury Kruel
Leonel Brizola
Magalhães Pinto
Lincoln Gordon
Assis Brasil
Maria Thereza Goulart
Cabo Anselmo
Darcy Ribeiro
José Serra
Golbery do Couto e Silva
Emílio Garrastazu Médici
Luiz Carlos Prestes
Clodesmidt Riani
Carlos Lacerda
Miguel Arraes
Juscelino Kubitschek
Adhemar de Barros
Ieda Maria Vargas
Brigitte Bardot
Tancredo Neves
Abelardo Jurema
Ranieri Mazzilli
Arthur da Costa e Silva
Francisco Julião
Carlos Heitor Cony
Celso Furtado
San Tiago Dantas
Em uma reportagem especial de 44 páginas, VEJA revisita os choques políticos que levaram à queda do governo de João Goulart, o Jango, em 31 de março de 1964, dia em que ele foi alijado do poder pelos militares com amplo apoio popular, dos intelectuais e da imprensa. Isso ocorreu há meio século, mas muitas das contradições daquele tempo ainda estão vivas no Brasil de hoje — com exceção do que diz respeito à intocabilidade dos valores democráticos e ao valor intrínseco da sanidade econômica.
Por feliz sugestão de Vilma Gryzinski, editora executiva e coordenadora do projeto, a reportagem de VEJA gira em torno das pessoas que foram os principais personagens, de um lado e do outro, daqueles eventos. Afinal, não existe história sem homens públicos, e mesmo estes são seres humanos de carne e osso, movidos por ambições, desejos e medos.
Homens públicos devem ser julgados por seu legado político, mesmo quando, no plano pessoal, sejam simpáticos, amem os animais e as mulheres, tratem bem os subordinados e se condoam das injustiças sociais. João Goulart, o presidente deposto no golpe de 1964, era assim. Presidente acidental, também era hesitante, demagógico e aplicado no mau hábito populista de dividir os brasileiros entre os bons e os maus, os que mereciam ter seus clamores atendidos e os que demandavam tratamento duro, se não a exclusão total. Introduzir a complexidade em assuntos que parecem cristalinamente simples foi um dos intuitos de VEJA na reportagem.
Ambiciosos ou inapetentes para o poder, racionais ou autodestrutivos, generosos ou cruéis, quando não uma mistura de tudo isso, todos os personagens de 1964 se viam como defensores da democracia — e quase todos a afrontaram. No governo Jango, comerciantes eram presos por especulação, sob aprovação popular, e o trecho mais aplaudido do discurso que ele fez no comício da Central do Brasil, quando pretendeu mudar as regras do jogo em assuntos vitais, tratava do congelamento dos aluguéis. Desde então, governantes e governados, entre tantos erros cometidos pelos governos militares e pelos civis que lhes sucederam, aprenderam a respeitar fundamentos básicos que garantem a todos o direito de defender suas opiniões e até lutar por elas, dentro do estado de direito, sem achar que os oponentes precisem ser esmagados, encarcerados ou exilados. Cinquenta anos depois da derrubada de Jango, 29 anos depois do fim da ditadura que se seguiu, o Brasil é um país muito melhor.
Ouça a leitura deste texto e, nas edições digitais de VEJA, de toda a reportagem especial

Brasil, muy amigo da caloteira Argentina: nao intervencao para todos - Arturo Porzecanski

Não intervenção para todos
Por Arturo C. Porzecanski
Valor Econômico, 21/03/2014

Nas últimas semanas, o Brasil vem decepcionando aqueles que gostariam de ver o país exercendo um papel de liderança regional no caso da Venezuela, pois está singularmente posicionado para mediar uma solução política construtiva para o confronto entre o presidente Nicolás Maduro e seus oponentes. A posição oficial de Brasília é de que o governo de Dilma Rousseff está meramente aderindo ao princípio bem estabelecido de não intervenção. Afinal de contas, o Brasil não gostaria de ter alguém para lhe dizer como lidar com suas manifestações urbanas. Então, por que deveria aconselhar Caracas sobre como resolver seus problemas políticos internos?

