O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Mao Tse-tung. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mao Tse-tung. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

China: ditadura de Mao causou 70 milhoes de mortos - livro de Jung Chang e Jon Halliday

O livro já é antigo, quase dez anos atrás, mas sempre é útil relembrar esses dados. O PCdoB teria alguma justificativa para o fato de ter apoiado -- e supostamente ainda apoia -- uma ditadura crimonosa que matou mais do que Stalin e Hitler juntos?
Paulo Roberto de Almeida

26/12/2013 - 20h27

Mao Tse-tung foi responsável por mais de 70 milhões de mortes, diz livro

da Livraria da Folha
Ouvir o texto
Mao Tse-Tung liderou a Revolução Cultural (1966-1976), que fez a China se tornar um país comunista. A execução sistemática de inimigos foi uma das consequências da "limpeza" pela qual a China passou naquele período.
Andrew Wong/Reuters
Mao Tsé-tung liderou o exército vermelho que expulsou Chiang Kai-shek da China
Mao Tsé-tung liderou o exército vermelho que expulsou Chiang Kai-shek da China
"Mao Tse-tung, que durante décadas deteve poder absoluto sobre a vida de um quarto da população mundial, foi responsável por bem mais de 70 milhões de mortes em tempos de paz, mais do que qualquer outro líder do século 20", escrevem Jung Chang e Jon Halliday em "Mao: A História Desconhecida".
Mao –que assumiu o governo em 1949– se apoiou em estudantes, um dos objetivos principais era garantir a participação da juventude nas mudanças. Antes, o país vivia uma crise política e econômica.
A Revolução se fez a partir do campo, pelos camponeses, e não das cidades, pelos operários. Uma receita que contrariava a ortodoxia marxista.
A biografia "Mao: A História Desconhecida" é o resultado de uma década de pesquisa em arquivos do mundo todo e centenas de entrevistas com amigos, colaboradores e conhecidos do líder chinês.
Os autores procuram demolir diversos episódios da revolução chinesa. Eles contrariam o professado heroísmo da Longa Marcha, relatam ajuda financeira e militar da União Soviética de Stálin e desqualificam os relatos de rebeldes comunistas que teriam enfrentado o Japão na Segunda Guerra Mundial.
O livro causou grande impacto quando foi publicado, no Reino Unido, em 2005. No Brasil, a Companhia das Letras lançou o título em duas edições, a última delas, em versão econômica, em 2012. Abaixo, leia um trecho de "Mao: A História Desconhecida".
*
PARTE 1
Um crente sem entusiasmo
1. Entre o antigo e o moderno
(1893-1911; 1-17 anos)
Mao Tse-tung, que durante décadas deteve poder absoluto sobre a vida de um quarto da população mundial, foi responsável por bem mais de 70 milhões de mortes em tempos de paz, mais do que qualquer outro líder do século XX. Ele nasceu numa família de camponeses, em um vale chamado Shaoshan, na província de Hunan, no coração da China, em 26 de dezembro de 1893. Seus ancestrais haviam vivido no vale por quinhentos anos.
Era um mundo de beleza antiga, uma região temperada, úmida, cujas colinas ondulantes e enevoadas eram habitadas desde o Neolítico. Templos budistas que datavam da dinastia Tang (618-906), quando o budismo ali chegou, ainda estavam em uso. Florestas onde quase trezentas espécies de árvores cresciam, entre elas bordo, cânfora, metassequóia e o raro ginkgo, cobriam a área e abrigavam tigres, leopardos e javalis, que ainda vagavam pelas montanhas (o último tigre foi morto em 1957). Esses morros, sem estradas nem rios navegáveis, separavam a aldeia do resto do mundo. Ainda no começo do século XX, a notícia de um acontecimento tão momentoso como a morte do imperador, em 1908, não chegou lá e Mao só ficou sabendo disso dois anos depois, quando deixou Shaoshan.
O vale de Shaoshan mede em torno de cinco por três quilômetros e meio. As cerca de seiscentas famílias que viviam ali plantavam arroz, chá e bambu e usavam búfalos para lavrar os arrozais. A vida cotidiana girava em torno dessas atividades antiqüíssimas. Yi-chang, o pai de Mao, nasceu em 1870. Aos dez anos de idade, ficou noivo de uma menina de treze, de uma aldeia distante cerca de dez quilômetros, do outro lado de uma passagem chamada Passo do Tigre em Repouso, onde os tigres costumavam tomar banho de sol. Naquele tempo, essa curta distância era o suficiente para que as duas aldeias falassem dialetos quase ininteligíveis mutuamente. Sendo uma mera menina, a mãe de Mao não recebeu um nome; e, como era a sétima filha do clã Wen, era conhecida apenas como a Sétima Irmã Wen. De acordo com séculos de costume, seus pés haviam sido comprimidos e amarrados para produzir os assim chamados "lírios dourados de três polegadas", que eram o modelo de beleza da época.
Divulgação
Os autores mostram como Mao concentrou-se em expandir seu domínio
Livro mostra como Mao concentrou-se em expandir seu domínio
O noivado com o pai de Mao seguiu costumes ancestrais. Foi arranjado pelos pais e se baseava numa consideração prática: o túmulo de um dos avôs dela estava em Shaoshan e precisava ser cuidado periodicamente com rituais elaborados; assim, ter um parente lá seria útil. A Sétima Irmã Wen mudou-se para a casa da família de Mao depois do noivado e casou-se aos dezoito anos, em 1885, quando Yi-chang estava com quinze.
Pouco depois do casamento, Yi-chang partiu para se tornar soldado, a fim de ganhar dinheiro para pagar as dívidas da família, o que conseguiu depois de vários anos. Os camponeses chineses não eram servos, mas agricultores livres, e entrar para o Exército por razões puramente financeiras era uma prática estabelecida. Felizmente, não se envolveu em nenhuma guerra; em vez disso, conheceu um pouco do mundo e captou algumas ideias para negócios. Ao contrário da maioria dos aldeões, Yi-chang sabia ler e escrever, o suficiente para lidar com contabilidade. Ao retornar, criou porcos e processou grãos para obter um arroz de alta qualidade, a fim de vender no mercado de uma cidade próxima. Comprou de volta as terras que o pai havia penhorado, depois comprou mais terras e se tornou um dos homens mais ricos da aldeia.
Embora relativamente próspero, Yi-chang continuou a ser um homem extremamente trabalhador e econômico por toda a vida. A casa da família consistia em meia dúzia de dependências que ocupavam uma ala de uma grande propriedade coberta de sapê. Mais tarde, Yi-chang substituiu o sapê por telhas, uma grande melhoria, mas conservou o chão batido e as paredes de barro. As janelas não tinham vidros - um luxo ainda raro - e eram apenas aberturas quadradas com barras de madeira, fechadas à noite com pranchas de madeira (a temperatura dificilmente caía abaixo de zero). A mobília era simples: camas de madeira, mesas e bancos de madeira nua. Foi num desses quartos espartanos, sob uma colcha de algodão azul tecida em casa, dentro de um mosquiteiro azul, que Mao nasceu.
Mao foi o terceiro filho, mas o primeiro a sobreviver à infância. Sua mãe, budista, tornou-se ainda mais devota para que Buda o protegesse. Mao ganhou o nome duplo Tse-tung.Tse, que significa "brilhar sobre", foi o nome dado a toda a sua geração, tal como predeterminado quando a crônica do clã foi escrita pela primeira vez, no século XVIII; tung significa "o Leste". Assim, seu nome completo significava "brilhar sobre o Leste". Quando dois outros meninos nasceram, em 1896 e 1905, ganharam os nomes de Tse-min (min significa "o povo") e Tse-tan (tan se referia possivelmente à região local, Xiangtan).
