Folha de S. Paulo, 20 de abril de 2018
Desde a promulgação do Decreto 66.217, de 1970, o Dia do Diplomata é comemorado em 20 de abril, nascimento de José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco, Patrono da Diplomacia brasileira. Ao celebrarmos este dia, revisitamos o sentido do patriotismo. A homenagem ao agente encarregado de elaborar e executar as diretrizes da política externa do País estará sempre associada ao lema “Ubique Patriae Memor” (Em qualquer lugar, terei sempre a Pátria em minha lembrança), que integra hoje a “Ordem de Rio Branco”, intitulada em homenagem ao Patrono.
Atualmente, mais de 1.500 diplomatas representam o Brasil e atuam para defender os interesses nacionais, seja na capital federal ou nas embaixadas, consulados e delegações junto a organismos internacionais. Os diplomatas atuam nas áreas cultural, ambiental, econômica, comercial, proteção e defesa dos direitos humanos, cooperação, paz e segurança internacionais, dentre outras.
Em virtude do aumento do número de brasileiros residentes no exterior, nosso serviço consular tem ampliado a estrutura de atendimento. Situações de emergência como resgate em casos de catástrofe ou de guerra, repatriação, encarceramento, acidente, morte, emissão de documentos também por perda ou roubo e inadmissão de brasileiros em outros países, são exemplos da assistência que prestamos. Também atuamos na concessão de vistos para estrangeiros que pretendem visitar o Brasil. A agilidade na produção destes documentos contribui consideravelmente para o crescimento do turismo.
A divulgação da imagem do Brasil no exterior é uma das funções dos diplomatas, que promovem os produtos, serviços e talentos artísticos nacionais, contribuindo para a atração de investimentos e para uma melhor difusão de nosso patrimônio artístico e cultural. Cabe destacar, ainda, a tarefa de atuar na negociação de acordos internacionais, seja para promover exportações, o que ganha especial relevância em contextos de crise, ou, como ocorreu historicamente, para garantir a integridade de território e a solução pacífica de conflitos.
Ainda nos dias de hoje, não é incomum o desconhecimento da contribuição diplomática para a formação e o desenvolvimento do Brasil. Muitas vezes são desconhecidos também os desafios enfrentados diariamente por muitos integrantes da carreira diplomática. Iniciamos a carreira com uma formação ampla e consistente, com um dos concursos mais rigorosos da Administração Pública, proporcional às exigências da atuação que precisamos ter dentro e fora do País.
Ao longo da carreira diplomática, as dificuldades enfrentadas não correspondem ao estereótipo glamoroso frequentemente associado à profissão. Parte considerável das missões para as quais somos designados acontecem em países em guerra, com ameaças de terrorismo, regiões de desastres ambientais e epidemias. São muitos também os custos de ordem pessoal e financeira, como a distância da família, que impõem a nós, sobretudo, a nossos familiares constante necessidade de adaptação a diferentes línguas, hábitos, culturas, climas e religiões. Contudo, nosso desejo de servir ao Brasil independe de onde estamos, ou do próximo destino.
Que o dia 20 de abril seja uma data para nos orgulharmos do legado da diplomacia na formação da identidade nacional e para reconhecermos a responsabilidade e a importância de nossas atribuições. Que a memória constante do Brasil, com seus desafios e qualidades, nos motive ainda mais a atuar por um País justo e desenvolvido, em que as atribuições da carreira diplomática continuem sendo uma contribuição essencial para o desenvolvimento de nosso País.
*A Embaixadora Vitoria Cleaver é presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), formada em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da PUC-RJ.
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