Se considerarmos que o princípio da não intervenção deva ser aplicado de maneira equânime, isso significa que o Brasil também deve se negar a intervir nos problemas da Argentina. Nesse caso, no entanto, é a Casa Rosada que quer ver o Brasil intervindo ao seu favor. Na semana passada, o assessor especial do Palácio do Planalto, ministro Marco Aurélio Garcia, esteve na residência Olivos para conversar com a presidente Cristina Kirchner ao mesmo tempo em que funcionários dos ministérios da Economia dos dois países se encontraram para buscar uma saída para a forte crise que afeta o comércio bilateral há tempos. Justamente no momento em que Buenos Aires pressiona ativamente Brasília para apresentar um parecer jurídico junto à Corte Suprema americana - um documento de amicus curiae ("amigo da corte") -, defendendo a recusa da Argentina em pagar seus credores nos Estados Unidos, Europa e mesmo na Argentina.

O rating de crédito do Brasil já está ameaçado. Não há nenhum benefício em colocar o Brasil em risco no mercado internacional de capitais por meio de um documento jurídico em que Brasília se alie a um devedor notoriamente ruim como a Argentina

A história é longa e envolve investidores em títulos argentinos que não tiveram pagas suas dívidas desde 2001 - ainda que Buenos Aires tenha pago outros investidores que concordaram com o perdão da dívida maciça exigido pelo governo da Argentina em 2005. No entanto, ocorre que os detentores de títulos que se recusaram a fazer tais concessões à Argentina estavam totalmente dentro de seus direitos legais. Eles são protegidos pelas leis dos Estados Unidos, que lhes dão o direito de rejeitar qualquer reestruturação da dívida que não tenha sido negociada ou acordada. E a Argentina é obrigada a pagá-los. Vendeu esses títulos nos Estados Unidos com uma promessa explícita de proteger os direitos dos investidores, conforme especificado pela lei dos Estados Unidos, e também de aceitar eventuais interpretações jurídicas a serem feitas pelos tribunais nos Estados Unidos em caso de qualquer disputa.

O que a Argentina tenta combater atualmente é uma série de decisões judiciais segundo as quais, no âmbito dos contratos assinados na década de 1990, quando vendidos os títulos em questão, ela é obrigada a tratar todos os seus credores de forma não discriminatória. Ou seja, se a Argentina tem dinheiro suficiente para pagar a maior parte dos detentores dos títulos, como tem feito desde 2005, então deve pagar todos eles. Nas últimas semanas, a Argentina pediu à Corte americana para rever as decisões dos tribunais inferiores, argumentando que exigir que o país trate todos os investidores da mesma forma interfere no seu direito soberano de decidir como usar as reservas internacionais. Ora, Buenos Aires sabia que esta era a condição quando vendeu seus títulos para credores internacionais nos Estados Unidos e agora quer mudar as regras do jogo para se beneficiar?

Buenos Aires pediu para governos em Brasília, México, Washington e alguns países da Europa para entrarem com petições junto à Corte dos Estados Unidos defendendo a soberania da Argentina. Ao Brasil, principal parceiro do Mercosul, aparentemente, tem oferecido rebaixar as travas comerciais em troca do apoio de Brasilia no processo que está na Corte Suprema, algo que soa mal, considerando o histórico recente desta relação. O desespero argentino é tamanho porque o país observa uma acentuada queda em suas reservas ao mesmo tempo em que está sem acesso ao mercado de crédito internacional por ser um mau pagador. Por enquanto, uma coisa já ficou clara: o mais influente "amicus curiae", que seria dos Estados Unidos, não será dado, porque na semana passada, o secretário de Estado do país, John Kerry, declarou em um painel do Congresso que os Estados Unidos não irão apoiar a posição da Argentina frente ao poder judiciário.

Brasília irá intervir neste caso jurídico do lado da Argentina? Certamente, espero que não. O Brasil já está queimado em círculos internacionais por suas parcerias econômicas e políticas com a Argentina e Venezuela, países cada vez mais amplamente percebidos como autoritários e desrespeitosos com os direitos civis e as liberdades democráticas tão prezadas pelo povo brasileiro. O Brasil também não tem motivos para interceder pelos hermanos argentinos, ao contrário, considerando o histórico das insuperáveis barreiras comerciais impostas pelo vizinho que só vem se agravando há anos, além de toda a dificuldade criada pela Argentina no recente processo de construção de um acordo comercial com a União Europeia, onde o Brasil foi obrigado a dar um ultimato para que a parceria fosse concretizada.

