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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A destruicao dos bancos publicos pelos companheiros incompetentes...

Digo destruição sem a menor hesitação. Quando se fizer a devassa, vai se constatar que houve uma verdadeira "derrama", no sentido inverso, na maior parte desses bancos.
Provavelmente, o Tesouro, mais uma vez, e isto significa todos nós, vai ter de cobrir os rombos que os companheiros, não contentes de assaltar a Petrobras, fizeram na Caixa e, em parte, no Banco do Brasil. No BNDES a situação é diferente, mas não menos preocupante.
Não tenham nenhuma dúvida.
Os CRIMES ECONÔMICOS do lulo-petismo vão deixar uma herança pesada para todos nós. Provavelmente vai se passar todo o primeiro ano de governo tentando limpar as estrebarias que os petistas deixaram regurgitando de esterco corrupto.
Paulo Roberto de Almeida

Tucanos planejam auditoria na Caixa e no BNDES
Lu Aiko Otta
O Estado de S. Paulo, 21 Outubro 2014

Economistas da equipe de Aécio consideram a medida fundamental para conhecer a real situação dos dois bancos

A equipe econômica do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, já escolheu a primeira coisa a fazer, caso ele vença as eleições: uma devassa nas contas da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo auxiliares do candidato, a ordem é começar a trabalhar nisso “já na próxima segunda-feira”.

Os integrantes da equipe econômica do tucano estão convencidos de que esses dois bancos públicos acumulam um grande volume de valores a receber do Tesouro Nacional, sem que se saiba exatamente quanto.

Esses créditos são fruto de programas que cobram juros abaixo do mercado como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI).

Para manter o juro baixo, governo precisa pagar um subsídio. Ou seja, ele “banca’’ parte da bondade com recursos públicos, saídos do Tesouro Nacional, que são entregues aos bancos que fazem o empréstimo. Mas, já há alguns anos, a área econômica vem segurando o repasse dos subsídios. Isso é facilitado pelo fato de ficar tudo “em casa’’, pois quem deixa de receber são bancos públicos.

Especialistas de fora do governo acreditam que o maior volume de subsídios não pagos esteja no BNDES. O economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, calcula que sejam R$ 28,8 bilhões. Mas há, na equipe de Aécio, grande preocupação com a Caixa, cuja contabilidade é menos transparente.

Ajuste. “A primeira coisa é saber o tamanho da encrenca’’, diz um auxiliar tucano. Essa informação é fundamental para dar aos agentes de mercado a informação mais aguardada: o plano de voo do ajuste das contas públicas.

Em outras palavras, o que será feito para atingir o objetivo já anunciado de, no prazo de dois a três anos, produzir um saldo nas contas públicas grande o suficiente para conter o crescimento da dívida pública.

Depois de duas décadas comportada, a dívida começou a aumentar este ano. Em setembro, ela estava em 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de haver iniciado o ano em 33,1% do PIB. Esse crescimento se dá porque a economia que o setor público faz não é suficiente para pagar nem os juros.

Para controlá-la, será preciso apertar o cinto ou arrecadar mais.  Pelos cálculos do economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica e atual vice-presidente do Insper, a economia, chamada de resultado primário, teria de ser da ordem de 2,5% do PIB. No dado oficial mais recente, o saldo acumulado em 12 meses estava em 0,94% do PIB. Mas há suspeita generalizada entre os especialistas de que, na ponta do lápis, o resultado esteja negativo.

Isso porque o atraso no pagamento de subsídios é apenas uma das manobras a que o governo recorreu para melhorar artificialmente o resultado oficial das contas públicas, segundo demonstraram várias reportagens que o Estado publicou ao longo deste ano. Outra foi exigir dos mesmos bancos, Caixa e BNDES, o pagamento antecipado de dividendos.

Segundo informações da área técnica, a Caixa teria sido levada também a pagar benefícios sociais, como abono e seguro-desemprego, sem haver recebido do Tesouro os recursos para isso - um mecanismo batizado de “pedalada’’. Nos bastidores, a informação é que o fluxo teria sido regularizado em agosto.

