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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 30 de março de 2018

Prata da Casa: livros de diplomatas, na revista da ADB - Paulo Roberto de Almeida

De vez em quando me lembro de acessar o site da revista:

1266. “Prata da Casa, junho de 2017 a novembro de 2017” [Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Jaime Pinsky (org.), O Brasil no contexto, 1987-2017 (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2); (2) Gustavo Westmann (org.): Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira (São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1); (3) Rogério de Souza Farias: Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4); (4) Sergio de Queiroz Duarte: Desarmamento e temas correlatos (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em Poucas Palavras). (5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1); (6) Martin Normann Kämpf: Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896) (Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)]. Publicados apenas os livros 3, 4, 5 e 6, na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho de 2017 a novembro de 2017, p. 39-41; ISSN: 0104-8503; link: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-96/page40-page41). Relação de Originais n. 3137.



 Prata da Casa, julho a novembro de 2017

Paulo Roberto de Almeida
 [Miniresenhas; Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho a novembro de 2017, p. 40-41; ISSN: 0104-8503)]


(1) Jaime Pinsky (org.): [Não Publicada]
       O Brasil no contexto, 1987-2017
       (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2)





(2) Gustavo Westmann (org.):  [Não Publicada]
       Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira
       (São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1)







(3) Rogério de Souza Farias:
       Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira
       (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4)




Assim como as memórias de Roberto Campos, Lanterna na Popa, constituem, bem mais que mera autobiografia, uma verdadeira história econômica do Brasil, esta densa biografia de um dos grandes construtores da diplomacia econômica no Itamaraty representa, igualmente, uma verdadeira reconstrução historiográfica de toda a história econômica do Brasil na segunda metade do século XX, sendo, como a obra de Campos, de leitura obrigatória por todos aqueles que pretendem abordar, doravante, as relações econômicas internacionais do Brasil, e as políticas econômicas, em especial a comercial e a industrial no período. Enriquecida por um belo e substantivo prefácio do colega de Edmundo, embaixador Marcílio Marques Moreira, a biografia se estende do século XIX ao XXI, e representa um monumento à inteligência econômica, como feita no Itamaraty.


(4) Sergio de Queiroz Duarte:
       Desarmamento e temas correlatos
       (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em Poucas Palavras)



A coleção costuma ter 120 páginas: o tema tratado por Sérgio Duarte exigiu, porém, o dobro da extensão. Ele descreve todo o complexo compreendido no vasto universo das armas de destruição em massa, desde os primeiros esforços de desarmamento, como o programa dos “Átomos para a Paz”, os tratados pertinentes às diversas categorias de armas (químicas, bacteriológicas e biológicas, nucleares), bem como as zonas livres destas últimas, ademais dos vetores (mísseis e foguetes), dos regimes de controle e dos organismos vinculados a esse interminável, e talvez insuperável, esforço. Isso dentro das 120 páginas tradicionais da coleção: as restantes são ocupadas pela listagem dos principais acordos no campo do desarmamento e pela transcrição dos relevantes (Tlatelolco, TNP e Proibição completa de testes nucleares).




(5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.):
       A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas
       (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1)



A Espanha está presente na história do Brasil muito antes da União Ibérica (1580-1640), pois que portugueses e castelhanos disputaram de longa data porções do continente meridional do Novo Mundo, e o reino espanhol foi um dos últimos a reconhecer a independência do Brasil, entre outros motivos por disputas monárquicas. Luiz Felipe de Seixas Corrêa assina, nesta obra resultante de um seminário organizado pela Funag e pela embaixada da Espanha, um interessante ensaio histórico – “O governo dos reis espanhóis em Portugal (1580-1640): um período singular na formação do Brasil” – que demonstra como essa “União Ibérica” constituiu um momento decisivo na organização da colônia até então relativamente descurada. O efeito mais importante foi a expansão do território, consolidado um século depois por Alexandre de Gusmão!


