O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 3 de março de 2015

Malucos nucleares: iranianos, israelenses, norte-coreanos, paquistaneses, russos, etc...

Que o mundo anda cheio de malucos, isto a gente já sabe. Que alguns ocupem o poder supremo em seus próprios países, isso a gente também já sabe, inclusive por experiência própria, ou acontecendo por aí, nas periferias da vida...
Mas que alguns desses malucos estejam na posse de armas nucleares, e talvez até dispostos a usá-los, isto já é preocupante, e no entanto isso também existe, e as matérias deste dia refletem essa situação maluca em torno de malucos proliferadores, e outros que tentam reverter a situação...
Não bastasse os impasses das negociações do Irã com o P5+1 em torno do seu programa nuclear, e o provável fracasso da fase atual (que deve terminar na última semana de março), vamos ter provavelmente sanções mais fortes contra o Irã a serem aprovadas pelo Congresso americano contra esse país, o que vai melar ainda mais as negociações, provavelmente interrompendo-as por mais alguns meses, talvez até um ano mais.
O primeiro ministro de Israel acaba de se dirigir ao Congresso americano, contra a vontade e até a oposição do executivo, mas pode ter convencido mais alguns a aprovar as sanções.
Em todo caso, temos muitas notícias ruins esta semana, que eu coleciono aqui, para os malucos por informação (como este que aqui escreve) em torno dos malucos da proliferação que existem por ai...
Paulo Roberto de Almeida


Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu waves as he steps to the podium prior to speaking before a joint meeting of Congress on Capitol Hill, March 3, 2015. (AP)

Iran Already Has Nuclear Weapons Capability
Op-ed by Graham Allison
Foreign Policy

There is no way to erase from the minds of thousands of Iranian scientists and engineers the knowledge and skills to produce weapons-grade uranium. There is no way to eliminate Iran’s indigenous capacity to mine uranium, manufacture centrifuges, or operate them. Thus, there is no conceivable end to this story in which Iran will not retain the capability to build nuclear weapons.
...
If we accept what we cannot deny, the strategic question becomes how to persuade Iran’s supreme leader that while Iran has an irreversible technical capability, it does not have — and will not be allowed to acquire — an exercisable nuclear weapons option.
Read more...

Netanyahu says U.S. is on verge of ‘bad deal’ with Iran over nuclear program
In a rousing speech before Congress punctuated by more than 40 bursts of applause, Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu assailed the Obama administration’s nuclear negotiations with Iran, asserting bluntly that the United States was on the verge of making “a bad deal.” (The Washington Post, March 3, 2015)

Proliferation News, March 3, 2015

Netanyahu Warns That Nuclear Deal 'Paves Iran's Path' to a Bomb
Katie Zezima | Washington Post
Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu forcefully argued against a nuclear deal with Iran, telling a joint meeting of Congress that such an agreement would have the opposite effect of what the international community intends, by effectively supplying Iran with the means to produce a nuclear weapon. Any agreement "doesn't block Iran's path to the bomb, it paves Iran's path to the bomb," Netanyahu said. "So why would anyone make this deal?"

Iran Calls Obama's 10-Year Nuclear Demand 'Unacceptable'
Arshad Mohammed | Reuters
Iran on Tuesday rejected as "unacceptable" U.S. President Barack Obama's demand that it freeze sensitive nuclear activities for at least 10 years, but said it would continue talks aimed at securing a deal, Iran's semi-official Fars news agency reported.

James Acton | Can Iran Sell a Nuclear Deal Domestically?

IAEA: Iran Still Withholding Key Information
Haaretz
The head of the United Nations' nuclear watchdog said on Monday Iran had still not handed over key information to his staff, and his body's investigation into Tehran's atomic programme could not continue indefinitely.

Iran Looking Into Developing Small Reactors
Tehran Times
"During the recent talks with U.S. negotiators in Geneva, U.S. Energy Secretary Ernest Moniz said Washington is also looking into the same strategy," AEOI chief Ali Akbar Salehi said.

