Paulo Roberto de Almeida
Corrupção
Conab nega afastamento de diretor investigado pela PF
Silvio Porto continua no cargo apesar de o Ministério da Agricultura ter informado que ele havia sido afastado
Marcela Mattos, de Brasília
O petista Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab (Elza Fiúza/ABr)
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negou neste sábado o afastamento temporário do diretor de Política Agrícola e Informações Silvio Porto, um dos suspeitos de envolvimento em um esquema de desvio de verba do programa Fome Zero. Apesar de o Ministério da Agricultura ter informado oficialmente que o ministro Antônio Andrade havia determinado que Porto ficasse fora de suas funções, a companhia alega que o diretor, “até o presente momento”, permanece no cargo.
Em nota, a assessoria da Conab informou ainda que a nomeação e o afastamento da diretoria colegiada, de acordo com o Estatuto Social da Companhia, são prerrogativas da Presidente da República. A Conab aguarda autorização judicial para ter acesso ao inquérito da operação.
A Operação Agro-Fantasma, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, detectou que o Programa de Aquisição de Alimentos, o PAA, é em grande parte uma simulação de produção e de entrega de alimentos. Os produtos não existem, assim como compradores e vendedores, mas o dinheiro existe. Para desviar os recursos públicos, a Conab autorizava repasses para associações e cooperativas rurais, o grande público que vota no PT no campo, utilizando nomes de produtores rurais e notas fiscais frias e superfaturadas.
Histórico - Petista do Rio Grande do Sul, homem de confiança da presidente Dilma Rousseff e do ministro Gilberto Carvalho, Silvio Porto administrava mais de 1 bilhão de reais por ano em compras feitas sem licitação e quase sem nenhum controle. O PAA ajudou na escolha de José Graziano da Silva para a diretoria-geral da FAO, a agência da ONU para agricultura e alimentação. O programa também serviu para neutralizar a ação de muitos movimentos sociais, pois os sem-terra estão entre os beneficiários, seja recebendo comida enquanto acampados ou vendendo ao governo quando assentados.
O diretor Silvio Porto foi indiciado na terça-feira. Ele chegou a comparecer à Superintendência da Polícia Federal em Brasília para dar explicações, mas, na ocasião, alegou que não tinha tido acesso às investigações e que posteriormente daria satisfações.
Os investigadores que acompanharam a ação acreditam que as fraudes tenham surrupiado mais de 30% de todo o dinheiro do programa, que movimentou 5 bilhões de reais em dez anos.
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