Colunista de VEJA.com, colaborador da edição impressa e apresentador do Roda Viva. Foi redator-chefe de VEJA e diretor de redação das revistas Época e Forbes e dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora. Autor do livro 'Minha Razão de Viver - Memórias de Samuel Wainer'.Com o fim da política externa da canalhice, o Itamaraty recuperou a vergonha e o Brasil se livrou do papel de grandalhão idiota subordinado aos anões bolivarianosA drástica mudança de rota anunciada pelo chanceler José Serra implodiu a opção preferencial pela infâmia que envergonhou o país decente por mais de 13 anosAugusto Nunes 20/05/2016Lula com o iraniano Ahmadinejad em 21 de novembro de 2009 e Dilma Rousseff com o venezuelano Maduro em 9 de maio de 2013O pedido de socorro remetido por Dilma Rousseff à comunidade internacional foi ouvido por cinco países da série D ─ Cuba, Nicarágua, Bolívia, Venezuela e Equador ─ e duas organizações regionais: Alba e Unasul. A isso se resumiu a aliança com a qual a presidente de férias no Palácio da Alvorada pretendia neutralizar o golpe imaginário e voltar ao emprego: uma ditadura caribenha, uma irrelevância centro-americana, três vizinhos bolivarianos e duas siglas inúteis. Sete anões. Com a adesão de El Salvador, segundo baixinho da América Central a meter-se em assunto de gente grande, os sete viraram oito. Ou sete e meio.Dilma viu no punhado de pigmeus insolentes a perfeita tradução da "indignação internacional diante da farsa aqui montada". Governantes de nações civilizadas, que têm mais o que fazer, só conseguiram ver um tedioso esperneio de cúmplices da nulidade demitida com a aplicação de normas constitucionais. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, viu um bando de embusteiros insones com a suspeita de que uma das primeiras vítimas da troca de governo seria a política externa da cafajestagem. E decidiu mostrar com quantas palavras se desfaz um desfile de bravatas.Bastaram duas notas oficiais e meia dúzia de declarações para calar o coro dos cucarachas. Nesta quarta-feira, em seu discurso de posse, o chanceler concluiu o desmonte da usina de falsidades. Como constatou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o país que presta não vai mais envergonhar-se com a submissão do Itamaraty aos velhacos da seita lulopetista e aos matusaléns do Foro de São Paulo. "A política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido", resumiu Serra ao anunciar a prioridade número 1.A prioridade número 2 formalizou a retomada da defesa sistemática dos direitos humanos, da democracia e da liberdade "em qualquer país e qualquer regime político". Que se cuidem, portanto, os gigolôs da diplomacia do cinismo, nascida do acalamento incestuoso de stalinistas farofeiros do PT e nacionalistas de gafieira do Itamaraty — uns e outros ainda sonhando com a Segunda Guerra Fria que destruirá para sempre o imperialismo ianque. Em janeiro de 2003, acampado na cabeça baldia de Lula, o aleijão que pariram subiu a rampa do Planalto.Nos oito anos seguintes, fantasiado de potência emergente, o Brasil acanalhado pela revogação de valores morais eternos não perderia nenhuma chance de reafirmar a opção preferencial pela infâmia. O governo Lula acoelhou-se com exigências descabidas do Paraguai e do Equador, suportou com passividade bovina bofetadas desferidas pela Argentina, hostilizou a Colômbia democrática para afagar os narcoterroristas das FARC, meteu o rabo entre as pernas quando a Bolívia confiscou ativos da Petrobras e rasgou o acordo para o fornecimento de gás.Confrontado com bifurcações ou encruzilhadas, nunca fez a escolha certa. E frequentemente se curvou a imposições de parceiros vigaristas. Quando o Congresso de Honduras, com o aval da Suprema Corte, destituiu legalmente o presidente Manuel Zelaya, o Brasil se dobrou às vontades de Hugo Chávez. Decidido a reinstalar no poder o canastrão que combinava um chapelão branco com o bigode preto-graúna, convertido ao bolivarianismo pelos petrodólares