Russia 'Ready to Repel Any Nuke Strike, Retaliate'
RT
"If there's a challenge to repel a lightning-fast nuclear strike in any given conditions – it will be done in fixed time, that's dead true," the Strategic Missile Forces Central Command's chief, Major-General Andrey Burbin, told Russian News Service on Saturday.

Andrew Weiss | Putin the Improviser

Educacao: o que sera' que o Brasil tem a aprender com os Brics, ou Rics? Tambem pergunto...

Vejo uma matéria dessas e fico me perguntando o que o Brasil teria a aprender, em matéria de educação superior, ou técnico-profissional com esses países que ele não poderia aprender com Alemanha, França, EUA, Japão, Reino Unido e outros países produtores de ciência e tecnologia de primeira qualidade.
Por que teríamos de multiplicar canais de cooperação com países de línguas não tradicionais -- russo e chinês, por exemplo -- quando a ampliação e reforço dos laços com países com os quais temos décadas de cooperação e intensos contatos culturais e turísticos podem ser feitos a um custo bem menos e com muito mais retorno do que com os ditos BRICS?
Eu sempre procuro medir qualquer coisa em termos de investimento e retorno, ou seja, o menor investimento e o maior retorno possíveis. Será que os BRICS passam no teste?
Eu sempre me pergunto essas coisas...
Deve ser mania...
Paulo Roberto de Almeida

Brics: países debatem cooperação multilateral na área de educação

Correio do Brasil, 2/3/2015 14:48
Por Redação, com ABr - de Brasília

Na área de educação profissional, o coordenador-geral de Planejamento e Gestão da Rede do MEC, Nilton Nélio Cometti, disse que um dos objetivos é compartilhar experiências dos cinco países
Na área de educação profissional, o coordenador-geral de Planejamento e Gestão da Rede do MEC, Nilton Nélio Cometti, disse que um dos objetivos é compartilhar experiências dos cinco países

Especialistas e representantes dos governos dos países do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estiveram reunidos em Brasília nesta segunda-feira para discutir propostas de cooperação multilateral em educação profissional e tecnológica, educação superior e desenvolvimento de metodologias conjuntas para indicadores educacionais, além dos princípios básicos para a criação de uma rede universitária do bloco.
As propostas serão encaminhadas ao ministro da Educação, Cid Gomes, e aos vice-ministros da África do Sul, Mduduzi Manana, da China, Yubo Du, da Índia, Satyanarayan Mohanty, e da Rússia, Alexander Klimov, que vão se reuniram à tarde no 2º Encontro dos Ministros de Educação do Brics. Nesta segunda-feira, ao final do encontro, os ministros assinaram a Declaração de Brasília com as principais decisões do grupo e recomendações para ações futuras na área,  informou o Ministério da Educação (MEC),.
Os temas debatidos foram educação superior, com foco em mobilidade de alunos e pesquisadores na pós-graduação, indicadores sociais de educação e propostas de cooperação em educação profissional e tecnológica. “A ideia  na parte da manhã foi trabalhar grupos técnicos com os especialistas de cada país. Os ministros receberão relatos dos especialistas para tomarem decisões políticas. Também houve encontros bilaterais entre representantes de universidades do bloco para no futuro desenvolver sistemas de mobilidade (acadêmica entre as instituições)”, disse a assessora internacional do MEC, Aline Schleicher.
Na área de educação profissional, o coordenador-geral de Planejamento e Gestão da Rede do MEC, Nilton Nélio Cometti, disse que um dos objetivos é compartilhar experiências dos cinco países no setor. No caso brasileiro, segundo ele, entre os pontos fundamentais estão orientar a oferta de cursos conforme as demandas do setor produtivo e atender às pessoas que realmente necessitam da educação profissional.
O encontro desta segunda avança nas discussões do plano de ação aprovado na 6ª Cúpula do Brics, em julho do ano passado, em Fortaleza, e da primeira reunião de ministros de Educação do bloco, que ocorreu em novembro de 2013, em paralelo à Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura, em Paris.