Meta. O propósito da equipe de Aécio Neves é limpar as contas públicas de todos os truques desse tipo, conforme consta do programa econômico divulgado pelo candidato. “Esta é uma necessidade absoluta para a construção de um regime macroeconômico robusto e para que se cumpra a Lei de Responsabilidade Fiscal’’, diz o documento.

Paralelamente ao levantamento da real situação das contas públicas, a ordem é acelerar a elaboração da proposta de reforma tributária, que Aécio prometeu enviar ao Congresso no início de seu mandato.

A proposta já está delineada do ponto de vista técnico. Mas como o candidato aparecia em terceiro lugar nas pesquisas às vésperas do 1.º turno, os trabalhos foram desacelerados.

A ideia agora é dialogar com os especialistas que já estiveram envolvidos nas tentativas anteriores. E, assim, saber quais são os principais obstáculos.

domingo, 1 de julho de 2012

Livro sobre relacoes Brasil-EUA (2005): entrevista PRA - Jornal da Caixa

A entrevista abaixo também pode ser considerada inédita. Pelo menos nunca vi o jornal da Caixa Econômica Federal que a transcreveu, mas tinha recebido a transcrição da minha entrevista para corrigir algum eventual erro ou imprecisão.
O livro em questão é este aqui: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/65RelBrEUA.htm (abaixo transcrevo o sumário).



Relações Brasil-Estados Unidos
Em entrevista ao Jornal da Caixa, o diplomata Paulo Roberto de Almeida fala sobre a ligação dos dois países e elogia iniciativa do CAIXA Internacional.

Brasília, 6 de agosto de 2005.

O diplomata Paulo Roberto de Almeida lançou em Brasília/DF, no projeto Sempre um Papo, o livro “Relações Brasil-EUA: Assimetrias e Convergências” (Ed. Saraiva). É ele o primeiro convidado da série de entrevistas a serem realizadas pelo Jornal da Caixa com os debatedores do projeto.

Em seu depoimento, o diplomata discorre sobre a ligação entre os dois países, seus conflitos e assimetrias. Quanto à publicação, esclarece que ela é fruto de um seminário realizado em junho de 2003, quando ele era ministro-conselheiro, servindo sob a chefia de Rubens Antônio Barbosa (co-organizador do livro), então embaixador do Brasil nos EUA (1999-2004).

Exatamente um ano depois, a Caixa lançava, em Nova York, o CAIXA Internacional, serviço de remessas de recursos voltado para os brasileiros. “Acredito que a Caixa faz um trabalho excelente”, afirma.

JC – Qual a origem das relações Brasil-EUA?
Paulo Roberto - O Brasil mantém, com os EUA, a mais longa relação diplomática da história do País. Afinal, os norte-americanos foram os primeiros a reconhecer a independência brasileira, em 1824. Desde então, as relações têm sido positivas, mas existem questões conflituosas, como o projeto de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).

JC - Pode-se mensurar essa relação; ou seja, existem mais assimetrias ou convergências entre os dois países?
Paulo Roberto - Existem assimetrias estruturais; basta comparar o peso econômico dos dois países. Os EUA são uma potência tecnológico-militar, com um PIB de U$ 12 trilhões, enquanto o do Brasil é de apenas U$ 500 bilhões. A renda per capita deles é de U$ 36 mil, a nossa não alcança U$ 5 mil. Sobre as convergências: são duas economias capitalistas, de mercado, duas democracias interessadas na estabilidade regional, na paz, na não-proliferação de armas, no combate ao narcotráfico, ao crime organizado, engajados na prevalência de um mundo mais estável.

