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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Brasil de Bolsonaro participou de golpe na Bolívia? Uma boa história policial... - Dario Pignotti Garcia (Página 12)

 Bolsonaro teve reuniões secretas com ex-presidente golpista presa na Bolívia

O possível encontro com Jeanine Añez pode ser a ponta de uma meada onde conspirações, fugas clandestinas de ministros e talvez entrega de armas se enredem

Brasil 247, 18 de janeiro de 2022, 12:19 h

Por Dario Pignotti Garcia, no Página 12 - Jair Bolsonaro reconheceu ter se encontrado com a ex-presidente boliviana Jeanine Añez, confirmando as suspeitas sobre o apoio brasileiro ao golpe que derrubou o presidente Evo Morales. O possível encontro pode ser a ponta de uma meada onde conspirações, fugas clandestinas, fuga de ministros e talvez entrega de armas se enredem. Em um ato aparentemente involuntário, o capitão e presidente aposentado afirmou: "a ex-presidente da Bolívia, Jeanine... Eu estive com ela uma vez, ela é uma pessoa legal que está na prisão". Para depois acrescentar, com raiva, "você sabe qual é a acusação contra ela? (ter cometido) atos antidemocráticos". Como até o momento não há notícias de nenhuma cúpula oficial entre os dois, essa conversa ocorreu secretamente.

Segundo essa declaração, para Bolsonaro, atacar instituições é algo que não deve ser punido com a prisão da ex-presidente, que permanece detida em um presídio em La Paz, onde se prepara para enfrentar um novo julgamento. O que Bolsonaro não disse é quando e onde ocorreu o encontro com a mulher que governou de fato entre novembro de 2019 e dezembro de 2020, quando o presidente Luis Arce tomou posse. Nesse período de pouco mais de um ano, o avião presidencial boliviano, que só pode decolar com autorização do chefe de Estado ou com ele a bordo, voou com frequência e clandestinidade para o Brasil.

A confissão
Em alguns canais bolsonaristas do YouTube, eles aparentemente perceberam a gravidade das declarações do presidente sobre sua nomeação com Añez e as retiraram do ar. O comentário presidencial, ou melhor, a confissão, poderia ser levado à consideração do tribunal, que a partir desta semana começará a julgar Añez junto com os ex-chefes militares e de polícia no processo denominado "Golpe de Estado II". 

Um ex-alto funcionário de Morales e diplomata que atualmente trabalha fora de seu país analisou, em diálogo com a condição de anonimato, a conexão Brasília-La Paz e os elementos que ela pode contribuir para o iminente novo julgamento. "Acredito que a declaração do presidente Bolsonaro é importante para este julgamento porque é mais uma prova de que o governo de Evo Morales foi atacado por uma organização internacional, isso significa que foi dada ajuda do exterior para um golpe de estado." Devemos esperar a evolução deste julgamento oral, propõe o ex-funcionário, mas "se Añez aceitar que houve essa reunião, ela terá que explicar por que não a denunciou".

"A senhora Añez está sendo investigada por não ter chegado ao poder constitucionalmente, usando o caminho da violência. O povo boliviano quer que ela seja investigada pelas mortes ocorridas para que ela chegue ao poder", continuou o diplomata.

Añez, bem-vinda
A nomeação secreta de Bolsonaro e Añez está em consonância com o apoio público dado por Brasília ao movimento que depôs Morales. Na manhã de 13 de novembro de 2019, horas após a posse de Añez, o Brasil foi o primeiro país da região a parabenizar o novo governo "constitucionalmente" surgido. Añez chegou ao Palacio del Quemado junto com o líder de Santa Cruz de la Sierra, Fernando Camacho, apelidado de "Bolsonaro da Bolívia", que em meados de 2019 havia sido recebido pelo então chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Após a conversa, Camacho e Araújo foram fotografados ao lado da deputada Carla Zambelli, de ardente linhagem bolsonarista.

