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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

J. G. Merquior: “O sistema internacional e a Europa Ocidental” (Bonn, 1973)

Dando continuidade à minha postagem de trabalhos de Merquior, informo sobre a disponibilidade desta análise diplomática que ele fez em Bonn, em 1973, ou seja, pouco tempo depois que a Grã-Bretanha aderiu à então Comunidade Econômica Europeia.

O trabalho, disponível em bibliotecas de Brasília (Itamaraty, Câmara e Senado), é este aqui: 

O sistema internacional e a Europa Ocidental” (Bonn, janeiro-fevereiro de 1973). [Brasília:] Ministério das Relações Exteriores, 1973 (separata).

O trabalho pode ser lido ou descarregado na plataforma Academia.edu:



Efetuei uma breve análise num trabalho mais longo sobre o pensamento político de Merquior, do qual destaco esses trechos: 

Merquior diplomata: o sistema internacional e a Europa ocidental
(...)
... um exemplo de seu trabalho meticuloso de análise do mundo da política internacional sobreviveu à crítica destrutiva das traças, ao ter sido mimeografado e distribuído como “folheto” pelo próprio Itamaraty. Encontrei-o no catálogo da biblioteca do Itamaraty – e também nos das bibliotecas do Congresso – sob o seguinte título: “O sistema internacional e a Europa Ocidental”, datado de “Bonn, janeiro-fevereiro de 1973” (seu segundo posto na carreira, depois da embaixada em Paris), em 27 páginas cuidadosamente datilografadas, cujo estatuto preciso – se anexo a algum ofício de rotina, depois transformado em separata, ou se já um trabalho extra em meio aos expedientes de rotina – ainda precisa ser identificado.
O fato é que se trata de um curto, sintético, mas erudito ensaio – nada menos do que treze obras na bibliografia, entre eles a famosa conferência do embaixador, ex-chanceler de João Goulart, João Augusto de Araujo Castro, sobre o “congelamento do poder mundial”, e um artigo de Roberto Campos no Globo, no próprio mês de janeiro de 1973 – discutindo o panorama internacional no início daquela década, com uma atenção especial para o papel da Europa ocidental, ou mais especificamente da Comunidade Econômica Europeia, acrescida recentemente do ingresso do Reino Unido, no difícil equilíbrio de poderes no mundo bipolar da Guerra Fria, mas já marcando o retorno da China ao cenário geopolítico internacional. O trabalho está dividido em quatro partes bem identificadas: (a) “a dinâmica do sistema internacional nos anos 70”, com um pouco de prospectiva, portanto; (b) “o pentarca hipotético: a posição da Europa Ocidental”, entre os dois gigantes adversários; (c) “Détente, congelamento do poder mundial e impasse europeu”, com suas observações sobre os interesses contraditórios dos três grandes atores da CEE, França, Alemanha e Reino Unido; (d) “as negociações europeias de 1973”, sobre o começo do processo que seria depois conhecido como “acordos de Helsinque”, de 1975, e novas negociações em torno das armas nucleares entre os EUA e a URSS; mais a conclusão e a bibliografia.
Não é o caso de retomar aqui cada um dos seus argumentos sobre o cenário mundial e seus desenvolvimentos prováveis numa conjuntura em que os EUA procuravam se desengajar da terrível guerra do Vietnã, ao mesmo tempo em que a URSS brejnevista se dedicava a novos ensaios de projeção internacional em outros continentes, e quando a China buscava, justamente, uma aproximação ao Ocidente, ao ter na União Soviética a sua principal ameaça e favorecendo – este um ponto central – uma maior integração europeia, inclusive na área de defesa, como forma de diluir o imenso poderio convencional e nuclear da antiga aliada no sonho comunista. Merquior faz vários retrospectos ao período mais crucial da Guerra Fria e à doutrina da “mútua destruição” de Foster Dulles, mencionando en passant que “o Prof. Henry Kissinger é um renomado especialista em Metternich e Bismarck” (p. 1). Mesmo reconhecendo a oposição EUA-URSS, Merquior enfatiza que não se trata de um antagonismo “inspirado por reivindicações territoriais, mas sim por divergências ideológicas”, ao passo que “o antagonismo URSS-China, ao contrário, parte de motivos ideológicos, mas encerra uma divergência geográfica de enorme peso histórico” (pp. 2-3; ênfase no original). A partir desse cenário, Merquior observa que: 

