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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 12 de junho de 2022

O Brasil está perdendo o rumo em sua postura enquanto nação civilizada? - Paulo Roberto de Almeida

 O Brasil está perdendo o rumo em sua postura enquanto nação civilizada?

Uma reflexão à sombra da guerra de agressão da Rússia autocrática contra a Ucrânia democrática

Paulo Roberto de Almeida

Que uma sociedade inteira viva anos, décadas de equívocos e escolhas erradas não é surpreendente: uma sociedade é algo muito complexo para ser totalmente controlada por um poder central; parece que só a Coreia do Norte conseguiu estabelecer o totalitarismo absoluto, o que nem a União Soviética, nem a China maoísta, muito menos a Cuba castrista ou o Irã teocrático o conseguiram.

Sociedades erram pelo peso do passado, pela força de líderes especialmente carismáticos e por rupturas muito fortes de seu tecido social (guerras externas, guerras civis, confrontos religiosos, epidemias, catástrofes naturais, etc.).

Mas é surpreendente que corporações educadas, como a diplomacia, por exemplo, embarquem em aventuras desprovidas da necessária fundamentação empírica por indução superior, como verifiquei na diplomacia partidária do lulopetismo triunfante. O entusiasmo da projeção externa ganhou terreno sobre a reflexão ponderada em torno de certos dossiês: o apoio a ditaduras execráveis, comandado pelos chefes megalomaníacos pode explicar em parte o desvario de certas escolhas diplomáticas.

Atuou, nesse caso, o constrangimento moral imposto pelo feudalismo do Itamaraty: os malfadados princípios da hierarquia e da disciplina, importados do estamento militar, foram mais fortes.

Funcionou em certos casos a prevalência da obediência sobre a inteligência, do voluntarismo sobre o conhecimento, da submissão sobre o pensamento crítico.

De minha parte, posso afirmar que nunca renunciei a pensar com minha própria cabeça, independentemente das propostas pouco fundamentadas que brotavam dos ideólogos de plantão.

Sempre me pautei pela exposição objetiva de meus argumentos sobre as políticas públicas, inclusive e sobretudo na diplomacia. 

Os petistas intolerantes me deixaram na geladeira por 13,5 anos. Continuei fazendo o que sempre fiz: lendo, refletindo e escrevendo, no meu quilombo de resistência intelectual, representado pelo blog Diplomatizzando e por meus escritos.


 Meu novo livro sobre a aventura do Brics é mais uma prova dessa disposição a resistir a uma diplomacia paralela sem base em nossos padrões de trabalho, que são o exame cuidadoso e circunstanciado de qualquer nova proposta antes de colocá-la em prática. O Brics entrou no entusiasmo de uma nova iniciativa apelativa, sem um mínimo de estudo ou embasamento técnico. Ninguém resistiu ao comando das chefias: foi levado de roldão na esteira da publicidade fácil na mídia internacional.

Sempre considerei o Brics uma miragem sem sentido e uma anomalia em nossa trajetória de difícil construção de uma diplomacia autônoma e operando estritamente em função do interesse nacional. O Brics representa uma renúncia a um projeto de diplomacia independente em favor de um mínimo denominador comum que, em última instância, é determinado por duas grandes potências autocráticas.

O caso trágico da guerra de agressão de um tirano obcecado contra o seu vizinho que buscava escapar do abraço do urso imperial coloca a diplomacia brasileira num dos maiores dilemas conceituais de sua história. Essa guerra de agressão confronta diretamente não só o Direito Internacional, consagrado na Carta da ONU, mas também a própria Constituição brasileira.

Como pode a diplomacia brasileira, seja sob Bolsonaro, seja sob Lula, contrariar princípios tão sagrados do Direito e até da moral, inclusive padrões civilizatórios, ao preferir se abster em face de violações tão flagrantes de cláusulas fundamentais de suas relações internacionais?

Como pode o substrato moral que ainda existe na diplomacia e na tecnocracia mais esclarecida do Brasil suportar o espetáculo grotesco dos crimes de guerra, possivelmente crimes contra a humanidade, certamente contra a paz, que emana da destruição mais cruel e desumana que vem sendo perpetrado continuamente contra a Ucrânia e o seu povo? 

É possível conviver com um horror que nos remete aos tempos mais sombrios do hitlerismo expansionista contra a pobre Polônia, contra as democracias ocidentais (começando antes, pela Áustria e pela Tchecoslováquia), e contra o aliado totalitário de ideologia oposta?