Esses nomes refletiam a inveterada aspiração dos camponeses chineses de que seus filhos fossem bem-sucedidos - e a expectativa de que poderiam ser. Altos cargos estavam abertos a todos por meio da educação, que durante séculos significou estudar os clássicos confucianos. A excelência possibilitaria que homens jovens de qualquer extração passassem nos exames imperiais e se tornassem mandarins - a caminho de se tornarem primeiros-ministros. Um cargo na burocracia era sinônimo de sucesso e os nomes dados a Mao e seus irmãos expressavam as esperanças neles depositadas.
Mas um grande nome também tinha um peso e desafiava potencialmente o destino; então, a maioria dos filhos ganhava um nome de estimação que era mais despretensioso ou forte, ou ambos. O de Mao era "Menino de Pedra" - Shi san ya-zi. Para esse segundo "batismo", sua mãe o levou até uma rocha de cerca de dois metros e meio de altura, que tinha fama de ser encantada, pois havia uma fonte sob ela. Depois que Mao fez mesuras e reverências, foi considerado adotado pela pedra. Ele gostava muito desse nome e continuou a usá-lo na idade adulta. Em 1959, quando voltou a Shaoshan e se encontrou com os aldeões pela primeira - e única - vez na qualidade de líder supremo da China, começou o jantar para eles com um gracejo: "Então, estão todos aqui, exceto minha Mãe Pedra. Devemos esperar por ela?".
Mao adorava sua mãe real, com uma intensidade que não demonstrava com mais ninguém. Ela era uma pessoa gentil e tolerante, que, como ele lembrava, jamais ergueu a voz para o filho. Dela herdou o rosto redondo, os lábios sensuais e um autocontrole calmo nos olhos. Mao falaria com emoção sobre a mãe pelo resto da vida. Foi seguindo seu exemplo que se tornou budista quando criança. Anos mais tarde, disse ao seu staff: "Eu idolatrava minha mãe [...] Onde quer que ela fosse, eu a seguia [...] indo a feiras de templos, queimando incenso e dinheiro de papel, fazendo reverências a Buda [...] Porque minha mãe acreditava em Buda, eu também acreditava". Mas ele abandonou o budismo na adolescência.
Mao teve uma infância despreocupada. Até os oito anos, morou com a família da mãe, os Wen, na aldeia deles, pois ela preferia morar com sua própria família. Lá, sua avó materna o adorava. Os dois tios e esposas o tratavam como filho e um deles se tornou seu pai adotivo, o equivalente chinês de padrinho. Mao fazia um pouco de trabalho agrícola leve, juntando forragem para os porcos e levando os búfalos para passear nos bosques de camélias, junto a um lago sombreado por folhas de bananeiras. Na velhice, ele lembraria com ternura dessa época idílica. Começou a aprender a ler, enquanto as tias teciam e costuravam à luz de uma lamparina a óleo.
Mao só voltou a morar em Shaoshan na primavera de 1902, aos oito anos de idade, para receber instrução, que assumiu a forma de estudo na casa de um tutor. Os clássicos confucianos, que compunham a maior parte do currículo, estavam acima da compreensão das crianças e tinham de ser aprendidos de cor. Mao foi abençoado com uma memória excepcional e se saiu bem. Seus companheiros de estudo lembravam de um menino diligente que conseguia não somente recitar mas também escrever mecanicamente aqueles textos difíceis. Ele também adquiriu conhecimentos básicos de língua e história chinesas e começou a aprender a escrever boa prosa, caligrafia e poesia - escrever poemas era uma parte essencial da educação confuciana. A leitura tornou-se uma paixão. Em geral, os camponeses se deitavam ao pôr do sol, para economizar óleo, mas Mao ficava lendo noite adentro, com uma lamparina acesa sobre um banco, ao lado de seu mosquiteiro. Anos depois, quando era governante supremo da China, metade de sua enorme cama vivia empilhada de clássicos chineses e ele enchia seus discursos e escritos com referências históricas. Mas seus poemas perderam qualidade.
Mao entrava frequentemente em choque com seus tutores. Fugiu de sua primeira escola aos dez anos, dizendo que o professor era um tirano. Foi expulso de pelo menos três escolas - ou "pediram que as deixasse" - por ser teimoso e desobediente. A mãe o protegia, mas o pai não estava contente e o salto de Mao de tutor em tutor era apenas uma das fontes de tensão entre eles. Yi-chang pagava pela educação do filho e esperava que ele pudesse ao menos ajudar nas contas da família, mas Mao não gostava da tarefa. Durante toda a vida, foi confuso com números e uma nulidade em economia. Nem gostava muito do trabalho braçal pesado. Passou a evitá-lo assim que acabaram seus dias de camponês.
Yi-chang não suportava ver Mao ocioso. Tendo gasto cada minuto de seus dias trabalhando, esperava que o filho fizesse a mesma coisa e batia nele quando não obedecia. Mao odiava o pai. Em 1968, quando estava se vingando dos adversários políticos em vasta escala, disse aos torturadores deles que gostaria que seu pai tivesse sido tratado com a mesma brutalidade: "Meu pai era mau. Se estivesse vivo hoje, deveriam 'pô-lo no jato'". Tratava-se de uma posição de tortura em que os braços da pessoa eram presos às costas e a cabeça forçada para baixo.
Mao não era uma mera vítima do pai. Ele reagia e muitas vezes saía vitorioso. Dizia-lhe que, por ser mais velho, deveria fazer mais trabalho manual do que ele, o mais jovem - o que era um argumento incrivelmente insolente pelos padrões chineses. Um dia, de acordo com Mao, pai e filho tiveram uma briga diante de convidados. "Meu pai me repreendeu diante deles. Isso me enfureceu. Disse-lhe uns palavrões e saí da casa [...] Meu pai [...] me perseguiu, me maldizendo e ordenando que eu voltasse. Cheguei na beira de um lago e ameacei saltar se ele se aproximasse mais [...] Meu pai recuou." Certa vez, ao recontar essa história, Mao riu e acrescentou uma observação: "Velhos como ele não queriam perder os filhos. Era essa a fraqueza deles. Eu ataquei o ponto fraco deles, e venci!".
Dinheiro era a única arma que o pai de Mao possuía. Depois que o filho foi expulso pelo quarto tutor, em 1907, ele deixou de pagar os estudos e o menino de treze anos teve de se tornar camponês em tempo integral. Mas logo encontrou uma maneira de evitar o trabalho na lavoura e voltar ao mundo dos livros. Yi-chang estava ansioso para que o filho se casasse e assim, amarrado, passasse a se comportar com responsabilidade. Sua sobrinha estava com a idade certa para se tornar esposa, sendo quatro anos mais velha do que Mao, o qual concordou com o plano do pai e retornou à escola depois do casamento.
O matrimônio realizou-se em 1908, quando Mao tinha catorze anos, e a noiva, dezoito. O nome da família da garota era Luo, mas ela mesma não tinha nome próprio e era chamada apenas de Mulher Luo. A única vez que Mao a mencionou foi numa conversa com o jornalista americano Edgar Snow, em 1936, quando manifestou um notável desprezo e exagerou a diferença de idade entre eles: "Quando eu tinha catorze anos, meus pais me casaram com uma garota de vinte. Mas eu nunca vivi com ela [...] Não a considero minha esposa [...] e pensei muito pouco nela". Não deu nenhuma pista de que não estava mais viva; na verdade, Mulher Luo morreu em 1910, pouco mais de um ano após o casamento.
O casamento precoce de Mao fez dele um feroz oponente dos casamentos arranjados. Nove anos depois, escreveu um artigo violento contra a prática: "Nas famílias ocidentais, os pais reconhecem a livre vontade dos filhos. Mas, na China, as ordens dos pais não são de modo algum compatíveis com a vontade dos filhos [...] Trata-se de um tipo de 'estupro indireto'. Os pais chineses estão todo o tempo estuprando indiretamente seus filhos".
