O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador FMI. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FMI. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Bretton Woods: 70 anos da criacao do FMI e do Banco Mundial - convite

Infelizmente, não vou poder estar, a despeito da vontade. Estive recentemente em Bretton Woods, onde adquiri o livro de Benn Steil: The Battle of Bretton Woods.
Mas, lerei as transcrições, depois, a partir dos materiais do CFS.
Paulo Roberto de Almeida

The Center for Financial Stability (CFS) cordially invites your participation at
"Bretton Woods 2014: The Founders and the Future." 

The conference will focus on the FUTURE of finance and the international monetary system via presentations, delegate discussions, and interactions as well as draw lessons from the astonishing leadership and vision demonstrated in 1944 for today and into the future.

Some speakers include:
- Ernesto Zedillo, President of Mexico (94-00);
- Eduardo Aninat, Deputy Managing Director of the IMF (99-03);
- Sheila Bair, Chair of the FDIC (06-11);
- Domingo Cavallo, Minister of the Economy, Argentina (91-96, 01);
- Charles Goodhart, Member of the Bank of England's MPC (97-00);
- Sean Hagan, General Counsel and Director of the Legal Dept at the IMF;
- Robert D. Hormats, Vice Chairman of Kissinger Associates Inc.;
- Otmar Issing, Member of the Executive Board of the ECB (98-06);
- Yves-André Istel, Senior Advisor and former Vice Chairman of Rothschild, Inc.;
- Takatoshi Ito, Member, Economic and Fiscal Counsel, Japan, MoF (06-08);
- Pedro Malan, Minister of Finance for Brazil (95-03);
- Jack Malvey, Chief Global Markets Strategist, BNY Mellon;
- Guillermo Ortiz, Governor, Bank of Mexico (98-09) / Finance Minister (94-98);
- Randal K. Quarles, Under Secretary for Domestic Finance, U.S. Treasury (05-06);
- William R. Rhodes, President and CEO of William R. Rhodes Global Advisors;
- Paul Saffo, Futurist; Stanford University;
- Richard Sandor, CEO, Envifi and “father of financial futures”;
- Siddharth Tiwari, Director, Strategy, Policy, and Review at the IMF;
- Paul Tucker, Deputy Governor (09-13) / Member of the MPC, Bank of England (02-13);
- Yu Yongding, Member of the MPC of the People’s Bank of China (04-06).

An agenda is available at http://centerforfinancialstability.org/bw2014_topics.php.

The entire Mount Washington Hotel in New Hampshire will be exclusively available for the conference, as it was in 1944. Bretton Woods 2014 will begin with a welcome dinner on Tuesday, September 2nd and continue with full day programs on September 3rd and 4th. On September 5th, delegates are invited to join us for recreational activities.

Complimentary shuttle transportation will be provided to and from Boston Logan International as well as the Mount Washington Regional Airport.

The gathering is by invitation only.  Enter the e-mail address to which this invitation was sent to begin the registration process from the conference website - www.BrettonWoods2014.org.

We are grateful to the Marriner S. Eccles Foundation, BNY Mellon, and the Citrone Foundation for their vision and support of Bretton Woods 2014.

Sincerely yours,
Larry Goodman

President
Center for Financial Stability, Inc.
1120 Avenue of the Americas, 4th floor
New York, NY 10036
lgoodman@the-cfs.org

www.CenterforFinancialStability.org

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Brasil: uma forca perturbadora no FMI, segundo a Diretora-Gerente; e como...

Claro, ela estava brincando, e referindo-se à Copa do Mundo, mas é verdade que o Brasil sempre teve relações tempestuosas com o Fundo, e desde outros Carnavais: começamos com um acordo, em 1958, que foi denunciado demagogicamente pelo presidente Juscelino Kubitschek, "apenas" porque ele queria construir Brasília sem orçamento, à margem do orçamento, contra o orçamento. O FMI só queria que o Brasil colocasse suas contas em ordem, mas a consequência foi o início da inflação no Brasil, que resultou em 1964, e depois na voragem dos anos 1980 e início dos anos 1990. Parece que, agora mesmo, os companheiros, que já chamaram a diretora-gerente do FMI de "presidenta" do FMI, e que também denunciaram, demagogicamente um acordo com o Fundo (o de 2002, renovado em 2003, e que poderia ir até 2007, mas interrompido por eles em 2005, a um grande custo para o Brasil), estão provocando mais inflação, para desgosto de todos nós que já sofremos bastante sob os ciclos inflacionários anteriores.
Enfim, hoje mesmo acabo de terminar um artigo sobre as relações entre o Brasil e o FMI, nestes 70 anos de história desde Bretton Woods. Aliás, começo antes, como revelado neste resumo do artigo que transcrevo abaixo, mais o sumário do artigo. Mais adiante, darei conhecimento da íntegra.
O Brasil e o FMI desde Bretton Woods: 70 anos de História”.