Que o atual mandatário brasileiro ainda decida apoiar objetivamente uma contrafação de Hitler é compreensível dentro da sua ideologia de direita extrema.

Que a diplomacia não se revolte contra a violação dos princípios mais sagrados que deveriam orientar a sua ação é menos compreensível. A permanência do e no Brics pode explicar em parte a atual flacidez moral que tomou conta do Itamaraty. Mas outras demonstrações imorais do atual chefe de Estado — no campo dos DH sobretudo — tornam insuportável o atual estado de coisas. 

Continuarei em meu quilombo.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 12/06/2022

Apresentação de meu livro A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira, no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/meu-proximo-kindle-sobre-miragem-dos.html).

Resumo:

Coletânea de ensaios e artigos se estendendo desde a concepção do conceito do Bric, na planilha de um economista profissional de um banco de investimentos, no início dos 2000, até a situação em 2022, depois da invasão da Ucrânia por um dos membros do Brics, a Rússia. A maior parte da análise é de natureza histórica, cobrindo aspectos econômicos e diplomáticos do empreendimento, e focando particularmente nos interesses do Brasil, suas motivações e capacidades, como um dos propositores originais do grupo, e a letra inicial no acrônimo apelativo. Pelo seu título, A grande ilusão do Brics, há uma clara visão crítica em torno das razões e motivações para a criação desse grupo, como se os quatro membros originais estavam tentando confrontar o G7 e buscando uma ordem mundial alternativa. Como revelado pelo subtítulo, o universo paralelo da diplomacia brasileira, existe também uma discussão sobre o tipo de novo direcionamento da política externa brasileira, fugindo de seus padrões tradicionais que visam a criação de uma postura autônoma nas relações internacionais, vinculando sua diplomacia essencialmente aos interesses nacionais de desenvolvimento econômico e social. 

Summary

 

A collection of essays and articles spanning from the inception of the Bric concept, at the table of a professional economist from an investments bank, in early 2000s, up to the situation in 2022, after the invasion of Ukraine by one of Brics members, Russia. Most of the analysis is of a historical nature, dealing with economic and diplomatic aspects of the endeavor, and focusing especially on Brazil’s interests, inducements, and capabilities, as one of the first proponents of the group, and the initial letter of the appealing acronym. By its title, The Great Illusion of the Brics, there is a clear critical standpoint about the reasons and motivations for the creation of this group, as if the four original members seek to be countering the G7 and looking to offer an alternative world order. As revealed by the subtitle, a parallel universe of the Brazilian diplomacy, there is also a discussion about a kind of a new driving line in Brazilian foreign policy, deviating from its traditional patterns towards the building up of an autonomous stance in regional and international relations, connecting its diplomacy essentially with its national interests of social and economic development.

 

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira

Índice

 

Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo

1. O papel dos Brics na economia mundial

O Bric e os Brics

A Rússia, um “animal menos igual que os outros”

A China e a Índia

E o Brasil nesse processo?

 

2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos

Esse obscuro objeto de curiosidade

O Brasil, como fica no retrato?

Russia e China: do comunismo a um capitalismo especial

O fascínio é justificado?

O que os Brics podem oferecer ao mundo?

 

3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil

Introdução: a caminho da Briclândia

Radiografia dos Brics

Ficha corrida dos personagens

De onde vieram, para onde vão?

New kids in the block

Políticas domésticas

Políticas econômicas externas

Impacto dos Brics na economia mundial

Impacto da economia mundial sobre os Brics

Consequências geoestratégicas

O Brasil e os Brics

Alguma conclusão preventiva?

 

4. A democracia nos Brics

A democracia é um critério universal?

Como se situam os Brics do ponto de vista do critério democrático?

Alguma chance de o critério democrático ser adotado no âmbito dos Brics?

 

5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics

Sobre um funeral anunciado

Qualificando o debate

O que define o G7, e deveria definir também o Brics e o G20

Quais as funções do G7, que deveriam, também, ser cumpridas pelo G20?

 

6. O Bric e a substituição de hegemonias

Introdução: por que o Bric e apenas o Bric?

Bric: uma nova categoria conceitual ou apenas um acrônimo apelativo?

O Bric na ordem global: um papel relevante, ou apenas uma instância formal?