Assim que sua mulher morreu, o viúvo de dezesseis anos exigiu partir de Shaoshan. O pai queria que ele fosse aprendiz num armazém de arroz na cidade próxima, mas Mao estava de olho numa escola moderna, distante cerca de 25 quilômetros. Ele soubera que o exame imperial fora abolido. Agora havia escolas modernas que ensinavam matérias como ciência, história e geografia mundiais e línguas estrangeiras. Foram essas escolas que abriram as portas de saída da vida camponesa para muitos chineses como ele.
No final do século XIX, a China havia embarcado numa transformação social dramática. A dinastia manchu, no poder desde 1644, vivia uma transição do antigo para o moderno. A mudança foi precipitada por uma série de derrotas acachapantes nas mãos das potências europeias e do Japão, a começar pela Guerra do Ópio, de 1839-42, quando as potências ocidentais vieram bater nas portas fechadas da China. Da corte manchu aos intelectuais, quase todos concordavam que o país precisava mudar se quisesse sobreviver. Fizeram-se muitas reformas fundamentais, entre as quais a instalação de um sistema educacional completamente novo. Iniciou-se a construção de ferrovias.
Indústrias e comércio modernos ganharam alta prioridade. Permitiu-se a existência de organizações políticas. Publicaram-se jornais pela primeira vez. Mandaram-se jovens ao exterior para estudar ciências e mandarins para aprender sobre democracia e sistemas parlamentares. Em 1908, a corte anunciou um programa para se transformar numa monarquia constitucional dentro de um período de nove anos.
Hunan, a província de Mao, que tinha algo em torno de 30 milhões de habitantes, tornou-se um dos lugares mais liberais e excitantes da China. Embora longe do litoral, era ligada por rios navegáveis à costa e, em 1904, sua capital, Changsha, se tornou um porto de comércio "aberto". Um grande número de comerciantes e missionários estrangeiros chegou, trazendo modos e instituições ocidentais. Quando Mao ficou sabendo das escolas modernas, havia mais de cem delas, mais do que em qualquer outro lugar da China, inclusive muitas para mulheres.
Uma delas se localizava perto da aldeia de Mao e se chamava Monte Oriental, no condado dos Wen, a família de sua mãe. As taxas e despesas de acomodação eram bem caras, mas Mao conseguiu que os Wen e outros parentes convencessem seu pai, que arcou com o custo durante cinco meses. A esposa de um de seus primos Wen substituiu o velho mosquiteiro feito à mão por um de musselina feito à máquina, apropriado à modernidade da escola.
Essa escola abriu os olhos de Mao. Havia aulas de educação física, música e inglês e entre o material de leitura havia biografias resumidas de Napoleão, Wellington, Pedro, o Grande, Rousseau e Lincoln. Mao ouviu falar da América e da Europa pela primeira vez e ficou de olho em um homem que estivera no exterior - um professor que estudara no Japão e que os alunos apelidaram de "falso diabo estrangeiro". Décadas mais tarde, Mao ainda lembrava de uma canção japonesa que esse professor ensinara e que celebrava a formidável vitória militar do Japão sobre a Rússia em 1905.
Mao esteve na escola Monte Oriental apenas por alguns meses, mas foi o suficiente para que encontrasse uma nova abertura. Em Changsha havia uma escola criada especialmente para jovens do condado dos Wen e Mao persuadiu um professor a matriculá-lo, ainda que, em termos estritos, ele não pertencesse àquele condado. Na primavera de 1911, chegou a Changsha sentindo-se, em suas próprias palavras, "extremamente excitado". Aos dezessete anos, dizia adeus para sempre à vida de camponês.
Mao afirmou mais tarde que quando era menino, em Shaoshan, se preocupara com os camponeses pobres. Não há provas disso. Ele disse que fora influenciado, ainda em Shaoshan, por um certo P'ang, o Fazedor de Mós, que tinha sido preso e decapitado após liderar uma revolta local de camponeses, mas uma busca exaustiva dos historiadores do Partido Comunista por esse herói não encontrou nenhum traço dele.
Não há sinais de que Mao tenha derivado de suas raízes camponesas alguma preocupação social, muito menos que fosse motivado por um sentimento de injustiça.
Em 5 de abril de 1915, o professor Yang Chang-chi escreveu em seu diário: "Meu aluno Mao Tse-tung disse que [...] seu clã [...] é composto principalmente de camponeses, e é fácil para eles enriquecer" (grifo nosso). Mao não demonstrava nenhuma simpatia em particular pelos camponeses.
Até o final de 1925, quando estava com trinta e poucos anos, e cinco anos depois de se tornar comunista, Mao fez poucas referências a camponeses em todos os seus escritos e conversas conhecidos. Eles aparecem, de fato, numa carta de agosto de 1917, mas, longe de expressar simpatia, Mao diz que estava "surpreso" com o modo como um comandante chamado Tseng Kuo-fan havia "liquidado" com a maior revolta camponesa da história chinesa, a Rebelião Taiping, de 1850-64. Dois anos depois, em julho de 1919, Mao escreveu um ensaio sobre pessoas de diferentes ocupações na vida - os camponeses foram inevitavelmente mencionados -, mas sua lista de questões era muito geral, e seu tom, neutro. Havia uma notável ausência de emoção quando mencionava os camponeses, em comparação com a paixão que transpirava ao falar dos estudantes, cuja vida descrevia como "um mar de amargura". Em uma lista abrangente de pesquisas que traçou em setembro daquele ano, que continha não menos que 71 itens, somente um título (o décimo) era sobre trabalho; o único de seus subtítulos que mencionava camponeses só o fazia como "a questão dos lavradores que intervêm na política". A partir do final de 1920, quando entrou para a órbita comunista, Mao começou a usar expressões como "operários e camponeses" e "proletariado". Mas eram meras frases, parte de um vocabulário obrigatório.
Décadas depois, Mao falou sobre como, na época em que era um jovem de Shaoshan, ele se preocupava com o povo faminto. Os documentos não mostram tal preocupação. Em 1921, Mao esteve em Changsha durante uma epidemia de fome. Um amigo dele escreveu no diário: "Há muitos mendigos - devem ser mais de cem por dia [...] A maioria [...] se parece com esqueletos embrulhados em pele amarela, como se pudessem ser levados por uma rajada de vento". "Ouvi que tanta gente que veio para cá [...] a fim de fugir da fome em suas regiões, havia morrido - que aqueles que vinham dando tábuas de madeira [para fazer caixões] [...] não têm mais condições de fazer isso." Não há menção desse evento nos escritos de Mao da época, e nenhum sinal de que tenha dado alguma atenção a esse assunto.
O passado camponês de Mao não o imbuiu de idealismo que pudesse melhorar o fardo dos camponeses chineses.
[...]
*
MAO
AUTORES Jon Halliday, Jung Chang
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 39,50 (preço promocional*)
Eugene Hoshiko/Associated Press
ORG XMIT: 083901_0.tif 50 Anos da Revolução Chinesa: exemplares do Livro Vermelho da Revolução Cultural e uma foto de Mao Tsé-tung e Lin Piao, em antiquário de Xangai, China. A black and white photograph of Mao Tse-tung, founder of the People's Republic of China, in photo at right, and Lin Piao, Chinese Communist general and political leader, in photo at left, and antiquated Red Books from the Cultural Revolution are placed at a local antique stall Tuesday, May 25, 1999 in a back alley in Shanghai. Mao goods are one of the most wanted Chinese souvenirs among tourists from the U.S. According to local travel agencies majorities of tour reservations from the U.S. and Europe have been canceled after NATO's missile attack on the Chinese embassy in Yugoslavia. On May 28th Shanghai will celebrate its 50th Anniversary of the Arrival of the Communist Army in Shanghai led by Mao. (AP Photo/Eugene Hoshiko)
"Livro Vermelho da Revolução Cultural" e uma foto de Mao Tsé-tung e Lin Piao, em antiquário de Xangai

