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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Cesar Maia contesta a perspectiva Liberal e afirma o valor do Conservadorismo


Perspectivas eleitorais do voto de Direita (Conservador) no Brasil
Cesar Maia, 22/10/2013

1. Semana passada o Datafolha/Folha de SP divulgou uma pesquisa procurando situar o eleitor brasileiro no campo ideológico em função de respostas a perguntas que indicariam essa opção. Alguns anos atrás, em pesquisa, Nouvel Observateur/IPSOS, se usou esse método para localizar ideologicamente o eleitor francês. O GPP reproduziu essa pesquisa nacionalmente aqui, quando se pôde situar uma maioria à direita, mas não em qualquer lugar de seu espectro.
2. Em grandes rasgos, podem-se identificar dois grandes ramos da direita: o Conservador e o Liberal. O que as eleições dos últimos 20 anos na América Latina mostram é que o discurso Liberal é perdedor e o discurso Conservador é vencedor ou competitivo. Desde a crise financeira de 2008 que na Europa essa tem sido a regra.
3. Mesmo antes, a campeã do liberalismo, Margareth Thatcher venceu as 3 eleições para chefe de governo com uma mínima maioria, isso num momento em que o Labor (socialdemocracia) estava fortemente fragilizado. 
4. Menem e FHC venceram suas primeiras eleições com compromissos socialdemocratas, foram reeleitos sob o prisma da insegurança e do caos no caso da vitória de seus adversários e governaram com programas liberais. Mas viveram o desgaste da “acusação” pela oposição de serem liberais. O segundo turno em 2006 mostrou isso. E o segundo turno em 2010, de forma mais acentuada ainda, pela questão dos valores cristãos.
5. No Brasil, o discurso Conservador reforça o papel do Estado e questiona o Mercado como “Deus Ex Machina”. Nesse sentido, é percebido pelo eleitor como um discurso semelhante à esquerda. Diferencia-se em relação aos Valores Cristãos ou da Família, tanto da esquerda quanto da direita liberal. Afirma o império da lei e da Autoridade, sem tergiversações quanto à propriedade e a necessidades fluídas de mudanças constitucionais. Aliás, autoridade algo demandado hoje no Brasil.
6. Nesse sentido, faz o discurso da estabilidade institucional e sócio-familiar. Afirma os valores da identidade nacional. Sua política externa é independente e não atrelada nem às grandes potências nem ao terceiro-mundismo. As funções precípuas do Estado –Educação, Saúde, Segurança Interna e Externa, Fiscalização, Justiça- são sublinhadas na sua comunicação. As relações com o Poder Legislativo são institucionais, afirmando a independência dos poderes, sem barganhas.
7. O discurso Conservador, numa campanha eleitoral, faz com que a percepção do eleitor aproxime a percepção que tem da esquerda da que tem dos liberais, cruzando os desgastes recíprocos. O discurso conservador é Popular, dá identidade e mobiliza.
8. Na medida em que a direita brasileira, desde a eleição de 1989, se encantou com a modernidade liberal, nunca mais foi opção de poder. 2014 está aberto –mais uma vez- a esta opção.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

FMI: quem disse que os EUA dominam ilegitimamente?

Este artigo da Economist coloca as coisas nos devidos lugares.
Para chegar a esta conclusão, basta saber contar (mas isso vocês não vão aprender num livro do MEC...)
Paulo Roberto de Almeida

IMF influence
Light-weight BRICS
The Economist, June 6th 2011

How IMF voting shares compare with global economic heft

MANY argue that IMF vote-shares (and the amounts countries are required to put into the fund's kitty) should reflect countries' relative economic heft. At the moment, however, that is far from being the case. Taken together, the economies of the European Union countries amount to just under 24% of the global economy. The economies of Brazil, Russia, India, China and South Africa together make up about 21% of world GDP. But the European countries have 32% of the votes in the IMF, while the BRICS have 11%. No wonder the BRICS' representatives to the fund issued a rare joint statement deploring Europe's lock on the top job at the IMF, which is made possible in part by the fact that Europe and America between them have nearly 50%of the votes in the IMF's board. Proportionately, sub-Saharan Africa, (excluding South Africa) is the most over-represented region, with 3.1% of the vote but a mere 1.35% of the world economy

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

FMI: a dificil reforma da representacao proporcional (proporcional a que, exatamente?)