JC – Então, os conflitos são comerciais?
Exato. Existem conflitos entre EUA e Brasil que não são políticos, nem diplomáticos, mas comerciais, como existem conflitos entre EUA e União Européia, Canadá, China e Japão. Os EUA são uma grande economia, um país muito aberto, mas que contêm, em sua sociedade, lobbies, interesses protecionistas concentrados em algumas áreas, geralmente na área agrícola, na qual o Brasil é muito competitivo, ou em algumas indústrias tradicionais baseadas nas forças de trabalho, como as têxteis, siderúrgicas e de calçados, nas quais o Brasil tem também grande competitividade. Nas áreas em que eles dominam, eles querem a total liberalização do comércio, dos serviços financeiros, da alta tecnologia, da informática, da indústria de lazer (cinema, música). Naquelas em que nós somos mais competitivos, eles impõem restrições setoriais ou salvaguardas abusivas a produtos brasileiros.

JC – Daí o impasse da ALCA? Ela tem futuro?
Paulo Roberto - A ALCA tem um passado: em 1889, os EUA fizeram uma primeira proposta de união aduaneira das Américas, na qual o Brasil entrou como Monarquia e saiu como República, porque a reunião ocorreu entre outubro de 1889 e março de 1990. A proposta não obteve resultado, na época, mas prenunciou outras tentativas ao longo do século XX. A ALCA, como a conhecemos, vem de uma iniciativa do George Bush pai, em 1990. Em 2002, Brasil e EUA assumiram a fase decisiva das negociações, mas manifestaram posições divergentes em vários pontos: os EUA não se comprometem com a total abertura dos mercados agrícolas, com a eliminação dos subsídios da produção agrícola e das subvenções às exportações desses produtos, além de outras questões de protecionismo residual. Por outro lado, desejam a abertura ampla dos países da América Latina nas áreas em que são mais competitivos: serviços, bens tecnológicos sofisticados e maior proteção à propriedade intelectual, combate à pirataria, liberdade para os investimentos estrangeiros, acesso a compras governamentais no Brasil – todas áreas em que o Brasil tem restrições por desejar reservar espaços nacionais para o desenvolvimento. A ALCA, portanto, está em relativo impasse. O acordo deveria ocorrer neste momento, porque, em 1994, os presidentes se comprometeram a fechar as negociações em 2005, para colocá-la em prática em 2006, o que dificilmente ocorrerá.

JC – Para os leigos, o Brasil é submisso à vontade norte-americana. Essa impressão procede?
Eu não acredito em submissão do ponto de vista diplomático. Se houve um certo alinhamento, isso se deu na época da Guerra Fria, por causa do confronto ideológico. O que há, sim, é uma dependência financeira. O Brasil é um país que sempre importou capitais, inicialmente capitais ingleses e, posteriormente, americanos, tanto de investimento direto, para o estabelecimento de nossas indústrias, quanto para fins de financiamento governamental – balanço de pagamentos, dinheiro do FMI, do BIRD, fontes comerciais etc. O Brasil enfrentou crises financeiras e, nessas fases críticas, os EUA deram um apoio substancial ao Brasil, especialmente em 1998, 2001 e 2002. Por isso o País não quebrou, como a Rússia e nações asiáticas – Tailândia, Coréia, Indonésia, etc. O Brasil recebeu um pacote de apoio financeiro, que permitiu que ele continuasse solvente nas suas obrigações externas. Atribuo isso a um interesse próprio dos EUA, sem dúvida, porque uma quebra do Brasil afetaria, em primeiro lugar, empresas americanas que operam no Brasil, assim como os bancos americanos presentes no seu mercado financeiro, cuja exposição é muito grande.