Vale ressaltar que o golpe boliviano não foi do novo tipo "soft", seja parlamentar ou via "lawfare", como os que derrubaram Dilma Rousseff em 2016 e o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo em 2012. O da Bolívia estava no clássico moldes com a participação de policiais e militares, guardando alguma semelhança com aqueles que levaram às ditaduras dos anos 60 e 70 até hoje defendidas pelo presidente brasileiro.

O apoio brasileiro ao regime cívico-militar de La Paz continuou em 2020 com o objetivo de construir uma hegemonia regional de direita, incluindo o apoio aos candidatos Keiko Fujimori no Peru e Antonio Kast no Chile. Para tanto, era preciso impedir o retorno do Movimento Morales ao Socialismo através da candidatura de Luis Arce, que finalmente venceria por larga margem em outubro de 2020. Nesse caso, o Brasil foi o último país importante que manifestou seu desejo de libertar Arce, ex-ministro da Economia e Finanças durante os governos de Morales.

Voos
A Página 12 publicou em junho de 2020, quando Añez estava no Palácio del Quemado há seis meses, um artigo assinado por Felipe Yapur sobre os "voos suspeitos e repetidos" do avião presidencial da Força Aérea Boliviana 001, o FAB001, com destino ao Brasil. A investigação é baseada em informações da empresa de rastreamento de voos dos EUA FlightAware.

Na lista de viagens ao Brasil estão várias a Brasília onde poderia ter ocorrido o encontro entre Bolsonaro e Añez, ao qual o ex-capitão se referiu durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais ocorrida meses atrás, quando acusou seu rival, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores para "apoiar a volta do povo de Evo Morales na Bolívia".

O primeiro voo do FAB001 foi em 11 de novembro de 2019 “após a queda do presidente Morales e antes da assunção de Añez”, diz a fonte boliviana consultada por este jornal. "Minha percepção é que a movimentação do avião no dia 11 de novembro é extremamente estranha, não sabemos se foi para levar algo ou trazer algo do Brasil. Sou diplomata de carreira, quando um presidente sai do país ele tem que avisar e deixar o vice-presidente, e isso não aconteceu."

Senador Carvalho 
O senador brasileiro Rogério Carvalho, do PT, não tem dúvidas sobre a participação brasileira na trama contra Morales. "De zero a dez, a chance de Bolsonaro apoiar o golpe é dez." Questionado por este jornal, o deputado afirmou que "Bolsonaro dá seu total apoio a qualquer governo que seja antidemocrático ou a forças políticas antidemocráticas".

Segundo Carvalho, o Congresso poderia tomar providências sobre o assunto e descobrir como eram as relações de Bolsonaro com Añez e outras possíveis conexões.

Uma área cheia de perguntas sem resposta é a fronteira entre os dois países, com mais de 3.400 quilômetros de extensão, por onde teriam passado recursos para o movimento sedicioso de 2019 e que poderia ter servido como zona de fuga em 2020 para funcionários de Añez. Luis Fernando López e o Ministro do Governo Arturo Murillo.

Armas?
O diplomata e ex-funcionário de Morales lembra que Murillo, depois de passar pelo Brasil, foi preso nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e outros crimes relacionados à compra de armas. E suspeita que o ex-chefe da Defesa, López, possa estar escondido no Brasil. A nossa fonte, que entrevistamos em agosto e voltamos a consultar brevemente no domingo, refere-se novamente às viagens clandestinas da FAB001 e destaca a realizada no final de dezembro de 2020.

A data desse voo coincide com a de um documento do Ministério da Defesa boliviano no qual se menciona que uma carga de armas deve ser retirada em 30 de dezembro. Dezembro? ? Sim", "Existe algum documento com papel timbrado do Ministério da Defesa do Estado Plurinacional da Bolívia que diga que haveria entrega de armas no Brasil? Sim. É possível que as armas sejam entregues em um aeroporto no Brasil para outro país. Isso é normal?" pergunta o ex-funcionário boliviano.