De todas as combinações possíveis no interior do triângulo, a mais improvável é, de longe, uma conjunção sino-soviética contra os USA, sendo muito mais verossímil que os soviéticos se sintam obrigados a se aproximar de Washington, quando e se a China aumentar substancialmente seu capital estratégico e sua penetração nas zonas de influência soviética (p. ex., o Oriente Médio). (p. 4; ênfase no original)

Mais interessante, na perspectiva dos longos desenvolvimentos em direção ao final do século, são suas observações sobre a “pentarquia hipotética” da Europa Ocidental, e o papel dos três grandes países – duas potências nucleares, França e Grã-Bretanha, e uma potência econômica, a Alemanha – no complexo jogo com aqueles outros três grandes atores, no momento em que “o sistema internacional emprestou novas perspectivas de uma efetiva multipolarização do poder” (p. 7). Esse “pentarca” permanecia “hipotético”, uma vez “que prevalecem dúvidas  fundadas sobre a efetivação, em futuro próximo, da unidade política da CEE” (idem). Essa é a questão crucial ainda hoje, como se pode verificar num relatório do Egmont Institute, de 2020, sobre as “escolhas estratégicas” da Europa para o resto da década, ainda centradas, justamente, sobre as possibilidades de que a UE possa se “reposicionar na política internacional”, adotando uma “Grande Estratégia” consensual entre seus membros mais importantes, sem alienar a cooperação com os EUA em face dos grandes contendores, mas sem continuar a ser dependente submisso das escolhas estratégicas americanas (Sven Biscop, “Strategic choices for the 2020s”, Security Policy Brief n. 122, February 2020, Bruxelas: Egmont-Royal Institute for International Relations). Merquior vai inclusive muito mais além do que simplesmente expressar a necessidade de maior integração e cooperação entre os países membros da CEE – apenas nove, naquela conjuntura – nos terrenos político e de defesa, penetrando no desenvolvimento institucional desse quinto membro hipotética da pentarquia do poder internacional, junto com os dois grandes nucleares, a China emergente e o Japão. Seu parágrafo, sem ênfases, é o seguinte:

Não há dúvida de que, para desempenhar o papel que a evolução do sistema internacional lhe reserva, ocupando o seu lugar na pentarquia em formação, a Europa Ocidental se depara hoje com a necessidade de realizar com urgência uma inédita operação de química histórica: a fusão dos estados nacionais europeus numa federação. Numa federação de 250 milhões de almas, econômica e tecnologicamente superior à URSS, ao Japão e à China. (pp. 7-8)

Merquior reconhece imediatamente a dificuldade e o ineditismo dessa metamorfose, devido à circunstância 
... de que foi precisamente na Europa Ocidental que se originaram e mais se desenvolveram as entidades históricas denominadas Estados nacionais. A história do mundo registra muitas federações; mas desconhece, até aqui, uma federação feita de unidades tão ciosas e ciumentas de sua personalidade cultural e de sua soberania política quanto as grandes nações europeias. (p. 8)

Merquior continua enfatizando a relativa perda de poder pela Europa “desde os últimos decênios do séc. XIX”, inclusive em função da retração demográfica: 
Em consequência, a posição internacional da Europa Ocidental encerra, atualmente, um verdadeiro desafio – um “challenge”no sentido de Toynbee. Ou o Ocidente europeu se unifica, ou não usufruirá, senão em mui pequena escala, das perspectivas de poder e influência oferecidas pela evolução inscrita na dinâmica do sistema internacional. (p. 9)

Depois de tecer considerações sobre as contradições e ambiguidades nas relações entre os três grandes europeus, sobretudo no posicionamento em face da arrogância e do unilateralismo americano – conceitos que ele não usa –, Merquior vem às suas conclusões que parecem válidas ainda para a atualidade, bastando substituir soviéticos por russos: 

O que os soviéticos mais receiam, além do robustecimento da China, é a unificação política da Europa Ocidental, porque é grande o seu temor  de que, unida, a Europa Ocidental se converta em fator de desagregação do bloco socialista, na medida em que sua vitalidade econômica econômica e cultural, reforçada pela união, atrairia, mais do que já atrai, a maior parte dos atuais países satélites. Tudo o que se conhece dos trabalhos soviéticos de planejamento diplomático confirma essa impressão, ratificada pelos melhores kremlinólogos. (p. 24; ênfase no original)

