O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Por que o Brasil sempre abre a Assembleia Geral da ONU - Giulia Granchi Role (BBC News Brasil)

 BBC Brasil, 22/09/2025

Por que o Brasil sempre abre a Assembleia Geral da ONU

A cena se repete ano após ano: o presidente do Brasil sobe à tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas e dá início ao mais importante debate diplomático global. Mas, afinal, por que cabe sempre ao Brasil o papel de iniciar o evento?

A resposta está menos em regras escritas e mais em tradição diplomática.

Segundo o livro O Brasil nas Nações Unidas, 1946-2011, publicado pela Fundação Alexandre de Gusmão no aniversário de 50 anos da ONU, a prática teria começado em 1949, em meio ao clima de confronto da Guerra Fria, justamente para evitar dar primazia aos Estados Unidos ou à União Soviética.

Desde então, tornou-se praxe: antes de abrir a lista de oradores, o secretário-geral envia uma nota à missão brasileira perguntando se o país deseja manter a tradição.

A resposta invariavelmente positiva mantém viva uma prática que "honra e distingue o Brasil", nas palavras da publicação.Pule Mais lidas e continue lend

Fim do Mais lidas


Ainda conforme o livro, essa circunstância consolidou na diplomacia brasileira a percepção de que o discurso de abertura possui peso estratégico.

Segundo a publicação, o contrário da maioria das delegações, que costumam centrar-se em questões tópicas, o Brasil passou a usar esse espaço para fazer análises mais amplas da conjuntura internacional, projetando sua visão de mundo e defendendo temas estruturais, como o combate à fome, o desenvolvimento e a reforma de instituições multilaterais.

Mas o professor de relações internacionais Matias Spektor avalia que, neste ano, Lula deve direcionar suas palavras ao público doméstico.

"Eu antevejo que o Lula fará um discurso centrado na soberania, na importância do livre comércio, das instituições internacionais, ou seja, toda agenda que é uma agenda multilateralista, típica de país do sul global, com um tom que é crítico daquilo que o Trump vem fazendo", diz ele, que leciona na FGV (Fundação Getulio Vargas).

Tradição com 'raízes formais'

Segundo Lucas Leite, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), essa tradição também tem raízes formais: "O Brasil foi muito importante na constituição da Carta da ONU e nas discussões para a criação da organização. O diplomata Oswaldo Aranha teve papel essencial na primeira Assembleia Geral, inclusive conduzindo o processo que levou à criação do Estado de Israel. Além disso, a diplomacia brasileira sempre foi respeitada como capaz de mediar conflitos e criar consensos, o que ajuda a explicar a continuidade dessa tradição".

O gesto também dialogava com o papel que o país buscava exercer no pós-guerra: uma voz ativa no multilateralismo, mesmo sem figurar entre as grandes potências vencedoras do conflito.

"Existe um argumento de que isso funcionou como uma espécie de prêmio de consolação, já que o Brasil não entrou como membro permanente do Conselho de Segurança, principalmente por resistência da União Soviética e de países europeus. Mas, mais do que isso, mostra a confiança que os países depositavam na diplomacia brasileira", complementa Leite.

Desde 1955, o Brasil passou a abrir de maneira constante o Debate Geral, seguido pelo país anfitrião, os Estados Unidos. O arranjo deu estabilidade ao protocolo: depois desses dois, a ordem dos discursos é definida por critérios como o nível da autoridade presente, equilíbrio geográfico e ordem de inscrição.

A tradição atravessou décadas, com raríssimas exceções motivadas por atrasos ou ajustes de agenda. Em 1983 e 1984, por exemplo, os EUA falaram antes do Brasil; em 2016, o segundo lugar coube ao Chade, porque o presidente americano não chegou a tempo.

Vitrine brasileira

Mais do que uma curiosidade protocolar, a abertura dos discursos na ONU dá ao Brasil uma visibilidade singular. É uma vitrine para projetar sua política externa, expor prioridades nacionais e marcar posição em temas globais diante de chefes de Estado, diplomatas e da imprensa internacional. "Essa tradição pode ser entendida como simbólica, sim, mas também como um elemento concreto de poder do Brasil", observa Leite.

O professor aponta que o país sempre defendeu a solução pacífica de controvérsias, o papel das instituições e o multilateralismo. "Nesse sentido, o simbolismo se traduz em prática: ser o primeiro a falar garante que o Brasil seja ouvido."

"Brinco às vezes dizendo que muitos não estão ali para ouvir o representante brasileiro, mas sim o americano, que fala logo depois. Mas como já estão sentados, o Brasil acaba tendo mais repercussão do que outros países, que falam em dias seguintes, em momentos de menor atenção", complementa Paulo Velasco.

