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sábado, 5 de agosto de 2023

Plano de Paz para a Ucrânia: reunião na Arábia Saudita

 Reunião na Arábia Saudita para discutir a paz na Ucrânia. Aqui está um plano viável para não só terminar com a guerra de agressão da Rússia, mas também para começar a reconstrução da Ucrânia. 

Aposto como terá pelo menos um país que vai reclamar dessa exclusividade e que é preciso discutir também o plano de paz (tem algum?) da Rússia, que, como sabemos, tem “legitimas preocupações de segurança”.

Ukrainian peace plan in 10 points:

First item is radiation and nuclear safety. 

The second one is food security. 

The third is energy security. 

The fourth is the release of all war prisoners and deportees. 

The fifth is the implementation of the UN Charter and the restoration of our territorial integrity and world order. 

The sixth is the pull out of Russian troops and the end of hostilities. 

The seventh is the restoration of justice, namely the Tribunal for those guilty of aggression crime, and – damages compensation. 

The eighth is countering ecocide. 

Ninth are the security guarantees for Ukraine to prevent escalation. 

The tenth is the confirmation of the war`s end.


terça-feira, 13 de junho de 2023

Plano de paz de Lula está paralisado e é visto com ceticismo pela Ucrânia - Patrícia Campos Mello (FSP)

Existem várias ambiguidades nesta matéria sobre o plano de paz de Lula para a Ucrânia, não necessariamente por parte da jornalista, mas em função das posições dos principais interlocutores.

A verdade é que NÃO EXISTE um plano de paz de Lula para a paz na Ucrânia, apenas uma vaga aspiração para que países que "desejem a paz" se congreguem por iniciativa do líder brasileiro para "FALAR DE PAZ", sendo que nenhum deles pode estar fornecendo "armas para a guerra", o que significa que a Ucrânia DEVE PERDER para conseguir a paz.

Paulo Roberto de Almeida


Plano de paz de Lula está paralisado e é visto com ceticismo pela Ucrânia

Kiev tem duas objeções à proposta brasileira e demonstra ceticismo em relação à influência do petista sobre Putin

Patrícia Campos Mello
12.jun.2023 às 23h15

O plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para negociar o fim da Guerra da Ucrânia está paralisado e enfrenta o ceticismo de Kiev. Após o desencontro na cúpula do G7, no Japão, em maio, não houve mais contato entre o alto escalão do governo brasileiro e a equipe do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e tampouco há telefonemas ou reuniões planejados para o curto prazo.

Mesmo antes do fracasso da reunião, a Ucrânia se queixava de pouco interesse do Brasil para ouvir o seu lado. Em Hiroshima, o Itamaraty disse ter oferecido três horários para Zelenski, que, ao fim, não foi ao encontro. À Folha, o líder ucraniano se eximiu da culpa pelo fiasco, mas tampouco explicou o que ocorreu.

Em reserva, autoridades ucranianas disseram ser necessário criar uma relação de confiança para que o Brasil tenha um papel relevante num eventual plano de paz para acabar com o conflito. O chefe de gabinete de Zelenski, Andrii Iermak, disse em entrevista à CNN Brasil que vai convidar Brasília para uma cúpula de paz na Ucrânia, ainda sem data para ocorrer.

Lula e Zelenski conversaram por vídeo em 2 de março. Na conversa, o ucraniano pediu que o brasileiro ajudasse a organizar uma reunião com líderes da América Latina, mas o petista teria ponderado que vários países da região, como Nicarágua e Venezuela, tinham posições firmes a favor da Rússia, e outros não gostariam de dar a impressão de que estão se aproximando de um dos lados.

Por isso, segundo Lula, seria difícil promover uma cúpula dessa natureza e ficou acordado que voltaria a falar com Zelenski após retornar da viagem à China, em 12 de abril. Na versão dos ucranianos, o petista disse que tentaria organizar o encontro com líderes latino-americanos, mas nunca mais falou com Kiev.

Depois da visita à China, no entanto, o governo brasileiro recebeu em Brasília o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, uma passagem que causou mal-estar e críticas. Na tentativa de aparar arestas, Lula enviou Celso Amorim, seu assessor especial para política externa, à Ucrânia. O ex-chanceler, arquiteto da ideia de o Brasil mediar o conflito, reuniu-se com Zelenski em 10 de maio no palácio presidencial em Kiev.

Lá, ouviu do presidente ucraniano que existem diversos planos de paz, mas que a Ucrânia só está disposta a debater aqueles que passem pelos 10 pontos propostos pelo governo em Kiev no final do ano passado.

Desde o desencontro no G7, em 21 de maio, não foi discutido se haverá outra reunião. O governo brasileiro diz que poderia haver uma chance no final de junho, no encontro sobre financiamento ao desenvolvimento promovida pelo francês Emmanuel Macron ou na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, em Nova York.