E conclui propondo que sejam investigados os pontos de “contato” que relacionam “Bolsonaro dizendo que se encontrou com Añez” com a possível “saída do país do ex-presidente” e a suposta “entrega de armas no Rio”.

https://www.brasil247.com/poder/bolsonaro-teve-reunioes-secretas-com-ex-presidente-golpista-presa-na-bolivia

domingo, 29 de maio de 2016

Samuel Pinheiro Guimaraes: entrevista a Pagina 12 (Argentina): sobre política externa, integracao, etc.

SPG, o ex-SG do Itamaraty na gestão Lula (durante sete anos), é muito conhecido para ser apresentado. Ressalto apenas que ele continua um persistente defensor do antigo regime lulopetista, ignorando por completo as acusações de corrupção contra o ex-presidente e sua sucessora, e repetindo seus mesmos conceitos sobre política externa, política econômica, integração regional e temas afins.
Suas considerações sobre estas questões objetivas mereceriam, por certo, muitos outros argumentos de natureza econômica ou sobre opções de integração regional e de inserção na economia mundial, que não me cabe fazer aqui, neste momento, tanto porque teriam de ser muito longos, como porque desvirtuariam a transcrição de sua entrevista, neste espaço.
Ele pode ter razão em algumas alegações -- sobre as negociações entre o Mercosul e a União Europeia, por exemplo -- mas continua insistindo numa velha concepção do desenvolvimento brasileiro derivada diretamente de suas teses cepalianas e nacionalisteiras atrasadas, que, repito, teriam de ser longamente rebatidas. Já o fiz em diversas oportunidades, como posso fazer novamente em próxima ocasião.
No momento cabe registrar sua insistência nas mesmas teses mentirosas da presidente afastada e dos blogueiros mercenários sobre o processo de impeachment, e sua total negação das realidades do regime hiper-corrupto do lulopetismo, uma quadrilha mafiosa que simplesmente destruiu a economia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29/05/2016


ENTREVISTA A SAMUEL PINHEIRO GUIMARAES, EX VICECANCILLER DE LULA

“En Brasil hubo una conspiración”
El ex vicecanciller de Lula y ex número uno del Mercosur niega que Lula y Dilma hayan desplegado una diplomacia “ideológica” y advierte contra acuerdos de libre comercio.

Martín Granovsky
Página 12, 20 mayo 2016

–¿El de Michel Temer es un gobierno legítimo?

–El gobierno de Michel Temer es interino. Y es el resultado de una conspiración. Participaron de ella, en forma coordinada, distintos sectores: los políticos involucrados en denuncias de corrupción; los políticos y partidos de oposición, como el Partido de la Socialdemocracia Brasileña, desconformes con la para ellos inesperada derrota por escaso margen de 2014; los políticos conservadores desde el punto de vista social, como los evangélicos; los medios de comunicación en especial el sistema Globo, con decenas de canales de televisión, de radios, diarios y revistas; el Poder Judicial, desde el juez Sergio Moro, mesiánico y dispuesto a practicar en su lucha contra la corrupción actos ilegales de todo tipo, hasta los ministros de la Corte Suprema que, pudiendo y debiendo hacerlo, no lo disciplinaron; los intereses extranjeros que vieron en las dificultades económicas la oportunidad de revertir políticas de defensa de los capitales nacionales para promover la reducción del Estado y la apertura hacia los bienes y capitales extranjeros, como en el caso de Petrobrás y los riquísimos yacimientos de petróleo del pré-sal, o como en el caso del Banco Nacional de Desarrollo; el mercado financiero, estos es, los grandes inversores y millonarios que abarcan a 71.440 brasileños cuya renta mensual media es de 600 mil dólares; los rentistas, temerosos de una política de reducción de tasas de interés; las asociaciones empresarias como la Fiesp, la Febraban, la CNI y la CNA; los defensores de las políticas de austeridad que quieren la reducción de los programas sociales, la revisión de derechos de los trabajadores, el equilibrio fiscal mediante la reducción del Estado y de los programas sociales y el fin de la fiscalización de los abusos de las empresas; y, finalmente, los diputados, senadores, economistas y periodistas que fueron intérpretes, portavoces o beneficiarios de los intereses que acabo de describir. Tomemos un nombre como ejemplo: Eduardo Cunha.