Pois foi exatamente o que ocorreu menos de duas décadas depois, e não apenas em relação aos satélites da Europa central e oriental, mas também no tocante aos próprios membros da federação russo-soviética, como revelado mais adiante pelo caso da Ucrânia. Não se trata exatamente de uma presciência, ou profetismo, da parte de Merquior, mas de aguda observação dos dados da realidade internacional e regional, com base nas leituras que fazia de grandes especialistas ocidentais. O Brasil não aparece nessa análise de Merquior, a não ser pela adesão do autor às teses de Araujo Castro sobre o “congelamento do poder mundial” e por uma menção aprobatória à não adesão do Brasil ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP): “Bem andou o Brasil ao não assinar convênio tão estranhamente ‘altruístico’.” (p. 11), quando se sabe que seu amigo e mentor Roberto Campos desdenhava dessas posturas e recomendava a adesão do Brasil ao TNP desde a sua finalização.
Finalmente, ao apoiar em sua conclusão, a ideia da “constituição de uma Europa Ocidental militarmente emancipada e politicamente coesa”, Merquior menciona um aspecto do balé diplomático ainda em voga na atualidade e totalmente pertinente para os dias que correm, com Brexit ou sem ele: 

Nada comprova melhor a veracidade disso do que a constância com que Pequim aconselha a unificação política da CEE e o reforço militar da OTAN às personalidades europeias em visita à China... (p. 25)

No conjunto, esse ensaio de análise prospectiva sobre o cenário internacional, a partir de seu posto de observação em Bonn, tendo vindo de Paris na oportunidade em que se negociou o ingresso do Reino Unido na então CEE, oferece a oportunidade de penetrar na argumentação de planejamento diplomático de Merquior, em complemento ao seu interesse básico num momento de transição de sua própria trajetória intelectual: o distanciamento dos temas de crítica literária e cultural da primeira fase e um engajamento mais decidido nos grandes temas da ciência política e da realidade da política internacional. Poucos anos depois, em 1977, Merquior elaboraria seu curto mas denso trabalho sobre a legitimidade em política internacional.

(...)







domingo, 10 de novembro de 2019

Verificação de segurança na conta do Google

Acho que o Google é um pouco paranoico, mas isso pode ser bom.
Ele removeu o acesso de diversos aplicativos a meus contatos ou outras informações pessoais disponíveis em meu computador. Suponho que seja bom.
Façam isso vocês também...

Verificação de segurança
Nenhum problema encontrado




terça-feira, 7 de outubro de 2014

Projetos de pesquisa em Defesa Nacional: oportunidades para grupos de pesquisa na area de defesa

Chamada CNPq/Pandiá Calógeras
Programa Álvaro Alberto de Indução à Pesquisa em Segurança Internacional e Defesa Nacional 
N º 29/2014

O Instituto Pandiá Calógeras do Ministério da Defesa e o CNPq lançaram conjuntamente, no dia 06 de outubro de 2014, o Programa Álvaro Alberto de Indução à Pesquisa em Segurança Internacional e Defesa Nacional. A chamada pública tem por objetivo fomentar a pesquisa sobre Segurança Internacional e Defesa Nacional por meio da seleção de propostas para apoio financeiro a projetos de pesquisa sobre temas relevantes para a inserção internacional do Brasil e a gestão da defesa nacional, no campo das ciências humanas e sociais aplicadas, em duas linhas de pesquisa: Entorno Estratégico e Economia da Defesa.

As duas linhas de pesquisa incluem os seguintes temas prioritários:

Entorno Estratégico

• A defesa nas fronteiras terrestres da América do Sul: o processo de integração regional sul-americana e sua relação com iniciativas de cooperação na área de defesa e segurança.

• Novas e velhas ameaças: a identificação de novas ameaças e os meios de combatê-las, em articulação com o enfrentamento das ameaças tradicionais, no marco do arcabouço legal vigente.

• Segurança marítima no Atlântico Sul: a promoção da consciência situacional nos mares do Atlântico Sul; o combate à pirataria e a outros ilícitos no mar e a cooperação com países africanos sul-atlânticos para defesa e segurança marítima no marco da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas).

• Inserção internacional do Entorno Estratégico brasileiro: diálogos nos fóruns multilaterais; interesses de potências extrarregionais no Entorno Estratégico brasileiro; influência de atores não governamentais; ameaças cibernéticas e possíveis estratégias de cooperação para seu enfrentamento; áreas de fricção entre os países do Entorno Estratégico;

• Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED): a adequação dos projetos estratégicos definidos pelo PAED aos possíveis cenários de sua aplicação.

Economia da Defesa

• Recursos humanos e defesa nacional: a formação de recursos humanos para gerir a defesa nacional, inclusive no campo da cooperação internacional.