Renuncia de Dilma, em lugar de impeachment, para permitir a volta do chefe da quadrilha

Parece que o debate, nas hostes petistas, está saindo do terreno da defesa política da soberana para uma pressão por sua renúncia, de maneira a permitir o retorno do demiurgo.
Pelo menos é assim que interpreto o longo artigo, com longas citações, desse aliado fundamental do lulo-petismo no jornal do chamada chefe da quadrilha, mas que é apenas o subchefe, e que eu chamo de Stalin Sem Gulag (ainda bem, do contrário eu não estaria aqui escrevendo para vocês, mas em algum Gulag tropical).
Enfim, tudo isso tem a ver com o pavor dos petralhas de serem conduzidos à Papuda, e de soçobrar no pântano que eles mesmos criaram, por quadrilheiros, mafiosos, ladravazes.
A renúncia abriria a possibilidade de volta triunfal daquele que já foi chamado de Grande Apedeuta, e que é na verdade o capo di tutti i capi.
Assim vamos, de surpresa em surpresa.
Não deixa de ser interessante...
Paulo Roberto de Almeida 

Renúncia de Dilma, melhor que impeachment

Correio do Brasil, 2/3/2015 15:00
Por Celso Lungaretti, de São Paulo

Colunista comenta a hipótese de uma renúncia da presidenta Dilma seguida de novas eleições
Colunista comenta a hipótese de uma renúncia da presidenta Dilma seguida de novas eleições
A situação política brasileira assumiu feições de crise grave, no fim-de-semana, com a denúncia do advogado Modesto Carvalhosa, de que a presidenta Dilma e seu governo tentam proteger as empreiteiras envolvidas na corrupção e delitos revelados pela Operação Lava Jato. Quase ao mesmo tempo, o ex-secretário de imprensa durante a presidência de Lula, o jornalista Ricardo Kotscho no seu blog, num texto virulento pergunta se o governo Dilma está no fundo do poço ou se esse poço é sem fundo, depois de já ter escrito estar o governo Dilma caminhando para a autodestruição. 
Diante desse clima que se deteriora, agravado pela tendência da bancada petista de rejeitar os ajustes fiscais propostos pela presidenta, o sociólogo Demétrio Magnoli se pronuncia contra o impeachment, prejudicial para a imagem do Brasil, e defende uma renúncia da presidenta e do vice-presidente para serem realizadas novas eleições. Seria a oportunidade do retorno de Lula, mesmo porque na atual situação ninguém pode imaginar como se chegará até 2018.
Seguem as apreciações do colunista Celso Lungaretti, do Direto da Redação, o Editor.
Dilma seria levada a renunciar como Jânio?
Dilma seria levada a renunciar como Jânio?
Muito perdem os internautas ditos de esquerda ao desqualificarem, com intolerância extrema, personagens como o jornalista e sociólogo Demétrio Magnoli, que está longe de ser “um dos novos trombones da direita” (como o qualificou a revista IstoÉ), embora defenda posições questionáveis sobre o movimento estudantil e sobre as cotas raciais, por exemplo.
Exigir que todos se verguem a um pensamento único é coisa dos tempos de Stalin e de Hitler. Magnoli também dá estocadas contra a direita, e algumas delas são certeiras. Por que, simplesmente, não refletirmos sobre cada uma de suas posições, aceitando algumas e divergindo das outras?
Seu artigo A hora e a história é um interessante meio-termo entre a pregação direitista do impeachment de Dilma Rousseff e a defesa incondicional de um governo que, salta aos olhos, perdeu o controle da situação e está condenado (condenando-nos) a uma lenta agonia, ou coisa pior.
Ele rechaça o impedimento (“para não transformar o Brasil num imenso Paraguai”, retrocedendo “do estatuto de moderna democracia de massas ao de uma democracia oligárquica latino-americana”, e também porque “na nossa democracia, a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo”), mas, assim como eu, percebe os perigos que corremos, sendo golpe de estado o maior deles, caso continuemos submetidos ao “dilmismo, essa mistura exótica de arrogância ideológica, incompetência e inoperância”, que “o país não suportará mais quatro anos”.
Como alternativa, Magnoli propõe que, ao invés de pregarem o impeachment, os descontentes lancem a Dilma o repto “Governe para todos — ou renuncie”:
No atual estágio de deterioração de seu governo, a saída realista para Dilma é extrair as consequências do fracasso, desligando-se do lulopetismo e convidando a parcela responsável do Congresso a compor um governo transitório de união nacional. O Brasil precisa enfrentar a crise econômica, definir a moldura de regras para um novo ciclo de investimentos, restaurar a credibilidade da Petrobras, resgatar a administração pública das quadrilhas político-empresariais que a sequestraram. É um programa e tanto, mas também a plataforma de um consenso possível…
…Se a presidente, cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.
DILMA-2 ESTÁ SENDO “CENÁRIO DE TERRA ARRASADA”,
AVALIA RICARDO KOTSCHO
Um dos maiores jornalistas brasileiros das últimas décadas, quatro vezes vencedor do Prêmio Esso, Ricardo Kotscho sempre foi identificadíssimo com o PT e com Lula, a quem serviu como secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República.
O jornalista Ricardo Kotscho é amigo de Lula e conhece os bastidores da política
O jornalista Ricardo Kotscho é amigo de Lula e conhece os bastidores da política
Então, só um quadro político de extrema gravidade o levaria a escrever um artigo tão contundente como o que postou no seu blogue neste sábado, 28, vindo ao encontro dos meus alertas no mesmo sentido: desde a redemocratização, o Brasil nunca esteve tão ameaçado de uma volta ao totalitarismo. Leiam e reflitam.