O Bric e a economia política da nova ordem mundial: contrastes e confrontos

Grandezas e misérias da substituição hegemônica: lições da História

Conclusão: um acrônimo talvez invertido

 

7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009

Existe um papel para os Brics na crise econômica?

Os Brics podem sustentar uma recuperação financeira europeia?

A ascensão dos Brics tornaria o mundo mais multipolar e democrático?

 

8. O futuro econômico do Brics e dos Brics

Das distinções necessárias

O Brics representa uma proposta alternativa à ordem mundial do G7?

O que teriam os Brics a oferecer de melhor para uma nova ordem mundial?

O futuro econômico do Brics (se existe um...)

Existe algum legado a ser deixado pelo Brics?

 

9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição

O Brasil e os principais componentes de sua geoeconomia elementar

Potencial e limitações da economia brasileira no contexto internacional

A emergência econômica e a presença política internacional do Brasil

A política externa brasileira e sua atuação no âmbito do Brics

O que busca o Brasil nos Brics? O que deveria, talvez, buscar?

 

10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil

Uma sigla inventada por um economista de finanças

Um novo animal no cenário diplomático mundial

Existe um papel para o Brics na atual configuração de poder?

Vínculos e efeitos futuros: um exercício especulativo

 

11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria

Introdução: o que é um relatório de minoria?

O que é estratégico numa parceria?

Quando o estratégico vira simplesmente tático

Parcerias são sempre assimétricas, estrategicamente desiguais

A experiência brasileira de parcerias: formuladas ex-ante

A proliferação e o abuso de uma relação não assumida

 

Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

Indicações bibliográficas

Nota sobre o autor

 

sábado, 11 de junho de 2022

Academia.edu: trabalhos mais acessados nos últimos 30 dias - Paulo Roberto de Almeida

 Trabalhos mais acessados de Paulo Roberto de Almeida na plataforma Academia.edu, no período de 12/05/2002 a 11/06/2022

(apenas acima do limite de 10 acessos, num total de 1890 vistos e 969 downloads)

 

Title

30 Day Downloads

All-Time Views

All-Time Downloads

043) A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo (2004)

23

383

157

Marxismo e Socialismo (2019)

18

2,275

972

O Itamaraty na Cultura Brasileira (2001)

16

484

141

O Estudo das Relacoes internacionais do Brasil: um dialogo entre a diplomacia e a academia (2006)

16

464

279

047) O Brasil e o processo de formação de blocos econômicos: conceito e história, com aplicação aos casos do Mercosul e da Alca (2005)

16

325

207

1820) Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira: revisão histórica e perspectivas para o futuro

15

1,584

160

530) Brasil e OCDE: uma interacao necessaria - tese CAE (1996)

14

1,792

254

Miseria da diplomacia: a destruicao da inteligencia no Itamaraty (Ed. UFRR, 2019)

12

881

388

Política externa brasileira em debate: dimensoes e estratégias de inserçao internacional no pós-crise de 2008

12

827

471

16) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)

12

4,872

357

O Brasil e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia (2022)

11

74

32

O estudo das relacoes internacionais do Brasil (1999)

11

452

284

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

11

1,855

671

2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)

10

1,195

247

012) Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (1999)

10

2,010

178

 

Compilado por Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11 de junho de 2022

 

Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado - livro; capitulo PRAlmeida

 


4051. “Assédio institucional no Itamaraty: breve abordagem e depoimento pessoal”, Publicado in: José Celso Cardoso Jr., Frederico A. Barbosa da Silva, Monique Florencio de Aguiar, Tatiana Lemos Sandim (orgs.), Assédio Institucional do Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado. Brasília: Afipea; João Pessoa: Editora da Universidade Estadual da Paraíba, 2022, capítulo 9, p. 389-427 (livro disponível no link: https://afipeasindical.org.br/content/uploads/2022/05/Assedio-Institucional-no-Brasil-Afipea-Edupb.pdf). Relação de Publicados n. 1448.


Meu próximo Kindle, sobre a miragem do Brics, já tem capa definitiva - Paulo Roberto de Almeida

 

A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira


Índice

 

Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo

1. O papel dos Brics na economia mundial

O Bric e os Brics

A Rússia, um “animal menos igual que os outros”

A China e a Índia

E o Brasil nesse processo?

 

2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos

Esse obscuro objeto de curiosidade

O Brasil, como fica no retrato?

