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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Republica Surrealista do Brasil: confusao entre a Uniao e o Partido...

Eu me pergunto: o que um advogado geral da União -- frize-se, da União -- tem a ver com problemas existentes na área privada, ainda que afetando um serviço público?
Ou seja, um cidadão brasileiro, que tem seu sigilo fiscal violado, solicita à Justiça acompanhar o processo de investigação desse crime, cometido por "x", ou seja, uma outra pessoa, coincidentemente funcionária pública (mas o crime não foi cometido contra a União, nem supostamente pela União).
Volto a perguntar: o que o Advogado Geral da União tem a fazer neste caso?
Por acaso, ele também é o Advogado Particular de um Partido?
Por acaso, a União é parte interessada no crime?
Creio que a União não, mas uma certa república certamente...
Se é que me entendem... (como diria o mesmo jornalista).
Paulo Roberto de Almeida

Vamos trocar Adams, da Família Luiz Inácio, por Fester, da Família Adams
Reinaldo Azevedo, 1.09.2010

Vamos trocar este Adams...
[foto do Advogado Geral da União]
...por este
[foto de um monstrinho de Hollywood]

O Brasil tem um Advogado Geral da União. Eu o chamo — em princípio, por causa de seu nome, mas não só — de “Adams, da família Luiz Inácio”, embora ele seja “Luís”, só para tentar estragar o meu gracejo… Não é que a Advocacia Geral da União resolveu recorrer à Justiça para que Eduardo Jorge Caldas Pereira não tenha mais acesso aos autos da Corregedoria da Receita???

Cumpre aqui lembrar: o vice-presidente do PSDB, cujo sigilo estava na praça petista, não tinha ele próprio detalhes da lambança. E a Justiça lhe garantiu o acesso à apuração da corregedoria. Ocorre que volumes da investigação — contrariando decisão judicial — lhe tinham sido sonegados. Ele protestou e os recebeu. Nesse novo lote de documentos, estava a invasão do sigilo de Verônica, filha do presidenciável tucano José Serra.

Pois o Adams, da Família Luiz Inácio — que é advogado geral DA UNIÃO, não do PT —, argumenta, por intermédio de seus subordinados que resolveram recorrer à Justiça, que o acesso que Eduardo Jorge tem aos documentos está causando danos à investigação e comprometendo informações que são protegidas por sigilo legal.

Uau! Pelo visto, os tucanos, a filha de Serra e mais um penca de gente não têm direito a sigilo nenhum, mas Adams anda muito preocupado com o “sigilo da investigação”.

É claro que “nunca antes na história destepaiz” se viu algo parecido — nem durante o Regime Militar, que foi tornado símbolo de tudo o que há de ruim no país. No que concerne a este particular, naquele caso, sabia-se ao menos que se estava num regime discricionário, de exceção. Isso estava admitido nas próprias leis autoritárias. Agora, não! É a estrutura do estado democrático está sendo contaminada por um ente que lhe é externo: o partido.

Adams já andou dando algumas outras declarações especiosas, que vocês podem encontrar em arquivo. Então ficamos assim: a Receita Federal acusa Verônica de ter quebrado o próprio sigilo, e Adms está convicto de que é Eduardo Jorge, o que teve o sigilo violado, quem atrapalha a “investigação”.

Só para que vocês não esqueçam: reportagens do Estadão demonstraram que as funcionárias envolvidas com a quebra do sigilo estavam sendo protegidas por uma espécie de blindagem e que a entrevista coletiva concedida pelo corregedor da Receita e por Otácílio, Cartaxo do PT e secretário, foi previamente combinada com o Planalto e com o comitê eleitoral de Dilma Rousseff.

A ser assim, vamos trocar, na Advocacia Geral da União, o Adams, da Família Luiz Inácio, pelo Fester, da Família Adams. Aquele, ao menos, é um monstro engraçado e inofensivo.

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