• Inovação e Defesa nacional: o Sistema de Inovação nacional brasileiro e as estratégias para fomentar a inovação e a revitalização da Base Industrial de Defesa brasileira - linhas de financiamento, garantias e peculiaridades do mercado de defesa.

• PAED: adequação dos programas de equipamento das Forças Armadas às capacidades previstas pela END e demais documentos do setor; a formulação de projetos de Força e sua articulação com o PAED no longo prazo; efetividade dos instrumentos governamentais de fomento à Base Industrial de Defesa; credenciamento das Empresas Estratégicas de Defesa (EED), homologação dos Produtos Estratégicos de Defesa e o mapeamento das cadeias produtivas do setor.

• Orçamento de defesa: estabilidade e projeções do fluxo orçamentário do MD e sua adequação às necessidades das Forças Armadas; a viabilidade política e econômica de se ampliar o percentual do PIB destinado ao orçamento de defesa; estratégias de reequilíbrio das contas orçamentárias visando diminuir ajustar dispêndios com pessoal, investimentos e custeio a projetos de força no longo prazo; critérios para vinculação do orçamento a segmentos estratégicos no País, inclusive via fundos setoriais, e sua aplicação ao campo da defesa; possibilidade de incremento orçamentário das Forças Armadas por meio de “royalties” oriundos de atividades relacionadas ou protegidas pelas Forças; adequação das infraestruturas críticas às necessidades de Defesa.

• Cooperação internacional: possibilidades de integração das bases industriais de defesa no âmbito da UNASUL, no marco da integração produtiva de cadeias globais de valor e de políticas de offset; diversificação de fontes de recursos para as Forças Armadas.

O programa disponibilizará o total de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) para a elaboração de pesquisas sobre Segurança Internacional e Defesa Nacional, sendo que cada projeto poderá contar com, no máximo, R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para o desenvolvimento das pesquisas durante 24 meses. O valor pode incluir a concessão de bolsas, a realização de viagens e eventos e, ainda, a aquisição de equipamentos, material permanente e material bibliográfico. Caberá ao proponente definir em seu projeto sobre a melhor forma de utilizar o recurso.

O prazo para a apresentação de propostas é 05/11/2014.

Mais informações e a chamada completa podem ser obtidos pelo link: http://www.cnpq.br/web/guest/chamadas-publicas?p_p_id=resultadosportlet_WAR_resultadoscnpqportlet_INSTANCE_0ZaM&filtro=abertas&detalha=chamadaDivulgada&idDivulgacao=5363

terça-feira, 25 de março de 2014

Nuclear Security Conference - The Hague, March 2014

Materiais relativos à conferência de cúpula sobre segurança nuclear, que se realizou na Haia, em 24/03/2013.



Expert analysis from Nuclear Security Matters, a new website by Harvard Kennedy School’s Project on Managing the Atom






In his closing remarks at the Nuclear Security Summit, President Obama emphasized the importance of accelerating nuclear security efforts over the next two years. Nickolas Roth explains how the proposed U.S. nuclear security budget sends a different message.


William Tobey – writing from The Hague – analyzes what has been called the “most important deliverable” from the Nuclear Security Summit -- 35 nations announced their commitment to strengthen nuclear security implementation. 


In The Hague, leaders have agreed on a new initiative to secure dangerous radiological sources, Matthew Bunn provides analysis of that initiative. 


Graham Allison clarifies how nuclear-weapons-free zones reduce the risk of regions being targets of terrorist nuclear attacks.


Graham Allison assesses why the Nuclear Security Summit in The Hague is important and what has been accomplished.


Matthew Bunn scrutinizes the announcement that Japan would eliminate all the plutonium and highly-enriched uranium at its Fast Critical Assembly. 


Eben Harrell summarizes key findings from Managing the Atom’s latest report "Advancing Nuclear Security: Evaluating Progress and Setting New Goals".


Getting to No
March 24, 2014
Given all the other urgent demands, should nuclear security be at the top of the agenda, and if it should, can the Summit do anything about it? Graham Allison addresses both questions.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Araponga arapongado pela aguia e pelo carcara: ah, esse imperio perverso...

