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sábado, 17 de outubro de 2020

China is set to end absolute poverty by 2020 - Paulo Roberto de Almeida, CGTN

A eliminação da pobreza na China

Paulo Roberto de Almeida

 O extraordinário feito da sociedade chinesa deve ser saudado no seu mérito próprio e nos seus resultados práticos: PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE, uma realização dessas dimensões ocorre num espaço de tempo inferior a duas gerações, num país de mais um bilhão de habitantes, com mais ou menos 800 milhões de pobres 40 anos atrás. Esse feito vai figurar para sempre nos livros de história econômica e deve ser reconhecido como uma realização de todo o povo chinês, circunstancialmente guiado por um Estado autocrático e pela ditadura de um partido único.

Mas, objetivamente, pouco do que foi feito não poderia ter sido igualmente realizado por qualquer democracia capitalista, por qualquer regime político democrático de mercado, que decidisse, democraticamente, eliminar a pobreza absoluta de seu território.
Afinal, o que, finalmente, fez o “comunismo” chinês?: forneceu, pelo Estado, educação básica à totalidade da população (uma obrigação fundamental de qualquer Estado civilizado, e a China é um, há milhares de anos), proveu infraestrutura essencial, e de qualidade, para o funcionamento de uma economia DE MERCADO, e, sobretudo, LIBEROU AS ENERGIAS DO POVO CHINÊS, para que ele mesmo criasse sua própria riqueza.
A assistência estatal para arrancar de uma miséria abjeta um pequeno grupo de aldeias isoladas em regiões recuadas é puramente acessória ao esforço principal conduzido em bases de economia DE MERCADO.
Foi isso que fez o “comunismo” chinês, algo ao alcance de qualquer país capitalista digno desse nome. Deveria também ser possível em qualquer grande democracia política, como, por exemplo, Brasil, Índia ou África do Sul.
Por que isso não ocorre nesses países?
Vou arriscar minha resposta: por corrupção, egoísmo e mediocridade de elites predatórias, mais interessadas em satisfazer suas ambições mesquinhas do que em alçar seus respectivos países à condição de nações civilizadas. Complemento: uma parte da culpa também cabe às corporações de Estado de comportamento igualmente predatório, sem qualquer ética do serviço público, como podem eventualmente exibir os atuais mandarins do Estado chinês, que são, em grande parte, funcionários do Partido Comunista da China.
Termino por uma saudação irônica: parabéns ao Partido Comunista Capitalista da China, por esse feito extraordinário na história da civilização chinesa.

Vamos ser um pouco mais claros sobre o extraordinário feito da China de eliminação da pobreza absoluta em pouco menos de duas gerações para mais ou menos 800 milhões de pobres daquele grande Estado milenar, circunstancialmente sob a ditadura de um partido formalmente comunista, um pequeno parênteses de meros 70 anos de regime ditatorial em séculos de autocracia política, o famoso “despotismo oriental” de que falavam Max Weber e Karl Wittfogel.
O itinerário da China é virtualmente impossível de ser reproduzido por outros grandes paises muito pobres, formalmente democráticos, mas com democracias políticas de baixíssima qualidade, como o Brasil e a Índia, que contam, além de tudo, com elites predatórias.
Mas alguns ensinamentos são replicáveis por quaisquer elites conscientes e bem intencionadas: educação universal de boa qualidade, infraestrutura idem, sobretudo saneamento universal efetivo, regras claras e estáveis nas políticas macroeconômicas básicas (fiscal, monetária e cambial), políticas setoriais favorecendo grande competição no plano microeconômico, boa governança (sobretudo justiça funcional garantindo direitos de propriedade), abertura econômica, liberalização comercial e atração de investimentos estrangeiros, mas sobretudo LIBERDADES ECONÔMICAS para que a própria população crie a sua riqueza.
Foi isso o que o Partido Comunista da China, guiado por mandarins esclarecidos, fez pelo povo chinês.
Não deveria ser difícil de repetir em democracias de mercado.
A menos, claro, que suas elites econômicas sejam especialmente medíocres e seus dirigentes políticos particularmente predatórios.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17/10/2020
China is set to end absolute poverty by 2020, what's next?
By Zhao Hong
CGTN, 19:18, 17-Oct-2020

https://news.cgtn.com/news/2020-10-17/China-is-set-to-end-absolute-poverty-by-2020-what-s-next--UF1rzv5WH6/index.html?fbclid=IwAR04VIc_gd5kyeGGVn73VZnbfuss6AQI1r3odfsv-sj3mB57nKPTgKO4NlQ

October 17 marks China's National Poverty Relief Day, a reminder that the country has reached the final stage of its mission to eradicate extreme poverty by the end of 2020.