PARA ONDE VAMOS, DILMA: 
FUNDO DO POÇO OU POÇO SEM FUNDO? 
Um clima de fim de feira varre o país de ponta a ponta apenas dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. Feirantes e fregueses estão igualmente insatisfeitos e cabisbaixos, alternando sentimentos de revolta e desesperança.
Esta é a realidade. Não adianta desligar a televisão e deixar de ler jornais nem ficar blasfemando pelas redes sociais. Estamos todos no mesmo barco e temos que continuar remando para pagar nossas contas e botar comida na mesa.
Nunca antes na história da humanidade um governo se desmanchou tão rápido antes mesmo de ter começado. Para onde vamos, Dilma? Cada vez mais gente acha que já chegamos ao fundo do poço, mas tenho minhas dúvidas se este poço tem fundo.
“O que já está ruim sempre pode piorar”, escrevi aqui mesmo no dia 5 de fevereiro, uma quinta-feira, às 10 horas da manhã, na abertura do texto “Governo Dilma-2 caminha para a autodestruição”.
dilma chateada“Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação. O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição”.
Pelas bobagens que tem falado nas suas raras aparições públicas, completamente sem noção do que se passa no país, melhor faria a presidente se continuasse em silêncio, já que não tem mais nada para dizer.
Três semanas somente se passaram e os fatos, infelizmente, confirmaram minhas piores previsões. Profetas de boteco ou sabichões acadêmicos, qualquer um poderia prever que a tendência era tudo só piorar ainda mais.
Basta ver algumas manchetes deste último dia de fevereiro para constatar o descalabro econômico em que nos metemos. Cada uma delas já seria preocupante, mas o conjunto da obra chega a ser assustador:
“Dilma sobe tributo em 150% e empresas preveem demissões”.
“País elimina 82 mil empregos em janeiro, pior resultado desde 2009″.
“Conta da Eletropaulo sobe 40% em março”.
“Bloqueio de caminheiros deixa animais sem ração — Na região sul, aves são sacrificadas em granjas, porcos ficam sem alimento e preço do leite deve subir”.
“Indicadores do ano apontam todos para a recessão”.
“Estudo da indústria calcula impacto de racionamento no PIB — Queda de 10% no abastecimento de gás, energia e água levaria à perda de R$ 28,8 bi”.
 As imagens mostram estradas que continuam bloqueadas por caminheiros, depois de mais de uma semana de protestos, agentes da Força Nacional armados até os dentes avançando sobre os manifestantes, produtores despejando nas ruas toneladas de latões de leite que ficaram sem transporte. O que ainda falta?
Enquanto isso, parece que as principais lideranças políticas do país ainda não se deram conta da gravidade do momento que vivemos, com a ameaça de uma ruptura institucional.
De um lado, o ex-presidente Lula, convoca o “exército do Stédile” e é atacado pelo Clube Militar por “incitar o confronto”; de outro, os principais caciques tucanos, FHC à frente, fazem gracinhas e se divertem no Facebook. Estão todos brincando com fogo sentados sobre um barril de pólvora. É difícil saber o que é pior: o governo ou a oposição. Não temos para onde correr.
A esta altura, só os mais celerados oposicionistas defendem o impeachment de Dilma e pregam abertamente o golpe paraguaio, ainda defendido por alguns dos seus aliados na mídia, que teria um final imprevisível.
O governo Dilma-2 está cavando a sua própria cova desde que resolveu esnobar o PMDB, e não adianta Lula ficar pensando em 2018 porque, do jeito que vamos, o país não aguenta até 2018.
Nem Dilma, em seus piores pesadelos, poderia imaginar este cenário de terra arrasada — ou não teria se candidatado à reeleição, da qual já deve estar profundamente arrependida.
DILMA PROTETORA DAS EMPREITEIRAS?
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, esteve sempre ao lado das boas causas, a ponto de haver sido preso três vezes pela ditadura no período 1969/71, como “membro auxiliar” da ALN e VPR.
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, militou contra a ditadura militar e foi preso como mem bro da resistência
O advogado Modesto Carvalhosa, 82 anos, militou contra a ditadura militar e foi preso como membro da resistência
Também se destacava por suas posturas e atitudes constestatórias, na linha da contracultura; liderou a primeira greve de professores e funcionários do ensino superior contra o regime militar, em 1977; teve participação destacada nas lutas pela anistia e pela preservação da natureza; e foi o organizador e coordenador d’O livro negro da corrupção (Paz e Terra, 1995 – leia o e-book aqui).
Então, é chocante a acusação frontal que, como especialista em Direito Econômico e mercado de capitais, faz à presidenta Dilma Rousseff, de estar querendo “proteger as empreiteiras” corruptoras cujos delitos vêm sendo devassados pela Operação Lava-Jato.
Quando leio coisas deste tipo, lembro-me da campanha simplista que outrora era feita contra brinquedos inspirados em filmes de bangue-bangue: “Hoje mocinho, amanhã bandido”. Pior ainda, na minha opinião, seria “hoje guerrilheira, amanhã amiguinha das empreiteiras”.
Celso Lungaretti, jornalista e escritor, foi resistente à ditadura militar ainda secundarista e participou da Vanguarda Popular Revolucionária. Preso e processado, escreveu o livro Náufrago da Utopia. Tem um ativo blog com esse mesmo título.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
 

