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sábado, 8 de abril de 2017

Antonio Paim, 90 anos - Ricardo Vélez-Rodríguez


OS NOVENTA ANOS DE ANTÔNIO PAIM

Ricardo Vélez-Rodríguez
Rocinante, 8/04/2017


Antônio Paim (1927), o maior pensador vivo do Brasil.
No dia 7 de abril de 2017 foi comemorado, em São Paulo, o 90º aniversário de Antônio Paim. Não pude estar presente. Mas segui de perto as notícias sobre o almoço com que o meu amigo foi homenageado por amigos que vieram dos quatro cantos do país. Merecida homenagem para quem é, hoje, figura de prol da cultura brasileira e o mais importante pensador vivo do nosso país. 

Paim tem dedicado a sua vida ao estudo do Brasil e das nossas possibilidades de virarmos uma grande Nação. Imperativo categórico de rigor kantiano acompanhou, sempre, esse seu compromisso inarredável. Nestas horas de desvios de conduta de autoridades, de agentes públicos, bem como de políticos, empresários e cidadãos comuns é fundamental lembrar um exemplo como o de Antônio Paim. Porque se falta ao brasileiro médio espírito público, esse não falta ao idealismo e total dedicação às coisas brasileiras da parte do meu amigo.

Ao longo das várias décadas do meu convívio com Paim, sempre me chamou a atenção a clarividência com que antecipava os horizontes pelos que enveredaria o nosso país. Daí o seu pessimismo soft, que sempre o deixou com um pé atrás em relação às conquistas que nos levariam ao primeiro mundo sem perder, no entanto, totalmente a fé em que isso seria possível num futuro promissor. Uma esperança escatológica vive no fundo do idoso coração do meu amigo. E é a ela que me agarro ao tecer estas considerações em sua homenagem.

Antônio Paim, como destacava o saudoso e bem-humorado amigo José Fernando Tostes Vilela Leandro (prematuramente desaparecido para tristeza dos que com ele convivemos em épocas luminosas, lá na Universidade Gama Filho de meados dos anos 80), "tem pavio curto para com os que não amam o Brasil". Concordo. Não hesita em entrar na mais acirrada briga quando o desafeto que atravessa o seu caminho fá-lo em nome de interesses carreiristas, deixando para trás o espírito público. Foi assim com os burocratas da CAPES. Foi assim com Lima Vaz e os esquerdistas escondidos que jamais deram as caras para encarar a abertura política de peito aberto dizendo qual era o seu programa. Foi assim com a plêiade de funcionários medíocres que para colher fáceis louvações em foros e palestras de moda conspiraram contra o estudo do pensamento brasileiro na PUC do Rio dos anos 70, na Gama Filho dos anos 80 e 90, na UFJF do mesmo período, etc. E sai de perto quando o assunto é briga com ele pelo estudo e valorização das coisas brasileiras!

Destaco uma qualidade pedagógica do meu mestre: o seu compromisso com aqueles que se chegaram à sua orientação, sem distinções de ideologia, idade, credo ou origem. Paim sempre tem sido o mestre que se doa para os seus orientandos e alunos. A nota característica do seu comportamento para com eles, digo-o por experiência própria, é a ilimitada generosidade intelectual e humana com que os acolhe. Generosidade que se alarga no decurso do tempo por um longo período, chegando até os dias de hoje. Ainda Paim mantém o diálogo construtivo com a nova geração de intelectuais liberal-conservadores que busca, nele, um norte para a sua reflexão e ação transformadora das instituições deste país. Um representante dessa nova geração é, por exemplo, Alex Catharino, que está sempre em contato com o Mestre.

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