(6) Martin Normann Kämpf:
       Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896)
       (Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)


Depois dos clássicos livros de história diplomática de Hélio Vianna e Delgado de Carvalho, raramente a literatura em torno da política exterior do Brasil nas questões de limites tocou na questão da ilha da Trindade, limitando-se em geral aos casos mais conhecidos de limites territoriais tratados pelo Barão do Rio Branco. Este estudo que resulta de dissertação de mestrado no Instituto Rio Branco sob a direção do professor Francisco Doratioto inova inclusive sobre os estudos diplomáticos tradicionais (Araújo Jorge, Delgado de Carvalho), ao consultar arquivos primários que ainda não tinham sido explorados pelos pesquisadores. Numa era de predomínio quase absoluto, e prepotente, do imperialismo britânico, o Brasil conseguiu, unicamente pela força do direito, ou seja, da diplomacia, vencer o direito da força. A diplomacia construiu o Brasil moderno!



[Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3137: 7 de julho de 2017]

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Prata da Casa: seis livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida

Revista da ADB 96
Prata da Casa
 Paulo Roberto de Almeida


Jaime Pinsky (org.): O Brasil no contexto, 1987-2017; São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2.

A Contexto é uma editora tipicamente acadêmica, cujo editor comemora, a cada 10 anos, sua continuada existência, publicando coletâneas nas quais analisa o “Brasil no contexto”. Assim foi nos primeiros 10 anos, depois nos 20, e agora nos 30 anos, recém-comemorados.
O embaixador Sérgio Florêncio, já autor de um livro sobre os mexicanos, na série sobre povos e culturas da Contexto, assina na obra um capítulo sobre a política externa brasileira entre a redemocratização e o governo atual, realizando a extraordinária performance de resumir todas as presidências em menos de 13 páginas.
Lula, por exemplo, é abordado como indo “do prestígio internacional à queda na credibilidade externa”, e Dilma merece um adequado “declínio da política externa e desprestígio da diplomacia”. Parabéns pela capacidade de síntese. Vale ler...


Gustavo Westmann (org.): Novos olhares sobre a política externa brasileira; São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1

Nove jovens diplomatas e quatro outros “paisanos” (acadêmicos ou jornalistas) assinam 14 capítulos abordando aspectos diversos da política externa, com críticas aos métodos ou até mesmo à substância da diplomacia nas últimas décadas. Na introdução, o organizador já coloca as questões mais relevantes que balizaram as contribuições: quais as prioridades do Brasil externamente?; que papel o país pretende assumir na nova ordem global?; quais são os desafios a superar?
Em capítulo próprio, ele formula suas opiniões sobre os “avanços e retrocessos da política externa e sobre a crise do Itamaraty, sugerindo novos caminhos” para o Brasil na cena internacional. Felipe Antunes trata de uma nova estratégia de desenvolvimento, Tiago Santos da formação do conhecimento e Hayle Gadelha do soft power brasileiro. Os demais capítulos são setoriais. Corajosos...



Rogério de Souza Farias: Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira; Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4.

Assim como as memórias de Roberto Campos Lanterna na popa constituem, bem mais que mera autobiografia, uma verdadeira história econômica do Brasil, essa densa biografia de um dos grandes construtores da diplomacia econômica no Itamaraty representa, igualmente, uma verdadeira reconstrução historiográfica de toda a história econômica do Brasil na segunda metade do século XX.
Assim como a obra de Campos, é leitura obrigatória por todos aqueles que pretendem abordar, doravante, as relações econômicas internacionais do Brasil, e as políticas econômicas, em especial a comercial e a industrial no período. Enriquecida por um belo e substantivo prefácio do colega de Edmundo, embaixador Marcílio Marques Moreira, a biografia se estende do século XIX ao XXI, e representa um monumento à inteligência econômica, como feita no Itamaraty.





Sergio de Queiroz Duarte: Desarmamento e temas correlatos; Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em poucas palavras.