–El presidente de la Cámara de Diputados durante la votación de la admisibilidad del juicio político.

–Sí. Corrupto. Luego fue alejado del cargo por el Supremo Tribunal Federal, que podría haberlo apartado antes. Sin que hubiera ninguna prueba de acto ilícito practicado por la presidenta, votaron por el juicio político 367 diputados y eventualmente lo harán 54 senadores, todos ellos representantes de los sectores sociales más conservadores y de los individuos más ricos en una de las sociedades más desiguales del mundo. Defendieron a los intereses extranjeros más voraces y podrían llegar a anular el resultado de elecciones en las que 54 millones de brasileños eligieron a Dilma Rousseff. Quieren terminar con la continuidad de un proceso de desarrollo social, político y económico de Brasil que se inició en 2003 con la derrota de un proyecto neoliberal, sumiso y reaccionario. La composición del gabinete de Temer, sus lazos ostensibles y públicos con los intereses económicos conservadores y las acusaciones de corrupción que pesan sobre ellos indican perfectamente el carácter de conspiración que derribó a Dilma Rousseff. El objetivo final de esa conspiración es la recuperación total del poder en las elecciones de 2018.

–¿Qué posibilidades tiene Dilma de no ser desplazada definitivamente por el Senado?

–Hay grandes posibilidades de que no sea separada. Deben votar su alejamiento dos tercios de los senadores, 54 sobre un total de 81. Las manifestaciones populares, de personalidades y de sectores significativos contra el gobierno de Temer y contra sus primeras políticas, en favor de la democracia y contra el golpe, se están haciendo más amplias e intensas a pesar de que los grandes medios buscan minimizarlas. Los elementos fundamentales para evitar un desplazamiento son la participación del Presidente Lula al frente de las manifestaciones populares, la resistencia a cada iniciativa que el gobierno interino presente en el Congreso y la movilización coordinada de las organizaciones sociales.

–Al asumir como canciller, José Serra indicó diez líneas de acción de su gestión futura y dijo que la diplomacia brasileña no sería “ideológica” ni estaría al servicio de un partido político. Usted fue vicecanciller, presidente del Mercosur y secretario de asuntos estratégicos. ¿La diplomacia era “ideológica”?

–La política exterior de Brasil tiene que basarse en los objetivos de soberanía, integridad territorial, desarrollo económico, social y político y debe guiarse por la Constitución, que en su artículo 4 define los principios de la política externa. Entre ellos, el objetivo de promover la integración latinoamericana. Por un lado, la política exterior de Brasil tiene que considerar la localización geográfica del país, con sus doce naciones vecinas, las asimetrías entre Brasil y los vecinos, sus extraordinarias dimensiones territoriales, de población y de desarrollo económico, pero también sus disparidades de todo orden. Debe tener en cuenta sus enormes recursos naturales y simultáneamente las circunstancias de un mundo en el que se verifica una gran concentración del poder económico, político y mediático, con gigantescas multinacionales, con políticas de restricción del desarrollo económico y tecnológico, con las grandes potencias en crisis económica prolongada y con una velada disputa por la hegemonía entre los Estados Unidos y China. La política exterior de los gobiernos del PT se guió con firmeza y coherencia según los principios de autodeterminación, de no intervención, de cooperación entre países subdesarrollados, de integración sudamericana y por los objetivos de lucha por la desconcentración del poder a nivel mundial y por la multipolarización, contra la unilateralidad de las grandes potencias. Los gobiernos buscaron la defensa de la paz y el desarme de los países fuertemente armados, lucharon por el derecho al desarrollo y contra el calentamiento global y la pobreza. Por eso en Sudamérica Brasil sostuvo relaciones de cooperación y de respeto político con gobiernos tan distintos como los de Colombia, Perú, Chile, Venezuela, Argentina, Uruguay, Paraguay, Ecuador, Bolivia, etcétera.

