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sábado, 3 de agosto de 2019

Stalinismo no Itamaraty: um outro caso de livro censurado por causa de um prefácio assinado por Celso Amorim

Alguns stalinistas de direita vão certamente reclamar de que postei aqui uma matéria feita por um portal perfeitamente stalinista, e que se acredita de esquerda. Acho ambos amigos de ditaduras e de totalitarismos.
Mas convido os stalinistas de direita a fazerem matérias sobre o mesmo fato - FATO – que eu postarei aqui com o maior prazer.
No caso do Portal Vermelho, transcrevo aqui pois foi a única matéria sobre essa denúncia que efetuei em meu mais recente livro: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty.
Existem vários outros casos, muitos outros, que relatarei oportunamente.
Paulo Roberto de Almeida

Como censura a obras acadêmicas ameaça a imagem do Itamaraty  - Portal Vermelho

Uma reportagem publicada pela Folha revela que o Itamaraty se recusou a publicar um livro do embaixador Synesio Sampaio Goes Filho por conta do prefácio da obra, escrito por Rubens Ricupero, ex-embaixador em Washington e também historiador da diplomacia – e visto como desafeto pelo atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. 

Por Daniel Buarque

O caso não é isolado, entretanto, e o clima de revisão e censura também atinge outras obras que passam pelo MRE. Esta tendência cria uma ameaça à imagem de profissionalismo, olhar crítico e independência do Itamaraty no resto do mundo. Em seu livro mais recente, que não foi publicado pela Funag, o diplomata Paulo Roberto de Almeida cita pelo menos um outro caso em que a censura ocorreu neste ano.

"Uma tese de doutorado defendida no King's College, da Universidade de Londres, por Mathilde Chatin – Brazil: a new powerhouse without military strength? – A conceptual and empirical quest about an emerging economic power –, já aprovada para publicação pelo Conselho Editorial da Funag em 2018 foi congelada definitivamente por incluir um prefácio do ex-ministro Celso Amorim, no cargo durante o período coberto pelo trabalho acadêmico", diz Almeida em Miséria da Diplomacia: A Destruição da Inteligência no Itamaraty (Boa Vista: Editora da UFRR, 2019).

Os dois casos se juntam à exoneração do próprio Almeida, em março, do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), órgão vinculado ao MRE. A mesma Folha relatou à época que a demissão ocorreu após Almeida republicar, em seu blog pessoal três textos recentes sobre a crise na Venezuela, um assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, outro pelo embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero e o terceiro pelo atual ministro das Relações Exteriores.

Na época, o clima de perseguição dentro do ministério levou à preocupação com o uso mais frequente da censura. A imposição de censura no Itamaraty, especialmente quando direcionada a obras acadêmicas e de história, aumenta o risco pelo qual vem passando um dos principais ativos da diplomacia brasileira.

Por anos, o Itamaraty foi reconhecido internacionalmente como um dos serviços de política externa mais ativos e competentes do mundo. O profissionalismo e senso crítico dos diplomatas brasileiros são mencionados com frequência por estrangeiros que trabalham com política externa, que elogiam o preparo e conhecimento dos representantes do Brasil. Com a imposição de censura, é possível que o serviço de política externa do Brasil perca parte da sua capacidade crítica, que ajuda a promover esta imagem de competência da presença brasileira no exterior.
Blog Brasilianismo