É, portanto, segundo os especialistas, uma tradição que beneficia o país coloca o Brasil sob os holofotes. "Podemos dar recados, às vezes com maior contundência, às vezes menos, mas sempre em um espaço privilegiado", diz Velasco.

Ao longo das décadas, a diplomacia brasileira oscilou entre diferentes linhas: de uma lógica americanista, alinhada aos Estados Unidos, até uma postura mais globalista, promovendo autonomia e desenvolvimento dos países do Sul Global.

Segundo Leite, "essa 'pendulação' é visível nos discursos do Brasil na Assembleia Geral. Mesmo governos não alinhados à esquerda, como Temer, Fernando Henrique ou Sarney, repetiam linhas mestras: desenvolvimento, combate à pobreza, meio ambiente e democracia. Já a exceção foi o governo Bolsonaro, que adotou discurso populista e subserviente aos EUA, negando o multilateralismo".

Historicamente, defende Leite, os discursos brasileiros ajudam a definir o tom do debate, chamando atenção para fome, pobreza, reforma de instituições globais e missões de paz. "Simbolicamente e na prática, o Brasil representa uma ponte entre mundos: Ocidente e Oriente, Norte e Sul, autonomia e desenvolvimento".

O discurso deste ano

O Brasil já abriu a Assembleia Geral da ONU em momentos de pressão internacional, mas nunca enfrentou uma situação de confronto direto tão evidente como agora, com os Estados Unidos.

"Na época do Bolsonaro, por exemplo, houve atritos sérios com a França de Emmanuel Macron em torno das queimadas na Amazônia. Mas, evidentemente, não se compara com a tensão que temos hoje com os Estados Unidos", observa Paulo Velasco, professor de política internacional da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

A escalada começou ainda em julho: primeiro, Donald Trump classificou as acusações contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal como uma "caça às bruxas". Poucos dias depois, anunciou a sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras. Lula, por sua vez, tem respondido com a defesa da soberania nacional.

Além disso, os EUA também anunciaram sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes e sua mulher no âmbito da Lei Global Magnitsky.

Antes do discurso do presidente nesta terça-feira (23/9), Velasco afirmou que o presidente deve aproveitar o púlpito em Nova York para reiterar "como tem feito" a defesa da democracia e da autodeterminação dos povos.

"Ao longo de sua vida política, Lula tem repetido os mesmos pontos na ONU: combate à fome e à pobreza, defesa do desenvolvimento sustentável, crítica aos gastos excessivos com armas, e a busca por uma ordem internacional mais justa e menos assimétrica. Foi assim nos anos 2000, foi em 2023, e deve ser agora também", afirmou.

"Deve dizer algo no sentido de que é inadmissível, em pleno século XXI, vermos ingerência externa sobre a soberania e o judiciário de países independentes. Seria um recado bastante indireto, mas direto ao mesmo tempo, a Donald Trump."

Lula abriu seu discurso falando sobre "sanções arbitrárias" e "intervenções unilaterais", sem citar o governo Trump, disse que a condenação de Jair Bolsonaro (PL) por golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é um "recado aos candidatos a autocratas do mundo e àqueles que os apoiam".

Ainda que classifique o tom como "previsível", Velasco reforça que a mensagem é importante. Ele aponta, por exemplo, a necessidade de insistir no financiamento climático — pauta central para a COP30 — e de associar esse debate aos gastos militares em alta. "Se o mundo destina 5% do PIB em defesa, como alguns países da OTAN querem, sobra menos para combater a fome, enfrentar o aquecimento global e acelerar a transição energética."

Nesse cenário, conclui o professor, o Brasil chega a Nova York em posição firme. "Não vejo o país com o 'rabo entre as pernas'. Mesmo que alguns ministros não viajem, a delegação será relevante e o Brasil estará confortável para dar seu recado — como tantas vezes fez na Assembleia Geral da ONU."

Dois novos livros interessando ao público de Relações Internacionais do Brasil: Intelectuais na Diplomacia Brasileira e Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas Relações Internacionais do Brasil

 Tenho o prazer de informar aos colegas pesquisadores, estudantes e público em geral interessado na política externa e história da diplomacia do Brasil que dois novos livros que produzi e organizei nos últimos anos, encontram-se disponíveis para aquição nos canais das editoras ou nas lojas virtuais.

Paulo Roberto de Almeida, professor e diplomata

Intelectuais na Diplomacia Brasileira: a cultura a serviço da nação

Também disponível na Amazon.

Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas Relações Internacionais do Brasil

Também disponível na Amazon.



segunda-feira, 29 de setembro de 2025

“Você é um diplomata propenso aos acidentes!”: Minha trajetória diferenciada na diplomacia do Brasil (e, talvez, uma história sincera do Itamaraty) - Paulo Roberto de Almeida

 “Você é um diplomata propenso aos acidentes!”

