Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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sexta-feira, 18 de julho de 2014
Eleicoes 2014: impacto das midias escrita e digital - obervacoes Cesar Maia
A vida segue, a caravana passa, os cães ladram, e os comunicadores se estrumbicam, como diria o Chacrinha...
Paulo Roberto de Almeida
COMO AS REDES MULTIPLICAM A IMPRENSA NA CAMPANHA ELEITORAL!
Cesar Maia, 18/07/2014
1. Suponhamos um jornal com 200 mil leitores. Pela multiplicidade de notícias, a menos que seja uma notícia continuada -tipo campanha- a memória das matérias é de curtíssimo prazo para todos aqueles que não estão fortemente envolvidos com o conteúdo dessa ou daquela, seja pela força da informação ou da emoção.
2. Suponhamos uma matéria que gere memória, mas cuja publicação ocorreu numa página interna. Apenas uma fração dos leitores -digamos 10%- a leu com atenção. Digamos 20 mil pessoas. Se essa matéria é de interesse eleitoral, com denúncias sobre um candidato majoritário, os militantes de seus adversários vão usar essa matéria contra aquele.
3. O poder difusor da internet em matérias políticas é muitas vezes maior em matérias negativas. Quando militantes de uma candidatura copiam a matéria com denúncias sobre seus adversários, iniciam um processo de multiplicação nas diversas redes que tem acesso. Quando são redes pequenas, a multiplicação das matérias depende dos momentos seguintes.
4. Quando são redes grandes, as matérias já partem com bases ampliadas e a partir dai vão ser multiplicadas. A força do multiplicador das notícias eleitorais impressas tiradas de páginas internas dos jornais e revistas depende do interesse das mesmas e dos pontos de deflagração. Portanto, seu impacto muda de acordo com essas duas variáveis básicas: interesse e deflagradores primários e secundários.
5. A velocidade de multiplicação aumenta muito quando está linkada a fotos/desenhos, com pouco texto, tipo a diagramação de charges. Claro, observado os dois vetores: interesse e deflagradores. Só que com potencial de multiplicação muito maior.
6. O uso dos vídeos tem fortíssimo potencial multiplicador, observados três vetores: interesse, deflagradores e o surpreendente/inusitado dos fatos em vídeos. Mas há uma restrição: o tamanho do vídeo. Quanto mais curto, melhor. Quando se aproxima ou passa de 3 minutos, ou o interesse e o inusitado do vídeo são muito fortes, ou tende a não ser visto até o final.
7. Nesse caso, se o impacto ocorre no final, o vídeo que vai além de 3 minutos perde muito, muito de seu potencial multiplicador.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Eleicoes 2014: a economia como fator relevante na campanha - Cesar Maia
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Cesar Maia contesta a perspectiva Liberal e afirma o valor do Conservadorismo
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Constituinte de 1988: Cesar Maia, constituinte, entrevista a si proprio
Escrevi um imenso trabalho sobre as loucuras econômicas da Constituinte e a esquizofrenia econômica que foi consagrada na Constituição de 1988, este aqui:
2505. “A Constituição brasileira contra o Brasil: uma interpretação econômica da esquizofrenia constitucional”, Hartford, 8 Agosto 2013, 39 p. Ensaio interpretativo sobre os mais importantes dispositivos econômicos da Constituição de 1988, e dos que regulam direitos sociais com impacto na economia do país, enfatizando seu caráter distributivo, o que inviabiliza uma taxa de crescimento mais vigorosa para o país. Resumo em 20 p. em 08/08/2013, sob o título “A Constituição brasileira aos 25 anos: um caso especial de esquizofrenia econômica”, Publicado no Digesto Econômico (Julho-Agosto 2013, p. 64-74). Novo resumo em 25 p. em 12/08/2013, sob o título “A Constituição brasileira contra o Brasil: dispositivos constitucionais que dificultam o seu crescimento econômico”, como contribuição a livro sobre “A Constituição de 1988 - comemoração crítica”, organizado por René Marc da Costa Silva e Márcia Leuzinger, em fase de publicação.