Resumo: Ensaio sobre a inserção do Brasil no sistema monetário internacional, desde antes de Bretton Woods: uma conferência interamericana no Rio de Janeiro, em 1942, já previa o estabelecimento de um Fundo Internacional de Estabilização. O ensaio retraça o itinerário do FMI, com destaque para a mudança de padrão cambial em 1971, e segue as relações entre o Brasil e a instituição, com ênfase nos acordos contraídos sob diferentes políticas econômicas e em momentos diversos de crises nas transações externas; o primeiro acordo foi rompido por razões políticas em 1958, e o mais recente, de 2003, foi suspenso em 2005, antes de sua conclusão, também por motivos políticos. São destacados os problemas enfrentados pelo FMI no período – estabilidade cambial, liquidez, monitoramento das economias nacionais – e as circunstâncias que levaram o Brasil a contrair seus muitos acordos com a instituição; uma tabela final lista todos esses acordos e os valores envolvidos.
Sumário:
1. O FMI começou no Brasil, dois anos antes de Bretton Woods
2. Os Direitos Especiais de Saque também começaram no Brasil
3. Os desequilíbrios se acumulam e Nixon corta o Nó Górdio de Bretton Woods
4. Os choques do petróleo e a crise da dívida latino-americana dos anos 1980
5. Encontros e desencontros entre o Brasil e o FMI nas duas décadas perdidas
6. As crises asiáticas e a moratória russa: o Brasil volta ao FMI
7. A crise argentina e cenário eleitoral de 2002: as novas fases do drama
8. A esquerda anti-FMI e o fim dos acordos formais

Anexo: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010
Até lá
Paulo Roberto de Almeida