Além disso, o momento que o Brasil atravessa pede cautela, tendo em vista que o rating de crédito do país já está ameaçado por um downgrade potencial por causa da sua gestão econômica decepcionante. Assim, não há nenhum benefício em colocar o Brasil em risco permanente no mercado internacional de capitais por meio de um documento jurídico no qual Brasília se aliaria a um devedor notoriamente ruim como a Argentina. Dadas as circunstâncias, o Itamaraty seria bem aconselhado a aderir ao seu mais que apropriado princípio da não-intervenção.


Arturo C. Porzecanski, ex- economista-chefe para mercados emergentes de vários bancos de Wall Street, é professor de relações econômicas internacionais na American University, em Washington, DC.

Venezuela: mais dois mortos - Ate quando Brasil? Ate quando?

Mais dois manifestantes morrem na Venezuela

O balanço oficial fala em 31 mortos e mais de 450 feridos em protestos contra o governo de Maduro

Estudantes venezuelanos caminham em meio a bombas de gás lacrimogêneo disparadas pela polícia durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014)
Estudantes venezuelanos caminham em meio a bombas de gás lacrimogêneo disparadas pela polícia durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (12/03/2014) (Leo Ramirez/AFP)
Os protestos que ocorrem na Venezuela há mais de um mês tiraram a vida de mais duas pessoas, feridas à bala, nas últimas horas, segundo informaram neste sábado diversas fontes às agências de notícias internacionais.
Em San Cristóbal, no oeste da Venezuela, o prefeito interino Sergio Vergara confirmou à Agência EFE a morte de Wilfredo Rei, um motorista de uma linha de transporte do município atingido por um tiro.
Vergara atribuiu a responsabilidade da morte 'a grupos que estão acompanhando a ação da Guarda Nacional'. Vergara acrescentou que, além disso, houve um número indeterminado de feridos.
Neste sábado, além disso, o jornal El Carabobeño, de Carabobo (centro), reportou hoje a morte de Argenis Hernández, de 26 anos, ser ferido à bala por um motorista que disparou no município de San Diego, no estado Carabobo.
O jornal Notitarde, desse mesmo estado, informou que Hernández se encontrava com um grupo de pessoas que protestavam ao redor de uma barricada quando um motorista tentou passar por cima dos obstáculos colocados na via e, ao ser parado, respondeu abrindo fogo.
As mortes ocorrem nos municípios dos dois prefeitos que se opõem ao governo de Nicolás Maduro — Daniel Ceballos, de San Cristóbal, e Vicenzo Scarano, de San Diego — e que foram detidos nesta semana por sua presença em barreiras que são mantidas nessas cidades há mais de um mês.
Scarano foi condenado na quarta-feira pelo TSJ a 10 meses e 15 dias de prisão por desacatar uma sentença que o obrigava a impedir que manifestantes contrários ao governo de Nicolás Maduro erguessem barricadas.
Ceballos foi detido sob a acusação de 'rebelião civil' e formação de quadrilha.
Segundo os números oficiais, os protestos que se desenvrolam no país desde 12 de fevereiro deixaram até o momento 31 mortos, mais de 450 feridos e perto de dois mil detidos, dos quais 121 permanecem na prisão.
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E aqui, um video sobre a boliburguesia criada pela corrupção da ditadura chavista: 

sábado, 22 de março de 2014

Aventuras da Petrobras na Dilmalandia: alguma maravilha? - Rolf Kuntz

Economia
Dilma condenou regra em um caso, mas a aprovou em outro, diz jornal
Regra que elevou preço de refinaria nos EUA estava em contrato no Japão. Presidência disse que compra no Japão 'estava alinhada com a estratégia'.
22/03/2014 18h19 - Atualizado em 22/03/2014 19h41
Do G1, em Brasília
Uma regra recém-condenada por Dilma Rousseff na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras em 2006 foi aprovada por ela um ano depois, na aquisição de outra refinaria no Japão, informou neste sábado (22) reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Nas duas ocasiões, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal.
Cronologia refinaria Pasadena (Foto: Arte/G1)
Segundo a Presidência, a regra, chamada Put Option, não constava no resumo executivo apresentado ao conselho em 2006 na compra de Pasadena. Em 2007, no entanto, ela constou no resumo apresentado pela Diretoria Internacional para a compra no Japão.
A regra prevê que uma das sócias deve comprar a parte da outra em caso de desacordo. Foi essa cláusula que obrigou a Petrobras a pagar US$ 820,5 milhões em 2012 pela segunda metade da refinaria de Pasadena. A compra hoje é vista como um mau negócio pelo governo, já que em 2005 a mesma refinaria custava US$ 42,5 milhões.
Em nota divulgada na quarta (19), a Presidência disse que, se soubesse desta e de outra regra previstas no contrato, "elasseguramente não seriam aprovadas pelo Conselho" para a compra em Pasadena.
Na compra da refinaria no Japão, a Presidência informou que no resumo apresentado ao Conselho de Administração "está referida a existência de cláusulas contratuais que materializam o Put Option, bem como as informações técnicas correspondentes".

