Uma ameaça existencial ao Brasil: a evangelização da educação
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre a maior ameaça à sanidade mental do Brasil: o evangelismo educacional.
O progressivo e insidioso assalto evangélico — não exatamente o religioso, mas aquele oportunista, negocista — às instituições educacionais do Brasil, públicas e privadas, representa um perigo ainda maior do que a visível e muito preocupante criminalização da política, como já ocorreu no RJ e avança em outras cidades, pois ele compromete o futuro do país por gerações no futuro de médio prazo.
O processo é visível desde muitos anos e já se tornou patente pela existência de imensas e poderosas redes de comunicações— começando pelas rádios, seguindo logo depois para as TVs, e penetrando agora em todas as ferramentas digitais — e pela disseminação patente de novos megabilionários da “teologia da prosperidade”.
Eles estão se empenhando na conquista de câmaras de vereadores, de prefeituras, de parlamentos estaduais e das próprias instituições federais de poder político. Seu objetivo imediato é dinheiro e influência social, mas com isso vão contribuir poderosamente para o emburrecimento e o atraso cultural do Brasil, sem esquecer a corrupção pervasiva e o retrocesso científico e educativo.
Fica o alerta: se trata de um perigo muito maior do que os já conhecidos vicios e perversões nacionais: patrimonialismo, corrupção política, baixos padrões educacionais, desigualdades sociais persistentes. Estamos em face de um retrocesso civilizatório.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4720, 25 agosto 2024, 1 p.