Agente suspeito de passar dados para a CIA é exonerado pelo Brasil
Jornal do Brasil, 27/10/2013

Na mesma época em que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) espionava membros do alto escalão do governo Dilma, um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi investigado e exonerado por suspeita de passar segredos para a Agência Central de Inteligência (CIA). Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o espião da CIA buscou dados sigilosos sobre a atuação nacional na Tríplice Fronteira e tentou rastrear informantes do governo brasileiro na região onde o País faz divisa com a Argentina e o Paraguai. A espionagem só foi descoberta porque durante a operação o agente americano cooptou o analista 008997 da Abin, um alto funcionário do órgão que chefiara a estratégica subunidade da agência em Foz do Iguaçu (PR), antes de assumir, em 28 de julho de 2011, a superintendência em Manaus (AM). O caso não teve abertura de processo administrativo contra o servidor para evitar o desgaste. Conforme documentos de junho de 2012 divulgados pelo ex-agente Edward Snowden, a solução dos Estados Unidos foi abreviar a missão do espião e mandá-lo para outro posto. 
Segundo fontes da área de inteligência consultados pelo jornal nos últimos dois meses, de Manaus, o analista da Abin passou a acessar remotamente documentos protegidos por sigilo do escritório de Foz do Iguaçu que não tinha necessidade de conhecer e aos quais não poderia ter mais acesso. A movimentação funcional do agente brasileiro alertou Brasília e desencadeou uma operação de contraespionagem autorizada pelo diretor-geral Wilson Trezza. Sem abrir inquérito, as provas documentais extraoficiais do comportamento inadequado do agente 008997 foram obtidas em agosto de 2012, quando ele se encontrou para jantar com o espião americano, em um restaurante de Curitiba. Agentes deslocados de outras regionais da Abin se acomodaram próximos à dupla para ouvir o diálogo. Eles foram filmados na ocasião, quando conversaram sobre as regiões de fronteira do Brasil, entre outros temas. O novo encontro, marcado pelos dois para acontecer dentro de um mês, não ocorreu. Subitamente, o americano foi removido. O Itamaraty confirmou que o diplomata deixou o Brasil em 12 de agosto de 2012. A suspeita é que, de alguma forma, os EUA ficaram sabendo que seu agente havia sido descoberto e não poderia mais ficar no País para evitar problemas diplomáticos. A Abin pediu explicações e o americano teria que foi procurado pelo analista brasileiro. O agente 008997 foi exonerado e aconselhado a se aposentar, o que fez em 17 de dezembro do ano passado. 
Espionagem americana no Brasil 
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA), funcionou em Brasília pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.
De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.
O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

domingo, 14 de julho de 2013

Encontros Petrarca em Montpelier: terrorismo, seguranca, geopolitica (Le Monde)


Le programme des XXVIIIes Rencontres de Pétrarque

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Organisées par France Culture et Le Monde, sur le thème "Guerre ou paix ?", les XXVIIIes Rencontres de Pétrarque se tiendront du 15 au 19 juillet à Montpellier, au Rectorat Cour Soulages, rue de l'Université, de 17 h 30 à 19 h 30. Entrée libre.

Organisées par France Culture et Le Monde, sur le thème "Guerre ou paix ?", les XXVIIIes Rencontres de Pétrarque se tiendront du 15 au 19 juillet à Montpellier, au Rectorat Cour Soulages, rue de l'Université, de 17 h 30 à 19 h 30. Entrée libre. Rencontres animées par Emmanuel Laurentin (France Culture) et Jean Birnbaum (Le Monde).

Lundi 15 juillet
Après les révolutions arabes, guerre ou paix ?
Leçon inaugurale : Gilles Kepel.
Mardi 16 juilletPourra-t-on en finir avec les terroristes ?
Mario Bettati, juriste, spécialiste du droit international ; Olivier Christen, vice-procureur près le tribunal de grande instance de Paris, et Anne Nivat, grandreporter.
Mercredi 17 juillet
A quoi ressemblera la guerre du futur ?
Michèle Alliot-Marie, seule femme politique a avoir occupé les quatre ministères régaliens (défense, intérieur, justiceaffaires étrangères) ; Vincent Desportes, général de division, professeur associé à Science Po ; Béatrice Heuser, universitaire spécialiste des relations internationales.
Jeudi 18 juillet
La nouvelle géopolitique des conflits.
Ariel Colonomos, politologue, spécialiste de l'éthique des relations internationales ; Bernard Kouchner, ancien ministre des affaires étrangères ; Valérie Niquet, politologue, spécialiste de l'Asie.
Vendredi 19 juillet
Mémoire des guerres, paix des mémoires.
Daniel CordierAnnette Wieviorka et Joseph Zimet, historiens.

Diffusion de ces débats sur France Culture du lundi 22 juillet au vendredi 26 juillet de 19 heures à 20 heures.
Renseignements : franceculture.fr



domingo, 19 de maio de 2013

Qual seria o continente mais perigoso? - Moises Naim

¿Cuál es el continente más peligroso?

