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domingo, 8 de abril de 2018

Mini-reflexao sobre as deformacoes da historia no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre as deformações da história no Brasil

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: comentário sobre a atualidade;finalidade: esclarecimento dos incautos]


Não a partir dos recentes eventos de caráter policial-judiciário, envolvendo a prisão – delongada, custosa, espetaculosa, pirotécnica, estrepitosa – do maior meliante político da história do Brasil, mas desde sempre, e com mais acuidade desde o assalto ao poder, no Brasil, em 2003, por uma organização criminosa travestida em partido político, percebe-se claramente a continuidade da construção de uma versão deformada de toda a história, versão tanto mais bem sucedida que ela é veiculada por jornalistas simpáticos à causa representada por esse partido, depois sistematizada por acadêmicos também simpáticos à mesma causa, e consolidada num imenso esforço de publicidade pelos responsáveis por essa organização. Acresce que existe uma ENORME ignorância no exterior, sobre a real situação politica no e do Brasil, fruto de uma campanha de desinformação sistemática, interna e externamente, conduzida pelo partido e suas correias de transmissão em todos os meios de comunicação, bem como por seus aliados em vários outros partidos ditos de esquerda e movimentos afins.
Como conhecedor da história, como observador da história brasileira e mundial no último meio século, como leitor de todos os livros de história, de todas as tendências, a que tive acesso sobre a história mundial do movimento comunista, não tenho nenhuma hesitação em afirmar que muito do que se faz atualmente conserva o estilo reconhecido da III Internacional (isto é, da Internacional Comunista criada por Lênin, em 1919, extinta por Stalin em 1943, para servir às suas necessidades conjunturais e táticas de aliança com as potências democráticas ocidentais), ou do Cominform, o mesmo tipo de organização centralizada controlando todos os partidos comunistas ao redor do mundo (com poucas exceções, na China e na Iugoslávia), que existiu no auge e no começo da decadência dos tempos stalinistas. Isso ocorre porque o PT, ademais dos sindicalistas corruptos do tipo de Lula, também é conduzido por uma categoria de apparatchiks que eu chamo de “guerrilheiros reciclados” – ou seja, os militantes que foram derrotados nos experimentos de guerrilha urbana y rural dos anos 1960-70, duramente reprimidos pela ditadura militar, mas que voltaram para a luta política ao seio das organizações de esquerda pós-anistia, sobretudo no PT. Todos eles, mas sobretudo os segundos, nisso ajudados pelos “cérebros” engajados dos gramscianos de academia, fazem um trabalho quase perfeito, de estilo gramsciano, de constante fabricação da sua versão da história, com grande capacidade de ser ela aceita pelos jornalistas e observadores estrangeiros, a começar pela população brasileira, partindo dos simples estudantes e professores.
Também ajuda nisso o fato de que o mesmo bando de políticos corruptos que apoiou os petistas durante todo o seu reino de submissão dos demais poderes, por meio da compra, da chantagem, de diversos tipos de aliança, permaneceu no poder após o processo de impeachment, que apenas retirou do poder os representantes do PT, nele seguindo todos os demais no comando do país, agora lutando contra os poucos juízes que tentam combater a corrupção.
Registro, por necessário, que mesmo a história passada, seja a da era Vargas, seja a do período militar, está e continua sendo profundamente deformada, pelos mesmos historiadores de esquerda e por sociólogos comprometidos com a mesma visão, uma vez que a academia é, a 90%, “progressista” ou simpática às causas da esquerda. 
Uma reflexão final: custará muito à cidadania honesta e consciente, à fração trabalhadora da sociedade brasileira – aquela que produz as riquezas apropriadas pelo chamado “estamento burocrático” do Estado – libertar o Brasil dos políticos corruptos, bem mais do que seria desejável. Mas ouso afirmar que nos custará muito mais, em tempo e esforços, restabelecer a verdade histórica.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8 de abril de 2018.

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