A coleção costuma ter 120 páginas: o tema tratado por Sérgio Duarte exigiu, porém, o dobro da extensão. Ele descreve todo o complexo compreendido no vasto universo das armas de destruição em massa, desde os primeiros esforços de desarmamento, como o programa dos Átomos para a paz, os tratados pertinentes às diversas categorias de armas (químicas, bacteriológicas e biológicas, nucleares).
A obra também trata das zonas livres destas últimas, ademais dos vetores (mísseis e foguetes), dos regimes de controle e dos organismos vinculados a esse interminável e, talvez insuperável, esforço. Tudo isso dentro das 120 páginas tradicionais da coleção: as restantes são ocupadas pela listagem dos principais acordos no campo do desarmamento e pela transcrição dos relevantes Tlatelolco, TNP e Proibição completa de testes nucleares.






Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas; Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1.

A Espanha está presente na história do Brasil muito antes da União Ibérica (1580-1640), pois portugueses e castelhanos disputaram de longa data porções do continente meridional do Novo Mundo e o reino espanhol foi um dos últimos a reconhecer a independência do Brasil, entre outros motivos por disputas monárquicas.
Luiz Felipe de Seixas Corrêa assina, nesta obra resultante de um seminário organizado pela Funag e pela Embaixada da Espanha, um interessante ensaio histórico O governo dos reis espanhóis em Portugal (1580-1640): um período singular na formação do Brasil –, que demonstra como essa União Ibérica constituiu um momento decisivo na organização da colônia até então relativamente descurada. O efeito mais importante foi a expansão do território, consolidado um século depois por Alexandre de Gusmão!




Martin Normann Kämpf: Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896); Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1.

Depois dos clássicos livros de história diplomática de Hélio Vianna e Delgado de Carvalho, raramente a literatura em torno da política exterior do Brasil nas questões de limites tocou na questão da ilha da Trindade, limitando-se em geral aos casos mais conhecidos de limites territoriais tratados pelo Barão do Rio Branco.
Esse estudo que resulta de dissertação de mestrado no Instituto Rio Branco sob a direção do professor Francisco Doratioto inova, inclusive, sobre os estudos diplomáticos tradicionais (Araújo Jorge, Delgado de Carvalho), ao consultar arquivos primários que ainda não tinham sido explorados pelos pesquisadores. Numa era de predomínio quase absoluto e prepotente do imperialismo britânico, o Brasil conseguiu, unicamente pela força do direito, ou seja, da diplomacia, vencer o direito da força. A diplomacia construiu o Brasil moderno!



Paulo Roberto de Almeida,
diretor do Ipri/Funag do MRE.

terça-feira, 8 de março de 2016

Miniresenhas de livros de diplomatas - Revista ADB 1/2016 - Paulo Roberto de Almeida

Como ainda vai demorar para a revista da ADB ser publicada, e como não sei se vão publicar todas as oito miniresenhas, ou guilhotinar um quarto ou até a metade, resolvi postar aqui preventivamente as elaboradas desde o ano passado e recentemente dos últimos livros recebidos, ou lidos em biblioteca.
Já tenho várias outras no pipeline, ou no forno, ou ainda na sala de espera...
Paulo Roberto de Almeida


Prata da Casa - Revista ADB: 1ro. quadrimestre 2016

Paulo Roberto de Almeida
Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 23, n. 92, janeiro-abril 2016, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503)

(1) Synesio Sampaio Goes Filho Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas: um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil (ed. rev. e atual.; Brasília: Funag, 2015, 409 p.; ISBN: 978-85-7631-544-5; coleção História Diplomática)


O autor vem navegando com este livro desde 1982, e ele já atravessou pântanos, corredeiras e despenhadeiros, para converter-se no que é hoje, apropriadamente, um clássico de nossa historiografia das fronteiras, na companhia do Barão, de Hélio Vianna, de Jaime Cortesão e de outros especialistas e negociadores, sem esquecer bandeirantes e diplomatas, que também deram sua contribuição para o Brasil ser o que é, desde o início da República. Nesta nova edição, o livro traz mais mapas e acrescenta revisões feitas a partir de suas outras encarnações, inclusive comerciais. O autor, tanto por esta obra de síntese didática e interpretativa, como pelas suas aulas no Instituto Rio Branco e outros trabalhos publicados, merece ser incluído entre os diplomatas-historiadores, uma distinção que vale tanto quanto ser classificado de grande negociador em prol do país.