Como é muito grande, vou publicar aos "pedaços".
Paulo Roberto de Almeida
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Dilma Humilha o Itamaraty - Cesar Maia
Coluna de Cesar maia, 29/08/2013
1. A Comissão de Inquérito que foi criada pela julgar o Ministro Eduardo Saboia é formada por dois Diplomatas, um Auditor Fiscal da Receita Federal e um Assessor da Controladoria Geral da União, que a presidirá.
2. Desde as épocas dos Chanceleres Celso Amorim e Antônio Patriota, o Itamaraty vem perdendo espaço, inclusive em áreas administrativas. Mas jamais ocorrera uma comissão de inquérito com pessoal de fora.
3. Quando os militares assumiram o poder em 1964, eles queriam colocar um dos seus à frente da Divisão de Segurança e de Informações, bem como das comissões de investigação sumária. O então Ministro Leitão da Cunha se opôs ferozmente a tal intromissão.
4. Mas, agora, com Dilma...
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Presidentes da AL: despenca a aprovacao eleitoral - Cesar Maia
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Storie fiorentine - por um Maquiavel de botequim...
Abaixo um pequeno exemplo do personagem, que é o seu próprio autor, prático, pragmático, sem qualquer princípio, a não ser a sua vantagem pessoal (como os políticos florentinos, diga-se de passagem).
Paulo Roberto de Almeida
LULA, CIRO GOMES E EDUARDO CAMPOS: ONTEM, HOJE E AMANHÃ!
Da coluna diária de Cesar Maia, 6 de fevereiro de 2013
1. Ciro Gomes concorria a presidente em 2006 de forma muito competitiva. Foi convencido a desistir a favor de Lula, que corria riscos com a candidatura dele. Lembre-se que no primeiro turno Lula venceu Alckmin por 42% a 37% dos votos emitidos.
2. Em 2009, Lula convenceu a Ciro Gomes transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo. Cogitava-se uma candidatura de Ciro Gomes ao governo de S. Paulo com apoio do PT. Ciro Gomes acreditou e transferiu o domicílio. Ele havia sido em 2006 o deputado federal (Ceará) com a maior votação proporcional no Brasil.
3. Passado o prazo limite de um ano antes da eleição, não se falou mais nisso e Ciro Gomes ficou sem mandato, chupando o dedo e sem possibilidade de retornar seu titulo para o Ceará, pois seu irmão é governador e ele é inelegível. Um golpe cínico de Lula em Ciro Gomes. Lembre-se.
4. Agora, Lula volta à cena. Tenta seduzir o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com a isca de vice-presidente. Mais uma tentativa ilusionista que até poderia pegar se não houvesse o precedente Ciro Gomes, de seu próprio partido. É evidente que o PMDB não abrirá mão de seu presidente Michel Temer como vice. E agora, comandando o Congresso, nem pensar.
5. O que quer Lula? Elementar. Quer distrair Eduardo Campos, tirar dele o foco de 2014, eliminá-lo da pré-campanha, para que em 2014 ele descubra que era tudo uma farsa. Mas aí não dará mais tempo para construir sua pré-campanha. Depois da farsa com Ciro Gomes, é claro que Eduardo Campos não entrará nessa nova farsa.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Brasil: voluntarismo em politica economica (nao costuma dar certo...)
Dilma adota o modelo kirschnerista de combate à inflação. É tudo puro voluntarismo econômico
Nesta sexta-feira, o ex-deputado, ex-prefeito do Rio e ex-secretário da Fazenda de Brizola, Cesar Maia, que é também economista, desenhou algumas linhas sobre o caótico modelo de combate à inflação movido pelo governo Dilma Roussef, que parece ter abandonado os fundamentos do Plano Real e enveredou pelo aventureirismo já em prática na Argentina. Trata-se do modelo kirschnerista de combate à inflação. Acompanhe as medidas voluntaristas das ações mais recentes de Dilma.
1. Telefona para prefeitos e governadores e pede para segurarem o reajuste anual das tarifas de ônibus, metrô e trens.
2. Liga para o Banco Central e manda comprar uns bilhões para derrubar o dólar e, com isso, baratear as importações.
3. Vai à TV e manda baixar a conta de luz.
4. Passa um e-mail para a presidente da Petrobras e manda aguentar o prejuízo mais um pouquinho e segurar o preço dos combustíveis.
5. Pede ao presidente do Banco Central para não elevar o juro básico mesmo com a inflação passando de 6,5%.
6. As medidas anti-inflacionárias de Dilma seguem rigorosamente a receita da equipe de Cristina Kirchner. Uma exceção: ainda não houve a intervenção no IBGE como foi feita no INDEC argentino.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A arte de enganar os incautos - Cesar Maia
Nunca antes neste país, antes de 2003, quero dizer, se tinha feito tanta propaganda em torno do nada.
Nada, literalmente nada, e no entanto com todo o suporte visual e auditivo dessas peças bonitas de publicidade onde o que se vê é gente contente com o governo, como nos cenários Potemkim.
O governo é um governo Potenkim (quem quiser saber o que é, vá na wikipédia).
Com vocês, um que também já fez muita publicidade de si mesmo, mas que não deixa de ter razão em seus argumentos.
Paulo Roberto de Almeida
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terça-feira, 27 de setembro de 2011
Cesar Maia contra o voto de lista: germe do autoritarismo
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terça-feira, 21 de junho de 2011
Mudancas na politica externa brasileira - Cesar Maia
Afinal de contas, a presidente foi ex-ministra das Minas e Energia e ex-chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula, que é ex-sindicalista e ex-presidente do PT (hoje só é presidente de honra, o que não sei se combina com sua postura, stricto e lato sensii, já que continua a mandar como antes).
Já o ministro das relações exteriores é ex-chefe de gabinete do ex-chanceler do ex-governo, ex-Subsecretário Geral de Assuntos Políticos, ex-embaixador em Washington, ex-Secretário Geral, e um dia será ex-chanceler, também.
Assim que todos se encontram nos ex-sss: a única coisa que não parece ser ex- é a política externa, que segundo o ex--refeito continua a mesma...
Paulo Roberto de Almeida
POLÍTICA EXTERNA COM DILMA: NADA, ABSOLUTAMENTE NADA MUDOU!
Ex-Blog do Cesar Maia
20 de junho de 2011
Coluna de Cesar Maia na Folha de S.Paulo (18/06/2011).
1. Parecia que a presidente Dilma Rousseff ia alterar a política externa populista do governo Lula. Declarações iniciais sobre direitos humanos, no caso de uma iraniana condenada a pena cruel, deu esperanças. Contudo eram só fogos de artifício. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pelo tempo que viveu e serviu nos EUA, sinalizava moderação. Pura ilusão. Apenas sinalizava. Em pouco tempo, mostrou algo muito diferente.
2. Na decisão do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia, o Brasil se absteve, com a Rússia e a China. Um aval ao desequilibrado ditador Gaddafi. Depois veio a pressão sobre o Congresso para rever o acordo de Itaipu, criando um grave precedente. O explícito chavista Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência, justificou a revisão como uma ação "geopolítica". Melhor seria doar esses US$ 300 milhões da revisão do Tratado de Itaipu. A divulgação do conteúdo do laptop do comandante narcoguerrilheiro Raúl Reyes, evidenciando os espaços livres para as Farc no Brasil, não obteve do governo Dilma nem uma linha de preocupação e indicação investigativa.
3. A ostensiva atuação do governo, e do PT, na eleição peruana, suavizando a imagem do candidato chavista Ollanta Humala e dando-lhe apoio diplomático (nem tão discreto), foi na mesma direção. Dilma não quis receber a iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz. A decisão do STF sobre o caso do terrorista assassino Cesare Battisti teve claro envolvimento do governo Dilma, antes e depois, por meio do ministro da Justiça. Agora, o país enfrenta um constrangimento com os italianos, que fazem parte da formação econômica e cultural do Brasil contemporâneo.
4. Dias atrás, o ministro Patriota afirmou que a proposta de advertência ao governo sírio pela repressão com dezenas de mortos, apresentada ao Conselho de Segurança da ONU, não contava com o apoio do Brasil. Em entrevista na sede da ONU, nos EUA, disse com todas as letras: "Os ataques aéreos da Otan na Líbia causaram hesitação entre os membros do CS sobre a adoção de ações contra a Síria -país muito central quando se analisa a estabilidade no Oriente Médio. Ainda existe uma preocupação sistêmica sobre a implementação da resolução 1 .973 (Líbia). Penso que as preocupações sobre a implementação desta resolução estão influenciando a forma como as delegações olham para outras medidas que podem afetar outros países da região -a Síria em particular. Continuaremos monitorando a situação de perto antes de adotarmos uma posição sobre esta proposta específica".
5. Em resumo: nada, absolutamente nada, mudou de substancial na política externa além de uma maquiagem inicial, que logo desbotou.
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Promovendo um comentário (de um visitante habitual e dotado de humor inteligente), totalmente sagaz, mas cujo conteúdo seria formal e expressamente recusado (e desprezado) por certa diplomacia grandiloquente, megalomanianca, aquela que não precisa pedir permissão a ninguém para expressar uma opinião (parece que antigamente, na belle Époque, a gente tinha de pedir permissão ao Império, não só para fazer algo, como sobretudo para ousar pensar de forma independente e não submissa).
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mudancas na politica externa brasileira - Cesar Ma...":
pragmatismo (ir)responsável e prescindente...o que diria um vestusto, mas sagaz, "empregado do Itamaraty"...
"(...)no caso do Brasil aconselha moderação, pois não temos um excedente de poder, ou de atração econômica e cultural, que nos permita mantermos a boa convivência e a receptividade política e diplomática alheia se errarmos demais. Não nos podemos dar ao luxo de 'mancadas', como é possível acontecer, sem perdas importantes, no caso de superpotências.(...)".
"(...)Cabe calibrar, afinar, regular as decisões, as atitudes ostensivas, de forma a, simultaneamente, dar relevância à posição do país,não perder oportunidades (sobretudo mantê-las abertas para o futuro); e não assumir funções de juiz ou professor.(...)".
"(...)Para Manter esse tipo de equilíbrio, era oportuno evitar a gloríola de alardear 'vitórias diplomáticas', evitar as manifestações a posteriori e tomar credito na base do 'eu não disse?', não pensar que política externa se pode reduzir a um exercicio de 'relações públicas'(...)".
"(...)Não é do temperamento brasileiro, nem digo do Itamaraty, o quixotismo. Não é do nosso hábito nos enfeitarmos com pena de pavão.(...)".
*Ramiro Saraiva Guerreiro; in:"LEMBRANÇAS DE UM EMPREGADO DO ITAMARATY"; São Paulo; Siciliano, 1992.
Vale!
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Como diriam alguns, de alguém: "Ele é capaz do pior e do melhor, sendo que ele é melhor sendo o pior..."
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Tentando aperfeicoar a democracia nas Americas
Eu proporia um mecanismo de revisão das políticas internas dos países membros, algo como um TPRM da OMC, o famoso Trade Policy Review Mechanism, periódico...
E também apoio a ideia de que partidos políticos possam peticionar, de modo fundamentado, contra seus próprios governos...
Paulo Roberto de Almeida
REUNIÃO DA "UPLA", EM SANTA CRUZ DE LA SIERRA, BOLÍVIA!
Ex-Blog de Cesar Mais, 24 de janeiro de 2011
1. A União de Partidos Latino-americanos (UPLA) reuniu-se neste fim de semana, em Santa Cruz, Bolívia, para avaliar o quadro político continental e abrir o ano em que a Carta Democrática da OEA (Organização dos Estados Americanos) cumpre 10 anos e requer ajustes.
2. A UPLA, após essa reunião, caminha para incorporar as demais organizações latino-americanas que representam os partidos de centro e centro-direita do continente. Com isso, as duas internacionais, a IDC (democrata de centro) e a UDI (união democrata), que congregam os partidos de centro e centro-direita europeus e norte-americanos, passarão a ter uma só representação política na América Latina. No Brasil, o Democratas é o membro integrante, ocupando, inclusive, a vice-presidência da UPLA.
3. O foco principal da reunião foram as emendas à Carta Democrática (CD) da OEA com vistas a seu aperfeiçoamento. A CD, já em seu artigo primeiro, restringe aos governos dos países membros qualquer acesso a OEA. Entende a UPLA que o direito a voto deve ter essa restrição. Porém, assim como em outras organizações, incluindo a ONU, deve se abrir canais para que os demais poderes dentro desses países, partidos e organizações da sociedade civil possam encaminhar à secretaria geral questões, problemas e denúncias para análise da OEA e, se for o caso, serem submetidas aos demais membros.
4. Na medida em que a CD define como membros integrantes aqueles que respeitam o jogo democrático, sugere-se uma comissão de alto nível para avaliar os países e encaminhar relatórios anuais.
5. Deve-se entender democracia não apenas a observância das regras para acesso ao poder, mas também o respeito às regras democráticas no exercício do poder. Finalmente, transformar a Carta Democrática -um documento que efetivamente produziu avanços- em um Tratado de forma a gerar efeitos vinculantes.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Contas publicas: deterioracao conceitual e operacional
A situação, na verdade, pode ser muito pior do que imaginamos, como ressalta o ex-prefeito Cesar Maia em sua coluna diária, que ele chama de ex-Blog:
RESTOS A PAGAR? OU FRAUDE NA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA!
Cesar Maia, 9.11.2010
1. O Globo deste domingo deu destaque de capa à matéria que mostrava que Lula estaria deixando para Dilma 50 bilhões de reais de restos a pagar, sugerindo despesas realizadas e não pagas. Bem..., se fosse assim até seria melhor. Mas é muito mais grave.
2. Os Restos a Pagar são subdivididos em Restos a Pagar Processados e Restos a Pagar Não Processados. Os RP Processados são despesas que já estão em execução. O empenho das despesas, além de autorizado, foi executado, mesmo que ainda não liquidada a despesa, ou seja, não recebido o material, não paga ainda, mas já medida a etapa da obra, o serviço realizado foi comprovado, mas ainda não pago, etc.
3. Os RP Não Processados são autorizações orçamentárias que apesar de terem sido empenhadas, nenhum procedimento de execução foi iniciado: não foi licitado, não foi contratado, não foi comprado, nada... O que cabe aos governos é cancelar os RP Não Processados, deixando eventualmente algum RP Não Processado cuja despesa já estaria em processo, mesmo que não concluído. Quem sabe uns 10%.
4. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe totalmente RP Não Processados para Despesas Correntes, mas abre a possibilidade no caso de obras e investimentos em andamento. No entanto, os espertos têm licitado um valor pequeno de uma obra ou investimento grande e com isso o empenho de quase toda a obra não iniciada -sequer licitada- vai com uma cobertura de legalidade. Mas é -no caso- uma fraude.
5. Os governos incham ao máximo os RP Não Processados para abrir o orçamento do ano seguinte, agregando este valor de RP Não Processados ao novo orçamento, ao orçamento do ano seguinte. É uma espécie de suplementação ao orçamento seguinte a partir de uma autorização dada para o orçamento anterior.
6. Em 31 de dezembro de 2009, foi inscrito no Orçamento de 2010 o valor de 14,8 bilhões de reais de RP Não Processados de 2008. É isso mesmo, de 2008 que passaram para o orçamento de 2009 ficaram de "reserva orçamentária" e relançados no orçamento de 2010. E de 2009, foram inscritos em RP Não Processados 30,8 bilhões de reais. Total 45,6 bilhões de reais.
7. Neste momento são 24,8 bilhões de RP Não Processados de 2009 que estão ainda abrindo o orçamento e 21,9 bilhões de 2010 (claro, sem levar em conta empenhos executados até início de dezembro, o que não mudará quase nada o quadro).
8. Portanto, é mais grave que gastar e deixar para o próximo governo. É não gastar e deixar para o próximo -ano ou governo-, um orçamento ampliado, dir-se-ia fraudado, sem autorização legislativa. Provavelmente, o atual governo federal vai ampliar mais tudo o que puder, os RP Não Processados, para deixar um orçamento ainda mais livre ao próximo governo. Basta lembrar o balanço do PAC.
9. Para comparar procedimentos, em 31 de dezembro de 2008, a Prefeitura do RIO registrou 351 milhões de reais de RP Processados e apenas 300 mil reais de RP Não Processado. O RP Não Processado correspondeu a 0,001%. Em 31 de dezembro de 2009, a atual Prefeitura do RIO deixou 714,5 milhões de reais de RP Processados e 145,3 milhões de reais de RP Não Processados, ou 20%.
10. No governo federal, essa relação é de 5 vezes mais de RP Não Processados sobre RP Processados: 500%. Veja o anexo. São dados oficiais do governo federal.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Republica Mafiosa do Brasil (10): Cesar Maia evoca o exemplo hitlerista
INVASÃO DO SIGILO FISCAL NO GOVERNO DO PT MOSTRA O QUE FARIAM SE CONTROLASSEM TAMBÉM O LEGISLATIVO!
Cesar Maia, 2.09.2010
1. Em janeiro de 1933, na Alemanha, depois de sucessivas quedas de gabinete, finalmente foi feito um acordo se aceitando entregar o cargo de chanceler (primeiro-ministro) a Hitler, cujo partido com menos de 30% dos parlamentares era, ainda assim, o maior. Na composição do governo, os nazis surpreenderam: não quiseram os ministérios da área econômica nem o ministério da defesa. Pediram o controle da POLÍCIA. Sabiam que para controlar o Estado, a Polícia era mais importante que as Forças Armadas. Em seguida, pediram ao Parlamento, alegando medidas urgentes, que Hitler pudesse governar por leis delegadas.
2. O caminho do autoritarismo é o mesmo em todos os lugares: invade-se a liberdade de imprensa em nome de "abusos"; constrói-se um estado policial, terminando com o direito à privacidade dos cidadãos e, em seguida, se controla o Congresso, costurando uma maioria a partir de sua base, somando parlamentares dóceis aos "argumentos" do governo. A sessão do parlamento alemão -que abriu mão de seu próprio poder após a assunção de Hitler, na qual este esteve presente- foi de aclamação, com todos aplaudindo de pé. A popularidade de Hitler era imensa. Em 1934, na "Noite das Facas Longas", a SS aproveitou para assassinar alguns desses que ajudaram a construir o governo nazi em 30 de janeiro de 1933. Hoje não se precisaria tanto: a eliminação política bastaria. Imagine-se o que se tem de dossiês contra a base aliada para que essa se mantenha dócil.
3. A atual campanha eleitoral mostra o mesmíssimo caminho. As tentativas de intervenção na imprensa e as declarações reiteradas do presidente sobre a mídia. Depois -e só agora se sabe- a manipulação do Estado, com invasão de privacidade fiscal. Imagine-se quantas já se fizeram, e quantas são feitas invadindo o sigilo bancário. E os grampos... Afinal, foi o próprio coordenador da campanha nacional do PT que invadiu o sigilo bancário de um caseiro. Perdeu o cargo, mas continua forte como nunca. O mesmo em relação ao ex-ministro da casa civil: perdeu o cargo e continua forte como nunca no PT e na campanha eleitoral.
4. Ou seja, para o PT, tais fatos fazem parte de uma ação planejada que quando companheiros são pilhados em flagrante, deixam o cargo, mas nunca o poder. Tem toda a solidariedade dos demais companheiros.
5. Imaginando que a vitória presidencial esteja garantida, o presidente invade as campanhas regionais, atropelando a Federação não para apoiar seus candidatos, mas para ofender os adversários, ferindo a majestade do poder, o equilíbrio federativo e a democracia. São fatos que colocam as instituições, potencialmente, em risco. Gobbels chamava de "Estado Total" a incorporação ao Estado dos partidos políticos, dos sindicatos e outras organizações sociais, de toda a imprensa e das atividades culturais. Seu ministério era de "Propaganda e Cultura". Por aí o Brasil está indo, perigosamente. Defender a autonomia do poder legislativo é tarefa maior nesta eleição, em nível nacional.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Nicaragua: escolhendo juizes por sorteio...
Da coluna diária de Cesar Maia:
CHAVISMO AVANÇA NA AMÉRICA LATINA!
Daniel Ortega toma o controle do Supremo Tribunal da Nicarágua
El País, 14/08/2010
1. A reunião de terça-feira foi uma sessão surrealista na sede da Suprema Corte da Nicarágua, composta por 16 juízes. Os juízes, de tendência sandinista, se reuniram com uma dezena de candidatos para substituir seus companheiros liberais. Como se fosse uma loteria, a presidente interina do Supremo, Alba Luz Ramos, pediu a dois dos jornalistas que cobrem os trabalhos do Tribunal para tirar de uma urna de madeira sete números que correspondiam aos juízes que seriam eleitos. Desta maneira tão original, os magistrados sandinistas impuseram aos chamados “substitutos”, cinco sandinistas e dois liberais.
2. Arbitrariedade. "A convocatória dos “substitutos” é uma arbitrariedade, não tem base legal. O Supremo Tribunal se converteu no centro da arbitrariedade da Nicarágua: compõem as salas como querem, chamam quem lhes dá vontade, passam por cima da das leis e da Constituição. A maioria dos juízes tem uma preocupação: conseguir maiores graus de legitimidade política para a reeleição do presidente”, disse o especialista Gabriel Alvarez.
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E falando de um outro país onde o Estado também já deixou de existir, e talvez até o governo...
NARCOBLOQUEIO EM MONTERREY, CAPITAL FINANCEIRA DO MÉXICO!
El País, 17/08/2010
En la madrugada del domingo, la sede de la cadena Televisa en Monterrey fue objeto de un atentado con una granada. Pero el ataque a lacadena no fue el mayor sobresalto que vivieron en Nuevo León el pasado domingo. Como ha ocurrido a lo largo de un año, pero cada vez con mayor desdén a las autoridades, a partir de las 19.30 grupos de narcotraficantes bloquearon calles y avenidas de la capital de ese Estado. Con armas de gran calibre, los delincuentes despojaron decoches y camiones a distintos ciudadanos y cerraron con ellos varias vías. La policía no sólo no hizo nada por evitarlo, sino que en esta ocasión algunas comisarías y el Palacio Municipal, además de sitios turísticos como el Barrio Antiguo, quedaron aislados. Los narcobloqueos (al menos 39, según las autoridades) duraron poco más de tres horas y ocurrieron después de un enfrentamiento entre grupos criminales, que dejó de tres muertos.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Suriname: um novo narco-Estado, e mais um Estado falido?
SURINAME CAMINHA PARA SER MAIS UM NARCO ESTADO? BOUTERSE OUTRA VEZ PRESIDENTE!
1. O atual Presidente do Suriname, Ronald Runaldo Venetiaan, que desempenhou por três vezes essa função (entre 1991-1996; entre 2000 e 2005; e de 2005 aos nossos dias), será substituído em 03/08/2010 pelo General Desiré Delano Bouterse, 65 anos de idade, eleito em 19/07/2010 pelo Parlamento. O General Desi Bouterse foi o autor do golpe-de-estado de 25/02/1980, que proclamou a República Socialista do Suriname. Em 08/12/1982, jornalistas, intelectuais e líderes sindicais contrários o seu governo foram presos, torturados e assassinados, provocando a suspensão de todos os acordos de cooperação assinados entre a Holanda e sua ex-colônia.
2. Em 29/11/1986, mais uma vez a violência do governo de Bouterse foi direcionada contra os opositores em um ataque efetuado por uma unidade militar à aldeia de Moiwana. A casa do chefe da oposição armada, Ronnie Brunswijker, foi incendiada e 35 pessoas foram sumariamente executadas, principalmente mulheres e crianças. A repressão foi tanta que, quando as investigações do caso foram reabertas em 1990, o inspetor-chefe encarregado do novo inquérito, Herman Gooding, foi assassinado, sendo seu corpo jogado na frente dos escritórios de Bouterse.
3. Desde agosto de 2008 Bouterse aguarda julgamento no Suriname por estes crimes. Ademais, o Tribunal Supremo de Amsterdã sentenciou que Dési Bouterse in absentia, debaixo da acusação de ter encabeçado uma rede de contrabando de cocaína durante seu governo, e de promover os assassinatos de 1982.
4. De acordo com o Relatório sobre Narcóticos de 2008, preparado pelo Departamento de Estado dos EUA, “a incapacidade de o Governo do Suriname controlar suas fronteiras, seus inadequados recursos, sua limitada aptidão de aplicar a lei no interior do país, e a falta de aeronaves e de barcos de patrulha possibilitaram aos traficantes expedirem drogas ilícitas por terra, mar, rio e ar, com pouca resistência. A cocaína sul-americana transita pelo Suriname na rota para a Europa e a África.
5. O relatório da CIA (22/07/2010), ao tratar de drogas ilícitas, afirma que o Suriname é um local de crescente importância na reexportação da cocaína para a Europa, via Holanda e Brasil, além de servir ao contrabando de armas e de munições. Portanto, tudo indica que vamos ter, junto às nossas fronteiras, mais um controverso Chefe de Estado, com um passado ligado ao tráfico de drogas e de armamento, além de crueldades no trato da oposição a seu governo.
6. Diário de Cuiabá (21/01/2002): A Justiça de Água Boa condenou na semana passada o traficante Leonardo Dias de Mendonça a 23 anos e quatro meses de cadeia em regime fechado, no processo que investigava a apreensão de 327 quilos de cocaína em uma fazenda no município de Cocalinho, em 19 de agosto de 1999.
7. Leonardo Dias de Mendonça é considerado pela polícia um dos maiores transportadores de cocaína do país. Ele tem ligações com o cartel do Suriname e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mendonça foi sócio de Desire Delano Bouterse, ditador do Suriname entre 1980 e 1987, e do filho dele, Dino Bouterse. A ligação foi confirmada com o depoimento do piloto Bernardas Annand Nanhu à polícia holandesa.
8. O piloto contou que em “oito ou dez ocasiões” transportou cerca de 200 quilos de cocaína da Colômbia para o Suriname, onde a droga era trocada por armas do Exército. Por cada vôo, Mendonça lhe pagava US$ 15 mil. Nanhu também revelou à polícia holandesa que a droga era embarcada na cidade de Barranco Minas (COL), sob a proteção das Farc, que cobravam US$ 10 mil por decolagem. Mendonça vem sendo investigado pelos policiais federais brasileiros e norte-americanos há mais de cinco anos. Pelo envio de cocaína para os EUA, o governo americano indiciou os líderes das Farc e três brasileiros por tráfico de drogas, entre eles Mendonça.