Russia e China: do comunismo a um capitalismo especial

O fascínio é justificado?

O que os Brics podem oferecer ao mundo?

 

3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil

Introdução: a caminho da Briclândia

Radiografia dos Brics

Ficha corrida dos personagens

De onde vieram, para onde vão?

New kids in the block

Políticas domésticas

Políticas econômicas externas

Impacto dos Brics na economia mundial

Impacto da economia mundial sobre os Brics

Consequências geoestratégicas

O Brasil e os Brics

Alguma conclusão preventiva?

 

4. A democracia nos Brics

A democracia é um critério universal?

Como se situam os Brics do ponto de vista do critério democrático?

Alguma chance de o critério democrático ser adotado no âmbito dos Brics?

 

5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics

Sobre um funeral anunciado

Qualificando o debate

O que define o G7, e deveria definir também o Brics e o G20

Quais as funções do G7, que deveriam, também, ser cumpridas pelo G20?

 

6. O Bric e a substituição de hegemonias

Introdução: por que o Bric e apenas o Bric?

Bric: uma nova categoria conceitual ou apenas um acrônimo apelativo?

O Bric na ordem global: um papel relevante, ou apenas uma instância formal?

O Bric e a economia política da nova ordem mundial: contrastes e confrontos

Grandezas e misérias da substituição hegemônica: lições da História

Conclusão: um acrônimo talvez invertido

 

7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009

Existe um papel para os Brics na crise econômica?

Os Brics podem sustentar uma recuperação financeira europeia?

A ascensão dos Brics tornaria o mundo mais multipolar e democrático?

 

8. O futuro econômico do Brics e dos Brics

Das distinções necessárias

O Brics representa uma proposta alternativa à ordem mundial do G7?

O que teriam os Brics a oferecer de melhor para uma nova ordem mundial?

O futuro econômico do Brics (se existe um...)

Existe algum legado a ser deixado pelo Brics?

 

9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição

O Brasil e os principais componentes de sua geoeconomia elementar

Potencial e limitações da economia brasileira no contexto internacional

A emergência econômica e a presença política internacional do Brasil

A política externa brasileira e sua atuação no âmbito do Brics

O que busca o Brasil nos Brics? O que deveria, talvez, buscar?

 

10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil

Uma sigla inventada por um economista de finanças

Um novo animal no cenário diplomático mundial

Existe um papel para o Brics na atual configuração de poder?

Vínculos e efeitos futuros: um exercício especulativo

 

11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria

Introdução: o que é um relatório de minoria?

O que é estratégico numa parceria?

Quando o estratégico vira simplesmente tático

Parcerias são sempre assimétricas, estrategicamente desiguais

A experiência brasileira de parcerias: formuladas ex-ante

A proliferação e o abuso de uma relação não assumida

 

Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia


Indicações bibliográficas

Nota sobre o autor


sexta-feira, 10 de junho de 2022

Putin se compara a Pedro, o Grande, e fala em 'devolver' territórios à Rússia - Estadão

Putin pretende se basear na história para apoiar suas pretensões a territórios vizinhos. Ele acha que pode se igualar a Pedro o Grande. Pode terminar como Nicolau II. Em todo caso, ele se engana redondamente sobre a Ucrânia, predecessora da Rússia em termos históricos.

Vou postar algo a respeito.

Paulo Roberto de Almeida


Putin se compara a Pedro, o Grande, e fala em 'devolver' territórios à Rússia

Estadão, 10/06/2022 | 10:12

 

O presidente russo, Vladimir Putin, comparou-se ao czar Pedro, o Grande, na quinta-feira, 9, tentando relacionar o passado imperial da Rússia à atual campanha militar na Ucrânia. "Pedro, o Grande, travou a Grande Guerra do Norte por 21 anos. Parece que ele estava em guerra com a Suécia, que ele tirou algo deles. Ele não tirou nada deles, ele recuperou (o que era da Rússia)", declarou Putin após visitar uma exposição dedicada aos 350 anos do czar.

"Aparentemente, também coube a nós devolver (o que é da Rússia) e fortalecer (o país). E se partirmos do fato de que esses valores básicos formam a base de nossa existência, certamente conseguiremos resolver os objetivos que enfrentamos", completou Putin em um comentário televisionado.

Em resposta, um conselheiro sênior do presidente ucraniano Volodmir Zelenski rejeitou o que chamou de tentativa de justificar a invasão e tomada do território.