Segundo o "Estado de S. Paulo", a Petrobras adquiriu 87,5% da refinaria Okinawa pelo valor de US$ 71 milhões. Ao contrário da refinaria de Pasadena, porém, este contrato não previa outra cláusula condenada no caso Pasadena, a Marlin, que garantia à sócia da Petrobras um lucro mínimo de 6,9% ao ano.

Na resposta que enviou ao jornal, a Presidência informou que a refinaria Okinawa "estava alinhada com a estratégia geral da companhia, prevista no Plano de Negócios 2004-2010 e no Plano Estratégico 2015, no que se referia ao incremento da capacidade de refino de petróleo no exterior"

Além disso, a Presidência diz que a usina no Japão "detinha uma vantagem adicional, por possuir um grande terminal de petróleo e derivados para armazenamento de 9,6 milhões de barris".

O jornal "O Estado de S. Paulo" informou que, na época da compra, a refinaria de Okinawa não tinha capacidade para processar o óleo extraído no Brasil, o mesmo que já havia ocorrido em Pasadena.
Ainda segundo o jornal, a Petrobras chegou a anunciar um comprador para a refinaria no ano passado, mas a venda não foi realizada porque a licença de funcionamento estava vencida.
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A desmoralização e a sangria da Petrobrás

22 de março de 2014 | 2h 07
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Produzir petróleo, vejam só, é prioridade da Petrobrás, segundo garantiu a presidente da companhia, Graça Foster. Essa declaração, em linguagem típica de negócios, deve ter soado como heresia em relação aos padrões da gestão petista, famosa internacionalmente por seus projetos de baixa qualidade, pela falta de foco empresarial e por um prejuízo superior a US$ 1 bilhão num único investimento. Seu valor de mercado, o 12.º maior do mundo há cinco anos, caiu para a 120.ª posição, segundo lista divulgada na internet pelo jornal Financial Times. Qualquer sinal de seriedade, nesta altura, pode favorecer pelo menos uma recuperação de imagem. Sem renegar abertamente a preferência aos fornecedores nacionais, a presidente de certa forma redefiniu as regras do jogo. Prometeu continuar comprando da indústria local, mas com duas ressalvas. As encomendas serão de acordo com a capacidade da indústria e os preços terão de ser competitivos "em relação a outras oportunidades fora do Brasil". Se continuar no posto e insistir nessa orientação, talvez consiga reconverter a Petrobrás numa empresa - uma organização de negócios com foco razoavelmente definido, metas de rentabilidade e padrões profissionais de administração.
A mudança, nesse caso, envolverá a adoção de alguns critérios vitais tanto para a Boeing quanto para a mais modesta padaria do bairro. Esses critérios foram pisoteados durante os últimos dez anos. Nesse período, a maior empresa brasileira foi subordinada a objetivos políticos e pessoais do grupo instalado no Palácio do Planalto e às conveniências de seus companheiros e aliados. Antes disso, a Petrobrás pode ter sido mal orientada em algumas fases, mas quase sempre funcionou com critérios empresariais, empenhada em procurar e extrair petróleo e gás, produzir e distribuir combustíveis e contribuir para a segurança energética do Brasil.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, os interesses empresariais da Petrobrás foram postos em segundo ou terceiro plano. Isso levou a desperdícios, comprometeu a geração de caixa e reduziu as possibilidades de investimento exatamente quando a companhia, depois da descoberta do pré-sal, teria de cumprir um programa excepcionalmente difícil e custoso.