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mao Tse-tung: um tirano de 120 anos, se ainda existisse... - Shanghai Daily, Le Monde

E os herdeiros do PCC continuam a honrá-lo, como se fosse um grande salvador do povo chinês, quando na verdade contribui para a morte, morrida ou matada, de pelo menos 60 milhões de chineses...
Paulo Roberto de Almeida


Qiu, 65 ans, dans les rues de Shanghai en décembre 2013. REUTERS/ALY SONG

La Chine commémore le 120e anniversaire de Mao

Le Monde.fr avec AFP et Reuters

Admirateurs et nostalgiques de Mao Zedong célèbrent, jeudi 26 décembre, le 120ème anniversaire de la naissance du révolutionnaire qui fonda la Chine communiste, aujourd'hui divisée sur son héritage. Douze décennies représentent un jalon symbolique en Chine, où le temps est traditionnellement découpé en cycles de soixante ans.

Après trois décennies de réformes qui ont introduit le capitalisme en Chine, Mao est devenu un point de ralliement pour ceux qui déplorent l'écart abyssal entre riches et pauvres et la corruption endémique, source d'inquiétude majeure pour le Parti communiste chinois (PCC), qui s'applique à faire taire toute contestation.

>> Lire l'éditorial (en édition abonnés) : Pékin réforme l'économie, pas la politique

En vénérant Mao, l'aile gauche du parti tente ainsi de faire pression sur le pouvoir, favorable à une certaine libéralisation économique, tout en évitant d'entrer ouvertement en dissidence. Selon une source politique, les membres du Comité permanent du bureau politique du PCC participeront aux commémorations« pour apaiser l'aile gauche du parti », après les décisions du troisième plénum du XVIIIe Comité central, dont l'assouplissement de la politique de l'enfant unique et une série de réformes économiques et sociales.

>> Lire : Pékin et le dogme de l'enfant unique

DES CÉRÉMONIES « GRANDIOSES »

Mais si les principaux dignitaires du PCC devraient participer aux commémorations prévues à Pékin, de nombreuses cérémonies ont été annulées en province, selon des sources proches du pouvoir. « Il y aura une représentation de haut niveau, mais un nombre réduit d'événements », a dit l'une d'elles. « Les cérémonies doivent être grandioses, sinon les gens ne seront pas contents », souligne une autre source.

Les partisans du « grand timonier », qui dirigea la Chine pendant plus d'un quart de siècle, sont attendus par milliers dans sa ville natale de Shaoshan, dans la province centrale du Hunan, où il a passé sa jeunesse. Ces cérémonies évoqueront « une image sans tache de Mao, grand dirigeant révolutionnaire », assure Kirk Denton, professeur à l'Université américaine de l'Ohio, qui a mené des recherches à Shaoshan.

Les révélations en octobre dans la presse chinoise du coût des célébrations – l'équivalent de 2,5 milliards de dollars – ont fait scandale sur Internet, jusqu'à ce que le président Xi Jinping demande un hommage « solennel, simple et pragmatique ». Son corps embaumé reste exposé au mausolée de la place Tiananmen à Pékin, où trône toujours son portrait, et toute discusion ou publication à son sujet sortant de la ligne officielle demeure interdite.

FORTE POPULARITÉ

Après sa mort en 1976, le PCC a décrété que Mao avait eu« raison à 70 % et tort à 30 % »Mais selon un sondage publié mardi par le Global Times, un quotidien du PCC, les Chinois seraient encore plus bienveillants à son égard. 85 % des sondés se sont déclarés d'accord avec le fait que ses mérites dépassent ses erreurs, contre 12 % qui n'étaient pas d'accord. Près de 90 % des sondés ont aussi estimé que « le plus grand mérite » de Mao était d'avoir « fondé une nation indépendante grâce à la révolution ».

Bouquiniste sur un marché de Pékin, le 26 décembre. AP/Alexander F. Yuan

« L'anniversaire est un grand jour pour le peuple chinois », a déclaré, jeudi, Shen Yang, une homme d'affaires de 48 ans qui fera le voyage à Shaoshan. « Je crois que la nouvelle Chine créée par Mao est grandiose, et c'est pour cela que nous devrions lui rendre hommage et croire en lui », dit-il, précisant qu'il déposera une gerbe de fleurs à la maison natale de Mao et s'offrira pour l'occasion un repas de nouilles, le mets traditionnel des anniversaires.

Une stricte censure empêche les Chinois d'accéder à toute autre version que celle du PCC, soigneusement expurgée, des vingt-sept ans durant lesquels Mao a dirigé leur pays. La « grande famine » des années 1958-1962 et son bilan catastrophique restent ainsi un phénomène largement ignoré du grand public. Parmi les sondés, les jeunes et les plus instruits se sont montrés plus critiques à l'égard de Mao, selon le Global Times.

FAMINES, GUERRE CIVILE, RÉPRESSIONS

Mao Zedong, qui mena le Parti communiste chinois à la victoire en 1949 après une sanglante guerre civile, reste toutefois, pour certains Chinois, un tyran dont les désastreuses campagnes politiques ont coûté des millions de morts au pays. Les historiens estiment qu'au moins un million de Chinois ont été massacrés dans le mouvement de redistribution des terres des années cinquante, sans compter les purges d'opposants réels ou supposés destinées à consolider son pouvoir.

Bien plus sanglant encore a été le « grand bond en avant » déclenché en 1958 pour rattraper les économies occidentales, qui laissera derrière lui en 1962 plus de 40 millions de morts, la plupart de famine. Dès 1966 et pour dix ans, il est suivi de la« révolution culturelle », déclenchée par Mao pour reprendre les rênes et éliminer ses adversaires, plongeant le pays dans une quasi-guerre civile qui a fait un demi-million de morts pour la seule année 1967.