"O Ocidente deve traçar uma linha vermelha clara para que o Kremlin entenda o preço de cada próximo passo sangrento... vamos libertar brutalmente nossos territórios", disse Mikhailo Podoliak.

Putin é natural de São Petersburgo, cidade que leva o nome do czar. Pedro expandiu os contornos da Rússia, transformando o país em um império e se declarando imperador. Na virada do século 18, ele lançou a Grande Guerra do Norte, um conflito de mais de duas décadas com o Império Sueco que terminou com a tomada da Rússia de uma faixa do Báltico.

O czar, cujo legado é amplamente popular entre o público russo, é o modelo de líder autocrático que Putin há muito aspira ser, disse Kyle Wilson, que serviu como diplomata australiano na União Soviética.

Putin deixou claro que está "revivendo o sonho imperial russo", disse Wilson. "E o homem que fez da Rússia um império foi Pedro, o Grande."

Nos últimos anos, as menções de Putin sobre a história da Rússia aumentou cada vez mais em suas aparições públicas. Em abril de 2020, quando a Rússia entrou em seu primeiro lockdown pela covid-19, ele comparou a pandemia às invasões nômades turcas do século IX da Rússia medieval.

Em julho de 2021, o Kremlin publicou um longo ensaio de Putin em que o presidente argumentou que a Rússia e a Ucrânia eram uma nação, dividida artificialmente. Ele lançou as bases para o envio de tropas para a Ucrânia.

No período que antecedeu o que a Rússia chama de "operação militar especial", Putin culpou Lenin, o fundador da União Soviética, por criar a Ucrânia no que disse ser um território historicamente russo. 

Em contrapartida, ele elogiou Josef Stalin por criar "um estado fortemente centralizado e absolutamente unitário", mesmo reconhecendo o histórico de repressão "totalitária" do ditador soviético.


https://www.dgabc.com.br/Noticia/3869932/putin-se-compara-a-pedro-o-grande-e-fala-em-devolver-territorios-a-russia

 

Pequena observação sobre a miséria da política no Brasil - Paulo Roberto De Almeida

Em abril postei o seguinte: 

"quinta-feira, 7 de abril de 2022

Pequena observação sobre a miséria da política no Brasil

Paulo Roberto de Almeida 

Parte da bizarra 3a via (sem Ciro Gomes) promete marchar unida no 1o turno, mas isso foi feito em um simples conchavo de caciques partidários, num acordo SEM QUALQUER PROGRAMA, SEM IDEIAS OU PROPOSTAS, apenas com base em “pesquisas eleitorais”. 

É uma confissão indireta da FALÊNCIA TOTAL da política e dos partidos na nossa “democracia” de baixíssima qualidade.

Os caciques não se deram sequer ao trabalho — certamente muito difícil para homens que só manipulam os indecorosos fundos Partidário e Eleitoral — de elaborar as bases mínimas de uma plataforma de campanha VOLTADA PARA O BRASIL!

Eles só pensam na conquista da máquina do Estado, o principal instrumento do estamento político para à continuidade do patrimonialismo predatório no qual se converteu o sistema político-partidário do Brasil: programa? Para que programa?

Isso é totalmente dispensável e talvez até inútil, para esses fraudadores da democracia e da própria dignidade pessoal.

O candidato, se houver, dessa vergonhosa “3a via” não será definido ao cabo de laboriosas discussões programáticas, pelas quais se poderá (ou se poderia) chegar a uma plataforma de campanha eleitoral e a um PROGRAMA DE GOVERNO PARA O BRASIL! 

NÃO! Isso não existe para esses caciques pilantras: o Brasil não lhes importa o minimo!

Eles sequer se darão o trabalho de discutir princípios, valores, programas e propostas de governo. Nada disso importa.

O candidato será “escolhido” para eles pelas consultas eleitorais conduzidas por institutos de pesquisas, algumas delas possivelmente manipuladas e distorcidas!

Isso é a FALÊNCIA da democracia no Brasil.

Nunca esperei que chegássemos a esse descalabro completo dos valores da democracia!

Paulo Roberto de Almeida

Porto Alegre, 7/04/2022 "


Em 10 de junho continuo pensando o mesmo.


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: entrevista com presidente Volodimyr Zelensky (Financial Times)

Roula Khalaf, Editor 
June 9, 2022