Antes disso, Lula pode se reunir virtual ou presencialmente com Vladimir Putin, mas um encontro bilateral com o presidente russo, após o petista não ter se encontrado com Zelenski, seria visto como mais um gesto brasileiro em favor de Moscou, comprometendo a reivindicação de ser mediador do conflito.

Putin participará da cúpula do Brics na África do Sul, em agosto. Como o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra ele, sob a acusação de crimes de guerra pelo suposto sequestro de crianças ucranianas, não se sabe se o líder russo comparecerá de forma remota ou presencial. A África do Sul ratificou o estatuto de Roma, que criou o tribunal, e, em tese, teria de cumprir o mandado e prender Putin ao desembarcar, algo que não ocorrerá, porque o país concedeu imunidade aos líderes na reunião.

A Ucrânia tem duas objeções à proposta de Lula. Não aceita decretar cessar-fogo nem iniciar o diálogo sem que os russos devolvam os territórios que anexaram ilegalmente. A Rússia ocupa parcialmente quatro regiões na Ucrânia: Donetsk e Lugansk, no leste, e Zaporíjia e Kherson, no sul, além da Crimeia, península tomada em 2014. As áreas são equivalentes a cerca de 18% do território do vizinho invadido.

"Congelar o conflito dá aos russos tempo para treinar e equipar as tropas. Enquanto isso, o mundo vai dizer que a guerra acabou, o conflito terá muito menos atenção, receberemos menos armas, haverá uma normalização", diz Andrii Zagorodniuk, ex-ministro da Defesa e atual assessor do governo da Ucrânia.

Já o deputado ucraniano Artur Gerasimov faz uma analogia: "Imagine que você tem um apartamento de três quartos. O vizinho invade a casa, ocupa a cozinha e começa uma guerra. Aí ele diz: 'Quero paz, mas a cozinha fica com a gente'. É o que a Rússia quer, cessar-fogo, e eles ficam com a Crimeia e o Donbass."

As autoridades ucranianas também demonstram ceticismo em relação à influência de Lula sobre Putin. Sentem mais firmeza na China, que mandou um enviado especial à Ucrânia em maio. Pequim quer que a contraofensiva de Kiev seja suspensa, e as sanções contra Moscou, retiradas, o que o Ocidente descarta.

Ainda assim, eles mantêm aberto o canal de comunicação com os chineses, que, por seu peso político e econômico, têm maior poder de barganha. Kiev acha possível, por exemplo, que a China convença Putin a fazer um gesto de boa vontade, desmilitarizando a região da usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa.

Outro que estaria mais bem posicionado para mediar o conflito seria o líder da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que dialoga com o Ocidente e com a Rússia, o que permite tanto vender drones a Kiev como se manter em bons termos com Putin a ponto de negociar o pacto para a exportação de grãos ucranianos.

Mas o Brasil tem pontos a seu favor para atrair Kiev e, assim, atuar como mediador. Do Brics, é o país menos pró-Rússia. Xi Jinping e Putin estiveram juntos em Pequim antes da guerra e celebraram uma "amizade sem limites". Em março, o chinês foi a Moscou e reafirmou a aliança. A África do Sul é acusada pelos EUA de fornecer armas à Rússia. E a Índia ajuda a viabilizar a economia russa por meio da compra de petróleo, em volumes bem maiores do que os da venda de fertilizantes ao agronegócio brasileiro.

Além disso, o Brasil é visto como instrumental para influenciar a América Latina. A Ucrânia precisa do apoio do chamado Sul Global —por enquanto, só potências ocidentais têm enviado armas, imposto sanções à Rússia e declarado apoio explícito a Kiev. Na América Latina, apenas Chile, Uruguai, Costa Rica e Guatemala se posicionaram abertamente a favor do país ora invadido, e Zelenski precisa de votos na ONU para criar um tribunal internacional especial que julgue Putin, outro dos pontos de seu plano de paz.

Mas depõem contra o Brasil as seguidas falas de Lula, que, entre outras declarações, chegou a dizer que o líder ucraniano "não pode ter tudo o que pensa que vai querer", algo que foi interpretado como uma sugestão para Kiev abrir mão de territórios como a Crimeia, além da afirmação, na volta da visita à China, de que os EUA incentivam a guerra, referência ao envio de armas para a Ucrânia se defender da invasão.

Na visão do governo brasileiro, Zelenski pode negociar agora ou esperar mais seis meses –a situação militar provavelmente será a mesma, mas outras 100 mil pessoas, estima-se, terão morrido–, enquanto Putin estaria atrás de um fim com algo para mostrar ao público interno. Uma das concessões poderia ser a garantia de que a Ucrânia não integrará a Otan, a aliança militar do Ocidente, o que Kiev descarta.

"Hoje, os ucranianos preferem avançar na contraofensiva a negociar, porque a negociação agora implica perda de territórios", afirma Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP. "Eles têm pressa, e o Brasil quer conversar. A proposta brasileira ajuda a Rússia a ganhar tempo."