« La plus grande faute de Mao a été d'interrompre la progression de la Chine vers un système constitutionnel et la démocratie », estime l'historien Zhang Lifan dans un commentaire sur Internet, à l'occasion de l'anniversaire. « Il a entraîné la Chine dans la guerre de classes et la voie sans issue du régime de parti unique ». Le président Xi Jinping a lui-même souffert des conséquences de la révolution culturelle puisqu'après l'emprisonnement de son père, il avait été envoyé vivre à la campagne, comme des millions de jeunes urbains.

>> Voir l'infographie : De Mao à Xi Jinping : cinq générations au pouvoir en Chine

Mais le PCC continue « de se servir de Mao comme d'une sorte de figure paternelle de la révolution », source de « sa légitimité et de son discours sur la libération nationale », relève Kirk Denton. Si le PCC a conservé le pouvoir après la mort de Mao, c'est pourtant en pratiquant une politique économique à l'exact opposé de celle préconisée par l'ancien leader.

>> Lire aussi (en édition abonnés) : En Chine, "rectification des cadres" et retour à Mao

==================

Mao’s residence spruced up

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

China: morreram 36 ou "so" 10 milhoes sob o maoismo delirante?

Os números, em si, são estarrecedores. Mas tem gente que acha que matar só 10 milhões é pouca coisa...
Paulo Roberto de Almeida

Scholars Fight a Milder Version of Mao’s Calamities


Sim Chi Yin for The New York Times
Yang Jisheng, a historian whose research has been attacked, called the denials of widespread famine more than half a century ago a disturbing symptom of present-day political anxieties.



HONG KONG — The famine that gripped China from 1958 to 1962 is widely judged to be the deadliest in recorded history, killing 20 to 30 million people or more, and is one of the defining calamities of Mao Zedong’s rule. Ever since, the party has shrouded that disaster in censorship and euphemisms, seeking to maintain an aura of reverence around the founding leader of the Communist state.
But with the approach of celebrations of the 120th anniversary Mao’s birth on Dec. 26, some of his supporters and party polemicists are stepping beyond the longstanding official reticence about the famine to argue for their own, much milder version of the disaster and to assail historians who disagree.
They deny that tens of millions died in the famine — it was at most a few million, some of them say — and they accuse scholars who support higher estimates of fanning anti-party sentiment.
“The big rumor that 30 million people starved to death in the three years of hardship,” said a headline in September in The Global Times, an influential party-run tabloid. It accompanied a commentary by a mathematician, Sun Jingxian, who has won publicity for his claim that at most 2.5 million people died of “nutritional fatalities” during the Great Leap Forward. He argues that bigger estimates are an illusion based on flawed statistics.
Mr. Sun asserts that most of the apparent deaths were a mirage of chaotic statistics: people moved from villages and were presumed dead, because they failed to register in their new homes.
A new book, “Someone Must Finally Speak the Truth,” has become a touchstone for supporters of Mao, who deny that the famine killed tens of millions. The author, Yang Songlin, a retired official, maintains that at most four million “abnormal fatalities” occurred during the famine. That was indeed a tragedy, he acknowledges, but one for which he mostly blames bad weather, not bad policies. He and other like-minded revisionists accuse rival researchers of inflating the magnitude of the famine to discredit Mao and the party.
“Some people think they have an opportunity, that as long as they can prove that tens of millions of people died in the Great Leap Forward, then the Communist Party, the ruling party, will never be able to clear itself,” Mr. Yang said by telephone from his home in Zhengzhou, a city in central China.
China’s leaders have not publicly commented on the controversy. But Mao’s reputation remains important for a party that continues to stake its claims to power on its revolutionary origins, even as it has cast aside the remnants of his revolutionary policies. And Xi Jinping, the party leader installed in November, has been especially avid in defending that legacy, even though his family suffered more under Mao than did the families of his recent predecessors.
The Great Leap Forward started in 1958, when the party leadership embraced Mao’s ambitions to rapidly industrialize China by mobilizing labor in a fervent campaign and merging farming cooperatives into vast — and, in theory, more productive — people’s communes.
The rush to build factories, communes and communal dining halls into models of miraculous Communist plenty began to falter as waste, inefficiency and misplaced fervor dragged down production.
By 1959, food shortages began to grip the countryside, magnified by the amount of grain that peasants were forced to hand over to the state to feed swelling cities, and starvation spread. Officials who voiced doubts were purged, creating an atmosphere of fearful conformism that ensured the policies continued until mounting catastrophe finally forced Mao to abandon them.
Beginning in the early 1980s, restrictions on studying the famine began to ease. Historians gained limited access to archives, and sets of census and other population data gradually became available, allowing researchers to build a more detailed, albeit still incomplete, understanding of what happened.
Some scholars have concluded that about 17 million people died, while other counts go as high as 45 million, reflecting varied assumptions about the death rate in normal times as well as other uncertainties, including how much official statistics undercounted deaths during the famine years.
“Scholars disagree, but whether their estimate is somewhat higher or lower, that doesn’t affect the fact that the Great Leap Forward created a massive disaster,” Lin Yunhui, a retired party historian at the National Defense University in Beijing who has spent much of his career studying Mao’s time, said by telephone. “My own estimate is that there were about 30 million abnormal deaths.”
Few if any mainstream historians place any credence in the revisionists’ claims, but they express alarm that the party, which in recent decades has tolerated more open research into the period, seems to be encouraging a retreat into deceptive orthodoxies.
“I’ve long been maligned and attacked for my research, but now there are these people who basically deny that there was ever a mass famine,” Yang Jisheng, 72, a historian and former Xinhua News Agency journalist in Beijing who has been the main target of the attacks, said by telephone. He is not related to Yang Songlin.
“Tombstone,” Yang Jisheng’s landmark study of the Great Leap famine — published in Chinese in Hong Kong in 2008 and in a modified, abridged English-language edition in 2012 — is banned in mainland China but has been read widely there through smuggled and bootlegged copies.
Mr. Yang estimates that 36 million people died because of brutality and food shortages caused by the Great Leap Forward. He called the denials of widespread famine more than half a century ago a disturbing symptom of present-day political anxieties.
“To defend the ruling status of the Communist Party, they must deny that tens of millions died of starvation,” Mr. Yang said. “There’s a sense of social crisis in the party leadership, and protecting its status has become more urgent, and so it’s become even more necessary to avoid confronting the truth about the past.”
Mr. Xi is the son of Xi Zhongxun, a colleague of Mao who was purged in 1962 and endured 16 years of imprisonment and political ignominy.
Mr. Xi’s handling of the past, however, is driven by political imperatives, not family memories, said Edward Friedman, an emeritus professor of political science at the University of Wisconsin-Madison who was an editor of the English version of Mr. Yang’s book “Tombstone.”
Mr. Xi told officials in January that they should not belittle or doubt Mao’s achievements. He has repeatedly cited the collapse of the Soviet Union as a warning of the costs of political laxity.
He approved a directive issued in April that identified seven main ideological threats to party rule, including “historical nihilism” — defined as attempts to “negate the legitimacy of the long-term rule of the Chinese Communist Party” by maligning the party’s record.
“They need their great leader to be pure,” said Mr. Friedman. “They need to have a vision of the past that’s worth being nostalgic about.”