Moises Naím
El País, 18/05/2013

El éxito económico de Asia opaca el que esa región alberga las principales amenazas

Como escribió León Tolstoi, las familias felices se parecen, pero las infelices lo son cada una a su manera. Además, mientras que hay familias cuya infelicidad solo les afecta a ellas, otras propagan sus problemas. Las vicisitudes de la atribulada familia Tsarnaev, por ejemplo, se desperdigaron por todo Boston. Los dos hijos, Tamerlán y Dzhokhar, decidieron que la mejor forma de canalizar su infelicidad era asesinando a inocentes en el maratón de Boston. Su manera de ser infelices hizo muy infelices a centenares de otras familias.
A los continentes les pasa lo mismo. Hay algunos, como África o América Latina, cuyas tragedias las sufren, principalmente, ellos mismos. Claro, la emigración masiva de africanos a Europa o de latinoamericanos a EE UU es un ejemplo de cómo los problemas de un continente tocan a otro. Pero este contagio es menor que el que tuvo la crisis económica de Estados Unidos, por ejemplo. Millones de personas en todas partes, pero sobre todo en Europa, aún están pagando las consecuencias de este terremoto financiero.
El punto es que hay continentes que son más “sistémicos” que otros, es decir, regiones cuyos problemas afectan a todos los que vivimos en este planeta, sin importar cuán alejados de ellos estemos. La pregunta, entonces, es: ¿cuál de los cinco continentes va a irradiar más infelicidad en el futuro?
Una manera de contestar es pensando en cuáles son las amenazas que viajan más fácilmente, y frente a las que no hay frontera, fortificación o política pública que nos pueda proteger. Ya sabemos que las crisis financieras pertenecen a esta categoría. Si China por ejemplo llegase a sufrir un crash como el de EE UU, no hay rincón del mundo que pueda evitar las consecuencias. Y si el joven tirano de Corea del Norte decide seguir jugando a la guerra nuclear, pues tampoco.
Mi candidato al premio al continente que más amenaza el mundo es Asia. Esto puede sorprender a quienes ven en el milagro económico asiático una fuente de estabilidad y prosperidad globales. O a quienes piensan que en Oriente Próximo están dadas las condiciones para una prolongada y creciente ola de conflictos armados, radicalización religiosa y terrorismo que, como sabemos, no se queda allí. Todo esto es cierto.
Pero me temo que los problemas que nos llegarán de Asia serán aún más complicados, por más que sus gigantescas economías sigan creciendo.
En mi opinión, en estos tiempos, las principales amenazas para la humanidad son: 1) el cambio climático; 2) la proliferación nuclear; 3) el brote de una enfermedad sin cura conocida y que se extienda de un país a otro y de un continente a otro cobrándose millones de víctimas; 4) las crisis económicas globales y, por supuesto, 5) un conflicto armado entre dos o más potencias militares, como China e India, por ejemplo. Claro que hay otras amenazas: el terrorismo, la creciente escasez de agua, los Gobiernos criminalizados, el desempleo estructural o la proliferación de Estados fallidos. Pero ninguna de ellas tendría las enormes consecuencias que tienen las cinco de mi lista.
Y Asia es el continente que tiene más países con el potencial de crear y esparcir estos cinco problemas. El énfasis en el extraordinario y muy bienvenido éxito económico de los tigres asiáticos opaca el hecho de que esa región también alberga las principales amenazas a la estabilidad mundial.
Según el Banco Asiático de Desarrollo, Asia va camino de duplicar su consumo de petróleo, triplicar el de gas natural y aumentar en 81% el uso de carbón altamente contaminante. Esto duplicaría sus emisiones de dióxido de carbono (CO2 ) en 2035. Asia estaría así emitiendo, por sí sola, el total del volumen de CO2 que los expertos calculan es el nivel máximo que debería producir el planeta en su conjunto.
Asia es también el continente donde más proliferan las armas nucleares. No solo tienen la bomba países de alto riesgo, como Corea del Norte y Pakistán, sino que además son Gobiernos que han estado muy dispuestos a venderle su tecnología nuclear al mejor postor.
Varios de los conflictos armados más prolongados del planeta están en Asia. De Afganistán a Sri Lanka y de Cachemira a las interminables insurgencias armadas en Indonesia y Filipinas, las guerras son comunes. Allí están las fronteras más explosivas del mundo: China e India, Pakistán e India y entre las dos Coreas.
La pandemia de gripe aviar se originó en Asia. Si bien no produjo tantas víctimas mortales como se temía, alertó al mundo sobre el potencial de ese continente para propagar rápidamente sus enfermedades a otras partes.
¿Son inevitables estos accidentes y problemas originados en Asia? Claro que no. Pero son mucho más importantes y urgentes que otros que atraen mas frecuentemente la atención del mundo.
Estoy en Twitter @moisesnaim