venezuelanos, Chávez obrigou Lula a transformar a embaixada brasileira em Tegucigalpa na Pensão do Zelaya.Para afagar Fidel Castro, o governo deportou os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, capturados pela Polícia Federal quando tentavam fugir para a Alemanha pela rota do Rio. Entre a civilização e a barbárie, o fundador do Brasil Maravilha invariavelmente cravou a segunda opção. Com derramamentos de galã mexicano, prestou vassalagem a figuras repulsivas como o faraó de opereta Hosni Mubarak, o psicopata líbio Muammar Kadafi, o genocida africano Omar al-Bashir, o iraniano atômico Mahmoud Ahmadinejad e o ladrão angolano José Eduardo dos Santos.Coerentemente, o último ato do mitômano que se julgava capaz de liquidar com conversas de botequim os antagonismos milenares do Oriente Médio foi promover a asilado político o assassino italiano Cesare Battisti. Herdeira desse prodígio de sordidez, Dilma manteve o país de joelhos e reincidiu em parcerias abjetas. Entre o governo constitucional paraguaio e o presidente deposto Fernando Lugo, ficou com o reprodutor de batina. Juntou-se à conspiração que afastou o Paraguai do Mercosul para forçar a entrada da Venezuela. Rebaixou-se a mucama de Chávez até a morte do bolívar-de-hospício que virou passarinho. Para adiar a derrocada de Nicolás Maduro, arranjou-lhe até papel higiênico.Ao preservar a política obscena legada pelo padrinho, a afilhada permitiu-lhe que cobrasse a conta dos negócios suspeitíssimos que facilitou quando presidente, sempre em benefício de governantes amigos e empresas brasileiras bancadas por financiamentos do BNDES. Disfarçado de palestrante, o camelô de empreiteiras que se tornariam casos de polícia com a descoberta do Petrolão ganhou pilhas de dólares, um buquê de imóveis e a gratidão paga em espécie dos países que tiveram perdoadas suas dívidas com o Brasil. Fora o resto.Enquanto Lula fazia acertos multimilionários em Cuba, Dilma transformava a Granja do Torto na casa de campo de Raúl Castro, também presenteado com o superporto que o Brasil não tem. Ela avançava no flerte com os companheiros degoladores do Estado Islâmico quando a Operação Lava Jato começou. Potencializada pela crise econômica, a maior roubalheira da história apressou a demissão da mais bisonha governante do mundo.Os crápulas que controlavam o Itamaraty hoje descem ao lado da chefe a ladeira que conduz ao esquecimento. "O Brasil vai perder o protagonismo e a relevância mundial", miou Dilma nesta quinta-feira. O que o país perdeu foi o papel que desempenhou desde 2003: o de grandalhão idiota e obediente aos anões da vizinhança. A recuperação da altivez há tanto tempo sumida vai antecipar a colisão entre o Brasil e os populistas larápios, os ditadores assumidos e os tiranos ainda no armário que prendem quem discorda, assassinam oposicionistas e sonham com a erradicação do Estado de Direito.O compadrio vergonhoso acabou. Os incomodados que se queixem ao bispo. Ou a Dilma, caso a desterrada do Alvorada esteja por lá. Ou a Lula, se o parteiro da Era da Canalhiceainda estiver em liberdade
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 2 de junho de 2016
Fim da política externa da canalhice - Augusto Nunes
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Mario Vargas Llosa: 80 anos de liberdade - Instituto Palavra Aberta
Paulo Roberto de Almeida
Vídeo da palestra Mario Vargas Llosa – 80 anos: histórias de liberdade
Mario Vargas Llosa
Assista o vídeo da palestra Mario Vargas Llosa – 80 anos: histórias de liberdade, realizada recentemente no auditório do Insper, em São Paulo, que ficou completamente lotado de fãs e convidados.
Assista o vídeo!
O futuro da China - David Shambaugh (NYT)
Paulo Roberto de Almeida
Asia Pacific
Q. and A.: David Shambaugh on ‘China’s Future’
terça-feira, 31 de maio de 2016
Quando a politica americana era extremamente corrupta - Delanceyplace
Nos EUA, também, o sistema plutocrático era altamente corrupto.
Mais uns 50 anos, vamos também melhorar...