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segunda-feira, 2 de março de 2015

Retratos Sul-Americanos: Perspectivas Brasileiras sobre História e Política Externa - livro coletivo

Novo livro prestes a ser publicado, não meu, mas coletivo, organizado por

Camilo Negri (UnB) e
Elisa de Sousa Ribeiro (coordenadores):



Retratos Sul-Americanos: Perspectivas Brasileiras sobre História e Política Externa
 
ÍNDICE

 A AMÉRICA LATINA NA ORDEM ECONÔMICA MUNDIAL, DE 1914 A 2014
Paulo Roberto de Almeida

“CLÁUSULAS DEMOCRÁTICAS” E TRANSCONSTITUCIONALISMO NA AMÉRICA DO SUL: UMA ANÁLISE BASEADA NA RUPTURA INSTITUCIONAL NO PARAGUAI
Carina Rodrigues de Araújo Calabria e Felipe Neves Caetano Ribeiro

O DESAFIO ESTÁ LANÇADO: O BRASIL EM BUSCA DA INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA SUL-AMERICANA (2000-2010)
Helen Miranda Nunes

PARADIGMAS DA ATUAÇÃO BRASILEIRA NO MERCOSUL
Elisa de Sousa Ribeiro e Felipe Pinchemel Cotrim dos Santos