Minha trajetória diferenciada na diplomacia do Brasil (e, talvez, uma história sincera do Itamaraty)

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre o início de um processo de recomposição de memória de vida

    “Você é um diplomata propenso aos acidentes!” (ou dito em inglês: “You are an accident-prone diplomat!”, o que me deixou sorrindo, pois que concordei inteiramente com o “diagnóstico”)
        Preparando-me atentamente para um depoimento pessoal e formal no quadro do projeto “Memória Diplomática”, patrocinado pela Associação dos Diplomatas Brasileiros, e implementado em cooperação com o Museu da Pessoa (SP), resolvi traçar um roteiro de parte de minha trajetória funcional no Itamaraty (1977-2021), que ocupou a maior parte de meu itinerário pessoal na maturidade, mas não a totalidade de minhas atividades intelectuais ao longo de sete décadas bem vividas, no Brasil e no exterior, dois terços delas na companhia de Carmen Lícia Palazzo, uma mulher excepcional, leitora ainda mais “excessiva” do que eu, muito mais inteligente e sensata do que eu nunca consegui ser, e que me corrigiu e orientou no decorrer de três quartos de século, entre a segunda metade do XX e a terceira década do atual.
        Esse roteiro, seguindo meu hábito iniciado nos primeiros anos da carreira diplomática de numerar cada trabalho considerado concluído, numa longa trajetória de materiais escritos e registrados, recebeu o número 5.072, como tal divulgado no meu blog Diplomatizzando em 29/09/2025, recebe agora um título entre aspas que resume, talvez, o sentido de uma vida questionadora e sempre orientada por um método que eu passei a chamar de “contrarianismo bem comportado”, ou seja, certo ceticismo sadio com respeito às crenças arraigadas, às verdades estabelecidas, àquilo que, ao estilo de Bouvard e Pecuchet, de Gustave Flaubert, se poderia chamar de “idées reçues”, segundo um “Dicionário” mais do que centenário.
        Uma pergunta, talvez mais importante do que o simples relato factual de minha carreira no Itamaraty, poderia ser feita ao início deste relato: “Você, agora aposentado, se considera, a si mesmo, ter sido um bom diplomata?”
        Sem hesitação, eu poderia responder, pelo mesmo princípio pessoal de comportamento acima sinteticamente descrito, “Isso depende!”. “Depende do quê?”, questionaria o questionador.
        E eu responderia: “Sim, no estrito limite do cumprimento de meus deveres funcionais, eu fui um bom diplomata: segui instruções (nem sempre) das chefias, desempenhei a contento as missões de informar, representar e negociar (que constitui a “santíssima trindade” da atividade burocrática na diplomacia) e creio ter tido um desempenho mais do que satisfatório durante minha vida ativa no Itamaraty.”
        Mas eu poderia também responder: “Não exatamente, pois que, além de seguir exatamente os cânones da carreira naquela santíssima trindade, eu nunca deixei de exercer uma característica própria mantida contra ventos e marés ao longo de todos os 44 anos de exercício funcional de minhas obrigações burocráticas: eu jamais renunciei a pensar com minha própria cabeça a respeito de cada instrução recebida, acerca dos fundamentos empiricos das orientações expedidas e de sua adequação aos interesses nacionais, tal como eu deduzia de meus longos estudos sobre o Brasil e seus principais problemas.”
        E por que essa atitude de relativa rebeldia em face das instruções recebidas, poderia questionar novamente o condutor do depoimento?
        Eu simplesmente responderia: “Porque confesso que eu nunca aceitei, e jamais me resignei, aos “dogmas sagrados” que, a partir da ditadura militar (talvez até antes), resolveram nos impingir: os da Hierarquia e Disciplina (assim, com letras maiúsculas).
        Daí decorreram os incidentes e percalços da metade da carreira ao seu final, que vou relatar com toda a acuidade e sinceridade possíveis.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29/09/2025

Memória Diplomática: Linha do tempo de Paulo Roberto de Almeida

5072. “Memória Diplomática: Linha do tempo de Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 28 de setembro de 2025, 8 p. Complemento ao trabalho 5062, contendo roteiro cronológico ilustrado sobre as principais etapas da vida pessoal e da carreira diplomática, para subsidiar entrevista gravada com organizadores do Museu da Pessoa, em projeto encomendado pela ADB, em 3/10/2025; incluindo os livros sobre questões internacionais publicados ao longo da carreira. Faltam fotos, recortes das várias etapas.

Memória Diplomática – Linha do tempo de Paulo Roberto de Almeida


Brasília, 29 de setembro de 2025
Pequeno roteiro cronológico ressaltando principais etapas da carreira diplomática, com vistas a entrevista gravada com organizadores do Museu da Pessoa, em projeto encomendado pela ADB, em 3/10/2025.


