Governo brasileiro avalia se abandona grupos ligados ao Mercosul
O Itamaraty avalia uma lista elaborada pelo Ministério do Planejamento com 34 organizações internacionais das quais o Brasil poderia sair para reduzir gastos. Segundo o Planejamento, a despesa total da participação brasileira com esse tipo de organismo poderia chegar, sem os cortes, a R$ 5 bilhões em 2017.
A Secretaria-Geral do Itamaraty havia pedido que os postos no exterior e em Brasília que têm relação com as organizações apresentassem até esta sexta-feira (17) uma avaliação sobre o impacto para o país de uma eventual saída de cada uma delas.
Carlos Lebrato - 3.fev.2016/Anadolu Agency/Getty Images | ||
Sede do Mercosul em Montevidéu; para cortar gastos, governo de Michel Temer avalia abandonar grupos |
Entre as organizações listadas pelo Ministério do Planejamento, estão fóruns com certo peso regional, como a Comissão Intergovernamental dos Países da Bacia do Prata, ou ambiental, como a Comissão Internacional da Baleia, além de um organismo da ONU —a Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial)– e o Fundo de Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica.
Há ainda a Organização Internacional do Cacau —produto do qual o Brasil é o sexto maior produtor mundial—, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho.
Outras, menos conhecidas, incluem a Comissão Internacional da Pimenta do Reino e o Acordo de Conservação de Albatrozes e Petréis.
Mais relevante, a lista à qual a Folha teve acesso inclui seis organizações do Mercosul, como a Secretaria do Tribunal Permanente de Revisão —criado para solução de controvérsias—, o Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos e do Fundo de Promoção do Turismo.
Este último foi aprovado no Congresso em outubro, e o Brasil é, entre os quatro membros-fundadores, o que colocaria mais dinheiro no fundo: 65% da primeira contribuição anual de US$ 603 mil (US$ 392 mil ou R$ 1,3 milhão).
Apesar de a lista incluir os seis organismos e de o Itamaraty solicitar a avaliação sobre seu peso, o Ministério do Planejamento disse à Folha que "não há discussão sobre a saída de organismos pertencentes ao Mercosul".
Os pontos listados por cada área do Itamaraty servirão de "subsídio" para a decisão na Cipoi (Comissão Interministerial de Participação em Organismos Internacionais), que foi criada em fevereiro e reúne representantes da Casa Civil e dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e das Relações Exteriores.
DÍVIDA
Há cerca de um ano, quando teve início a discussão sobre a saída de organizações internacionais, a dívida total do governo brasileiro com esse tipo de organismo passava de R$ 2,7 bilhões. No fim de 2015, o Brasil era o segundo maior devedor da ONU —atrás só dos EUA—, com US$ 124 milhões em dívidas.
Pelas regras da ONU, um país pode ser punido com a perda do direito a voto na Assembleia-Geral caso sua dívida seja equivalente a dois anos de contribuição.
Após o vazamento da lista, o Ministério do Planejamento diz que o debate sobre os cortes já foi iniciado, "mas não há, até o momento, nenhuma decisão tomada sobre se o país se desligará de organismos internacionais e quais seriam eles".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.