Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Como sempre ocorre nesse tipo de evento, existem os utópicos (ou desinformados) que proclamam grandes coisas, mas sem qualquer base real, e os realistas (economistas sensatos), que sabem distinguir a retórica da realidade. Não é difícil separar as duas tribos, na matéria abaixo.... Paulo Roberto de Almeida
BRICS estariam distantes da integração
Especialistas avaliam perspectivas do grupo
O grupo BRICS ainda está distante de uma verdadeira integração, o que vai requerer enorme quantidade esforço e tempo ou, simplesmente, ela não irá ocorrer.” Esta opinião foi manifestada por especialistas em economia mundial que participaram da videoconferência “Moscou – Nova Déli” sobre o grupo, realizada nas dependências da agencia de notícias RIA Novosti, em Moscou.
O diretor do setor de previsões econômicas mundiais do Instituto de Economia Internacional e Relações Internacionais “IMEMO-RAN”, Givi Machavariani, afirmou que “se for comparado o processo de integração entre o grupo BRICS e a União Europeia, há de se ver que não existe praticamente nada em comum.” Segundo ele, a relação comercial entre os países do BRICS não mudou, e a interação do grupo só acontece no âmbito da política externa, restringindo as questões da economia mundial às reuniões do G-8. Para Givi Machavariani, a Europa atingiu um nível muito elevado de integração em termos de mercado livre, fluxos de capitais, de câmbio, de trabalho, remoção de diversas barreiras. Os países do BRICS, segundo o especialista, ainda não atingiram nada parecido com este nível.
De acordo com o Diretor do Centro de Estudos Asiáticos da Faculdade de Economia da Universidade Estatal de Moscou, Eugene Avdokushina, no espaço dos BRICS e da Comunidade dos Estados Independentes, ocorre um novo tipo de integração que “ainda não está nos livros de ensino”. Na opinião do especialista, nos últimos dez anos, foi alcançado algum progresso, apesar de não ser muito visível.
Segundo Avdokushina, os países do BRICS teriam uma presença mais forte caso conseguissem se opor às moedas dominantes, como o dólar ou o euro, criando a sua própria moeda. Já Machavariani argumentou que estas são perspectivas muito distantes, difíceis de serem concretizadas. Ele observou que o yuan chinês ainda não é uma moeda conversível, e, por isso, ainda não se pode discutir este tema seriamente.
O representante do Instituto Nacional de Política Financeira da Índia, professor Bhanumurti, opinou que o grande mercado interno da Índia permitiu ao país sobreviver à crise econômica de 2008 de forma menos dolorosa, pois os problemas econômicos do país são atribuídos a razões de caráter interno. Por isto, as questões relacionadas ao desenvolvimento das relações entre os países do BRICS para combater a crise mundial não se apresentam como uma das prioridades da Índia.
O Professor Bhanumurti acredita que os países do BRICS devem criar um "banco de desenvolvimento" próprio, o que significaria um passo real no processo de integração econômica dos países membros do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.