With only 75 days left for the year, how far is China from achieving that goal and what's next?

Most provinces and regions have already been declared free of absolute poverty. 

By the end of 2019, the number of poor rural residents in the country plunged from 98.99 million in 2012 to 5.51 million in 2019, showed data from China's National Bureau of Statistics.

And the number of impecunious counties in China has fallen from 832 in 2015 to 52 in 2019, according to the State Council Leading Group Office of Poverty Alleviation and Development.

In 2020, 52 poverty-stricken counties in seven provinces and regions became key poverty-eradication battlegrounds. Some of them have met the standards for gaining the poverty-free status, while others are set to accomplish the goal in the next two to three months.

2020 is the final year of China's new round of anti-poverty drive, which started in 2012 with the aim to end domestic poverty before 2021, the centenary of the founding of the Communist Party of China (CPC).

The sweeping campaign to defeat rural poverty was part of building a moderately and comprehensively prosperous society.

But 2020 has been no ordinary year for China and the world. COVID-19 epidemic coupled with floods in southern China posed daunting challenges to the national fight against penury.  

Chinese President Xi Jinping stressed at a symposium on securing a decisive victory in poverty alleviation in March that lifting all rural residents living below the current poverty line out of poverty by 2020 is a solemn promise made by the CPC Central Committee, and it must be fulfilled on time.

The present poverty eradication goals consist of not only eliminating all instances of absolute poverty on schedule, but also consolidating the achievements of poverty reduction efforts, ensuring that people who have gotten out of poverty do not fall back into it.

"Being lifted out of poverty is not an end in itself but the starting point of a new life and a new pursuit," Xi said at the poverty alleviation symposium, emphasizing the need to synchronize poverty alleviation with rural revitalization.

After China achieves building a moderately prosperous society in all respects, it must make all-out efforts to advance rural revitalization to further address issues such as the urban-rural imbalance, Xi said during an inspection tour to Sanjia Village in Tengchong CIty, southwest China's Yunnan Province in January. 

Liu Yongfu, director of the State Council Leading Group Office of Poverty Alleviation and Development, highlighted that poverty alleviation should be a continuous and sustainable work, as "relative poverty" will still exist even after the country eliminates "absolute poverty" by 2020.

Graphics by Chen Yuyang

Read more about how China is leading global anti-poverty efforts 
How China is championing climate change mitigation and poverty reduction

Read more: 
Data reveals how far China's from a moderately prosperous society in all respects 

Read more: 

Latest data reveal how far away China is from the 2020 poverty elimination goal 

Graphics: Ending China's poverty by 2020 


A ONU é indispensável - Sérgio Amaral (Veja)

A ONU é indispensável

 Sérgio Amaral, ex-embaixador do Brasil em Washington

A organização que teve papel imprescindível na promoção da paz mundial chega aos 75 anos sob várias críticas, mas tentando se adaptar aos novos tempos e se manter relevante

Revista Veja, 16/10/2020

CRIADA EM 1945 no cenário pós-guerra, a Organização das Nações Unidas cumpriu com o seu papel, dando à sociedade internacional a valiosa contribuição de promover a visão de um mundo mais democrático e justo e comprometendo-se com a busca incessante da paz entre os povos. Empenhou-se pela descolonização, pelo desenvolvimento e, por meio de seus organismos especializados, estimulou a cooperação entre os Estados nas mais diferentes áreas de interesse da humanidade - saúde e educação, ciência e cultura, comércio e indústria, entre tantas outras. Mais recentemente, voltou-se para a proteção do meio ambiente e para o combate às mudanças climáticas. A família da ONU, ampliada pelas instituições de Bretton WoodsFundo Monetário Internacional e Banco Mundial- , compõe o mais amplo acervo de normas, políticas e procedimentos internacionais da história moderna. Seu impulso ao direito internacional não tem paralelo. Sem a flexibilização das regras nacionais, que os organismos da ONU ajudaram a implementar, a globalização econômica simplesmente não teria ocorrido e, se tivesse, seria caótica.

