Rio de Janeiro, 16 de abril de 2018.
Há muito tardava a necessidade de um grupo de estudos para os discentes que se identificam com a História Econômica, quando, em agosto de 2016, um pequeno contingente de estudantes resolveram ler e debater em conjunto o livroEscravidão e Capitalismo Histórico, na esteira de sua repercussão durante o V Congresso Latino-Americano de História Econômica. Desde então, reunindo-se na sala do SEO e do POLIS, na UFF (Campus do Gragoatá), as despretensiosas reuniões evoluíram para um espaço de formação conjunta e o grupo de estudos cresceu. Também se tornou mais complexo, constituindo-se em ponto de encontro para pesquisas afins, bem como se tornando um instrumento de organização discente para atividades acadêmicas.
Nesse curto tempo, muito projetamos e realizamos alguns de nossos anseios, sendo o nosso grupo de estudos extremamente útil para nossos intentos. Entretanto, ainda tomados por nossas trajetórias individuais, encontramos a necessidade de dar regularidade e formalizar nossos esforços em conjunto.
A decisão pela fundação desse grupo está assentada na convicção de que a História Econômica jamais deixou de ser um campo fundamental para uma perspectiva historiográfica estruturalista. Não negamos os avanços conquistados na historiografia oriundos da introdução da multiplicidade e do subjetivismo como fatores a serem reconhecidos pelo historiador, os quais possibilitaram a emergência de novas abordagens na prática de pesquisa e incentivaram a integração da história com diferentes áreas do conhecimento. Partimos do entendimento, contudo, que as relações econômicas envolvendo instituições e indivíduos - compreendendo as esferas da produção, das trocas, do financiamento e do consumo - atuam como condicionante no desenvolvimento das múltiplas experiências e significações próprias do espírito humano. Defendemos assim, dentro da melhor tradição dialética, a conciliação entre essa pluralidade de enfoques e o reconhecimento das bases socioeconômicas da vivência social, caminho indispensável para a construção da história dentro de horizontes totalizantes, mas que deem conta de abarcar dentro de si a heterogeneidade da prática historiográfica sem sufocá-la.
Os nossos objetivos fundacionais são: 1- estudo e debate da historiografia para formação dos membros, no geral, mas também para participações em cursos, eventos, concursos ou qualquer atividade acadêmica específica; 2- debate e articulação das nossas pesquisas e trabalhos científicos e/ou institucionais; 3- inserção acadêmica conjunta em eventos, periódicos, associações, programas, cursos, etc.
Nosso caráter interinstitucional e a riqueza de nossas relações com outras coletividades devem preservar nossa atuação em grupos de pesquisa, laboratórios e associações outras, em conjunto com nossos professores e orientadores. Essa sinergia não só é possível, quanto parece necessária para o nosso estabelecimento e inserção como grupo em ambientes institucionais e atividades científicas que demandem apoio de nossos mestres. Entre nós, a inexistência de uma hierarquia estratificada (seja titulada e/ou através da experiência) pode garantir uma outra qualidade de formação, além de permitir outras vias de organização acadêmica e realização de pesquisas.
No momento de sua fundação o grupo contém graduandos e pós-graduandos em formação na UFF, UFRJ, UNIRIO, FIOCRUZ, USP e UNL. Alguns de seus integrantes são associados à ABPHE, ANPUH e SEO. Os grupos de pesquisa e laboratórios que já integram são: Laboratório Polis - História Econômico- Social/UFF, Laboratório HEQUS – História Econômica Quantitativa e Social/UFF,LEHI - Laboratório de Economia e História/UFRRJ, LAPEDHE - Laboratório de Pesquisa e Documentação em História Econômica e Social/UFF, Grupo de Pesquisa Portos e Cidades no Mundo Atlântico/CNPq e Grupo de Pesquisa O Vale do Paraíba, o Império do Brasil e a Segunda Escravidão/UNIRIO.
Após todos os esforços para articularmos um contingente apreciável de estudantes pesquisadores, sobrou-nos a difícil tarefa de nomear esse agrupamento. No momento em que muitos decidem por caminhar sozinhos,
As duas continuam tendo seus legados intelectuais individualmente vivos, sendo lidas e extremamente úteis à formação de gerações de historiadores. Entretanto, especialmente para os estudantes que não as conheceram, ouvir falar de Eulália e Bárbara em conjunto não é incomum. Nossos professores e orientadores muitas vezes falam das duas como uma dupla de forma absolutamente naturalizada, as suas trajetórias justificam como são lembradas. E é dessa forma que o nosso grupo gostaria de ser identificado, com essa característica de soma de esforços, de associação intelectual, de articulação acadêmica, de apoio mútuo na formação e no trabalho científico.
Dessa forma, temos orgulho de nos apresentar sob o nome Grupo de Estudos e Pesquisas Eulália e Bárbara.
Alan Ribeiro (UFF)
Amanda Marinho (USP)
Bruna Dourado (UFF)
Bruno Linhares (USP)
Daniel Schneider (UFF)
Demétrio Santos (UFF)
Giselle Machado (FIOCRUZ)
Guilherme Barreto (UFF)
Guilherme Giesta (UFF)
Guilherme Villela (UNL)
João Marcos Mesquita (UNIRIO)
Juliana Valpasso (UFF)
Luana Bonacchi (UFF)
Marcio Cardoso (UFF)
Marcos Marinho (UFF)
Matheus Santana (FIOCRUZ)
Mylena Porto (UFRJ)
Pedro Henrique Guzzo (UFF)
Philippe Moreira (UFF)
Rodrigo Aragão (FIOCRUZ)
Rodrigo Marretto (UFF)
Silvana Andrade (UFF)
Thaiz Freitas (UFF)
Thiago Alvarenga (UFF)
Thiago Mantuano (UFF)
Vitor Hugo Monteiro (UFF)
Um comentário:
Paulo Roberto - Tendo convivido com ambas, creio justíssima a homenagem no nome e a implícita chamada para que as novas gerações procurem informar-se diretamente sobre o que ocorreu no passado - sobre as pessoas, os contextos e os produtos que sobreviveram até o presente.
Heitor Pinto de Moura Filho
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