Brasil não está fazendo reformas estruturais, diz diretora do FMI

O Globo, 30/07/2014


Às vésperas do recesso de verão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a diretora-gerente Christine Lagarde reuniu-se na manhã desta terça-feira com um grupo de jornalistas, na sede do organismo multilateral, para discutir as perspectivas da economia mundial. Ao falar do Brasil, brincou que o país foi “uma força perturbadora” dos trabalhos do organismo por um mês, devido à Copa do Mundo, durante a qual funcionários, diretores e ela própria pararam constantemente para acompanhar os jogos. Mas também falou sério. Questionada se, diante de 15 meses de prognósticos ruins e repetição das mesmas recomendações, o governo brasileiro estava falhando na adoção de políticas para corrigir fragilidades, diplomaticamente concordou:
— Temos reiterado as mesmas fortes recomendações para que reformas estruturais sejam feitas, gargalos sejam reduzidos na economia e que o potencial, a capacidade de o Brasil entregar crescimento seja liberada. E isso não vem sendo feito — afirmou a diretora-gerente, que colocou o Brasil ainda em estado de atenção em relação à expansão do déficit em conta corrente (que fechou em 3,6% do PIB, ou 2,9% justados, em 2013, para um patamar que o Fundo considera ideal entre 1% e 2,5%).
Lagarde reforçou a mensagem de que o mundo passa por um período de retomada desigual do crescimento, com tração nos motores dos países ricos e desaceleração sincronizada e sistemática das nações emergentes. Alertou para os riscos associados à normalização das políticas monetárias dos EUA e do Reino Unido, que pode provocar turbulências e desarrumar ainda mais a casa dos países em desenvolvimento.
O receituário para vencer os obstáculos, disse Lagarde, é inequívoco: reformas estruturais, conserto dos problemas macroeconômicos (inflação alta, déficits em contas externas, desequilíbrios fiscais) e muita coordenação entre autoridades.
Ela acredita ainda que a criação de mecanismos como o Arranjo de Contingência de Reservas (ACR) das nações que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não afronta o FMI, e sim convoca parceria entre os diversos agentes, refletindo um mundo multipolar mas interdependente. A diretora-gerente considera ainda que a falha do Congresso dos EUA em ratificar a reforma de governança do Fundo, que dará mais poder aos emergentes, não afeta a eficiência da instituição nem lhe retira credibilidade.
Sobre a iminência de default da Argentina, nesta quarta-feira, Lagarde afirma que os efeitos serão circunscritos ao país sul-americano, do ponto de vista de turbulências. Mas o episódio acentuará a necessidade de reavaliação dos processos de reestruturação de dívida, da eficiência da ação coletiva, “(d)a escolha de leis e outros critérios legais tipicamente encontrados nesses casos”. O próximo trabalho do FMI sobre o tópico será apresentado à diretoria-executiva do órgão entre o fim de setembro e o início de outubro, pouco antes da Reunião Anual da instituição e do Banco Mundial, em Washington.
Abaixo, alguns trechos da entrevista.
CONDIÇÕES GLOBAIS
“Estamos passando por uma recuperação desigual do crescimento global. O que estamos identificando é risco associado com a normalização das políticas monetárias dos países ricos, começando com EUA e Reino Unido. O Fed (Federal Reserve, BC americano) e o Banco da Inglaterra estão agora considerando o fim dos estímulos e a elevação dos juros. Banco Central Europeu e Banco do Japão provavelmente continuarão mais um tempo com a política acomodativa. Haverá consequências. Se a comunicação for bem calibrada e feita, acreditamos que os efeitos colaterais serão administráveis. Mas claramente temos em mente o que aconteceu em maio do ano passado e como apenas a comunicação da intenção afetou os mercados emergentes”.
Emergentes
“Também temos uma desaceleração mais sincronizada dos emergentes. Eu colocaria a China de lado, pois medidas tomadas vão segurar o crescimento de 7,5%. Mas demais emergentes, sim. Isso terá ‘consequências para a vizinhança’, no sentido de que os países que comercializam ou se beneficiam de investimentos dessas nações emergentes vão arcar com os efeitos desta desaceleração sincronizada. Se levarmos esses dois elementos em consideração (desaceleração e normalização monetária dos ricos), claramente haverá impacto na tentativa das autoridades tomarem medidas e realçar a fragilidade do crescimento”.
Setor externo e ações

“(Antes), era mais uma questão do superávit da China versus o déficit dos EUA no debate. O que vemos agora é menos desequilíbrio, mas esta questão está mais espalhada. Do lado superavitário, claramente vemos dois líderes, China e Alemanha. Do lado do déficit, temos os suspeitos de sempre, os EUA e alguns dos países europeus, mas também países como Turquia, África do Sul e Brasil. Está espalhando-se esse lado do déficit. Então, acreditamos que o caminho de políticas é manter a casa em ordem, cada um com suas particularidades no caso dos emergentes. O que é comum a todos é fazer reformas estruturais de diversas categorias. E nos frontes monetário e fiscal, cada um também tem políticas para adotar. A segunda recomendação é: falem uns com os outros. E a terceira é cooperem o quanto puderem. Parece incongruente recomendar cooperação em tempos em que você não vê muita cooperação, mas, economicamente, isso é o mais desejável, mais comunicação, mais cooperação, particularmente os banqueiros centrais, quando forem mudar o curso de política”.
Copa do Mundo

“O Brasil foi uma força perturbadora do trabalho do FMI recentemente, porque a Copa do Mundo mobilizou todo mundo nesta instituição, todos grudados na tela de TV por um mês e muitos jogos. Afetou todos os níveis da instituição, dos diretores-executivos ao staff, incluindo a diretora-gerente, embora eu não tenha assistido todos os jogos, mas vi alguns”.
Brasil

“É verdade que temos revisado para baixo nossas projeções para o Brasil e é verdade que todos temos reiterado as mesmas fortes recomendações para que reformas estruturais sejam feitas, gargalos sejam reduzidos na economia e que o potencial, a capacidade de o Brasil entregar crescimento seja liberada. E isso não vem sendo feito”.
Argentina
“Estamos obviamente monitorando a situação. A Argentina está fora dos mercados financeiros e de qualquer círculo financeiro há muito tempo e, embora defaults sejam sempre lamentáveis, nós não temos a visão de que teria grandes consequências significativas além daquela situação geográfica particular (…) (há) a questão significativa dos princípios da reestruturação de dívidas e qual seria o resultado das decisões legais que estão sendo tomadas em NY no momento, que têm significado mais amplo. Os princípios da reestruturação de dívidas e a eficiência da ação coletiva precisarão ser reavaliadas, junto com escolhas de leis e outros critérios legais tipicamente encontrados nesses casos. É neste ponto em que estamos trabalhando e continuaremos nos próximos meses”.