2) Gelson Fonseca Jr.: Constantes e variações: a diplomacia multilateral do Brasil (Porto Alegre: Leitura XXI, 2015; 216 p.; ISBN: 978-85-86880-55-1);


O livro é uma adaptação da tese de doutorado defendida na URGS em 2014 e examina a importância do multilateralismo na política externa brasileira desde o início da República até os nossos dias. Depois de uma introdução bibliográfica e de uma discussão sobre a teoria do multilateralismo, o autor percorre os momentos fundadores da diplomacia brasileira, desde Rio Branco e Rui Barbosa até a Liga das Nações e São Francisco e, num grande capítulo sobre a evolução das posições brasileiras na ONU – onde ele foi representante – desde 1947, cobre o tema desde a era da Guerra Fria até a fase da redemocratização, passando pela Política Externa Independente e a diplomacia do regime militar. Um longo prefácio do ex-chanceler Celso Lafer repassa a obra acumulada do autor e destaca o essencial desta tese.



(3) Paulo Cordeiro de Andrade Pinto: Diplomacia e política de defesa: o Brasil no debate sobre a segurança hemisférica na década pós-Guerra Fria (1990-2000)
(Brasília: Funag, 2015, 262 p.; ISBN: 978-85-7631-566-7; Coleção CAE)


A tese não foi publicada quando devia e ficou defasada: já não se está nos anos 1990 quando os perversos imperialistas pretendiam fazer das FFAA os cães de guarda dos seus interesses na região: luta contra o narcotráfico e coisa e tal. Muita coisa mudou e o debate ficou para trás. O que mudou foi a criação de instâncias próprias de defesa no âmbito sul-americano, que aliás pretende a mesma coisa que os imperialistas expulsos: a promoção da coexistência pacífica regional, no que o Brasil está empenhado, mas sem os intrometidos. Aqui se superou a “reticência brasileira”. O mais importante, porém, seria saber contra quem, exatamente, exercer a defesa, com quais ferramentas e alianças fazê-lo. Quem sabe está na hora de reabrir o debate e discutir seriamente a questão, sem paranoias e sem falsos amigos? A tese oferece a base histórica para começar a pensar.


(4) Luiz Alberto Figueiredo Machado: A plataforma continental brasileira e o direito do mar: considerações para uma ação política (Brasília: Funag, 2015, 174 p.; ISBN: 978-85-7631-555-1; Coleção CAE)


Publicada 15 anos depois da defesa, a tese do ex-chanceler (então conselheiro) integra um pequeno grupo de trabalhos altamente especializados sobre o direito do mar e os interesses brasileiros nos diversos aspectos dessa área anteriormente insondável, e agora devassada justamente em função de trabalhos técnicos de grande qualidade sobre a “ultima fronteira física” do Brasil, algumas vezes designada como “Amazônia azul”. A análise histórica e jurídica para trás permanece inteiramente válida, e as tarefas à frente caminham no sentido aqui discutido, o que confirma, não um caráter visionário, mas a adequação dos argumentos de 2000 às realidades do presente (e não apenas em função do pré-sal). Muito do que se fez, pelo Itamaraty e outros órgãos, em prol da extensão dos limites da plataforma brasileira, seguiu o roteiro traçado neste livro.