Investimentos de US$ 220,6 bilhões estão previstos para o período entre 2014 e 2018 no recém-divulgado plano de negócios. A maior parte desse dinheiro, US$ 153,9 bilhões, deverá ser destinada a exploração e produção. Levantar esses bilhões dependerá da melhora de vários indicadores. O documento enumera os "pressupostos da financiabilidade". Será preciso manter o grau de investimento, elevar os preços de derivados até os níveis internacionais e promover parcerias e reestruturação do modelo de negócios, tudo isso sem a emissão de novas ações.
Para manter o grau de investimento e continuar atraente para os financiadores, a empresa terá de melhorar seus indicadores de endividamento e de alavancagem no prazo de 24 meses. Em outras palavras, terá de reduzir a proporção entre recursos de terceiros e recursos próprios e precisará diminuir para menos de 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e os ganhos antes do pagamento de juros, impostos e dividendos (Ebitda).
Não são números e objetivos escolhidos de forma arbitrária. A Petrobrás ganhou destaque na imprensa internacional, em outubro, como a empresa mais endividada do mundo, de acordo com levantamento do Bank of America Merrill Lynch. Quanto ao risco de ser rebaixada pelas agências de avaliação de crédito e perder o grau de investimento, está longe de ser imaginário.
No ano passado a Standard & Poor's alterou a perspectiva da empresa de estável para negativa. Poucos meses depois, a Moody's baixou a classificação da Petrobrás de A3 para Baa1 com perspectiva negativa, preservando o nível de investimento. Para justificar a revisão a agência citou o nível de alavancagem e a perspectiva ruim de geração de caixa nos anos seguintes.
A perda de valor de mercado afetou tanto a Petrobrás quanto a Eletrobrás, prejudicadas principalmente pela interferência política na administração das maiores estatais, convertidas em casas da mãe Joana. O loteamento de postos e o desprezo aos critérios técnicos tem sido uma das marcas principais da gestão petista. Dirigentes de grandes companhias controladas pelo governo - para nem falar da maioria dos ministros - são identificados mais pelo nome de seus padrinhos do que pela reputação profissional. Parte do noticiário sobre a prisão do ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa tratou de suas relações com políticos do PP, do PMDB e de sua livre circulação no Congresso.
O desprezo aos padrões empresariais foi evidenciado nos fracassados projetos de associação com a PDVSA, no controle de preços de combustíveis, na baixa qualidade de vários investimentos, na desastrosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e na conversão da Petrobrás em instrumento de uma política industrial com validade vencida e injustificável no século 21.
O grotesco episódio do petroleiro João Cândido, lançado ao mar em 2010 com palavrório de Lula e nenhuma condição de navegar, foi uma boa demonstração de um estilo de governo e de administração. A aprovação da compra da refinaria texana com base num sumário executivo, como confessou a presidente da República, foi perfeitamente compatível com esse estilo gerencial. Sua fama de administradora jamais foi merecida. Essa trapalhada confirma a opinião de quem nunca aceitou a lenda. Estranha, mesmo, era a presença no Conselho de Administração, então chefiado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de grandes empresários. Sua função, para o governo, seria legitimar os desmandos cometidos na empresa. Como podem ter ignorado esse detalhe?
*JORNALISTA

Salario minimo nacional: um equivoco economico, uma demagogia politica- o debate nos EUA

Este debate demonstra uma coisa importante: um salario minimo nacional e homogêneo é um erro.
Paulo Roberto de Almeida 