–¿Y con Estados Unidos?

–Brasil mantuvo una política de cooperación, como en el caso del etanol. De respeto mutuo, como en la Ronda de Doha. Y de divergencia siempre que fuese necesario, como sucedió con el ALCA. De los comentarios del Presidente Obama sobre el Presidente Lula puede inferirse que las relaciones con Brasil siempre fueron consideradas importantes por los Estados Unidos. Con la Unión Europea hay un acuerdo de asociación estratégica, cosa que la UE firmó con muy pocos países. Brasil acordó la construcción y la transferencia de tecnología de un submarino nuclear y la compra, construcción y transferencia de aviones de combate Grippen. China se convirtió en el primer socio comercial de Brasil y aumentó sus inversiones. Los acuerdos prevén operaciones por 54 mil millones de dólares, además de la participación conjunta en los Brics, en el Banco de los Brics, en el Acuerdo de Reservas y en el Banco Asiático de Infraestructura. Toda la política exterior se basó en la cooperación respetuosa, sin el intento de enseñar a ningún Estado, país o sociedad cómo debía organizarse política o económicamente. Todo esto prueba cabalmente, para quien conoce un mínimo de política internacional y quiere ir más allá del prejuicio mediático o de los preconceptos partidarios, que la política desarrollada desde 2003 no fue ni ideológica ni partidaria, y tampoco buscó beneficiar los intereses de un partido. Ni siquiera del principal partido de gobierno, el PT.

–¿Sudamérica tiene que empezar a firmar acuerdos de libre comercio?

–El centro de la política exterior brasileña debe ser América del Sur. En América del Sur, Mercosur. Dentro de Mercosur, la Argentina. No comprender eso significa una enorme miopía y cultivar el fracaso. El desarrollo de un país como Brasil debe basarse en la industrialización. Brasil tiene un 85 por ciento de su población urbana, una agricultura que no emplea mano de obra en gran escala, un sector de servicios subdesarrollado, con gran necesidad de generar empleos para absorber el crecimiento de la fuerza de trabajo y dar empleo pleno a los subempleados y a los 50 millones de beneficiarios del plan Bolsa Familia, cuyo ingreso mensual es inferior a 20 dólares por día. Con esos datos, pensar en la construcción de una economía y una sociedad con base agrícola es un absurdo técnico, político y social. Bien: la industrialización necesita de mercados seguros, como los regionales, a través de acuerdos que estimulen el desarrollo de empresas de capital nacional y atraigan empresas extranjeras, y también a través de la acción del Estado para construir infraestructura y completar la iniciativa privada. Ese mercado, en América del Sur, es el Mercosur, con su arancel externo común. Los países industrializados que desean escapar de sus crisis a través de aumentar sus exportaciones lo que quieren hoy es eliminar ese arancel externo común. La celebración de acuerdos de libre comercio sería el fin del Mercosur. Si esto es así, el acuerdo Mercosur-Unión Europea funcionaría, en realidad, como el primero de una serie de acuerdos de libre comercio con los Estados Unidos, China y Japón. Los países del Mercosur, en especial Brasil y la Argentina, terminarían abriendo totalmente sus mercados para los productos industriales europeos y luego para los norteamericanos, chinos y japoneses, darían concesiones asimétricas por ejemplo en compras gubernamentales y a cambio recibirían concesiones irrisorias en materia agrícola. Incluso las mayores concesiones serían irrisorias si a cambio se pierden las posibilidades de industrialización. Los acuerdos de libre comercio tan defendidos por los grandes medios, académicos e importadores significarían el fin del Mercosur como instrumento de industrialización y desarrollo.
  
Diplomático de carrera y ensayista, Samuel Pinheiro Guimaraes fue uno de los diseñadores de la diplomacia de Lula y Dilma junto con Celso Amorim y Marco Aurélio García. Aceptó contestar las preguntas de Página/12 al final de una semana que empezó con la visita del canciller de Michel Temer, José Serra, el ex candidato a la presidencia derrotado en 2002 y 2010.