O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Gustavo Franco: "O governo acabou, mas ainda nao percebeu isto" - entrevista O Financista

Entrevista: Brasil continua a ser o país do futuro, diz Gustavo Franco

O Financista, em 24/02/2016 12:36

A O Financista, ex-presidente do BC diz que governo Dilma lembra José Sarney no fim do mandato

Gustavo Franco: "Tudo leva a crer que vamos para uma espécie de 'feijão com arroz', à semelhança do que foi a segunda metade da presidência José Sarney" (Rio Bravo/Divulgação)
Gustavo Franco: "Tudo leva a crer que vamos para uma espécie de 'feijão com arroz', à semelhança do que foi a segunda metade da presidência José Sarney" (Rio Bravo/Divulgação)
SÃO PAULO - Em meio à maior depressão econômica documentada desde o início do século 20, o ex-presidente do Banco Central (1997-1999) e um dos sócios-fundadores da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco, resume assim o quadro desolador: "O Brasil continua a ser o país do futuro."
Em entrevista a O Financista, o economista, autor de 14 livros publicados, falou sobre os problemas causados por um "governo desastroso" que culminam em um "tempo perdido, que não se recupera".
"Faço votos para que esta experiência lamentável de fracasso do 'pensamento alternativo' seja como a dos 'choques heterodoxos', que foram banidos do dicionário das coisas sérias em economia", afirma ele, que teve participação relevante na formulação do Plano Real (1994). Além de presidente do BC, Franco foi secretário adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda.

Quer começar o dia bem informado?

Espresso Financista. Leitura obrigatória para quem quer ficar pronto para o dia.
Veja, abaixo, a entrevista concedida por e-mail:
O Financista: Primeiro veio a Constituição de 1988, depois a abertura da economia no início dos anos 1990, a estabilização da moeda e a vitória sobre a inflação graças ao Plano Real e, mais recentemente, a ampliação das políticas sociais. Feita a contextualização, para onde o Brasil caminha agora?
Gustavo Franco: Caminharia para consolidar esses progressos, alguns dos quais pela metade ainda (instituições fiscais e dívida pública) e outros ainda muito no começo (abertura). A dívida pública é imensa, um peso enorme sobre o país, e o Brasil continua a ser o país mais fechado do mundo. Reformas de verdade no setor real, aquelas que vão mexer com a produtividade, como a trabalhista, tributária, além de abertura para valer, nem começaram. O Brasil continua a ser o país do futuro.
O Financista: Parte dos problemas fiscais parece decorrer de questões estruturais, mais ligadas à rigidez do gasto em meio a uma Constituição muito em favor do Estado de bem-estar social. Seria o caso de rever elementos da Constituição para garantir maior solidez das contas públicas? Como sanear a questão fiscal?
Franco: Não sei bem o que são essas coisas “estruturais” e misteriosas sempre a impedir a responsabilidade fiscal. O país teve superávit primário de 3,5% do PIB em média durante uma década (1998-2008): o que aconteceu em 2008 de tão “estrutural” para desarrumar a casa?
O Financista: O Banco Central está em dominância fiscal?
Franco: Sim, estamos em uma situação onde a dívida pública é grande demais para permitir juros de primeiro mundo.
O Financista: Há cerca de cinco anos, quando o entrevistei, o senhor comparou a política econômica do governo petista com um relógio quebrado (capaz de acertar a hora uma vez por dia) em alusão aos gastos do governo em tempos de crise. O que representam os rebaixamentos de rating do Brasil? Há o temor de retomada da "gastança" em caso de volta dos "anos de bonança"?
Franco: Acho que me enganei: é um relógio que marca as horas de forma errada, é pior do que ficar parado, pois não acerta nem mesmo uma vez. Faço votos para que esta experiência lamentável de fracasso do “pensamento alternativo” seja como a dos “choques heterodoxos”, que foram banidos do dicionário das coisas sérias em economia.
O Financista: Os anos de paralisia na atividade econômica reduziram drasticamente o PIB potencial? Quais as consequências?
Franco: O prejuízo permanente decorre de um tempo perdido, que não se recupera. O investimento que não se fez, em capital físico e humano, até pode ser feito no futuro, mas o atraso é para sempre.
O Financista: O Fed começou a subir o juro, ainda que de maneira gradual. Enquanto isso, o Banco Central Europeu e o BC japonês continuam a estender as políticas monetárias expansionistas. Essa descoordenação pode criar algum tipo de distorção prolongada nos mercados internacionais?
Franco: Não creio. São movimentos tectônicos que já surtiram seus efeitos, que não são relevantes para nós. Nossos problemas são domésticos, causados por um governo desastroso que vai produzir a maior depressão econômica desde quando as contas nacionais começaram a rodar no início do século 20.
O Financista: Pensando na hipótese de que o Brasil continua sem ajuste fiscal, apenas com uma coisa ou outra, como vamos chegar em 2018? E qual será o passo inicial de um novo governo?
Franco: Tudo leva a crer que vamos para uma espécie de “feijão com arroz”, à semelhança do que foi a segunda metade da presidência José Sarney, quando o governo não tinha poderes, nem imaginação para enfrentar a crise e, em razão disso, preferiu submergir na rotina do dia a dia e não inventar nada. Era uma forma de vestir como opção a ausência de opções, ou de disfarçar o fato de que o governo tinha se esgotado antes do fim de seu mandato. É o que temos agora.