RECOMPENSA, HONRA, SUBMISSÃO:  VERSÕES DA ENTRADA DO BRASIL NA SOCIEDADE DAS NAÇÕES
Mariana Yokoya Simoni

DA HESITAÇÃO À AFIRMAÇÃO: A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA PARA A REGIÃO PLATINA NA 2ª CHANCELARIA DE PAULINO JOSÉ SOARES DE SOUZA (1849-1853)
Hugo Freitas Peres

A INTERVENÇÃO BRASILEIRA DE 1851 NO URUGUAI: CONDICIONANTES, OBJETIVOS E RESULTADOS
Rafael Braga Veloso Pacheco

INTEGRAÇÃO E DIREITO AO DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA DO SUL
Alex Ian Psarski Cabral e Cristiane Helena de Paula Lima Cabral

LISTA DE AUTORES

Alex Ian Psarski Cabral
Doutorando em Direito Público Internacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal. Especialista em Direito do Estado e professor universitário.

Carina Rodrigues de Araújo Calabria
Doutoranda pela Universidade de Manchester, integrando o projeto “A Sociology of The Transnational Constitution”, financiado pelo European Research Council. Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília. Graduada em Relações Internacionais (FIR) e em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (UFPE).

Cristiane Helena de Paula Lima Cabral
Doutoranda em Direito Público Internacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal. Especialista em Direito Público e professora universitária.

Elisa de Sousa Ribeiro
Doutoranda e Mestre em Ciências Sociais com especialidade em Análise Comparativa das Américas pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação Sobre as Américas (CEPPAC) da Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito pelo UniCEUB. Vice-Líder do Grupo de Estudos do MERCOSUL, vinculado ao UniCEUB, e professora universitária.

Felipe Neves Caetano Ribeiro
 Diplomata. Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (2014). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010). Tem experiência na área de Direito Público, com pesquisa voltada para os mecanismos de diálogo entre o Direito Internacional Público e o Direito Constitucional, especialmente na América Latina e em seus processos de integração regional.

Felipe Pinchemel Cotrim dos Santos
Diplomata. Mestre em Direito Internacional pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e bolsista do governo francês Bourse d’excellence Eiffel no período de 2010-2011. Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBa).

Helen Miranda Nunes
Mestre em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Hugo Freitas Peres
Diplomata. Mestrando em Relações Internacionais na Universidade de Brasília e graduado em Relações Internacionais no Centro Universitário Curitiba.

Mariana Yokoya Simoni
Diplomata. Doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, Mestre em Ciências Sociais pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC/UnB), e bacharel em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais (IREL/UnB). Tem experiência nas seguintes áreas de pesquisa: História da Política Externa do Brasil, Proteção Internacional dos Direitos Humanos, Justiça de Transição na América Latina.

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata. Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico Foi professor no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília, diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) e, desde 2004, é professor de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). É editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional e autor de vários livros de relações internacionais e de diplomacia brasileira.

Rafael Braga Veloso Pacheco
Diplomata. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos, em Belo Horizonte.  Entre 2010 e 2013, em Brasília, foi servidor do quadro permanente do Ministério da Justiça, havendo, dentre outras atribuições, chefiado a Divisão de Medidas Compulsórias e ocupado o cargo de Assistente Técnico do Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça.

Desigualdade na América Latina: paper de Jeffrey Williamson (NBER)

Concordo com o Professor Jeffrey Williamson, um dos mais prestigiosos historiadores econômicos, ou melhor, economistas historiadores da atualidade. Estou lendo agora o seu livro de 2013:

Trade and Poverty: When the Third World Fell Behind


que é uma tentativa de explicar nosso atraso pelo fechamento de oportunidades de inserção na industrialização durante a segunda revolução industrial. Pode ser que tenha funcionado para a Índia, mas não estou muito convencido quanto à América Latina justamente, que me parece ter perdido oportunidades por erros próprios, que alguns países vem tentando corrigir agora (mas o Brasil ainda não entrou nessa). Se fosse por proteção, como explicam para o caso americano, deveríamos ser uma potência industrial, o que está longe de ser o caso.
Vamos ver este paper agora...
Paulo Roberto de Almeida