Não obstante conquistas inegáveis, subsiste a crítica quanto à sua eficácia. Alguns arguem que lhe falta poder para ser realmente eficiente, sem se lembrar de que a ONU adota sanções legítimas, porque endossadas pela comunidade das nações. Outros, ao contrário, a acusam de exorbitar de suas competências, como seria o caso da Unesco ou mesmo da Organização Mundial do Comércio, por suas engrenagens para a resolução de controvérsias. Muitos a condenam ainda por inoperância, por não ter encontrado saída para as grandes tragédias humanitárias.

A organização internacional mais longeva de que se tem notícia foi o fruto de uma ourivesaria política forjada ao longo de décadas. Ela concilia a representatividade com o equilíbrio de poder. As grandes potências jamais aceitariam participar de uma instituição em que a acentuada disparidade de peso econômico e de recursos políticos não fosse levada em conta. Essa é justamente a razão de ser do Conselho de Segurança, no qual têm assento as nações mais poderosas. Por isso mesmo, é tão difícil reformá-lo. Mas os países mais pobres ou de menor poder relativo tampouco aceitariam participar de uma instituição, que se propõe a ser multilateral e universal, sem que ela lhes oferecesse espaço para manifestar sua voz e ser ouvidos.

No decorrer do tempo, as críticas à ONU foram se multiplicando. E as reivindicações também deram um salto. Mas o impulso militante e contestatório do Grupo dos 77 (uma coalizão de nações em desenvolvimento), por exemplo, foi-se atenuando, pouco a pouco, assim como sua própria relevância. Na Organização Mundial de Comércio, em que a decisão em princípio deveria ser tomada segundo a regra de um voto por país, o que funciona, na realidade, é um processo de formação de consensos, no qual, até certo ponto, as preocupações e aspirações legítimas de cada um dos membros acabam sendo consideradas. Olhando em perspectiva, a ONU soube atualizar-se e incorporar demandas novas e angustiantes da sociedade internacional, como as questões dos refugiados, da imigração e da mudança climática, desafios realmente difíceis de solucionar, mas que começam a ser regulados, após rodadas de negociação por vezes longas, porém sem a imposição da força.

É certo que a organização poderia fazer mais. Mas os que assim pensam se esquecem de que a ONU não é um ente autônomo, que paira acima da vontade de seus Estados-membros. Ao contrário, ela é apenas o palco da grande política mundial. Expressa e decide o que os seus membros querem, sobretudo os mais poderosos. Se existem limites congênitos para a sua ação, uma visão realista, e talvez mais justa, reconheceria que é crucial contar com uma estrutura capaz de atenuar divergências ou promover a negociação, antes que os conflitos virem confrontos graves, por vezes militares, e difíceis de conter. Há alguns anos, ganhou tração a iniciativa de vários países para uma reforma da ONU, de modo a ajustá-la às transformações e ameaças do mundo globalizado. No caso do Brasil, a demanda por uma reformulação estava centrada na ampliação do Conselho de Segurança e em uma maior democratização do processo decisório, demandas que não lograram transpor as diversas instâncias da organização.

As crises simultâneas por que estamos passando tornaram inevitável a reforma das regras internacionais. O mundo precisa de mais multilateralismo, em vez de menos. Não há como combater uma pandemia que já contaminou mais de 30 milhões de pessoas em quase 200 países e provocou tragédias humanas e expressivas perdas econômicas sem uma estreita colaboração entre os sistemas nacionais de saúde, sob a égide da OMS. Da mesma forma, a redução das emissões de gás de efeito estufa não ocorrerá de modo efetivo enquanto os esforços de alguns beneficiem os que fizeram pouco ou nada. Só uma disciplina multilateral trará equidade. É uma ilusão supor que a recuperação da economia mundial será alcançada apenas pelo receituário do equilíbrio fiscal, sem levar em consideração a necessidade de um esforço conjugado para reduzir a desigualdade e conter o protecionismo.