Paulo Roberto de Almeida
Today's selection -- from Chester Alan Arthur by Zachary Karabell.
After the Civil War, graft and corruption became pervasive in American politics at every level. In addition to illegal graft, there was a huge and entirely legal system of patronage, whereby tens of thousands of jobs were given to loyal members of the victorious party in exchange for political contributions or "assessments":
"Cities were kept together by political machines, which were tight-knit organizations that corralled votes, collected a percentage of profits, and kept the peace. The machine was epitomized by Tammany Hall in New York City and its majordomo, William Marcy Tweed, a Democratic boss surrounded by a sea of Republicans. More than any mayor, 'Boss' Tweed ran New York. His men greeted immigrants as they stepped ashore in lower Manhattan, offered them money and liquor, found them work, and in return demanded their allegiance and a tithe. Supported by Irish Catholics, who made up nearly a quarter of New York's population, Tweed held multiple offices, controlled lucrative public works projects (including the early plans for Central Park), chose aldermen, and herded voters to the polls, where they drunkenly anointed the Boss's candidates. Immortalized even in his own day by the rapier pen of Thomas Nast (has there ever been a political cartoonist who did more to define an era?), Tweed was gone by 1872, forced out and prosecuted, but the system kept going. Every city had its machine, and counties did as well. National politics was simply the apex of the pyramid that rested on local bosses and layers of graft.
Political cartoon by Thomas Nast
"It was a system of patronage, first and last. It had been dubbed the spoils system earlier in the nineteenth century, because to the victor of elections went the spoils of patronage -- jobs could be doled out to supporters in return for their vote come Election Day. In the years after the Civil War, the number of government jobs grew, and so did the spoils system. Even the powerful members of the U.S. Senate were part of the patronage game, because they were not directly elected but instead chosen by the state legislatures, which were themselves an outgrowth of local machine politics. Elections were hotly contested not over principle but over the power of appointment that winning conferred. Senators could appoint a variety of officials at both the federal and state levels. Tens of thousands of jobs were at stake, and these jobs paid salaries, usually quite handsome salaries by the standards of the day. In return for being appointed, officials were expected to make monetary contributions to the party, and their contributions then funded the next round of campaigning.
"The contributions were known as assessments. There was nothing secretive or shadowy about them. The assessments were set by party leaders, and letters were sent each year and during each election cycle to all salaried civil servants specifying the amount they were expected to contribute. It was a self-perpetuating cycle. Win an election, appoint bureaucrats, judges, administrators, and then use them to pay for the next election. That is why party organizations were so powerful, and why the presidency, even with its executive powers curtailed, remained a plum position. As chief executive, the president had the ultimate power of patronage. Senators decided who would occupy most of the appointments for federal offices in their states, and governors did the same for state officials. But the president of the United States appointed the postmaster general. The postal service, with a branch in every city, town, and village, comprised nearly half the federal bureaucracy, or nearly thirty thousand employees by the 1870s, all of whom could be fired or hired after each presidential election. The president also chose the secretary of the Treasury, who headed the second largest federal agency, and the one responsible for overseeing the customhouses of major ports such as Boston, Baltimore, and New York.
"Jockeying for these offices was intense. Party seniority played a part, but major appointments were also used to reward friends and to penalize foes. ... Each national election was a patronage contest. Leaders who could most effectively mobilize their networks and raise the most money through assessments tended to emerge victorious, which of course allowed them to consolidate their power and become that much more entrenched."
Chester Alan Arthur: The American Presidents Series: The 21st President, 1881-1885
Author: Zachary Karabell
Publisher: Times Books
Copyright 2004 by Zachary Karabell
Pages 6-9
Quer resistir ao golpe de 2016? Compre o livro de 450 paginas da "resistencia"...
"A Resistência ao Golpe de 2016" narra a história do processo de impeachment da presidente afastada
A presidente Dilma Roussef foi ovacionada em sua chegada à Universidade de Brasília (UnB), na noite desta segunda-feira (30/5) para o lançamento do livro "A Resistência ao Golpe de 2016". Publicada pela Editorial Praxis, a obra, de 450 páginas, reúne textos que analisam o processo de impeachment da petista.