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Hayek, Mao e o grande salto para a fome que eliminou 30 milhoes de chineses - Yang Jisheng

Não preciso acrescentar absolutamente nada ao que já escreveu esse autor chinês, autor de um dos mais recentes estudos sobre a mortandade inimaginável causada por Mao Tsé-tung na China, com o seu "grande salto para a frente", entre 1958 e 1962. Foi, na verdade, um enorme salto para trás, pior: um salto no precipício da fome, do canibalismo, do morticínio sistemático de milhões de chineses.

Yang Jisheng — How Hayek Helped Me Understand China’s Tragedy

By Greg Ransom
Hayek Center, on May 29th, 2013
Yang Jisheng’s 2013 Manhattan Institute Hayek Prize lecture:
In the space of four years, from 1958 to 1962, China experienced a disaster of historic proportions – the death by starvation of more than 30 million people. This occurred in a time of peace, without epidemic or abnormal climatic conditions. A confluence of historical factors caused China’s leadership clique to follow the path of the Soviet Union, which was supposed to make China strong and prosperous. Instead, it brought inconceivable misery, bearing witness to what Friedrich Hayek wrote in The Road to Serfdom: “Is there a greater tragedy imaginable than that, in our endeavor consciously to shape our future in accordance with high ideals, we should in fact unwittingly produce the very opposite of what we have been striving for?”
Why did Mao Zedong’s great ideals create such great tragedy? The answer can be found in Hayek’s writings. China’s revolutionaries built a system based on what Hayek called “the Great Utopia,” which required “central direction and organization of all our activities according to some consciously constructed ‘blueprint’” and for a “unitary end” while “refusing to recognize autonomous spheres in which the ends of the individuals are supreme.” In China’s case, this “unitary end” was the “Great Utopia” of communism.
In order to bring about this Great Utopia, China’s leaders constructed an all-encompassing and omnipotent state, eliminating private ownership, the market and competition. The state controlled the vast majority of social resources and monopolized production and distribution, making every individual completely dependent on it. The government decided the type and density of crops planted in each location, and yields were taken and distributed by the state. The result was massive food shortages, as the state’s inability to ration food successfully doomed tens of millions of rural Chinese to a lingering death.
The designers of this system expected an economy organized under unified planning to result in efficiency. Instead, it brought shortage. Government monopoly blunted the basic impetus for economic function – personal enthusiasm, creativity and initiative – and eliminated the opportunity and space for free personal choice. Economic development ground to a halt. The extreme poverty of Mao’s China was the inevitable result.
An economy with “everything being directed from a single center” requires totalitarianism as its political system. And since absolute power corrupts absolutely, the result was not the egalitarianism anticipated by the designers of this system, but an officialdom that oppressed the Chinese people.
Hayek championed classical liberalism based on the principle that “in the ordering of our affairs we should make as much use as possible of the spontaneous forces of society, and resort as little as possible to coercion.” In today’s China, such liberals are found either among the very old or the very young, skipping a generation in between. I happen to belong to the skipped generation that had little exposure to liberalism under Mao. Up until I was 40 years old, I still believed in collectivism, which fettered my thinking and confined my insight. Reading The Road to Serfdom gave me a new perspective on economics, politics, the state and society. Hayek helped me understand China’s tragedy; my research into the disasters China suffered helped me understand Hayek.
Whether or not Beijing will admit it, China is beholden to Hayek’s thinking in relinquishing the highly centralized planning of its economy in favor of competitive markets and private enterprise. This choice is making China prosperous and has elevated it to the world’s second largest economy.
Yet, while China has accepted some of Hayek’s thinking on markets, it continues to insist on “socialism with Chinese characteristics.” The powerful run and control the market in a system I call the “power market economy.” The greatest problem with a power market economy is its inequity. Hayek noted that “a world in which the wealthy are powerful is still a better world than one in which only the already powerful can acquire wealth.” In today’s China, only the well-connected can acquire great wealth; society’s riches are concentrated among those in power. This is the source of the current popular resentment against officialdom and the wealthy elite. A power market economy cannot possibly meet the Chinese government’s vaunted objective of a stable and harmonious society.
China’s path to harmony and stability is to reject this system and instead to heed Hayek’s call to avoid government coercion, respect individual freedom and allow further economic and political liberalization. Will it? Li Shenzhi, one of China’s great proponents of liberalism, voiced a generally held pessimism to me in 2001, two years before his death: “We’ve entered a new century, and liberals face a hard winter. Even so,” he continued, quoting the poet Shelley, “if winter comes, can spring be far behind?”
The fate of liberalism in China is the fate of Hayek’s teachings, which must endure a harsh and bitter winter but could yet see a resplendent spring.
Yang Jisheng is the author of Tombstone, an account of the Great Famine in China during the Great Leap Forward.  Yang and his book were awarded The Manhattan Institute’s 2012 Hayek Prize, honoring the book published within the last two years that best reflects F.A. Hayek’s vision of economic and individual liberty.
- See more at: http://hayekcenter.org/#sthash.fz6mla0b.dpuf

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Mao: a Historia Desconhecida - Jon Halliday e Jung Chang

Este livro já foi publicado há muito anos, em 2006; agora está saindo no Brasil. Antes tarde do que nunca, como se diz, mas não precisaria ser tão tarde.
Transcrevo os releases do Brasil e da edição original.
MAO (EDIÇÃO ECONÔMICA) - A história desconhecida
R$ 49,50Comprar
 Indisponível
Indique Comente
É necessário estar logado para utilizar este recurso. Acompanhe
Mao - A história desconhecida é a mais sólida biografia de Mao Tse-tung já escrita, fruto de uma década de pesquisa em arquivos do mundo todo e centenas de entrevistas com amigos, colaboradores e conhecidos de Mao - boa parte dos quais nunca havia se pronunciado. O resultado do árduo trabalho de Jung Chang e de seu marido Jon Halliday é a demolição de diversos mitos.
O livro ataca o heroísmo da Longa Marcha, discorre sobre a ajuda financeira e militar da União Soviética de Stálin para a criação e o fortalecimento do Partido Comunista chinês e desqualifica os relatos de que os rebeldes comunistas teriam enfrentado os japoneses na Segunda Guerra Mundial.
Os autores mostram como Mao concentrou-se em expandir seu domínio durante quase três décadas, ainda que isso resultasse no sofrimento e na morte de dezenas de milhões de cidadãos. Para se perpetuar no poder, instituiu um clima de denúncias, perseguições e terror. Na intimidade, ele é descrito como um pai omisso, marido infiel e amigo pouco confiável.
Mao foi um dos lançamentos mais esperados no mundo todo e causou grande impacto quando foi publicado, no Reino Unido, em 2005.