1) 1977: Ingresso na carreira: origem social; autoexílio na ditadura (1970); estudos na Bélgica: graduação (1975):

032. Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964, “Mémoire” de Licence (Bruxelles : Université Libre de Bruxelles, Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Économiques, 1976, 108 p.).

Mestrado e início do doutoramento; decisão de voltar ao Brasil; projeto de carreira acadêmica; concurso em plena tentativa de golpe de Frota; teste para possível fichamento SNI: concurso Itamaraty; fichamento ocorreu logo em seguida: descoberta mais tarde;
(fichado como “diplomata subversivo” no Arquivo Nacional de Brasília: diretório SNI)

2) 1979-1985: casamento; primeiros postos no exterior: Berna e Belgrado: término do doutoramento; viagens pelo socialismo; revisão das concepções políticas e sobre a economia; alguns escritos ainda sob outros nomes: brasileiros na guerra civil espanhola;

Um dos meus primeiros trabalhados publicados, ainda na ditadura:

066. “Brasileiros na Espanha: um estudo preliminar sobre a participação de brasileiros na Guerra Civil Espanhola”, Brasília, 9-28 outubro 1979, 28 p. Ensaio de pesquisa histórica, sintetizando informações de fontes primárias e secundárias. Publicado, [PR], em Temas de Ciências Humanas (São Paulo, Ano 1980, volume 9, p. 125-158). Relação de Publicados n. 013.

084. Classes Sociales et Pouvoir Politique au Brésil : une étude sur les fondements méthodologiques et empiriques de la Révolution Bourgeoise, Thèse présentée en vue de l'obtention du Grade de Docteur ès Sciences Sociales, Directeur : Prof. Robert Devleeshouwer (Bruxelles : Université Libre de Bruxelles, Année Académique 1983-84, Tomes I et II, 503 p.). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/15308281/84_Revolution_Bourgeoise_au_Bresil_these_de_doctorat_1984_). Relação de Trabalhos Publicados n. 018.

3) 1985-1987: trabalho na SERE: professor na UnB e no IRBr: sociologia política; inflação e planos econômicos frustrados; primeiros escritos sobre partidos políticos e política externa, parlamento; convocação da Constituinte: trabalhos sobre Diplomacia e Constituição.

100. “Partidos Políticos e Política Externa”, Brasília, 25 novembro 1985, 51 p. Artigo sobre a interação dos partidos políticos com a política externa, do ponto de vista programático e da experiência congressual. Publicado na Revista de Informação Legislativa (Brasília, Ano 23, n. 91, julho-setembro 1986, p. 173-216) e na revista Política e Estratégia (São Paulo, vol. IV, nº 3, julho-setembro 1986, p. 415-450). Relação de Trabalhos Publicados n. 023 e 025.

4) 1987-1990: Convite para Washington de Marcílio Marques Moreira (Paulo Tarso); remoção para Genebra, Desarmamento e Delegação Econômica: Paulo Nogueira Batista e Rubens Ricupero: Rodada Uruguai; Unctad; Ompi; estudos de economia e comércio internacional; primeira tentativa de fazer um trabalho sobre a formulação da política econômica externa

5) 1990-1992: Montevidéu-ALADI; Sensação de grande potência no pequeno Uruguai, ainda muito atrasado; estudo sério da integração: Alalc-Aladi-Mercosul; governo Collor: primeira tentativa de modernização econômica no Brasil; revisão de grandes conceitos da diplomacia terceiro-mundista; algumas incursões acadêmicas;
Livro: Mercosul: Textos Básicos (Brasília: IPRI-Fundação Alexandre de Gusmão, 1992, Coleção Integração Regional nº 1; esgotado).

6) 1992-1993: Breve estada em Brasília: primeiro livro sobre a integração e o Mercosul (1993); intensas atividades acadêmicas em diversas instituições do Brasil; muitas viagens para explicar a integração e divulgar seus principais aspectos;

Livro: O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; ISBN: 85-7129-098-9; Estante Virtual; Academia.edu).

7) 1993-1995: Paris: setor econômico da embaixada, Clube de Paris, OCDE; vida universitária; aprofundamento na História; colaboração com a professor Katia Mattoso; livrinho de história do Brasil; viagens pela Europa.