Reforma de governança e credibilidade o FMI

“Sobre (a redistribuição das) cotas, não acho que afete a eficiência do Fundo, a efetividade da diretoria. Quando olho para os nossos programas, linhas de crédito em vigor, a estabilidade que tentamos entregar por intermédio da nossa assistência técnica, da supervisão bilateral que oferecemos baseada em 70 anos de expertise em campo, não acho que a falha de alguns membros em aprovar a reforma de governança é um impedimento às nossas operações. Isso está corroendo a credibilidade da instituição. Alimenta algumas pesquisas acadêmicas e alguns editoriais de observadores, mas na minha vida cotidiana, nas nossas operações com o staff e os membros da diretoria, e, mais importante, nas minhas tratativas com as autoridades dos países, incluindo com as dos países do Brics, isso não afeta o Fundo e não corrói nossas ações”.

Iniciativas financeiras dos Brics

“O Arranjo de Contingência de Reservas (ACR) criado pelo Brics vem sendo construído nos últimos três ou quatro anos. Então, acho que é bastante independente da falha dos EUA em ratificarem a reforma (de governança). É atribuída uma ligação pelos observadores, mas o Brics já vinha falando disso há algum tempo, eles decidiram em um encontro deles, há alguns anos, os princípios (do ACR). Há uma cooperação intrínseca entre o ACR e o FMI. Dos US$ 100 bilhões que o Brics reservaram, cada membro pode sacar do que aportou até 30%. Para mais, tem que ter um programa em curso com o FMI. Quando se olha para a relação do FMI com essas novas agências, os acordos, é muito similiar ao Chiang Mai (mecanismo de contingência e reserva) criado pelos países asiáticos, que tem o FMI do outro lado. Não digo que foi um ‘corte e cola’. O Brics não é uma região, Brics é um agrupamento com interesses comuns. Embora, por interesses comuns, eu digo a mim mesma ‘eles não são a mesma coisa de forma alguma’…”.
Papel do FMI
“Estamos celebrando os 70 anos das instituições de Bretton Woods e há muita nostalgia expressa sobre os objetivos dos ‘fundadores’. O mundo mudou ao redor do FMI e o próprio Fundo mudou imensamente. E continuará a mudar. Esta é uma das belezas desta instituição, ela se ajusta, é flexível, mudamos os instrumentos e os programas ao longo do tempo, mudamos a supervisão, ampliamos massivamente a assistência técnica. E continuaremos a fazê-lo. Todo o mundo está mudando continuamente. O equilíbrio de poder está mudando, há confrontos e há poderes econômicos emergindo, se consolidando e cooperando, há efeitos sobre os vizinhos, que valerá a pena continuar explorando. O fato é que a rede de proteção que os coreanos particularmente demandaram no encontro do G-20 vem sendo construída, em torno do arranjo do Chiang Mai, do mecanismo europeu de estabilidade, do ACR, dos instrumentos de swap entre vários bancos centrais. Isso reflete o fato de que o mundo é vastamente global e interdependente e precisa, provavelmente, de diferentes camadas nesta rede de proteção. Mas não vejo nada que seja inconsistente com a missão do FMI, que acho que é coordenação, cooperação entre os pilares das redes de proteção internacionais – das quais o FMI é a peça central”.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Bretton Woods e o Brasil (2): algumas descobertas recentes - Kurt Schuler, entrevista a Cyro Andrade (Valor)

Continuo a postagem dos materiais interessando os pesquisadores das instituições de Bretton Woods, série começada no post anterior (aqui):


