Vejamos estas palavras, absolutamente pertinentes para os nossos dias:
Todo homem procura, nos limites de suas possibilidades, atingir a perfeição do ideal humano, não só para conquistar a paz com a sua consciência e a sua felicidade pessoal, como para subsistir, pela colaboração na tarefa comum à existência.
É da natureza das coisas como dos seres, a sobrevivência.
Todos trazemos, com a vida, uma ânsia de perpetuação e de aperfeiçoamento de milênios – de evolução.
(...)
O homem é, como sempre se repetiu, a medida de todas as coisas.
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Nosso país nunca foi rico de homens. Não quero repetir uma frase [Nota: “O Brasil é um deserto de homens e ideias.”], ditada em hora de desalento, cuja contradita serve, hoje, para as expansões da inconsciência demagógica e patrioteira de nossos dias.
A verdade, porém, é que não nos é dado afirmar que os homens de nosso tempo e de nosso País sobreviverão ao transcurso de nossa era e às transformações inesperadas das nossas gerações...
A vida política brasileira sempre foi uma seleção negativa dos valores humanos. Faltou-lhe inspiração para as grandes vocações. O destino tem razões profundas. E a nossa vida política sempre foi superficial. (...)
(...)
Os portos abertos por D. João ao mundo, quando chegou à Bahia, têm sido fechados, sistematicamente, por todos os seus infiéis seguidores, incluídos os republicanos, contrariando o exemplo de outros povos e até os deveres contraídos com a grandeza do Brasil e a convivência mundial.
(...)
Vivemos de elites, de falsas elites governantes, perdidas em suas abstrações e privilégios, e que não souberam ou puderam defrontar a realidade brasileira, fugindo às considerações práticas e realistas, bases mesmas de toda ação governamental e do progresso material e moral dos povos.
A falta desse pragmatismo, essencial à função política, desde o Império, determinou a perturbação do conhecimento e dificultou a solução dos problemas fundamentais, do povo e do País.
A decorrência logica dessa atitude das nossas elites, no campo governamental, como nos demais, foi o distanciamento crescente entre o governo e o povo, e o das camadas superiores das populações nacionais.
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A retomada democrática é a única estrada para nossa salvação dos descaminhos de um passado de retrocessos.
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Na verdade, trata-se de um discurso pronunciado por Oswaldo Aranha na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em fevereiro de 1947, antes de partir para a representação do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York.
Encontra-se neste livro:
Aita, Carmen; Axt, Gunter (orgs.):
Oswaldo Aranha: discursos (1916-1931)
(Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, 1999, p. 258-260).
Ele não foi incluído neste livro que organizei porque tratava mais de aspectos de política doméstica do que de política externa.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13 de abril de 2018
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