8) 1995-1999: SERE: chefia da DPF, acordos de investimentos; diplomacia bastante casada à política externa; tese sobre Brasil e OCDE rejeitada em 1996; tese sobre a Formação da diplomacia econômica no Brasil (publicada posteriormente).
Livros publicados:
1) José Manoel Cardoso de Oliveira: Actos Diplomaticos do Brasil: tratados do periodo colonial e varios documentos desde 1492 (edição fac-similar, publicada na coleção “Memória Brasileira” do Senado Federal; Brasília: Senado Federal, 1997; 2 volumes; Volume I: 1493 a 1870; Volume II: 1871 a 1912; Academia.edu);
2) Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998, 360 p.; ISBN: 85-7025-455-5; esgotado; Amazon.com);
3) Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil (edição fac-similar: Brasília: Senado Federal, 1998; Coleção Memória brasileira n. 13; 420 p.; Academia.edu);
4) Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 p.; ISBN: 85-7322-548-3; esgotado; Academia.edu);
5) O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, na coleção “Direito e Comércio Internacional”, 1999, 328 p.; ISBN: 85-7348-093-9; Estante Virtual);
6) Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 1999, 96 p.; ISBN: 85-7441-022-5; esgotado; Academia.edu)
7) Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (São Paulo: LTr, 1999, com Yves Chaloult);
8) O estudo das relações internacionais do Brasil (São Paulo: Editora da Universidade São Marcos, 1999, 300 p.; ISBN: 85-86022-23-3; Estante Virtual; Academia.edu).

9) 1999-2003: ministro-conselheiro em Washington; trabalho com brasilianistas; ataques terroristas em NY e W.DC; eleição de Lula; invasão do Iraque;
Diversos livros publicados:
1) Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud, Paris: L’Harmattan, 2000, 160 p.; ISBN: 2-7384-9350-5);
2) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (São Paulo: Editora Senac, 2001, 680 pp., ISBN: 85-7359-210-9;
3) Une histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain (avec Katia de Queiroz Mattoso; Paris: Editions L’Harmattan, 2002, 142 p.; ISBN: 978-2747514538; Amazon.com.br) ;
4) Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002, 286 p.; ISBN: 85-219-0435-5’esgotado; Estante Virtual; Academia.edu);
5) O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (ed. Com Marshall C. Eakin; Rubens Antônio Barbosa; São Paulo: Paz e Terra, 2002; ISBN: 85-219-0441-X; Academia.edu).
6) A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política no Brasil (São Paulo: Editora Códex, 2003, 200 p.; ISBN: 85-7594-005-8; esgotado; Estante Virtual).

10) 2003-2006: convite para dirigir mestrado do IRBr, vetado pela nova chefia; temas candentes: Alca, política econômica e escolhas diplomáticas do lulopetismo; trabalho no Núcleo de Assuntos Estratégicos, fora do Itamaraty, mas na PR; ministro Gushiken; saída no ingresso de Roberto Mangabeira; retorno ao MRE, mas sem qualquer oportunidade de trabalho na SERE; professor no Ceub, até 2021.
Livros publicados:
1) A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política no Brasil (São Paulo: Editora Códex, 2003, 200 p.; ISBN: 85-7594-005-8; esgotado; Estante Virtual);
2) Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies in the United States, 1945-2003 (with Marshall C. Eakin; Madison: Wisconsin University Press, 2005, 536 p.; ISBN: 0-299-20770-6; Amazon);
3) Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências (com Rubens Antonio Barbosa; São Paulo: Saraiva, 2005, 328 p.; ISBN: 978-85-02-05385-4);
4) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (2ª edição; São Paulo: Editora Senac, 2005, 680 pp., ISBN: 85-7359-210-9);
5) Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira (2ª ed.: revista, ampliada e atualizada; Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, 440 p.; coleção Relações internacionais e integração n. 1; ISBN: 85-7025-738-4; esgotado; Amazon.com.br).

11) 2006-2010: ostracismo e refúgio na Biblioteca do Itamaraty; reflexões sobre a diplomacia brasileira e as escolhas do lulopetismo diplomático; intensa atividade acadêmica; viagens pelo Brasil nas universidades.
Livros publicados:
1) O Estudo das Relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia (Brasília: LGE Editora, 2006, 385 p.; ISBN: 85-7238-271-2; Amazon.com.br; Academia.edu);
2) O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (Rio de Janeiro: Freitas Bastos, edição eletrônica, 2009, 191 p.; ISBN: 978-85-99960-99-8; esgotado; ASIN: B00F2AC146);
3) Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, xx+272 p.; ISBN: 978-85-375-0875-6; Amazon.com.br);
4) Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos (com Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins; Brasília: Funag, 2010, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1; Academia.edu);
5) O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado) (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010, 195 p.; ISBN: 978-85-7018-343-9; esgotado; ASIN: B00F2AC146).

12) 2010: curta estada na China; pavilhão brasileira na Exposição Universal de Xangai; viagens pela China, Macau, Hong Kong, Japão; blog: http://shangaiexpress.blogspot.com/

13) 2012: licença-prêmio, convite como professor no IHEAL-Sorbonne: 6 meses em Paris e viagens pela Europa;
Livro publicado:
Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 328 p.; ISBN: 978-85-216-2001-3; esgotado; não disponível na Amazon; Estante Virtual).