Bretton Woods and Brazil Interview, Part One


Here is the text of an e-mail interview I had with Cyro Franklin de Andrade, editor of the Brazilian magazine Valor econômico, which formed the basis of two articles in Portuguese mentioned in myprevious post. Questions are in italics, answers are in Roman (regular) type.
1. How could it be explained that the transcripts you have found remained forgotten for so long? What were your immediate next steps after finding them? Where are the originals now?
Much of the answer, I think, is that the Bretton Woods conference received more attention from economists than from historians. Economists are trained to analyze statistical or verbal material prepared by others. They are not as often trained to go find new or neglected material.
After I found the transcripts in the U.S. Treasury Library I showed them to the librarians, who were unaware that the transcripts existed. The Treasury Library’s set of the transcripts is now stored in a cabinet. As for the other sets, see my reply to question 3.
2.   Which remarks by John Maynard Keynes were unfamiliar to you and caught your attention? What other details and / or passages of the transcripts would you highlight as being especially telling about what was only partly known so far?
I saw Keynes’s remarks in a meeting of the “commission” (committee) on the World Bank. Keynes was the chairman of the commission, so of course he did much of the talking. (Unfortunately, because of a shortage of stenographers, there is only one meeting of that commission in the transcripts.) Because Keynes has been a person of such great interest to so many researchers, I thought that if the transcript had already been known, it would already have been published somewhere. I found that it had not been published.
On the question of what is especially telling, the transcripts make clear a number of points. One is that the allocation of “quotas” (capital subscriptions), which were linked to voting power, was extremely contentious and many countries were dissatisfied—as has often happened in later years, when quotas have been reallocated. A second point is that there is a place in the transcripts where the delegates are talking about whether the IMF should conduct its business in gold or whether it should accept currencies convertible into gold. A U.S. delegate remarks that the U.S. dollar was at the time the only major currency convertible into gold. That was the origin of the Bretton Woods monetary system as being based on both the dollar and gold, rather than being purely based on gold. Yet another point that is very clear in the transcripts is that the Soviet Union did not want to reveal information about its economy to the rest of the world. The Soviet Union signed the Bretton Woods agreements but later decided not to become a member of the IMF and World Bank, and part of the reason was that they did not want to comply with the obligation of IMF members to reveal detailed economic information.
3. You found that there was another copy of the transcripts in the IMF archives and what appears to be the original in the National Archives. Are these copies of the same originals? Or are there differences that distinguishes one copy from another, including the one you’ve found in the Treasury’s Library?
The copies in the IMF Archives and the Treasury Library appear identical. They are both Photostats, an early kind of photocopy, bound in 4 volumes. The only difference is that the Treasury Library copies have the name of Harry Dexter White written in them, while the IMF copies have the name of Edward Bernstein written in them. (White was the chief U.S. negotiator at Bretton Woods and Bernstein was his deputy. Both men worked at the U.S. Treasury Department during Bretton Woods and later went to work at the IMF.) The National Archives has what appears to be the original set. The National Archives papers are loose, rather than being bound in volumes; the paper not shiny like a Photostat copy; and it has clear type and original pencil or pen marks.  As far as I know, these three sets of the transcripts are the only ones in existence. In its early years, the IMF used its copy of the transcript to make a retyped version of the portions of the transcripts dealing with the IMF. It distributed a limited number of copies for internal use. The IMF Archives has a few of them. The IMF Archives posted a copy online earlier this year, when Andrew Rosenberg and I were finishing work on our book. It is here:
4. You’ve found that the transcripts had been known to and cited by earlier scholars, but that present-day scholars were unaware of the earlier references. Which of the different copies had been known of and cited by earlier scholars? Which scholars?
J. Keith Horsefield, who wrote the official history of the IMF’s early years (published in 1969), cited the copy in the IMF Archives. Henry Bittermann, an American who was part of the conference secretariat, cited one of the transcripts in a 1971 article in a law journal, but did not specify where the transcript was located. Dag Halvorsen, a Norwegian journalist, cited the National Archives holdings in a 1982 history dissertation published in Norwegian. (I found what may be the only copy of the dissertation outside of Norway, in the Library of Congress in Washington.)
 5.  In your opinion, which books came closer to the essential points of the transcripts you found? What information failures have been diffused throughout the years that can now be noticed with the publication of the transcripts?
Previously, the only detailed book exclusively devoted to the conference was Armand van Dormael’s 1978 book Bretton Woods: The Birth of a Monetary System. Van Dormael is a Belgian businessman who, during a long retirement (he is now in his 90s) has developed a productive second career as a historian of modern times and technology. There are also some letters, memos, and reminiscences by participants at the conference, such as those in The Collected Writings of John Maynard Keynes and in Stanley Black’s book of interviews with Edward Bernstein, A Levite Among the Priests.
I don’t think there were any great information failures about the Bretton Woods conference. We already knew the main result of the conference, of course: the agreements on the IMF and World Bank. We also had some details from previously published material. What the conference transcripts do is add much more detail, and, in particular, they help us understand how the conference accomplished so much: the conference did not start from zero (the Atlantic City conference, just before Bretton Woods, arrived at preliminary draft agreements for the IMF and World Bank—see the answer to question 7); the delegates were smart; they focused on essential matters; they generally avoided giving long speeches; and they worked very hard, from 9 a.m. sometimes to 3 a.m. the next morning.
6. You’ve said that the official history of the IMF’s early years, written by Keith Horsefield and published in 1969, referred to them [the transcripts] only to dismiss them as “unofficial verbatim reports, but the incomplete and provisional nature of these reports makes them of uncertain value”.  How should we interpret the expression “uncertain value”?
Because the transcripts were not intended for publication, they contain sections where the stenographers could not hear clearly what was being said, or did not understand well the topic being discussed. Unlike the case with a transcript of a legislative hearing or a courtroom trial, the stenographers at Bretton Woods did not consult the speakers or other witnesses and try to clarify all the unclear sections. In my opinion, though, it is possible from the context to give a likely account of what the delegates said in most of the unclear sections.
7. Some say that what happened in Bretton Woods was just a sort of “theater”: what was to be discussed and decided was discussed and decided before and after the conference. How do you evaluate this opinion?
Immediately before Bretton Woods, there was a two-week conference in Atlantic City, New Jersey for a smaller group of delegates (mainly those from the larger economies, although I do not know if Brazil participated). At that conference some basic ideas about the IMF and World Bank received concrete form. It was still the job of the Bretton Woods conference to accept or reject those proposals, however, and to add many more details in areas where the Atlantic City conference had offered few or no specific proposals.
(Part 2 will come in a later post.)