“Poucos livros estão destinados a mudar a história, mas este mudará.” - George Walden, Daily Mail
“Uma bomba atômica.” - Time
“Esta biografia grandiosa demole sistematicamente cada pilar da simpatia e da legitimidade que Mao possuía.” - The New York Times Book Review
“Um êxito. Um retrato hipnotizante da tirania, da degeneração, do assassinato em massa e da promiscuidade, um bombardeio de revelações revisionistas e um trabalho de pesquisa sensacional.” - Simon Sebag Montefiore, autor de Stálin
Título original
MAO (ECONOMICAL EDITIONS)
Páginas
816
Formato
16.00 x 23.00 cm
Peso
1.07000 kg
Acabamento
Brochura
Lançamento
10/08/2012
ISBN
9788535921472
Selo
Edição Econômica


Mao: The Unknown Story [Paperback

November 14, 2006
The most authoritative life of the Chinese leader every written, Mao: The Unknown Story is based on a decade of research, and on interviews with many of Mao’s close circle in China who have never talked before — and with virtually everyone outside China who had significant dealings with him. It is full of startling revelations, exploding the myth of the Long March, and showing a completely unknown Mao: he was not driven by idealism or ideology; his intimate and intricate relationship with Stalin went back to the 1920s, ultimately bringing him to power; he welcomed Japanese occupation of much of China; and he schemed, poisoned, and blackmailed to get his way. After Mao conquered China in 1949, his secret goal was to dominate the world. In chasing this dream he caused the deaths of 38 million people in the greatest famine in history. In all, well over 70 million Chinese perished under Mao’s rule — in peacetime.

Editorial Reviews

Amazon.com Review

In the epilogue to her biography of Mao Tse-tung, Jung Chang and her husband and cowriter Jon Halliday lament that, "Today, Mao's portrait and his corpse still dominate Tiananmen Square in the heart of the Chinese capital." For Chang, author of Wild Swans, this fact is an affront, not just to history, but to decency. Mao: The Unknown Story does not contain a formal dedication, but it is clear that Chang is writing to honor the millions of Chinese who fell victim to Mao's drive for absolute power in his 50-plus-year struggle to dominate China and the 20th-century political landscape. From the outset, Chang and Halliday are determined to shatter the "myth" of Mao, and they succeed with the force, not just of moral outrage, but of facts. The result is a book, more indictment than portrait, that paints Mao as a brutal totalitarian, a thug, who unleashed Stalin-like purges of millions with relish and without compunction, all for his personal gain. Through the authors' unrelenting lens even his would-be heroism as the leader of the Long March and father of modern China is exposed as reckless opportunism, subjecting his charges to months of unnecessary hardship in order to maintain the upper hand over his rival, Chang Kuo-tao, an experienced military commander. Using exhaustive research in archives all over the world, Chang and Halliday recast Mao's ascent to power and subsequent grip on China in the context of global events. Sino-Soviet relations, the strengths and weakness of Chiang Kai-shek, the Japanese invasion of China, World War II, the Korean War, the disastrous Great Leap Forward, the vicious Cultural Revolution, the Vietnam War, Nixon's visit, and the constant, unending purges all, understandably, provide the backdrop for Mao's unscrupulous but invincible political maneuverings and betrayals. No one escaped unharmed. Rivals, families, peasants, city dwellers, soldiers, and lifelong allies such as Chou En-lai were all sacrificed to Mao's ambition and paranoia. Appropriately, the authors' consciences are appalled. Their biggest fear is that Mao will escape the global condemnation and infamy he deserves. Their astonishing book will go a long way to ensure that the pendulum of history will adjust itself accordingly. --Silvana Tropea


10 Second Interview: A Few Words with Jung Chang and Jon Halliday
Q: From idea to finished book, how long did Mao: The Unknown Story take to research and write?
A: Over a decade.
Q: What was your writing process like? How did you two collaborate on this project?
A: The research shook itself out by language. Jung did all the Chinese-language research, and Jon did the other languages, of which Russian was the most important, as Mao had a long-term intimate relationship with Stalin. After our research trips around the world, we would work in our separate studies in London. We would then rendezvous at lunch to exchange discoveries.
Q: Do you have any thoughts about how the book is, or will be received in China? Did that play a part in your writing of the book?
A: The book is banned in China, because the current Communist regime is fiercely perpetuating the myth of Mao. Today Mao's portrait and his corpse still dominate Tiananmen Square in the heart of Beijing, and the regime declares itself to be Mao's heir. The government blocked the distribution of an issue of The Far Eastern Economic Review, and told the magazine's owners, Dow Jones, that this was because that issue contained a review of our book. The regime also tore the review of our book out of The Economist magazine that was going to (very restricted) newsstands. We are not surprised that the book is banned. The regime's attitude had no influence on how we wrote the book. We hope many copies will find their way into China.
Q: What is the one thing you hope readers get from your book?
A: Mao was responsible for the deaths of well over 70 million Chinese in peacetime, and he was bent on dominating the world. As China is today emerging as an economic and military power, the world can never regard it as a benign force unless Beijing rejects Mao and all his legacies. We hope our book will help push China in this direction by telling the truth about Mao.

Breakdown of a BIG Book: 5 Things You'll Learn from Mao: The Unknown Story
1. Mao became a Communist at the age of 27 for purely pragmatic reasons: a job and income from the Russians.
2. Far from organizing the Long March in 1934, Mao was nearly left behind by his colleagues who could not stand him and had tried to oust him several times. The aim of the March was to link up with Russia to get arms. The Reds survived the March because Chiang Kai-shek let them, in a secret horse-trade for his son and heir, whom Stalin was holding hostage in Russia.
3. Mao grew opium on a large scale.
4. After he conquered China, Mao's over-riding goal was to become a superpower and dominate the world: "Control the Earth," as he put it.
5. Mao caused the greatest famine in history by exporting food to Russia to buy nuclear and arms industries: 38 million people were starved and slave-driven to death in 1958-61. Mao knew exactly what was happening, saying: "half of China may well have to die."

--This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

From Publishers Weekly

Jung Chang, author of the award-winning Wild Swans, grew up during the Cultural Revolution; Halliday is a research fellow at King's College, University of London. They join forces in this sweeping but flawed biography, which aims to uncover Mao's further cruelties (beyond those commonly known) by debunking claims made by the Communist Party in his service. For example, the authors argue that, far from Mao's humble peasant background shaping his sympathies for the downtrodden, he actually ruthlessly exploited the peasants' resources when he was based in regions such as Yenan, and cared about peasants only when it suited his political agenda. And far from having founded the Chinese Communist Party, the authors argue, Mao was merely at the right place at the right time. Importantly, the book argues that in most instances Mao was able to hold on to power thanks to his adroitness in appealing to and manipulating powerful allies and foes, such as Stalin and later Nixon; furthermore, almost every aspect of his career was motivated by a preternatural thirst for personal power, rather than political vision. Some of the book's claims rely on interviews and on primary material (such as the anguished letters Mao's second wife wrote after he abandoned her), though the book's use of sources is sometimes incompletely documented and at times heavy-handed (for example, using a school essay the young Mao wrote to show his lifelong ruthlessness). Illus., maps. (Oct. 21)
Copyright © Reed Business Information, a division of Reed Elsevier Inc. All rights reserved. --This text refers to the Hardcover edition.