Disputa entre EUA e Europa no FMI ameaça Brasil
Alex Ribeiro, de Washington
Valor Econômico, 30/08/2010

Novo equilíbrio: Número de diretorias deve cair de 24 para 20 para forçar europeus a abrir mão de poder

O Brasil e outros países emergentes importantes estão sob ameaça de perder as suas representações dentro da diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), no mais recente capítulo na disputa pela redistribuição do poder no organismo multilateral.

Esse desfecho, embora politicamente bastante improvável, tornou-se teoricamente possível depois que os Estados Unidos tomaram uma medida que, na prática, reduz de 24 para 20 o números de membros na diretoria executiva do FMI.

O movimento americano teve como alvo países europeus, para forçá-los a abrir mão do poder desproporcional que detêm no organismo multilateral. Mas as cadeiras na diretoria executiva lideradas por Brasil, Argentina, Índia e Ruanda entraram na linha de tiro porque são os grupos com menor poder de voto no organismo e que, em tese, estariam mais vulneráveis a perder seus assentos caso não haja acordo para redistribuir as diretorias do Fundo Monetário Internacional.

"Os Estados Unidos jogaram uma bomba atômica", afirma um técnico que acompanha as negociações. "Ninguém acredita que o FMI seja viável sem duas letras dos BRICs nem sem as suas cadeiras da América Latina, por isso os europeus terão que negociar." Amanhã, os países europeus vão se reunir para discutir o impasse, e alguma solução deve ser encontrada até 31 de outubro, quando termina o atual mandato dos diretores do FMI.

Depois da atual crise econômica mundial, os países reunidos no G-20 decidiram que era hora de redistribuir o poder dentro dos organismos multilaterais, dando mais voz para economias que crescem rapidamente, como China, India, Brasil e Rússia. Mas, para tanto, será necessário que economias hoje menos importantes no cenário mundial, como Bélgica, abram mão de poder.

Numa primeira rodada, 2,5% das cotas foram transferidos para países em desenvolvimento, e o Brasil teve seu poder de voto elevado de 1,4% para 1,7%.

Até novembro, quando ocorre a próxima reunião de cúpula do G-20, na Coreia do Sul, devem ser redistribuídos mais 5% dos votos. As negociações, porém, chegaram a um impasse, com grandes chances de fracasso.

O ponto central da discórdia é o critério para distribuir cotas. Hoje, a fórmula dá um grande peso para o grau de abertura da economia, o que faz, por exemplo, com que Bélgica e Holanda tenham mais votos que o Brasil. Os países emergentes querem que seja dado mais peso para critérios como o tamanho da economia, pelo conceito de paridade do poder de compra (PPP). Se o FMI der mais peso ao volume de reservas, o Brasil também pode sair ganhando.

Há algumas divisões também entre os países em desenvolvimento. O G-20 declarou que deve ser dado mais poder para as economias dinâmicas. Nesse conceito, estão seguramente Brasil e China, mas há disputas sobre a inclusão da Argentina, por exemplo, nesse clube.

Para forçar um acordo, os Estados Unidos exerceram seu poder de veto sobre as regras eleitorais. Uma das consequências disso é que o número de diretores-executivos do FMI cai de 24 para 20. Nos estatutos do FMI, estão previstos apenas 20 diretores. Com o fim do bloco soviético, novas economias foram agregadas ao fundo, que teve o número de vagas ampliado temporariamente para 24. Essa ampliação deve ser renovada a cada eleição.

Os Estados Unidos, que estão alinhados com os países emergentes na questão da redistribuição das cotas, deixaram claro em conversas com negociadores brasileiros que sua intenção é forçar os europeus a uma negociação - e não levar à perda de cadeira para os grupos com menos votos.

Há outros pontos da agenda de reforma do FMI, porém, em que Brasil e Estados Unidos estão de lados opostos. O Brasil quer eliminar o poder de veto dos Estados Unidos, que têm 16,74% dos votos no organismo. Os negociadores brasileiros também querem acabar com um acordo informal que sempre dá o comando do FMI a um europeu, e o do Banco Mundial, a um americano.