This entry was posted in Bretton Woods by Kurt Schuler. Bookmark the permalink.

About Kurt Schuler

Kurt Schuler, co-editor of The Bretton Woods Transcripts, is Senior Fellow of Financial History at the Center for Financial Stability and an economist in the Office of International Affairs at the United States Department of the Treasury.

Bretton Woods e o Brasil (1): algumas descobertas recentes - Kurt Schuler (Center for Financial Stability)

Retomando algumas pesquisas com vistas a escrever um artigo sobre os 70 anos de Bretton Woods e as relações das "duas irmãs" com o Brasil (mais pelo lado do FMI do que do BIRD) encontrei alguns materiais interessantes, que me permito postar aqui, para conhecimento de todos os interessados, pesquisadores, estudantes, néofitos, curiosos, interessandos em geral.
Talvez fosse o caso de, inicialmente, lembrar aqui os dois capítulos que escrevi sobre a temática, em meu livro:

Relações internacionais e política externa do Brasil : a diplomacia brasileira no contexto da globalização 
 Rio de Janeiro: LTC, 2012; 332p.; 24 cm; ISBN: 978-85-216-2001-3
Eles são, respectivamente:
  5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011 (p. 125-149)
  6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928 (p. 150-169)
Maiores informações sobre o livro, as seções dos capítulos, e acesso a estas duas tabelas: 
Quadro 5.1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011 
Quadro 5.2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010 

Remeto, em primeiro lugar, ao site do Center for Financial Stability, que tem muitos materiais relativos a Bretton Woods, a começar por este aqui, relativo ao Brasil, e que remete a artigos no Valor Econômico, justamente sobre o trabalho do CFS, que já linko aqui, e transcreverei em post subsequente: http://www.valor.com.br/cultura/2957198/bretton-woods-sem-censura

Bretton Woods and Brazil

The Brazilian business magazine Valor econômico has published two articles about The Bretton Woods Transcripts:
Bretton Woods sem censura” (Bretton Woods uncensored)
Bretton Woods, Keynes e a utopia da cooperação” (Bretton Woods, Keynes, and the utopia of cooperation)
In a future post I will publish the e-mail interview in English that was one of the bases of the articles. Readers who are interested in the articles but do not know Portuguese can get a rough idea of the contents by using Google Translate.
This entry was posted in Bretton Woods by Kurt Schuler. Bookmark the permalink.

About Kurt Schuler

Kurt Schuler, co-editor of The Bretton Woods Transcripts, is Senior Fellow of Financial History at the Center for Financial Stability and an economist in the Office of International Affairs at the United States Department of the Treasury.