Paulo Roberto de Almeida
Corrupção: Brasil cai três posições em ranking internacional
O Globo, 2/12/2013
País, que em 2012 ocupava a 69ª posição na tabela da ONG Transparência Internacional, que inclui 177 países, agora está em 72º lugar
O Brasil caiu três posições no ranking dos países considerados mais limpos ou livres da corrupção. A tabela será divulgada nesta terça-feira pela ONG Transparência Internacional, com sede em Berlim, Alemanha. O país, que em 2012 ocupava a 69ª posição na tabela que inclui 177 países, agora está em 72º lugar — bem atrás de vizinhos como Uruguai, na 19ª posição, ou o Chile, na 22ª.
O ranking é feito pela ONG por meio de pesquisas com entidades da sociedade civil, agências de risco, empresários e investidores. Pergunta-se qual a percepção que se tem sobre a transparência do poder público. Depois, a tabela é elaborada através de uma pontuação que vai de 100 (menos corrupto) a zero (mais corrupto).
O Brasil obteve 42 pontos, o mesmo que Bósnia-Hezergóvina, São Tomé e Príncipe, Sérvia e África do Sul, países que, no ranking, ficam atrás de outros como Botsuana (30ª posição), Costa Rica (49ª), Ruanda (49ª) ou Turquia (53ª).
— O país não está nem no topo e nem no fim da tabela, está lá pelo meio, mas mesmo assim tirou menos de 50, ou seja, foi reprovado — diz Alejandro Salas, diretor de Américas da Transparência Internacional, para quem o Brasil não está fazendo o seu dever de casa para combater o problema da corrupção.
Além do mais, segundo ele, “a corrupção não condiz com a importância econômica que o país tem, e nem com suas intenções de ser uma liderança mundial”.
Em ano de Copa do Mundo e eleições, Salas acredita que o problema da corrupção será amplamente debatido em 2014 no Brasil. E acha que o país avança, porém, se retrai em muitos aspectos.
— Certamente, fatores como o julgamento do mensalão diminuíram a percepção da corrupção em 2013. Mas o que ocorreu não foi suficiente em meio a outros escândalos graves que o Brasil enfrenta, como a máfia dos fiscais ou os escândalos dos trens em São Paulo. Ou seja, o país está estagnado neste quesito — comenta o analista.
Há surpresas na lista, como uma recuperação da transparência, em relação a 2012, da Grécia, atualmente em 80º lugar e uma queda da Espanha, para o 40º lugar. Segundo Salas, os dois países, apesar de enfrentarem uma crise econômica profunda, estão adotando diferentes estratégias para sanear as contas e combater a corrupção.
A estabilidade das democracias também parecem influenciar o ranking. Países que enfrentam conflitos, como a Síria, o Afeganistão ou a Somália estão no fim da tabela, em 168º e 175º (os dois últimos empatados). Ditaduras como a Coreia do Norte também, em 175º lugar. Países onde há “governos centrais fortes, que controlam várias instituições, como a Venezuela (160ª posição), também apresentam queda vertiginosa”, afirma Salas.
— Mais um motivo para o Brasil, uma democracia cada vez mais instituída e pulsante, melhorar sua posição — recomenda o analista.
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