All Economics Is Local



In the face of congressional inaction, the debate on raising the minimum wage is moving to the local level. As more cities and counties consider setting their own wage standards, they can learn from the policy experiments already underway.
Since the mid-1980s, states in every region of the country have raised the local minimum wage, often numerous times. Twenty-one states (and Washington, D.C.) currently have wage floors above the federal level ($7.25), and 11 of these raise them every year to account for inflation. Washington State currently has the highest, at $9.32; California’s is set to increase to $10 on July 1, 2016.
More than 120 cities and counties have adopted living wage laws that set pay standards, many of them in the $12 to $15 range. These higher standards usually apply only to employees of city service contractors, like security guards, landscapers and janitors. In some cities, living wage laws cover workers at publicly owned airports or stadiums, as well as at shopping malls subsidized by local development funds. While the impact on the individual workers covered under these laws is often quite significant, their reach is rarely broad enough to affect the local low-wage labor market as a whole.
For this reason, cities and counties are now enacting higher local minimum wage policies that cover all work performed in the area. Cities as varied as Albuquerque, San Francisco, San Jose, Calif., Santa Fe, N.M., and Washington, D.C., have minimum wages ranging from $8.60 in Albuquerque to $10.74 in San Francisco. The District of Columbia, which is raising its minimum wage to $11.50 in 2016, wisely joined with two neighboring Maryland counties to create a regional standard.
Many more cities are getting ready to follow suit. Richmond, Calif., Oakland and Seattle are seriously considering setting their own minimum wage. The Richmond City Council just voted an increase that will go to $12.30 by 2017. Advocates in Oakland are aiming for $12.25. Seattle is discussing $15. Prodded by its new mayor, New York City is seeking the right to set its own minimum wage rate, instead of using New York State’s.
A Seattle group held a march last Saturday calling for raising the minimum wage to $15 per hour.Stuart Isett for The New York TimesA Seattle group held a march last Saturday calling for raising the minimum wage to $15 per hour.
With the national debate stuck in the same old rut, states and cities have again become laboratories of democracy. Are they on the right path? For the last 15 years we have been doing research on just this question.
One city we have studied in detail, San Francisco, has passed a dozen labor standards laws since the late 1990s. After adding the effects of other local laws mandating employers to pay for sick leave and health spending, the minimum compensation standard at larger firms in San Francisco reaches $13. Our studies show that the impact of these laws on workers’ wages (and access to health care) is strong and positive and that none of the dire predictions of employment loss have come to pass. Research at the University of New Mexico on Santa Fe’s floor (now $10.66) found similar results.
These are not isolated cases. Research on the effects of differing minimum wage rates across state borders confirms the results of the city studies. But how can minimum wage increases not have negative effects on employment? After all, according to basic economic theory, an increase in the price of labor should reduce employer demand for labor.
That’s not the whole story, though. A full analysis must include the variety of other ways labor costs might be absorbed, including savings from reduced worker turnover and improved efficiency, as well as higher prices and lower profits. Modern economics therefore regards the employment effect of a minimum-wage increase as a question that is not decided by theory, but by empirical testing.
Our research and that of other scholars illuminates how businesses actually absorb minimum wages at low-wage industries. Higher standards have an immediate effect in reducing employee turnover, leading to significant cost savings. Minimum wage increases do lead to small price increases, mainly in restaurants, which are intensive users of low-paid workers. How much? A 10 percent minimum wage increase adds 0.7 cents on the dollar to restaurant prices. Price increases in most other sectors, like retail, are too small to be visible, partly because retail pays more than restaurants.
RELATED
Interactive Feature: Can You Live on the Minimum Wage?
75 ThumbnailCalculate the hard choices that have to be made living on the smallest paychecks.
Even if Congress finally acts to raise the federal minimum wage, higher standards at the state and local level still make sense. It will surprise no one that living costs are generally higher in cities than in rural areas. They often vary among cities in the same state. The New York City metro area is 26 percent more expensive than upstate Utica; costs in the San Jose metro area are 30 percent higher than in El Centro, in southeastern California. Policy makers need to take these variations into account. This is not just a theoretical idea. It has long been policy in Japan. Minimum wages in Tokyo and Osaka are as much as 30 percent higher than they are in regions with the lowest cost of living.
Here’s another way to think about it. One measure of employers’ latitude to absorb higher wages compares the minimum wage to the median wage. From the 1960s into the 1970s, the minimum-median ratio in the United States varied between 41 and 55 percent. Since the mid-1980s, it has been much lower, varying between 33 and 39 percent. A minimum wage increase to $10.10 by 2016, as President Obama proposed earlier this year, would restore the national ratio to 50 percent. By comparison, San Francisco’s $10.74 minimum wage is 40 percent of the city’s median wage. In other words, although some of the proposed rates may seem high by national standards, they look more reasonable when measured against local wage levels.
Local minimum wages also represent a response to growing inequality within cities, in too many of which a growing army of low-paid workers — maids, gardeners, janitors, restaurant and security workers — provide personal services to an increasingly well-heeled minority.
The record is clear. Employers can afford to pay higher wages that raise families out of poverty and bear a closer relation to local living costs. And there’s a moral value, too. An increase in the local minimum wage restores, on a very personal level, some of our notion of fairness.