NBER
Latin American Inequality: Colonial Origins, Commodity Booms, or a Missed 20th Century Leveling?
Jeffrey G. Williamson
NBER Working Paper No. 20915
Issued in January 2015

Most analysts of the modern Latin American economy have held the pessimistic belief in historical persistence -- they believe that Latin America has always had very high levels of inequality, and that it’s the Iberian colonists’ fault. Thus, modern analysts see today a more unequal Latin America compared with Asia and most rich post-industrial nations and assume that this must always have been true. Indeed, some have argued that high inequality appeared very early in the post-conquest Americas, and that this fact supported rent-seeking and anti-growth institutions which help explain the disappointing growth performance we observe there even today. The recent leveling of inequality in the region since the 1990s seems to have done little to erode that pessimism. It is important, therefore, to stress that this alleged persistence is based on an historical literature which has made little or no effort to be comparative, and it matters. Compared with the rest of the world, inequality was not high in the century following 1492, and it was not even high in the post-independence decades just prior Latin America’s belle époque and start with industrialization. It only became high during the commodity boom 1870-1913, by the end of which it had joined the rich country unequal club that included the US and the UK. Latin America only became relatively high between 1913 and the 1970s when it missed the Great Egalitarian Leveling which took place almost everywhere else. That Latin American inequality has its roots in its colonial past is a myth.

Para ler na íntegra o ensaio :  http://www.nber.org/papers/w20915.pdf

Os nazistas islamicos: destruindo a civilizacao, simplesmente - Veja

Eu ia justamente falar da destruição dos budas gigantes de Bamian, perpetrada pelos talibans durante o seu governo no Afeganistã (antes de 2001), e o fato de que a comunidade internacional não pode fazer nada a esse respeito, a despeito de alguns protestos de praxe.
Como existe a tal de responsabilidade de proteger, que deveria aplicar-se igualmente a objetos da cultura, e não apenas a seres humanos, as potências que poderiam impedir isso deveriam talvez se mobilizar, tanto quanto para impedir genocídios.
Matar a cultura também é uma forma de genocídio.
Existe um Pacto Roerich, assinado ainda antes do funcionamento da ONU, em 1935, que visa proteger obras de arte em caso de conflitos armadas e conflagrações em geral, elaborado por este artista russo justamente depois de contemplar as imensas destruições causadas pela primeira guerra mundial, pela guerra civil na Rússia e por genocidas culturais como os nazistas dos anos 1930: a queima de livros pelos trogloditas hitleristas ocorreu logo após a tomada do poder pelo maluco nazista, em 1933.
Seria o caso de consultar esse Pacto e elaborar uma "Responsabilidade de Proteger" extensiva às obras culturais da humanidade.
Paulo Roberto de Almeida

A morte da civilização
Revista Veja, 4/03/2015

Os terroristas do Isis atacaram um museu no Iraque. Para eles, assassinar pessoas e destruir culturas serve ao mesmo propósito

