Incerteza global: Como uma guerra comercial entre EUA e China pode afetar a economia do Brasil e do mundo?
Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: responder a questões colocadas por jonalista; finalidade: Hangout do Instituto Millenium]
Introdução
Fui convidado, em meados de abril, para uma entrevista conjunta com o economista Marcos Troyjo em torno da chamada “guerra comercial China-EUA”, um título jornalístico legítimo, pois é isso o que aparece nas chamadas da mídia, mas pouco apropriado à verdadeira natureza do problema, que deriva dos posicionamentos irrefletidos, absolutamente esquizofrênicos, do atual presidente dos EUA, que pretende governar a sua grande nação, e instruir o mundo, através de tweets, um meio original, certamente espetaculoso, mas totalmente inadequado a uma governança responsável. Esse hangout realizou-se em 26 de abril, sob a coordenação do jornalista Sérvulo Dias.
O ponto de partida foi dado pelo anúncio de salvaguardas à importação de aço e alumínio nos EUA, adotadas em nome de uma suposta “segurança nacional” americana, o que é totalmente falso, no plano objetivo, e que representa uma distorção completa das regras do GATT e da OMC na boa condução do sistema multilateral de comércio. A tal “guerra comercial”, mais propalada do que efetivamente implementada até o momento, consiste na seleção da China como alvo principal dessas medidas, e no anúncio, por representantes chineses, de contramedidas retaliatórias, sob a forma de diversas salvaguardas – ou seja, sobretaxas a importações de diferentes linhas tarifárias – a serem eventualmente aplicadas a produtos de origem americana (mas que podem vir de quaisquer outros países). Ou seja, a insanidade de Trump consegue provocar um imenso distúrbio em fluxos de importações e exportações ao redor do mundo, podendo inclusive prejudicar o Brasil.
1) Essa guerra comercial seria majoritariamente uma guerra bilateral entre China e EUA ou a tendência é que se espalhe por todos os continentes? Quais as consequências?
2) O parlamento chinês aprovou em Março uma emenda constitucional que elimina os limites do mandato presidencial, permitindo que o presidente Xi Jinping permaneça no cargo por tempo indefinido, num modelo de mandato vitalício. Tal ampliação no poder do presidente parece indicar total respaldo do Partido Comunista para poder retaliar comercialmente os Estados Unidos à altura. Esse poder ampliado do lado chinês não configura um elemento adicional de preocupação? A China estaria disposta a levar a retaliação comercial às últimas consequências?
Espero que apreciem...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de maio de 2018
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