Estão presentes no livro relatos de advogados, professores, políticos, jornalistas, cientistas políticos e líderes de movimentos sociais, como o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o teólogo e escritor Leonardo Boff, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, e o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/05/30/internas_polbraeco,534121/multidao-recebe-dilma-na-unb-para-lancamento-de-livro.shtml
PRA: Enfim, os suspeitos de sempre...
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Hipolito da Costa e o nascimento do pensamento economico no Brasil - Paulo Roberto de Almeida
Sumário:
Leia a íntegra neste link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/834HipolCostaPensamEconBr3.pdf
Ciencia: Brasil so produz lixo academico? - Rogerio Cerqueira Leite (FSP)
Mas, voltando ao artigo, ele só reforça minha percepção -- mas fundamentada no que observo em contato com esse meio bizarro -- de que as universidades brasileiras são basicamente IMPRODUTIVAS, com muito poucas exceções.
Alguém vai me contestar?
Apresente dados, como esses do cientista da UniCamp, aliás sempre muito simpático aos gramscianos da academia (pode ser que tenha mudado nos últimos tempos).
Paulo Roberto de Almeida
Produção científica e lixo acadêmico no Brasil
Rogério Cezar de Cerqueira Leite
Folha de S.Paulo, 06/01/2015
Dois artigos publicados recentemente pela revista britânica "Nature", especializada em ciência, deixam o Brasil e, em especial, a comunidade acadêmica brasileira, profundamente envergonhados.
A "Nature" nos acusa, em primeiro lugar, de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações.
Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a "Nature" generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico.
O segundo golpe humilhante para a ciência brasileira exposto pela revista se refere à eficiência no uso de recursos aplicados à pesquisa. Dentre 53 países analisados, o Brasil está em 50º lugar. Melhor apenas que Egito, Turquia e Malásia.
Tomemos um exemplo. O Brasil publicou 670 artigos em revistas de grande prestígio, enquanto no mesmo período o Chile publicou 717, nessas mesmas revistas. O dado profundamente inquietante é que enquanto o Brasil despendeu em ciência US$ 30 bilhões, o Chile gastou apenas US$ 2 bilhões.
Quer dizer, o Chile, que aliás não está entre os primeiros em eficiência no mundo científico, é 15 vezes mais eficiente que o Brasil. Alguma coisa está errada, profundamente errada. A academia brasileira, isto é, universidades e institutos de pesquisas produzem mais pesquisa de baixa do que de boa qualidade e as produz a custos muito elevados. Há certamente causas, talvez muitas, para essa inadequação.
A primeira decorre de um "distributivismo" demagógico. É evidente que seria desejável que novos centros de pesquisas se desenvolvessem em regiões ainda não desenvolvidas do país. Mas é um erro crasso esperar que uma atividade de pesquisas qualquer venha a desenvolver economicamente uma região sem cultura adequada para conviver com essa pesquisa.
Seria desejável que investimentos maciços fossem aplicados em pesquisas em instituições localizadas em regiões pouco desenvolvidas, mas cujo meio ambiente é capaz de absorver os benefícios dessa inserção.
O segundo mal que é causa inquestionável da diminuta e dispendiosa produção de conhecimento é o obsoleto regime de trabalho que regula a mão de obra do setor de pesquisas em universidades públicas e na maioria dos institutos.
O pesquisador faz um concurso –frequentemente falsificado– no começo de sua carreira. Torna-se vitalício. Quase sempre não precisa trabalhar para ter aumento de salário e galgar postos em sua carreira. Ora, qual seria, então, a motivação para fazer pesquisas?
O terceiro problema é o sistema de gestão de universidades públicas e instituições de pesquisa, cuja burocracia soterra qualquer iniciativa dos poucos bem-intencionados professores e pesquisadores que ainda não esmoreceram.
Pois bem. Há uma fórmula que evita todos esses males e que já foi experimentada com sucesso em algumas das instituições científicas do Brasil: a organização social. A resistência dos medíocres e parasitas e a falta de coragem política de algumas de nossas autoridades impedem a solução desse problema.
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha.