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terça-feira, 21 de junho de 2011

Mudancas na politica externa brasileira - Cesar Maia

O ex-prefeito Cesar Maia, em seu ex-blog, acha que a atual política externa se parece muito com a ex-política externa, se ouso dizer, num caso muito natural de encontros de ex-sss.
Afinal de contas, a presidente foi ex-ministra das Minas e Energia e ex-chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula, que é ex-sindicalista e ex-presidente do PT (hoje só é presidente de honra, o que não sei se combina com sua postura, stricto e lato sensii, já que continua a mandar como antes).
Já o ministro das relações exteriores é ex-chefe de gabinete do ex-chanceler do ex-governo, ex-Subsecretário Geral de Assuntos Políticos, ex-embaixador em Washington, ex-Secretário Geral, e um dia será ex-chanceler, também.
Assim que todos se encontram nos ex-sss: a única coisa que não parece ser ex- é a política externa, que segundo o ex--refeito continua a mesma...
Paulo Roberto de Almeida

POLÍTICA EXTERNA COM DILMA: NADA, ABSOLUTAMENTE NADA MUDOU!
Ex-Blog do Cesar Maia
20 de junho de 2011
Coluna de Cesar Maia na Folha de S.Paulo (18/06/2011).

1. Parecia que a presidente Dilma Rousseff ia alterar a política externa populista do governo Lula. Declarações iniciais sobre direitos humanos, no caso de uma iraniana condenada a pena cruel, deu esperanças. Contudo eram só fogos de artifício. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pelo tempo que viveu e serviu nos EUA, sinalizava moderação. Pura ilusão. Apenas sinalizava. Em pouco tempo, mostrou algo muito diferente.

2. Na decisão do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia, o Brasil se absteve, com a Rússia e a China. Um aval ao desequilibrado ditador Gaddafi. Depois veio a pressão sobre o Congresso para rever o acordo de Itaipu, criando um grave precedente. O explícito chavista Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência, justificou a revisão como uma ação "geopolítica". Melhor seria doar esses US$ 300 milhões da revisão do Tratado de Itaipu. A divulgação do conteúdo do laptop do comandante narcoguerrilheiro Raúl Reyes, evidenciando os espaços livres para as Farc no Brasil, não obteve do governo Dilma nem uma linha de preocupação e indicação investigativa.

3. A ostensiva atuação do governo, e do PT, na eleição peruana, suavizando a imagem do candidato chavista Ollanta Humala e dando-lhe apoio diplomático (nem tão discreto), foi na mesma direção. Dilma não quis receber a iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz. A decisão do STF sobre o caso do terrorista assassino Cesare Battisti teve claro envolvimento do governo Dilma, antes e depois, por meio do ministro da Justiça. Agora, o país enfrenta um constrangimento com os italianos, que fazem parte da formação econômica e cultural do Brasil contemporâneo.

4. Dias atrás, o ministro Patriota afirmou que a proposta de advertência ao governo sírio pela repressão com dezenas de mortos, apresentada ao Conselho de Segurança da ONU, não contava com o apoio do Brasil. Em entrevista na sede da ONU, nos EUA, disse com todas as letras: "Os ataques aéreos da Otan na Líbia causaram hesitação entre os membros do CS sobre a adoção de ações contra a Síria -país muito central quando se analisa a estabilidade no Oriente Médio. Ainda existe uma preocupação sistêmica sobre a implementação da resolução 1 .973 (Líbia). Penso que as preocupações sobre a implementação desta resolução estão influenciando a forma como as delegações olham para outras medidas que podem afetar outros países da região -a Síria em particular. Continuaremos monitorando a situação de perto antes de adotarmos uma posição sobre esta proposta específica".

5. Em resumo: nada, absolutamente nada, mudou de substancial na política externa além de uma maquiagem inicial, que logo desbotou.

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Promovendo um comentário (de um visitante habitual e dotado de humor inteligente), totalmente sagaz, mas cujo conteúdo seria formal e expressamente recusado (e desprezado) por certa diplomacia grandiloquente, megalomanianca, aquela que não precisa pedir permissão a ninguém para expressar uma opinião (parece que antigamente, na belle Époque, a gente tinha de pedir permissão ao Império, não só para fazer algo, como sobretudo para ousar pensar de forma independente e não submissa).
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mudancas na politica externa brasileira - Cesar Ma...":

pragmatismo (ir)responsável e prescindente...o que diria um vestusto, mas sagaz, "empregado do Itamaraty"...

"(...)no caso do Brasil aconselha moderação, pois não temos um excedente de poder, ou de atração econômica e cultural, que nos permita mantermos a boa convivência e a receptividade política e diplomática alheia se errarmos demais. Não nos podemos dar ao luxo de 'mancadas', como é possível acontecer, sem perdas importantes, no caso de superpotências.(...)".

"(...)Cabe calibrar, afinar, regular as decisões, as atitudes ostensivas, de forma a, simultaneamente, dar relevância à posição do país,não perder oportunidades (sobretudo mantê-las abertas para o futuro); e não assumir funções de juiz ou professor.(...)".

"(...)Para Manter esse tipo de equilíbrio, era oportuno evitar a gloríola de alardear 'vitórias diplomáticas', evitar as manifestações a posteriori e tomar credito na base do 'eu não disse?', não pensar que política externa se pode reduzir a um exercicio de 'relações públicas'(...)".

"(...)Não é do temperamento brasileiro, nem digo do Itamaraty, o quixotismo. Não é do nosso hábito nos enfeitarmos com pena de pavão.(...)".
*Ramiro Saraiva Guerreiro; in:"LEMBRANÇAS DE UM EMPREGADO DO ITAMARATY"; São Paulo; Siciliano, 1992.

Vale!

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Como diriam alguns, de alguém: "Ele é capaz do pior e do melhor, sendo que ele é melhor sendo o pior..."

Um comentário:

Anônimo disse...

pragmatismo (ir)responsável e prescindente...o que diria um vestusto, mas sagaz, "empregado do Itamaraty"...

"(...)no caso do Brasil aconselha moderação, pois não temos um excedente de poder, ou de atração econômica e cultural, que nos permita mantermos a boa convivência e a receptividade política e diplomática alheia se errarmos demais. Não nos podemos dar ao luxo de 'mancadas', como é possível acontecer, sem perdas importantes, no caso de superpotências.(...)".

"(...)Cabe calibrar, afinar, regular as decisões, as atitudes ostensivas, de forma a, simultaneamente, dar relevância à posição do país,não perder oportunidades (sobretudo mantê-las abertas para o futuro); e não assumir funções de juiz ou professor.(...)".

"(...)Para Manter esse tipo de equilíbrio, era oportuno evitar a gloríola de alardear 'vitórias diplomáticas', evitar as manifestações a posteriori e tomar credito na base do 'eu não disse?', não pensar que política externa se pode reduzir a um exercicio de 'relações públicas'(...)".

"(...)Não é do temperamento brasileiro, nem digo do Itamaraty, o quixotismo. Não é do nosso hábito nos enfeitarmos com pena de pavão.(...)".
*Ramiro Saraiva Guerreiro; in:"LEMBRANÇAS DE UM EMPREGADO DO ITAMARATY"; São Paulo; Siciliano, 1992.

Vale!