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Bolsas no Canada: Drogas, Segurança e Democracia


Drogas, Segurança e Democracia
O convite será aberto em outubro de 2012, próximo prazo é 20 de janeiro de 2013.
[English] | [Spanish] | [Portuguese]

SOBRE O PROGRAMA DE BOLSAS
O Programa de Bolsas Drogas, Segurança e Democracia (DSD) apoia pesquisas sobre criminalidade organizada, política referente a drogas, questões de governança e temas relacionados nas ciências sociais e disciplinas afins. O objetivo do programa é desenvolver uma concentração de pesquisadores com interesse em resultados com relevância política e que estejam dispostos a tornar-se membros de uma rede interdisciplinar global.

AGENDA DE PESQUISAS APOIADAS PELO PROGRAMA
As pesquisas financiadas pelo DSD têm de enfocar o relacionamento entre pelo menos dois dos três temas abaixo:
  1. Drogas: os potenciais temas são, entre outros, política internacional e regional referente a drogas, tráfico de drogas, criminalidade organizada, produção de drogas e impacto sobre comunidades, inclusive delinquência juvenil e gangues.
  2. Segurança: entre os temas relevantes figuram questões de segurança
  3. Democracia: entre os temas relevantes figuram questões de governança, redes da sociedade civil e como mobilizar contra a criminalidade organizada e as drogas, liberdade de imprensa, impunidade, corrupção e intervenientes não estatais.
O controle de substâncias ilícitas em campanhas de violência na fronteira, e eleitoral, a mídia e os fluxos globais de violência e drogas são exemplos de uma variedade de tópicos de pesquisa incluem a relação entre dois dos três itens da agenda . Além disso, o programa incentiva projetos interdisciplinares e os temas que abrangem transnacional e regional.
Clique aqui para ver exemplos de projetos de pesquisa financiados no passado.

QUALIFICAÇÃO
O Programa DSD oferece duas competições:
  • Bolsa de apoio a tese: essa competição está aberta a candidatos a PhD no mundo inteiro, que tenham um prospecto de tese aprovado até 1° de julho de 2012, mas que ainda não concluíram a elaboração para apresentação final.
  • Bolsa de apoio a pesquisa: aceitam-se inscrições de:
    - Doutores no mundo inteiro, que tenham concluído seu PhD não mais do que 7 anos antes do prazo de inscrição.
    - Pesquisadores na América Latina ou no Caribe, sem PhD, mas que tenham mestrado ou o grau final em sua área ou experiência profissional equivalente. Aceitam-se candidaturas de pesquisadores em profissões fora da academia.
Cidadãos e residentes da América Latina e do Caribe são incentivados a candidatar-se.

TERMOS DO PROGRAMA
O Programa DSD oferece apoio para um mínimo de três (3) até um máximo de 12 meses de pesquisa. Os candidatos devem passar pelo menos três meses realizando pesquisas na América Latina ou no Caribe. Os valores das bolsas variam de acordo com o plano de pesquisa; contudo, será oferecido apoio para despesas de viagem e subsistência, assim como custos associados à pesquisa. A bolsa visa a apoiar um pesquisador individual, quer esteja trabalhando sozinho ou em colaboração com outros pesquisadores.
A bolsa inclui a participação obrigatória em dois workshops interdisciplinares, um antes da pesquisa e outro no fim do período da bolsa. Os workshops serão organizados pela Universidad de los Andes, a serem realizados em agosto, na América Latina. Serão oferecidas viagem e hospedagem.

As inscrições estão disponíveis on-line, em http://soap.ssrc.org.
Prazo: 20 de janeiro, anualmente.
O Programa DSD é financiado pelo Open Society Foundations y International Development Research Centre em Canada. O programa é uma parceria entre a OSF, IDRC, SSRC e a Universidad de los Andes, em Bogotá, na Colômbia.
Embaixada do Canadá| Canadian Embassy
Government of Canada | Gouvernement du Canada

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Politica externa: continuidade assegurada...