5) João Paulo M. Peixoto (org.): Presidencialismo no Brasil: história, organização e funcionamento (Brasília: Senado Federal, 2015, 304 p.; ISBN: 978-85-7018-674-4);

Dois capítulos sobre diplomacia presidencial neste livro coletivo, um pelo professor da UnB Eiiti Sato, cobrindo as transformações do sistema internacional, o outro pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida abordando o mesmo tema em perspectiva histórica, com ênfase nos mandatos mais recentes de FHC e de Lula. Desde o Império chefes de Estado se envolvem na política externa, mas essa interação foi bem mais errática na República, podendo ser datado um papel mais ativo a partir de Getúlio Vargas. A consolidação do conceito se deu com FHC, e sua exacerbação ocorreu com seu sucessor, que conduziu uma política externa personalista, talhada ao gosto terceiro-mundista e anti-hegemônico do seu partido, e claramente identificada com uma visão do mundo peculiar a essas formações de esquerda.


(6) Valério de Oliveira Mazzuoli; Eduardo Bacchi Gomes (orgs.): Direito da Integração Regional: diálogo entre jurisdições na América Latina (São Paulo: Saraiva, 2015, 590 p.; ISBN: 978-85-02-62745-1)


Um único diplomata neste volume coletivo: Otávio Cançado Trindade, que assina um estudo da jurisprudência internacional em matéria de controvérsias entre Estados no campo dos direitos humanos. Entre 1794 e 1900 ocorreram 177 arbitragens entre Estados, e só nos últimos 15 anos 80 Estados participaram de procedimentos contenciosos na Corte Internacional de Justiça, mas existem diferentes instâncias, mais de 20 foros, com funções judiciais ou quase judiciais. As questões de direitos humanos não costumam integrar controvérsias no campo da integração regional, geralmente limitadas a problemas comerciais, ou econômicos, no sentido amplo. O ingresso da Venezuela bolivariana no Mercosul pode, justamente, suscitar questões relevantes na área, mas os estudos do autor cobrem basicamente casos no âmbito europeu e da ONU.


(7) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): Visões da obra de Hélio Jaguaribe (Brasília: Funag, 2015, 135 p.; ISBN: 978-85-7631-539-1)


Em 2013, o IHGB acolheu um evento em homenagem aos 90 anos do pensador do nacionalismo brasileiro e da integração no Cone sul. Coube ao diplomata Samuel Pinheiro Guimarães analisar sua contribuição para a diplomacia, o que fez enfatizando a “notável atualidade nas ideias que [HJ] defendeu para a política externa” (p. 81). Para “demonstrar” essa atualidade, destacou trechos do livro O Nacionalismo na Atualidade Brasileira, de 1958, indicando as similaridades com as políticas e posturas defendidas desde 2003 pela diplomacia brasileira, da qual ele foi um dos principais ideólogos. As mesmas oposições à época destacadas por HJ, entre o capital estrangeiro e o nacional, a autonomia ou a submissão ao império, a união da América Latina para “neutralizar o poder de retaliação dos Estados Unidos” (p. 89), seriam válidas ainda hoje. CQD...

(8) Maringoni, Gilberto et alii (orgs.): 2003-2013: uma nova política externa (Tubarão: Ed. Copiart, 2014, 256 p.; ISBN: 978-85-8388-023-3; disponível: http://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/11346.pdf)


Diversos diplomatas – com destaque para o então primeiro chanceler da terceira administração lulopetista, Antonio Patriota – participam deste volume, que reproduz as palestras e debates realizados em 2013, na Universidade Federal do ABC, para a maior glória da política externa ativa e altiva das administrações petistas. O ex-chanceler afirmou que a diplomacia de Lula identificou a América do Sul como espaço privilegiado de atuação do Brasil, o que, ipso facto, elimina o que já havia sido feito nas duas gestões de FHC. Para ele, a gestão seguinte à de Lula seria de consolidação, aprofundamento e ampliação. “Obviamente não há ruptura em relação ao período anterior”(p. 21). A Unasul também seria um espaço de defesa de valores comuns, como a democracia. Um volume inteiramente pro domo sua...



Paulo Roberto de Almeida
[Originais: Hartford, 5 de agosto; 4 de setembro de 2015;
Revisto: Brasília, 25 de janeiro de 2016;
Versão final: 5/03/2016]