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sexta-feira, 23 de junho de 2006
510) Assim marcha a integracao (ou não...)
Jornal Valor Econômico, 23/062006
O objetivo é tentar reagir ao descontentamento de Uruguai e Paraguai com o Mercosul
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, chegou na noite desta quinta-feira a Montevidéu acompanhado de funcionários de vários ministérios, órgãos governamentais e do BNDES, além de empresários. No domingo e na segunda o mesmo grupo estará em Assunção.
Amorim terá hoje reuniões com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e com os principais ministros de seu gabinete.
Paralelamente, acontece em Montevidéu um seminário empresarial em que o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, explicará as possibilidades de aceder a financiamentos do banco.
Também está em estudo a formalização de um convênio entre a instituição de crédito brasileira e o uruguaio Banco de la República para financiar projetos uruguaios que demandem a aquisição de bens e serviços brasileiros.
O objetivo da viagem é tentar dar uma resposta prática às queixas de uruguaios e paraguaios, que reclamam que o Mercosul não tem sido capaz de melhorar suas possibilidades de desenvolvimento e inserção internacional, atuando, muitas vezes, como uma trava.
O próprio Amorim disse recentemente que o Brasil deveria esforçar-se mais para ajudar o desenvolvimento dos sócios menores.
"O mea culpa oficial do Brasil pelo seu destrato comercial ao Uruguai e a promessa de corrigi-lo é uma boa notícia se desta vez isso se cumprir", afirmou em editorial o jornal " El Observador ".
O texto diz que a viagem de Amorim é uma "esperança", mas que essa esperança tem de se traduzir em fatos concretos.
A crise no Mercosul se agravou com o conflito entre Uruguai e Argentina por causa da instalação de duas fábricas de polpa de celulose no lado uruguaio da fronteira.
Manifestantes argentinos bloquearam durante vários meses o trânsito entre os países, causando prejuízos ao Uruguai e violando um dos princípios do Mercosul, a livre circulação.
Na esteira do conflito, o Uruguai ressuscitou a idéia de buscar acordos comerciais fora do bloco, possibilidade que Brasil e Argentina rejeitam.
"Temos que demonstrar que, num processo de integração, somos capazes de ajudar aos sócios menores", disse Amorim na semana passada, durante visita a Buenos Aires.
Essa ajuda viria com a melhoria das condições de acesso dos produtos provenientes dos países pequenos ao mercado brasileiro e por meio da participação do Brasil em projetos locais de energia e infraestrutura.
Para isso, viajam com o chanceler funcionários dos ministérios do Desenvolvimento, Minas e Energia, Agricultura e de organismos de certificação como o Inmetro.
Até julho, a presidência pro-tempore do bloco será ocupada pela Argentina, e o cargo irá depois para o Brasil.
Uma das queixas uruguaias é que o governo de Buenos Aires usou sua posição para evitar que o Mercosul tratasse da questão das fábricas de celulose.
O Brasil apóia o argumento argentino de que o conflito, no que diz respeito à possível contaminação que as fábricas venham a causar, tem de ser resolvido de maneira bilateral, de acordo com a decisão da Corte Internacional de Haia, onde o caso está sendo discutido.
Mas o Brasil admite levar para um tribunal arbitral do Mercosul a queixa uruguaia em relação aos prejuízos causados pelos bloqueios. (Paulo Braga)
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