A emergência da China está provocando deslocamentos tectônicos, que não podem ser entendidos em toda a sua dimensão somente à luz da chamada guerra comercial ou da disputa tecnológica. Elas são apenas a ponta visível de um iceberg profundo. Como diz com propriedade Emmanuel Macron, presidente da França, o conflito hegemônico entre as duas superpotências não deve contaminar ou prejudicar o esforço coletivo em trabalhar nos foros multilaterais em prol de bens comuns, tais como a oferta de boa saúde e educação, o combate à mudança climática e os direitos humanos. As eleições presidenciais nos Estados Unidos tendem a lançar luzes novas sobre a reforma na ONU, que não pode ser considerada apenas sob o ângulo de implicações orçamentárias ou da crescente presença da China. O Brasil participou dos debates que levaram à proposta de uma Liga das Nações, ao fim da I Guerra Mundial. Teve papel ativo na fundação da ONU, em 1945. Possui credenciais e a pretensão legítima de ser um relevante ator mundial. Mas não pode, sob o pretexto das idéias confusas e obscuras do globalismo, furtar-se a dar uma contribuição construtiva para o fortalecimento das Nações Unidas.

O Partido Comunista da China criou a maior economia capitalista do planeta - Paulo Roberto de Almeida, CGTN

 O extraordinário feito da sociedade chinesa deve ser saudado no seu mérito próprio e nos seus resultados práticos: PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE, uma realização dessas dimensões ocorre num espaço de tempo inferior a duas gerações, num país de mais um bilhão de habitantes, com mais ou menos 800 milhões de pobres 40 anos atrás. Esse feito vai figurar para sempre nos livros de história econômica e deve ser reconhecido como uma realização de todo o povo chinês, circunstancialmente guiado por um Estado autocrático e pela ditadura de um partido único. 

Mas, objetivamente, pouco do que foi feito não poderia ter sido igualmente realizado por qualquer democracia capitalista, por qualquer regime político democrático de mercado, que decidisse, democraticamente, eliminar a pobreza absoluta de seu território.

Afinal, o que, finalmente, fez o “comunismo” chinês?: forneceu, pelo Estado, educação básica à totalidade da população (uma obrigação fundamental de qualquer Estado civilizado, e a China é um, há milhares de anos), proveu infraestrutura essencial, e de qualidade, para o funcionamento de uma economia DE MERCADO, e, sobretudo, LIBEROU AS ENERGIAS DO POVO CHINÊS, para que ele mesmo criasse sua própria riqueza.

A assistência estatal para arrancar de uma miséria abjeta um pequeno grupo de aldeias isoladas em regiões recuadas é puramente acessória ao esforço principal conduzido em bases de economia DE MERCADO. 

Foi isso que fez o “comunismo” chinês, algo ao alcance de qualquer país capitalista digno desse nome. Deveria também ser possível em qualquer grande democracia política, como, por exemplo, Brasil, Índia ou África do Sul.

Por que isso não ocorre nesses países?

Vou arriscar minha resposta: por corrupção, egoísmo e mediocridade de elites predatórias, mais interessadas em satisfazer suas ambições mesquinhas do que em alçar seus respectivos países à condição de nações civilizadas. Complemento: uma parte da culpa também cabe às corporações de Estado de comportamento igualmente predatório, sem qualquer ética do serviço público, como podem eventualmente exibir os atuais mandarins do Estado chinês, que são, em grande parte, funcionários do Partido Comunista da China. 

Termino por uma saudação irônica: parabéns ao Partido Comunista Capitalista da China, por esse feito extraordinário na história da civilização chinesa.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 17/10/2020

CGTN, China 18:56, 17-Oct-2020

China is set to end absolute poverty by 2020, what's next?
Updated 19:18, 17-Oct-2020
By Zhao Hong

October 17 marks China's National Poverty Relief Day, a reminder that the country has reached the final stage of its mission to eradicate extreme poverty by the end of 2020.

With only 75 days left for the year, how far is China from achieving that goal and what's next?

Most provinces and regions have already been declared free of absolute poverty. 

By the end of 2019, the number of poor rural residents in the country plunged from 98.99 million in 2012 to 5.51 million in 2019, showed data from China's National Bureau of Statistics.

Read more about how China is leading global anti-poverty efforts 
How China is championing climate change mitigation and poverty reduction

And the number of impecunious counties in China has fallen from 832 in 2015 to 52 in 2019, according to the State Council Leading Group Office of Poverty Alleviation and Development.