14) 2013-2015: último posto no exterior: consulado geral em Hartford, CT; intenso trabalho acadêmico: livro sobre o lulopetismo diplomático; viagens pela América do Norte; a maior crise da história econômica do Brasil: 2014-15.
Livros publicados:
1) Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.; ISBN: 978-85-02-19963-7; Amazon.com.br);
2) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Brasília: 1ª edição: 2014; 2ª. edição: 2018; Kindle edition; 809 KB; ASIN: B00P9XAJA4);
3) Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Kindle, 2014, 414 p.; 1324 KB; ASIN: B00P8JHT8Y);
4) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Kindle, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2; Academia.edu; ).
5) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG);
6) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Hartford: edição para a Funag, 2013, 667 p; não publicada; disponível em Research Gate; 2ª. edição de Autor; 16/07/2014, 663 p.; Academia.edu; Research Gate);
7) Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Editora Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8; Academia.com.br);
8) The Drama of Brazilian Politics: From 1814 to 2015 (with Ted Goertzel; 2015, 278 p.; Edição Kindle, ASIN: B00NZBPX8A; ISBN: 978-1-4951-2981-0; Amazon);
9) Révolutions bourgeoises et modernisation capitaliste : Démocratie et autoritarisme au Brésil (Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 496 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6 ; Inroduction : Academia.edu; livre complet : Amazon.com);
10) Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens (Saarbrücken: Akademiker Verlag, 2015, 204 p.; Übersetzung aus dem Portugiesischen ins Deutsche: Ulrich Dressel; ISBN: 978-3-639-86648-3; Amazon.com; Amazon.com.br);
11) O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: 2a. edição do autor, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682; nova edição, ampliada dos artigos até o final de 2015, em 4/12/2015, em 374 p.; Research Gate; edição original: Academia.edu);
12) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Edição do Autor, 2015; 543 p.; 1908 KB; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006; Academia.edu; ASIN: B082Z756JH; Research Gate).
13) Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Editora Appris, e-book, 2016, 450 p.; 1366 KB; Kindle, ASIN: B0758G8BXL; Amazon.com.br).

15) 2016: Impeachment de Dilma Rousseff; finalmente o retorno a um trabalho na SERE;
Livro publicado:
Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil (Brasília: Senado Federal, 2016, 504 p.; ISBN: 978-85-7018-696-6; Academia.edu).

17) 2016-2018: diretor do IPRI: intensa produção de livros e palestras, viagens pelo Brasil e no exterior (Portugal: Estoril Political Forum); relatório de atividades: dezembro 2018.
Livros publicados:
1) Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro, Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (orgs.); Brasília: Funag, 2017; 2 vols.; vol. 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; vol. 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8);
2) O homem que pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-8547304850; Diplomatizzando; Amazon.com.br);
3) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (3ª edição; Brasília: Funag, 2017; 2 vols.; 964 p.; ISBN: 978-85-7631-675-6; 1º volume; 2º volume);
4) A Constituição contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018, 448 p.; ISBN: 978-8593751394; Amazon).

18) 2019-2021: novo ostracismo sob o bolsonarismo diplomático: livros sobre as aberrações da diplomacia bolsolavista; pandemia e os horrores do negacionismo vacinal.
Livros publicados:
1) Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9; Amazon.com.br);
2) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5; Boa Vista: Editora da UFRR, Clube de Autores, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN livro impresso: 978-85-8288-201-6; ISBN livro eletrônico: 978-85-8288-202-3; Academia.edu; Amazon.com.br);
3) Vivendo com livros: uma loucura gentil (Brasília: Edição de Autor, 2019, 344 p.; 557KB; ISBN: 978-65-00-06750-7; Kindle, ASIN: B0838DLFL2);
4) Um contrarianista no limbo: artigos em Via Política, 2006-2009 (Brasília: Edição de Autor, 2019, 331 p; 2439 KB; Kindle, ASIN: B083611SC6; Academia.edu);
5) Minhas colaborações a uma biblioteca eletrônica: contribuições a periódicos do sistema SciELO (Brasília: Edição de Autor, 2019, 525 p.; 920 KB; Kindle, ASIN: B08356YQ6S);
6) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Brasília, Edição do Autor, 2019, 543 p.; 1908 KB; Kindle, ASIN: B082Z756JH);
7) O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados (Brasília: 2ª. edição do Autor, 2019, 655 p.; 5725 KB; Academia.edu; Kindle, ASIN: B082ZNHCCJ);
8) Pontes para o mundo no Brasil: minhas interações com a RBPI (Brasília, Edição do Autor, 2019, 685 p.; 1693 KB; Kindle, ASIN: B08336ZRVS);
9) Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (Brasília: Edição do autor, 2019, 200 p.; ISBN: 978-65-00-05969-4; Kindle, ASIN: B082YRTKCH); 2ª edição: Brasília: Diplomatizzando, 2023, 214 p.; ASIN: B0CR31C5YG)

19) 2022: aposentadoria, continuidade do trabalho acadêmico; mais livros e dedicação aos netos e a meus próprios livros.
Livros publicados:
1) A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; 1377 KB; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4);
2) Construtores da Nação: projetos para o Brasil, de Cairu a Merquior (São Paulo: LVM Editora, 2022, 304 p.; ISBN: 978-65-5052-036-6; Amazon).