O keynesianismo militar e cientifico do antikeynesiano Ronald Reagan - Glenda Elizabeth Gilmore, Thomas J. Sugrue

Today's selection -- from These United States: A Nation in the Making 1890 to Present by Glenda Elizabeth Gilmore and Thomas J. Sugrue.
 
Though he famously stated the "government is the problem" in his first inaugural speech, President Ronald Reagan presided over one of the largest escalations of government spending in U.S. history and gave an enormous boost to technology research in the process. Government spending under Reagan gave an indispensable boost to the rise of high tech centers such as Route 128 corridor outside Boston, the Research Triangle in North Caro­lina, and the semiconductor center of Austin, Texas. In fact, by the end of the 1980s, 40 percent of all research and development in the computing industry was federally funded and university computer science programs received 83 percent of their funding from the U.S. government:

"Reagan began by significantly increasing defense spending, one of the pri­orities in his first budget. It rose from 5.3 to 6.4 percent of the gross domes­tic product between 1981 and 1989. The administration channeled funds into constructing expensive new bombers, including research for a high-tech 'stealth' bomber that would evade conventional radar. Reagan also autho­rized the deployment of 572 new intermediate-range nuclear missiles in Western Europe, within easy striking distance of the Soviet Union. ...

"In early 1983 the Reagan administration's relations with the Soviets were icier than ever, and the president escalated the war of words. He con­tinued to assert that the USSR was on the brink of military supremacy, despite mounting evidence that the Soviet regime was weak and unpopular, its military technologies inferior, and its economy in crisis. In a speech before the National Association of Evangelicals in March, Reagan spoke of 'sin and evil in the world' and pointed to the Soviet Union as an 'evil empire.' He denounced the nuclear freeze as 'a very dangerous fraud.'

"That same month, Reagan announced the Strategic Defense Initiative (SDI), calling for the creation of a space 'shield' of X-rays and lasers to protect the United States from incoming nuclear missiles. ... Budget hawks argued chat SDI would be an expensive boondoggle, costing as much as a trillion dollars. But Reagan did not let it go. The program would survive until the early 1990s, when the Bush administration and Congress dramatically cut funding for the program to balance the federal budget.

"The Clinton admin­istration would dismantle it in 1993. One of the unintended consequences of the arms buildup was that it stimulated a boom in research and development and military technology. Suburban Boston, Silicon Valley, and Los Angeles were flush with federal dollars, pulling them out of the economic slump sooner than most of the rest of the country. Federal spending also launched a high-tech economy. Universities introduced student-accessible computer centers in the early 1980s, the personal computer went from a novelty item to a mass-produced necessity in less than ten years, and microchips transformed everyday elec­tronics. The number of jobs for electrical engineers and computer scien­tists skyrocketed. By the early 1990s, local area networks and the Internet began connecting computers into what would be later named the World Wide Web.

"The rise and success of American high-tech industries did not result from tax cuts and deregulation. In fact, no American industries relied more on government spending than did computing, electrical engineering, and communications equipment. ... Between 1982 and 1988, federal research and develop­ment spending nearly doubled. By the decade's end, 40 percent of all research and development in the computing industry was federally funded; nearly half of communications technology research -- including the systems that were the basis of the Internet -- came from the federal government. Government programs also bankrolled university laboratories, computer science, and electrical engineering. In 1985 alone, computer science pro­grams received 83 percent of their funds from the federal government."

These United States: A Nation in the Making, 1890 to the Present
Author: Glenda Elizabeth Gilmore and Thomas J. Sugrue
Publisher: W. W. Norton & Company
Copyright 2015 by Glenda Elizabeth Gilmore and Thomas J. Sugrue
Pages 556-558