In 2020, 52 poverty-stricken counties in seven provinces and regions became key poverty-eradication battlegrounds. Some of them have met the standards for gaining the poverty-free status, while others are set to accomplish the goal in the next two to three months.

2020 is the final year of China's new round of anti-poverty drive, which started in 2012 with the aim to end domestic poverty before 2021, the centenary of the founding of the Communist Party of China (CPC).

The sweeping campaign to defeat rural poverty was part of building a moderately and comprehensively prosperous society.

Read more: 
Data reveals how far China's from a moderately prosperous society in all respects 

But 2020 has been no ordinary year for China and the world. COVID-19 epidemic coupled with floods in southern China posed daunting challenges to the national fight against penury.  

Chinese President Xi Jinping stressed at a symposium on securing a decisive victory in poverty alleviation in March that lifting all rural residents living below the current poverty line out of poverty by 2020 is a solemn promise made by the CPC Central Committee, and it must be fulfilled on time.

The present poverty eradication goals consist of not only eliminating all instances of absolute poverty on schedule, but also consolidating the achievements of poverty reduction efforts, ensuring that people who have gotten out of poverty do not fall back into it.

"Being lifted out of poverty is not an end in itself but the starting point of a new life and a new pursuit," Xi said at the poverty alleviation symposium, emphasizing the need to synchronize poverty alleviation with rural revitalization.

After China achieves building a moderately prosperous society in all respects, it must make all-out efforts to advance rural revitalization to further address issues such as the urban-rural imbalance, Xi said during an inspection tour to Sanjia Village in Tengchong CIty, southwest China's Yunnan Province in January. 

Liu Yongfu, director of the State Council Leading Group Office of Poverty Alleviation and Development, highlighted that poverty alleviation should be a continuous and sustainable work, as "relative poverty" will still exist even after the country eliminates "absolute poverty" by 2020.

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Latest data reveal how far away China is from the 2020 poverty elimination goal 

Graphics: Ending China's poverty by 2020 

Graphics by Chen Yuyang




O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida

 O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira


Paulo Roberto de Almeida

Diplomata; professor universitário

(www.pralmeida.orghttps://diplomatizzando.blogspot.com)

Brasília, 13-16/10/2020; revisão: 21/10/2020

 

Com poucas exceções aferíveis – como a miséria da atual diplomacia bolsolavista e dois ou três episódios localizáveis de “desalinhamentos” políticos –, a diplomacia brasileira é geralmente tida por excelente, de altíssima qualidade, o que se explica por uma espécie de “pecado original” ao contrário; ou seja, sempre fomos bons desde a origem, e geralmente estivemos acima de qualquer crítica, em grande medida, ao que se alega, graças ao rico legado da inteligente e esperta diplomacia lusitana, que entrou, por assim dizer, em nosso “código genético”. Essa filiação precederia inclusive a formação do Estado nacional, pois viria de Alexandre de Gusmão, considerado o “avô” da nossa diplomacia; de fato, ele foi o construtor principal do nosso mapa atual, sendo que o “pai”, o Barão do Rio Branco, completou a cartografia em diversos pontos remanescentes.

Sem pretender contrariar essa história exemplar, pretendo selecionar alguns exemplos menos primorosos de nossa história diplomática, que aliás começam, justamente, antes da independência, pois que determinadas decisões continuaram pesando do lado dos compromissos externos, sem que a diplomacia profissional, ou os dirigentes políticos tenham conseguido reverter o peso de uns poucos legados negativos da herança lusitana. Nada a ver com nosso estatuto colonial obscurantista, sem indústrias, sem universidade, sem sequer escolas dignas desse nome, e isto por causa de um dos líderes considerado o protótipo do absolutismo esclarecido, o marquês de Pombal. Ao expulsar os jesuítas, ele também condenou índios, pobres e pretos a ficar sem qualquer instrução, mesmo a mais elementar. Mas não vamos considerar nada antes de 1808, que é quando se começa a fazer política externa a partir do Brasil, com o olho no que era, pelo menos provisoriamente, a sede do gigantesco império ultramarino português, cantado em prosa e verso desde Camões e, mais cientificamente, pelo historiador Charles Boxer.  