Ao conquistarem a França e a Bélgica durante a II Guerra, os nazistas saquearam as obras de arte de famílias ricas, museus, palácios e igrejas. Quadros e objetos variados foram fotografados, catalogados e depois guardados em minas de sal com desumidificadores para que não sofressem com os bombardeios. As obras-primas preferidas por Adolf Hitler seriam expostas após a guerra em um museu na Áustria, seu país natal. Os terroristas do Estado Islâmico, grupo que desde o ano passado ocupa vastas áreas da Síria e do Iraque, são de uma linha diferente de genocidas. Na semana passada, quebraram a marretadas inúmeras peças do Museu de Mosul, no Iraque. Em um sítio arqueológico nos arredores da cidade, destruíram com furadeira estátuas de touros alados e com cabeça humana que guardavam as portas da cidade de Nínive, na antiga Assíria, entre o século IX a.C e o VII a.C. O touro alado de Mosul, era uma divindade que, na crença dos povos babilônicos, protegia as cidades de forças demoníacas. Enquanto os nazistas queriam substituir uma civilização por outra, o Estado Islâmico almeja expurgar qualquer vestígio civilizatório.
Na ideologia desse grupo, que tem um inegável aspecto religioso, devem-se seguir à risca os passos e as palavras de Maomé, que viveu nos séculos VI e VII. Na alucinante justificativa do militante que aparece no vídeo da destruição divulgado na internet, na quinta-feira passada, "o profeta nos ordenou que nos livrássemos de todas as estátuas e relíquias, e seus companheiros fizeram o mesmo quando conquistaram países depois dele". Segundo os fundamentalistas, não deve haver nenhum objeto que sirva de culto, mesmo sendo esse de uma sociedade extinta há milênios. O raciocínio é o mesmo usado peio Talibã, que em 2001 destruiu com dinamite e mísseis duas estátuas de Buda em Bamiyan, no Afeganistão. O que vem a seguir, de acordo com os membros do Estado Islâmico, é uma guerra contra "Roma". Na falta de um papa com um exército, a palavra poderia ser interpretada como sendo a Turquia, os Estados Unidos ou a Europa. A vitória islamista nessa guerra, que, segundo propaganda religiosa feita pelo Isis na internet, acontecerá em uma cidade perto de Aleppo, na Síria, dará início à contagem regressiva para o fim do mundo. Dar início ao apocalipse — esse é o objetivo do Estado Islâmico, e não a construção de uma nova sociedade. Daí a investida sem tréguas contra qualquer civilização, antiga ou moderna.
O vídeo da destruição no museu tem apenas cinco minutos, mas parece durar mais. Ao vê-lo, a reação mais comum é de aflição, incômodo. "Em muitas pessoas, as cenas de destruição no museu provocaram uma sensação parecida com aquela gerada pelos filmes de decapitação. Isso é a prova do simbolismo forte que a cultura tem para todos nós", diz o pesquisador de antiguidades americano Charles Jones, da Universidade Penn State. Ele completa: "Para os habitantes que tiveram de fugir de Mosul, a sensação de desamparo é ainda maior".
Um alento para quem se chocou com as cenas em Mosul está na ignorância dos terroristas. As primeiras estátuas jogadas ao chão pela turba do museu não eram originais, mas réplicas de gesso. Leves, caíram vagarosamente no chão. Algumas até acabaram expondo as barras de metal que lhes davam estrutura. Depois da invasão americana do Iraque em 2003, organizações internacionais decidiram levar os originais para lugares seguros, entre eles o Museu Britânico, em Londres. Infelizmente, não foi isso que aconteceu com os touros alados de Nínive, pesados demais. Outras peças haviam sido saqueadas previamente para ser vendidas no mercado negro de arte.
O que espanta ainda mais é que ações desse tipo não são perpetradas por uma tribo distante que só agora tomou conhecimento do que é uma sociedade desenvolvida. Mais de 20 000 estrangeiros (que não são sírios ou iraquianos) já se juntaram às fileiras do Estado Islâmico. Os que foram criados em nações ricas são os que mais carregam consigo o ímpeto de destruir qualquer referência à modernidade e a outras culturas. Entre os terroristas vindos da Europa está um homem que foi apelidado de John Jihadista. Com roupas negras e balaclava cobrindo o rosto, ele aparecia com frequência falando com sotaque inglês nos vídeos do Estado Islâmico. Neles, John Jihadista cortou a cabeça de jornalistas e agentes humanitários. Na semana passada, sua identidade foi revelada. Seu nome é Mohammed Emwazi. Nascido no Kuwait, ele cresceu em Londres. Formou-se em ciências da computação pela Universidade Westminster e sonhava em integrar a milícia islâmica Al Shabab, na Somália, filiada à Al Qaeda. Em uma viagem à Tanzânia, foi detido e deportado para a Inglaterra. Em 2012, viajou para a Síria e se juntou ao Estado Islâmico. Com mais dois ingleses, tomava conta dos reféns do grupo. O trio era chamado de "The Beatles" pelos próprios terroristas.

Com reportagem de Paula Pauli