Talvez não pelos bons motivos, mas cada um tem o direito de dizer o que pensa (ou se não pensa, aquilo que lhe parece conveniente, em função da tal de "correlação de forças").
Talvez o ministro da Defesa (mas parece mais do Ataque) esteja apenas tentando se posicionar como um anti-imperialista de carteirinha, para ficar parecido com outras vozes altissonantes do governo atual, para se credenciar na continuidade, ou talvez até um alto posto na novíssima República ao feminino (que poderia até escolher uma mulher para a Defesa, como foi Bachelet, no Chile, mas isso não creio).

Curiosa sua afirmação sobre Cuba: "país pobre". Pobre? Cuba tinha a segunda ou terceira maior renda per capita da América Latina até 1959. Se ficou pobre depois disso não deve ter sido apenas pelo embargo americano, inclusive porque os outros países sempre puderam comerciar normalmente com Cuba -- a ilha permaneceu no GATT, apesar de ter saído do FMI, durante todo esse período --  e ela desfrutou do "mensalão" soviético durante mais de três décadas. Isso inclusive lhe permitiu investir na saúde e educação, que se tornaram piores agora, mas que já foram satisfatórios justamente porque a ilha podia "concentrar recursos" nessas duas únicas justificativas de uma férrea ditadura. Se a ilha ficou pobre, foi por sua própria culpa. Nos últimos anos ela vem sendo sustentada pelo "mensalão" bolivariano, na forma de generosos subsídios do coronel amigo (e sucessor presumido) de Fidel.

Curioso também que o anti-imperialismo primário ainda seja uma credencial em certas áreas.
Paulo Roberto de Almeida

Jobim faz duras críticas aos Estados Unidos

GLAUBER GONÇALVES - Agência Estado
03 de novembro de 2010 | 21h 29

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez duras críticas aos Estados Unidos hoje, no Rio. Em tom áspero, ele afirmou que o Brasil não aceita discutir assuntos relativos à soberania do Atlântico enquanto os norte-americanos não aderirem à convenção da ONU sobre o direito do mar, que estabelece regras para exploração de recursos em águas nacionais. Jobim também condenou veementemente a expansão das fronteiras de atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e atacou o embargo dos Estados Unidos a Cuba.
"Os direitos do Brasil aos fundos marinhos até 350 milhas do litoral, onde está nosso pré-sal, decorre da convenção. Ou seja, só é possível conversar com um país que respeite essa regra", disse durante a 7ª Conferência de Segurança Internacional do Forte de Copacabana, no Rio. "Não pensamos em nenhum momento em termos soberanias compartilhadas. Que soberania os Estados Unidos querem compartilhar? Apenas as nossas ou as deles também?", questionou.
Jobim também se disse contrário a alianças militares entre a América do Sul e os Estados Unidos. "Nossa visão é a de que podemos ter relações com os EUA, mas a defesa da América do Sul só quem faz é a América do Sul", disse o ministro. Segundo ele, o Brasil não deve se aliar a forças militares que não possam ser por ele comandadas. "Os EUA não participam das forças humanitárias da ONU porque não admitem ser comandados por outros exércitos. Não podemos aceitar esse tipo de assimetria", declarou.
O ministro mostrou contrariedade à expansão da área de atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar da qual os Estados Unidos fazem parte. "Aprovou-se uma nova estratégia em que o teatro de operações da Otan passou a ser o mundo todo, em locais em que se possam ferir os interesses dos países membros. Isso significa que teríamos dois organismos internacionais: a ONU e a agora Otan, que também estaria se arrogando a isso. Mas nós somos contra", disse.
Na avaliação de Jobim, as relações entre os países signatários do Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares também é assimétrica e penaliza aqueles que buscam gerar energia nuclear. Para ele, não há problemas no interesse da Venezuela em dominar essa tecnologia. "A Venezuela sentiu o problema da sua base de energia elétrica ser hidrelétrica e teve inclusive que fazer racionamento", disse. "A Venezuela fez tal qual o Brasil. E nós aplaudimos", complementou sobre o país vizinho, considerado um problema no continente pelos EUA.
As críticas de Jobim aos norte-americanos ainda abordaram a relação do país com Cuba. "Qual foi o resultado do embargo a Cuba? Produziram um país orgulhoso, pobre e com ódio dos EUA", disse.
Para o ministro, os riscos à segurança da América do Sul e os conflitos do futuro estarão relacionados à água, minerais e alimentos. "Isso a América do Sul tem. Temos aqui o aquífero Guarani, a Amazônia, somos os maiores produtores de grãos e de proteína animal do mundo", enumerou. "Temos que nos preparar para isso", advertiu sobre possíveis ameaças futuras.