 

Sumário: 

1. Tropeços na independência e durante o império

2. Os fracassos da primeira diplomacia republicana

3. A difícil construção de uma diplomacia autônoma, e consciente de sê-lo

4. A diplomacia profissional, como base da diplomacia presidencial

5. A deformação da política externa sob a diplomacia bolsolavista

Referências bibliográficas


Texto integral disponível na plataforma Academia.edu: link:

https://www.academia.edu/44317668/3772_O_outro_lado_da_gloria_o_reverso_da_medalha_da_diplomacia_brasileira_2020_



Referências bibliográficas: 

 

Almeida, Paulo Roberto de. Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira. Brasília: Diplomatizzando, 2020.

_______ . O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira. Brasília: Diplomatizzando, 2020.

_______ . Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty. Boa Vista: Editora da UFRR, 2019.

_______ . Contra a corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018. Curitiba: Appris, 2019.

_______ . Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais. Curitiba: Appris, 2014.

_______ . Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

_______ . O estudo das relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia. Brasília: LGE Editora, 2006.

Anjos, João Alfredo dos. José Bonifácio, o primeiro Chanceler do Brasil. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2007.

Barreto Filho, Fernando P. de Mello. A Política Externa Após a Redemocratização; tomo 1: 1985-2002; tomo 2: 2003-2010. Brasília: Funag, 2012, 746 e 670 p.

_______ . Os Sucessores do Barão, 2: relações exteriores do Brasil, 1964-1985. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

_______ . Os Sucessores do Barão: relações exteriores do Brasil, 1912-1964. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2001.

Camargo, Aspásia; Araújo, João Hermes Pereira de; Simonsen, Mário Henrique. Oswaldo Aranha: a estrela da revolução. São Paulo: Mandarim, 1996.

Cardim, Carlos Henrique; Almino, João (orgs.), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil. Brasília: Funag, 2002.

Carvalho, Carlos Delgado de. História Diplomática do Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2016.

Cervo, Amado Luiz; Bueno, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil 5ª. ed.; Brasília: Editora da UnB, 2020.

Costa, Sérgio Corrêa da. A diplomacia do marechal: intervenção estrangeira na Revolta da Armada. 3a. edição; Brasília: Funag, 2017.

Garcia, Eugênio Vargas. O Sexto Membro Permanente: o Brasil e a criação da ONU. Rio de Janeiro: Contraponto, 2011.

_______ . Cronologia das Relações Internacionais do Brasil. 2ª ed.; Rio de Janeiro: Contraponto; Brasília: Funag, 1999.

_______ . Entre América e Europa: a política externa brasileira na década de 1920. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; Funag, 2006.

_______ . (org.): Diplomacia Brasileira e Política Externa: Documentos Históricos 1493-2008Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.

Goes Filho, Synesio Sampaio. Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas: um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil. ed. rev. e atual.; Brasília: Funag, 2015.

Gomes Pereira, Manoel (org.). Barão do Rio Branco: 100 Anos de Memória. Brasília: Funag, 2012.

Guilhon de Albuquerque, José Augusto; Seitenfus, Ricardo; Nabuco de Castro, Sergio Henrique (orgs.), Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (1930-1990). 2ª. ed.; Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, 4 vols.

Lafer, Celso. Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação. Brasília: Funag, 2018, 2 vols.

MendonçaRenato. História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825). Brasília: Funag, 2013.

Moniz Bandeira. Luiz Alberto. Presença dos Estados Unidos no Brasil. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007

_______ . Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente (1950-1988)Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

_______ . As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos, de Collor a Lula, 1999-2014. 2ª. ed.; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

_______ . A expansão do Brasil e a formação dos Estados na Bacia do Prata: Argentina, Uruguai e Paraguai (da colonização à guerra da Tríplice Aliança). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. 

_______ . Estado Nacional e Política Internacional na América Latina: o continente nas relações Argentina-Brasil, 1930-1992. São Paulo-Brasília. Editora Ensaio-Editora da UnB, 1993.

Moreira Lima, Sérgio Eduardo; Almeida, Paulo Roberto; Farias, Rogério de Souza (orgs.), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2 vols.

Oliveira, Luís Valente de; Ricupero, Rubens (orgs.). A Abertura dos Portos. São Paulo: Senac-SP, 2007.