20) 2023-2025: organização da doação de minha biblioteca ao Itamaraty: “Coleção PRA” na Biblioteca do Itamaraty;
Livros e publicações mais recentes:
1) O Brasil no contexto regional e mundial: artigos sobre nossa dimensão internacional (Brasília: Diplomatizzando, 2023, 216 p.; 1323 KB; ISBN: 978-65-00-89870-5; ASIN: B0CR1Z682R);
2) Marxismo e socialismo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (2ª ed.; Brasília: Diplomatizzando, 2023, 307 p.; ISBN: 978-65-00-05969-4; ASIN: B0CR31C5YG; 1ª. edição: Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (Brasília: Edição do autor, 2019, 283 p.; 844 KB; ISBN: 978-65-00-05969-4; Edição Kindle, ASIN: B082YRTKCH);
3) Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia (Brasília: Diplomatizzando, 2024, 91 p.; ISBN: 978-65-00-91081-0; ASIN: B0CS5PTJRL; Kindle).
4) Constituições brasileiras: ensaios de sociologia política (Brasília: Diplomatizzando, 2024, 187 p; ISBN: 978-65-01-23460-1; Kindle: ASIN: B0DNM4G28D; 1456 KB; 266 p. Disponível na Amazon.com.br).
5) Intelectuais na diplomacia brasileira: a cultura a serviço da nação (Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves; ISBN: 978-85-265-0497-4; São Paulo: Editora Unifesp; ISBN: 978-65-5632-199-8; 2025, 425 p.);
6) Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil (Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades, 2025, ISBN: 978-65-86972-43-6, 364 p.).

Brasília, 28 setembro 2025, 8 p.

Airton Dirceu Lemmertz:um mestre na transmissão de conhecimento

 Há anos recebo, por gentileza do próprio, as postagens diárias de Airton Dirceu Lemmerts, uma espécie de anjo da guarda coletivo, na disseminação de conteúdo relevante sobre os mais diversos assuntos, material diário que seria suficuente para cibriruma sema inteira de leituras proveitosas. Registro sempre o qud me parece útil, para mim e para os poucos que me seguem neste meu blog que já alcançou 20 anos de atividades em favor do saber e do conhecimento.

Aqui a totalidade do que ele transmitiu neste dia 28/09/2025:

===

Leandro Karnal recusou três convites para cargos políticos, incluindo o de presidente interino durante o impeachment de Dilma Rousseff, afirmou o historiador.

Karnal rejeita rótulos políticos e defende debate plural, ressaltando que já foi visto como conservador de direita e progressista de esquerda em diferentes ambientes.

O professor Leandro Karnal comenta que o ódio que recebe fica apenas na internet; enquanto que na rua, só recebe carinho das pessoas.

Casado há três anos com o cantor Vitor Fadul de 29 anos, o historiador falou sobre os ataques que recebeu ao anunciar o relacionamento com o marido 33 anos mais jovem.

===

O programa Canal Livre (Band TV) debate o projeto de reforma administrativa, em 28/9/2025: https://www.youtube.com/watch?v=SgPWahYRyFc (https://www.youtube.com/watch?v=DXSHzZyCk_w), https://www.youtube.com/watch?v=f1TweHgK4tE

===


Quem nasce no Rio Grande do Sul é popularmente chamado de gaúcho, embora o gentílico também possa ser sul-riograndense. Então por que se usa o gaúcho? Afinal, o que é um gaúcho?

O que é um gaúcho?

A Revolução Farroupilha:

A Guerra dos Farrapos:

===

Hitler como Deus? O culto nazista que persiste até hoje.

"Mein Kampf": o livro usado por seguidores de Hitler.

Hitler acreditava ser o próximo Messias.

As estratégias de Hitler são usadas hoje por líderes globais?