Product Details

  • Paperback: 801 pages
  • Publisher: Anchor (November 14, 2006)
  • Language: English
  • ISBN-10: 0679746323
  • ISBN-13: 978-0679746324
  • Product Dimensions: 9.2 x 6.3 x 1.7 inches

Formats

Amazon price New from Used from
Kindle Edition $9.99  
Expand Hardcover --  
Expand Paperback $13.60  
Expand Audio, CD, Audiobook, Unabridged --  
Expand Unknown Binding --  

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tirania maoista: o maior desastre da historia

De fato, nunca antes, na história humana registrada, alguém, uma guerra, ou qualquer outro acidente ou catástrofe natural, tinha conseguido eliminar tanta gente, em doses tão concentradas, em tão alta proporção, nos quatro anos em que durou, quanto o "Grande Salto Para a Frente" do tirano Mao Tse-tung. Ele conseguiu superar Stalin, a Primeira e a Segunda Guerra mundiais, matando 450 vezes nais gente do que as bombas de Hiroshima e Nagasaki.
Este é o tirano ainda cultuado pelo Partido Comunista Chinês, pelos seus companheiros do Brasil, assim como ele era o "queridinho" do maior idiota que o Brasil já teve, o arquiteto stalinista que acaba de morrer.
Bem, só sobraram quatro ou cinco stalinistas no mundo, e pelo menos um deles ainda está no Brasil, embora condenado a poucos meses de prisão...

Unnatural Disaster

Tombstone: The Great Chinese Famine, 1958-1962,’ by Yang Jisheng


Keystone via Getty Images
A rice field in what is now Guangdong Province, 1958.



In the summer of 1962, China’s president, Liu Shaoqi, warned Mao Zedong that “history will record the role you and I played in the starvation of so many people, and the cannibalism will also be memorialized!” Liu had visited Hunan, his home province as well as Mao’s, where almost a million people died of hunger. Some of the survivors had eaten dead bodies or had killed and eaten their comrades. In “Tombstone,” an eye-­opening study of the worst famine in history, Yang Jisheng concludes that 36 million Chinese starved to death in the years between 1958 and 1962, while 40 million others failed to be born, which means that “China’s total population loss during the Great Famine then comes to 76 million.”

TOMBSTONE

The Great Chinese Famine, 1958-1962
By Yang Jisheng
Translated by Stacy Mosher and Guo Jian
629 pp. Farrar, Straus & Giroux. $35.

Related

There are good earlier studies of the famine and one excellent recent one, “Mao’s Great Famine” by Frank Dikötter, but Yang’s is significant because he lives in China and is boldly unsparing. Mao’s rule, he writes, “became a secular theocracy. . . . Divergence from Mao’s views was heresy. . . . Dread and falsehood were thus both the result and the lifeblood of totalitarianism.” This political system, he argues, “caused the degeneration of the national character of the Chinese people.”
Yang, who was born in 1940, is a well-known veteran journalist and a Communist Party member. Before I quote the following sentence, remember that a huge portrait of Chairman Mao still hangs over the main gate into Beijing’s Forbidden City and can be seen from every corner of Tiananmen Square, where his embalmed body lies in an elaborate mausoleum. Despite this continued public veneration, Yang looks squarely at the real chairman: “In power, Mao became immersed in China’s traditional monarchal culture and Lenin and Stalin’s ‘dictatorship of the proletariat.’ . . . When Mao was provided with a list of slogans for his approval, he personally added one: ‘Long Live Chairman Mao.’ ” Two years ago, in an interview with the journalist Ian Johnson, Yang remarked that he views the famine “as part of the totalitarian system that China had at the time. The chief culprit was Mao.”
From the early 1990s, Yang writes, he began combing normally closed official archives containing confidential reports of the ravages of the famine, and reading accounts of the official killing of protesters. He found references to cannibalism and interviewed men and women who survived by eating human flesh.
Chinese statistics are always overwhelming, so Yang helps us to conceptualize what 36 million deaths actually means. It is, he writes, “450 times the number of people killed by the atomic bomb dropped on Nagasaki” and “greater than the number of people killed in World War I.” It also, he insists, “outstripped the ravages of World War II.” While 40 to 50 million died in that war, it stretched over seven or eight years, while most deaths in the great Chinese famine, he notes, were “concentrated in a six-month period.” The famine occurred neither during a war nor in a period of natural calamity. When mentioned in China, which is rarely, bad weather or Russian treachery are usually blamed for this disaster, and both are knowledgeably dismissed by Yang.
The most staggering and detailed chapter in Yang’s narrative relates what happened in Xinyang Prefecture, in Henan Province. A lush region, it was “the economic engine of the province,” with a population in 1958 of 8.5 million. Mao’s policies had driven the peasants from their individual small holdings; working communally, they were now forced to yield almost everything to the state, either to feed the cities or — crazily — to increase exports. The peasants were allotted enough grain for just a few months. In Xinyang alone, Yang calculates, over a million people died.
Mao had pronounced that the family, in the new order of collective farming and eating, was no longer necessary. Liu Shaoqi, reliably sycophantic, agreed: “The family is a historically produced phenomenon and will be eliminated.” Grain production plummeted, the communal kitchens collapsed. As yields dived, Zhou Enlai and other leaders, “the falcons and hounds of evil,” as Yang describes them, assured Mao that agricultural production had in fact soared. Mao himself proclaimed that under the new dispensation yields could be exponentially higher. “Tell the peasants to resume eating chaff and herbs for half the year,” he said, “and after some hardship for one or two or three years things will turn around.”
A journalist reporting on Xinyang at the time saw the desperation of ordinary people. Years later, he told Yang that he had witnessed a Party secretary — during the famine, cadres were well fed — treating his guests to a local delicacy. But he knew what happened to people who recorded the truth, so he said nothing: “How could I dare to write an internal reference report?” Indeed. Liu Shaoqi confronted Mao, who remembered all slights, and during the Cultural Revolution he was accused of being a traitor and an enemy agent. Expelled from the Party, he died alone, uncared for, anonymous.
Of course, “Tombstone” has been banned in China, but in 2008 it was published in Hong Kong in two mighty volumes. Pirated texts and Internet summaries soon slipped over the border. This English version, although substantial, is roughly half the size of the original. Its eloquent translators, Stacy Mosher and Guo Jian, say their aim, like the author’s, is to “present the tragedy in all its horror” and to render Yang’s searching analysis in a manner that is both accessible to general readers and informative for specialists. There is much in this readable “Tombstone” I needed to know.
Yang writes that one reason for the book’s title is to establish a memorial for the uncle who raised him like a son and starved to death in 1959. At the time a devout believer in the Party and ignorant of the extent of what was going on in the country at large, Yang felt that everything, no matter how difficult, was part of China’s battle for a new socialist order. Discovering official secrets during his work as a young journalist, he began to lose his faith. His real “awakening,” however, came after the 1989 Tiananmen massacre: “The blood of those young students cleansed my brain of all the lies I had accepted over the previous decades.” This is brave talk. Words and phrases associated with “Tiananmen” remain blocked on China’s Internet.
Nowadays, Yang asserts, “rulers and ordinary citizens alike know in their hearts that the totalitarian system has reached its end.” He hopes “Tombstone” will help banish the “historical amnesia imposed by those in power” and spur his countrymen to “renounce man-made calamity, darkness and evil.” While guardedly hopeful about the rise of democracy, Yang is ultimately a realist. Despite China’s economic and social transformation, this courageous man concludes, “the political system remains unchanged.” “Tombstone” doesn’t directly challenge China’s current regime, nor is its author part of an organized movement. And so, unlike the Nobel Peace Prize winner Liu Xiaobo, Yang Jisheng is not serving a long prison sentence. But he has driven a stake through the hearts of Mao Zedong and the party he helped found.
Jonathan Mirsky is a journalist and historian specializing in China.

A version of this review appeared in print on December 9, 2012, on page BR22 of the Sunday Book Review with the headline: Unnatural Disaster.