Pimentel, José Vicente (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e Agentes da Política Externa (1750-1964). Brasília: Funag, 2013, 3 vols.

Ricupero, Rubens. A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016. Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017.

Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos, Barão do. Obras Completas. Brasília: Funag, 2012, 12 vols.

_______ . Uma Biografia Fotográfica,1845-1995 (Texto de Rubens Ricupero; organização, iconografia e legendas de João Hermes Pereira de Araújo). Brasília: Funag, 1995.

Villafañe G. Santos, Luís Cláudio. Juca Paranhos, o barão do Rio Branco. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

_______ . O evangelho do Barão: Rio Branco e a identidade brasileira. São Paulo: Unesp, 2012.

Zanini, Fabio. Euforia e fracasso do Brasil grande: política externa e multinacionais brasileiras na era Lula. São Paulo: Contexto, 2017. 


 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Brasil não assina compromisso global para reverter perda da biodiversidade - G1, 16/10/2020

Alguém acha estranho que isto tenha acontecido?

Paulo Roberto de Almeida

Brasil não assina compromisso global para reverter perda da biodiversidade

O acordo foi assinado por líderes de 77 países de todas as regiões e da União Europeia. Estados Unidos, Austrália, China, Rússia e Índia também se recusaram a participar da ação.


Em setembro, líderes de 77 países de todas as regiões e da União Europeia assinaram um compromisso voluntário para reverter a perda de biodiversidade no mundo até 2030. O governo do Brasil não assinou o documento.

Chamado de “Compromisso dos Líderes pela Natureza”, o documento tem por objetivo tomar medidas para conter o declínio catastrófico causado pelo homem. Entre as propostas, está o compromisso de acabar com os crimes ambientais (Veja mais abaixo).

A proposta contou com a adesão de países como Nova Zelândia, França, Alemanha. Entre os vizinhos do Brasil que assinaram o acordo, estão o Peru, Bolívia e Colômbia, que compartilham áreas da Floresta Amazônica.

Além do governo de Jair Bolsonaro, líderes dos Estados UnidosAustrália, ChinaRússia Índia também se recusaram a assinar o documento.

Unidos para reverter a perda da biodiversidade

O compromisso lista dez ações urgentes para os próximos dez anos. Entre os pontos estão:

“Estamos em estado de emergência planetária: as crises interdependentes de perda de biodiversidade e degradação de ecossistemas e mudança climática – impulsionadas em grande parte pela produção e consumo insustentáveis – requerem ação global urgente e imediata. A ciência mostra claramente que a perda de biodiversidade, a degradação da terra e dos oceanos, poluição, esgotamento de recursos e mudanças climáticas estão se acelerando a uma taxa sem precedentes [...] A menos que esse cenário seja interrompido e revertido com efeito imediato, ele causará danos significativos à resiliência e estabilidade econômica, social e política global”, diz a carta


O novo discurso da servidão voluntária: Bolsonaro e o servilismo pró-EUA no 5G - Infobae

 Jair Bolsonaro evalúa prohibir que Huawei participe de la construcción de la red 5G de Brasil

Un alto funcionario de Brasilia confió a la cadena Bloomberg que el Ejecutivo ve al régimen de Xi Jinping como una amenaza global a la privacidad y soberanía de los datos

Infobae, 15 de Octubre de 2020

https://www.infobae.com/america/america-latina/2020/10/15/jair-bolsonaro-evalua-prohibir-que-huawei-participe-de-la-construccion-de-la-red-5g-de-brasil/

Jair Bolsonaro está considerando prohibir que gigante tecnológico chino Huawei participe del suministro de componentes para construir la futura red de 5G en Brasil.

Según confió un alto miembro del gabinete del presidente brasileño a la cadena Bloomberg, Brasilia ve a China como una amenaza global a la privacidad y soberanía de los datos.

La fuente aclaró que, no obstante, todavía no se ha tomado una decisión definitiva. En medio de la puja entre Estados Unidos y China, hasta el momento Brasil se abstuvo de decir si cederá a las peticiones de Washington de que efectivamente se mueva en esta dirección.