JC – O livro que o senhor acaba de lançar é, portanto, um balanço sobre essa relação?
Paulo Roberto – A história do livro se confunde com as atividades acadêmicas do embaixador Rubens Antônio Barbosa, com minha assistência, à frente da Embaixada do Brasil nos EUA (1999-2004). Nesse período, nós mantivemos vários seminários sobre o Brasil com a comunidade acadêmica americana, com meios empresariais, entidades de pesquisa e setores governamentais voltados para as relações Brasil-EUA ou para o conhecimento sobre o Brasil nos EUA que, evidentemente é limitado. O seminário que originou a publicação foi de uma espécie de balanço e propostas de políticas para o relacionamento bilateral, pouco antes da visita de trabalho do presidente Lula aos EUA, em junho de 2003. Foi um evento dividido em quatro grandes blocos: relacionamento histórico e diplomático; desenvolvimento econômico comparado; relações e negociações comerciais bilaterais; e questões de segurança e estratégicas. Em cada um desses blocos, tivemos um americano e um brasileiro discorrendo sobre o tema, com liberdade, e pelo menos mais um brasileiro e um americano para comentar os temas apresentados e discutir, publicamente, propostas e relações concretas.

JC – Qual a importância, para o senhor, do CAIXA Internacional?
Paulo Roberto – Iniciativas no sentido de facilitar a transferência de recursos e diminuir as comissões dos agentes financeiros são extremamente bem-vindas. Acredito que a Caixa faz um trabalho excelente. Eu, quando estava em Washington, pude observar os primeiros passos do governo brasileiro para orientar o trabalho em torno da facilitação dessas transferências de recursos e legalizá-las. Foram feitas reuniões entre governos e instituições financeiras para facilitar essa transferência de recursos, que é essencial para a América Latina e para o Brasil. Para nosso país, ela é a segunda ou a terceira fonte de recursos externos. Depois da Embraer, que é o primeiro item das exportações brasileiras, e eventualmente de uma ou outra commodity, como minério de ferro, remessas de imigrantes brasileiros são os principais aportes para a balança de pagamentos, na faixa de U$ 4 a 5 bilhões por ano. A Caixa, portanto, tem todo o interesse, em benefício do brasileiro, em estender esse serviço, especialmente nas cidades de maior concentração de brasileiros: costa leste dos EUA – na faixa da Nova Inglaterra, entre Boston e Nova York -, na Flórida, e, crescentemente, no sudoeste: Texas, Novo México e Califórnia.

1476. “Relações Brasil-Estados Unidos: Entrevista ao Jornal da Caixa”, Brasília, 6 out. 2005, 3 p. Entrevista sobre o livro lançado pela Saraiva sobre relações Brasil-EUA.

Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências
Paulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa (organizadores)
(São Paulo: Editora Saraiva, 2005, 298 p.; ISBN: 85-02-05385-X)
Sumário:
 Expediente, Prefácio e Sumário (pdf)
 Rubens Antônio Barbosa
  1. Novas relações para um novo século: a parceria Brasil-Estados Unidos
  Paulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa                                 
      Primeira Parte
Relações Brasil-Estados Unidos em perspectiva histórica
2. As relações do Brasil com os Estados Unidos em perspectiva histórica
Paulo Roberto de Almeida
3. Variações do nacionalismo: meio século de relações brasileiro-americanas
 Lincoln Gordon
  Comentários: Thomas E. Skidmore; Eduardo Viola                
Segunda Parte
Processos paralelos de desenvolvimento e de interdependência econômica
4. Etapas iniciais do desenvolvimento e da interdependência econômica
John DeWitt
5. Uma perspectiva macroeconômica do crescimento brasileiro: comparações internacionais
  Eliana Cardoso
     Comentários: Joseph Love
Terceira Parte
Comércio bilateral e regional e negociações hemisféricas e multilaterais
6. As relações econômicas Brasil-Estados Unidos e as negociações comerciais
Rubens Antônio Barbosa
7. As relações comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil numa nova era  Jeffrey Schott
    Comentários: Marcelo de Paiva Abreu e Paolo Giordano
Quarta Parte
Perpectivas futuras das relações bilaterais
8. Perspectivas do Brasil como modelador das relações bilaterais com os     Estados Unidos
    Thomaz Guedes da Costa
 9. As relações Brasil-Estados Unidos: a parceria indefinida
     Peter Hakim
Apêndices:
Cronologia das relações Brasil-EUA no contexto regional e mundial, 1994-2004
Atos bilaterais e mecanismos de consulta entre os dois países