===


domingo, 28 de setembro de 2025

Brasil intervém no processo África do Sul v. Israel sobre genocídio - Lucas Carlos Lima (Conjur)

 

OPINIÃO

Brasil intervém no processo África do Sul v. Israel sobre genocídio

Conjur, 28 de setembro de 2025, 13h24

Na mesma semana em que a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado emitiu relatório reconhecendo a prática de genocídio em Gaza, foi publicada a manifestação de intervenção do Estado brasileiro no caso movido pela África do Sul contra Israel perante a Corte Internacional de Justiça, alegando a violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio de 1948.

CIJ

Diferentemente do que foi amplamente noticiado, o Brasil não foi à Corte de Haia para acusar Israel de cometer genocídio. A participação brasileira é limitada à intervenção processual de um Estado interessado em oferecer sua visão jurídica sobre o tratado que fundamenta o caso, qual seja, a Convenção contra o Genocídio.

Houve estratégica prudência por parte do Brasil em sua manifestação ao levantar uma série de elementos jurídicos e fáticos perante as juízas e juízes da Corte de Haia, que serão fundamentais na decisão final do julgamento, cujas audiências deverão ocorrer em 2026. A manifestação brasileira não afirma explicitamente que ocorre um genocídio em Gaza — e deixa muito claro, em diversas passagens, que sua intenção é se pronunciar sobre a interpretação da Convenção.

Spacca

Palestinos são grupo protegido

Em primeiro lugar, o Brasil destacou que a população palestina é um dos grupos protegidos pela Convenção do Genocídio, ou seja, detém direitos específicos de não ser vítima de genocídio. Em seguida, analisou cuidadosamente a jurisprudência da Corte e de outros tribunais internacionais sobre os critérios de comprovação do crime.

Como se sabe, o crime de genocídio é uma das violações mais graves que um Estado ou indivíduos podem cometer. Devido à sua gravidade e às consequências jurídicas e reputacionais para um Estado, a jurisprudência internacional desenvolveu padrões muito elevados para aferir sua ocorrência. Segundo a Corte, ao se examinar as provas de genocídio, a conclusão deve ser que “a única inferência razoável” é a intenção genocida. Não bastam atos bárbaros de natureza genocida contra um grupo; é igualmente necessária a comprovação da intenção de eliminar, total ou parcialmente, aquele grupo (o chamado dolus specialis).

Na visão brasileira, a linguagem empregada pela Corte no passado permite que se adote uma abordagem balanceada na identificação das provas da intenção, à luz de diversos elementos destacados em sua manifestação. Os argumentos do Brasil fundamentaram-se em relatórios de organismos internacionais sobre a situação de mulheres e crianças, a fome em Gaza, deslocamentos forçados, a negação de ajuda humanitária, bem como em declarações públicas de autoridades israelenses.

Amparando-se na jurisprudência da Corte, o Brasil observou que “um certo número de órgãos estatais ou outros indivíduos atuando em nome de um Estado pode produzir um padrão de conduta a partir do qual se pode inferir uma política governamental relativa à destruição de um grupo”. Em outras palavras, não seria necessário um plano formal e específico para a prática do genocídio.

Legítima defesa x genocídio

O Brasil também aproveitou a oportunidade para se pronunciar sobre o argumento de legítima defesa e sua relação com o crime de genocídio — uma das principais teses apresentadas por Israel na fase inicial do processo. Para o Brasil, em conformidade com os pilares da Carta da ONU e das regras sobre o uso da força, toda legítima defesa deve ser necessária e proporcional, não podendo ser invocada como excludente de ilicitude nem servir para atenuar as obrigações relativas à proibição de genocídio.

Numa formulação inovadora, o Brasil parece chamar a Corte Internacional de Justiça à sua responsabilidade no julgamento. Dada a excepcional gravidade do crime de genocídio, não cabe apenas à Corte adotar rigor na verificação da intenção, mas também oferecer uma justificação extensiva caso ela não a encontre no caso concreto — algo que, para alguns juízes internacionais, faltou na decisão sobre a acusação de genocídio entre Croácia e Sérvia. Em suma, o ônus probatório rigoroso deve ser acompanhado de uma motivação igualmente rigorosa, especialmente diante da grande atenção da comunidade internacional ao deslinde do caso.

Se o Brasil não argumentou diretamente pela ocorrência de genocídio em Gaza, sua intervenção não pode ser retirada de contexto nem ter diminuído seu valor simbólico. Politicamente, trata-se de um contundente apoio à África do Sul e ao povo palestino. As sofisticadas estratégias jurídicas empregadas na manifestação configuram traçados de potenciais caminhos jurídicos a serem seguidos. Quando a Corte Internacional de Justiça emitir seu julgamento final no Palácio da Paz, na Haia, saberemos o quão efetiva terá sido a política externa jurídica brasileira.

  • é professor de Direito Internacional da UFMG, coordenador do grupo de pesquisa em Cortes e Tribunais Internacionais (CNPq/UFMG) e membro da Diretoria da International Law Association – Brasil.