Según consigna Bloomberg, el miembro del gabinete de Bolsonaro descartó, no obstante, la posibilidad de represalias por parte de Beijing. El funcionario sostuvo que el gigante asiático depende de las importaciones agrícolas brasileñas.

Reconoció, además, que la percepción en el seno del Gobierno es que otros países que prohibieron las operaciones de Huawei no han sufrido grandes consecuencias por parte del régimen de Xi Jinping.

En contraste, Yang Wanming, embajador de China en Brasil, manifestó recientemente en una entrevista que la decisión sobre las operaciones de Huawei ayudará a definir la relación entre los dos gigantes de los mercados emergentes. “Lo que está en juego es si un país puede establecer reglas de mercado basadas en la apertura, la imparcialidad y la no discriminación para todas las empresas”, apuntó.

El Ministerio de Comunicación de Brasil, por su parte, indicó en un breve comunicado que la definición sobre el 5G de Huawei representa un asunto de seguridad nacional que involucra a muchas partes interesadas, incluidos los ministerios de economía y de asuntos exteriores. El texto difundido por esa cartera añadió que los líderes de todos los países involucrados se encuentran discutiendo el tema.

La decisión del gobierno de Bolsonaro no es sencilla, ya que China no es cualquier socio comercial. El gigante asiático fue el destino del 40% de las exportaciones brasileñas en el primer semestre del año, según datos del Ministerio de Agricultura. Las ventas al país, sobre todo de soja, generaron más ingresos que las de Estados Unidos, América Latina, Europa, África y Medio Oriente juntas.

Sin embargo, las relaciones entre Brasilia y Beijing han sido tensas desde que Bolsonaro asumió el poder en 2019. El presidente brasileño incluso criticó duramente al régimen de Xi Jinping durante la campaña electoral. Meses atrás, el ministro de Relaciones Exteriores, Ernesto Araújo, sostuvo en su blog personal que la pandemia de coronavirus revivió “la pesadilla comunista”. En esa línea también se pronunció Eduardo Bolsonaro, hijo del presidente y legislador de la cámara baja, quien responsabilizó del Covid-19 “a la dictadura china”.

Sumado a esto, Bolsonaro se ha mostrado como un aliado cercano al presidente norteamericano, Donald Trump.

Otros funcionarios han expresado opiniones más pragmáticas sobre China, como los casos del vicepresidente Hamilton Mourao, y el ministro de Ciencia y Tecnología Marcos Pontes, quienes han abogado por un proceso de licitación abierto y justo para elegir a los constructores de la red 5G de Brasil.

Fabio Faria, ministro de Comunicaciones de Brasil, adelantó recientemente que el país planea seleccionar las empresas responsables de la red 5G el próximo mes de mayo.

El Departamento de Comercio de Estados Unidos restringió este lunes aún más el acceso de Huawei y sus filiales extranjeras a la tecnología del país, como chips y software, por razones de seguridad nacional, ante las sospechas sobre los vínculos entre la empresa china y el régimen de Xi Jinping.

“Huawei y sus filiales extranjeras han extendido sus esfuerzos para obtener semiconductores avanzados desarrollados o producidos a partir de software y tecnología de EEUU con el fin de cumplir los objetivos de la política del Partido Comunista Chino”, advirtió el secretario de Comercio, Wilbur Ross. “Como hemos restringido su acceso a la tecnología de los Estados Unidos, Huawei y sus afiliados han trabajado a través de terceros para aprovechar la tecnología de los Estados Unidos de una manera que socava la seguridad nacional y los intereses de la política exterior de los Estados Unidos. Esta acción en varios frentes demuestra nuestro compromiso continuo de impedir que Huawei pueda hacerlo”.

Según el comunicado del gobierno, las 38 entidades añadidas a la lista de negra de la Norma de Productos Directos Extranjeros (para un total de 152 afiliados) elaborada en mayo, presentan un riesgo importante de actuar en nombre de Huawei en contra de los intereses de seguridad nacional, ya que “hay motivos razonables para creer que, de otro modo, Huawei trataría de utilizarlos para eludir las restricciones impuestas”.

La empresa se ha convertido en una de las principales razones del deterioro de las relaciones entre Washington y Beijing, ya que el gobierno de Donald Trump alega que el mayor fabricante de equipos de telecomunicaciones del mundo podría espiar para China, algo que la empresa ha negado varias veces.