Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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terça-feira, 8 de outubro de 2013
Across the whale in a month (18): approaching the finish line
Até Memphis, nossa viagem foi isenta de maiores emoções estradeiras, a não ser belas paisagens de montanhas, de desertos, de florestas, e aquela sucessão de McDonalds e BurguerKings pelas vias de acesso, quando se tratava de parar para gasolina, refrescos e alguma alimentação.
Até ali, sábado 5 de outubro, Carmen Lícia e eu já tínhamos feito mais de 6 mil milhas de viagem (ou seja, quase 10 mil kms), sem nenhum problema para o carro ou surpresas.
Domingo, sem que eu fizesse grande questão, lá fomos seguir aquela massa de americanos caipiras na visita a Graceland, a mansão kitsch de Elvis Presley. Eu, na verdade, não fazia nenhuma questão de ver aquelas coisas bregas, de quem passa (até hoje), por ser um ídolo do rock americano, amado por gerações (hoje de idade avançada, em sua maior parte) de fãs do gênero, em todo o mundo, especialmente nesse interior caipira dos EUA.
Enfim, dispenso-me de maiores comentários. Carmen Lícia pode comprar seus cacarecos presleyanos, fazer suas fotos daquelas coisas, e depois lá tocamos para a estrada.
Eu tinha resolvido acelerar o final da viagem, para poder estar em Princeton na terça-feira, dia 8, para ouvir Mario Vargas Llosa e Enrique Krauze. Carmen Lícia estava inteiramente de acordo, já que a travessia do que chamamos de caipirolândia é realmente muito chata.
Enfim, tem quem goste.
Nashville, por exemplo, ainda no Tennessee, é a capital da música country, vocês sabem, aquela coisa de Johnny Cash, e outros ainda mais bregas. Eu gosto do Willy Nelson, tanto que ouvi várias de suas músicas que tenho gravadas, nas centenas de quilômetros que vamos consumindo no carro sob todas as formas: radios locais, radio de internet, música do iPhone, pendrives carregados de músicas e algumas CDs levados e comprados aqui e ali (inclusive um com músicas do Ray Charles, que eu não conhecia, que comprei num correio de Santa Barbara).
Os imprevistos começaram justamente no domingo 6 de outubro, ao sairmos de Memphis, já depois do almoço.
Não foi possível parar em lugar nenhum, salvo o estritamente necessário para abastecer o carro, pois o dilúvio do Noé se abateu sobre nós.
Praticamente durante nove horas seguidas de viagem, durante 550 milhas (900 kms), viajamos sob chuva forte e muitos ventos.
Ufa! Conseguimos chegar ao final do Kentucky, depois de atravessar os dois estados sob chuva torrencial.
Segunda-feira, já sem chuva, foi outra corrida infernal: quatro estados (desde o Kentucky, passando por West Virginia, Maryland e Pennsylvania), até chegarmos a Nova Jersey, o que faz o quinto estado, mais exatamente em Princeton, onde chegamos tarde da noite: foram mais 563 milhas de estradas bastante boas, mas com inúmeros pontos de consertos e conservação, o que diminuiu o ritmo de viagem, onze horas, praticamente, contando as paradas para descanso e alimentação.
Carmen Lícia continuou fazendo muitas fotos das paisagens.
No caminho, paramos em Charleston, capital da West Virginia, que ainda não conhecíamos.
Foi inevitável comprar alguns livros, numa livraria do centro histórico.
Comprei o último do Nial Ferguson: The Great Degeneration, que andava namorando desde algum tempo, mas que esperava para comprar no Abebooks, por um punhado de dólares. Bem, custo pouco mais de 21 dólares, o que achei razoável. Carmen Lícia comprou vários de seu interesse: China, Oriente Médio, budismo, etc.
Aliás, enquanto eu percorrendo as estantes da Taylor Bookshop, na Capitol Street, estava pensando em quantos livros eu já acumulei em minha existência livresca. Já nem sei mais contar. Deixei milhares no Brasil, e só trouxe algumas centenas para os Estados Unidos.
Desde que chegamos, já comprei algumas dezenas, e só nesta viagem, em que procurei ser comedido, devo ter comprado dez ou doze. Carmen Lícia foi mais gulosa do que eu: o porta-malas do carro, o banco de trás, está cheio de livros dela; com razão, ela consegue ler mais do que eu.
Mas estive pensando em uma série que pretendo escrever, sobre livros, obviamente.
Já brinquei comigo mesmo, dizendo que, entre todos os livros que acumulei, e todos aqueles que não tenho mas que me interessam, e e que estão nas bibliotecas, nas livrarias, e os que ainda não foram publicados, mas que pretendo ler um dia, entre todos esses, sua leitura me exigiria mais uns 150 anos de vida, no meu estilo de leitura: cada linha, pensando, anotando, refletindo, eventualmente copiando citações para usar em trabalhos, para completar pesquisas, enfim, apenas pelo prazer de ler e guardar frases ou análises memoráveis.
Acho que não vai dar: 150 anos a mais acho que é um pouco exagerado, então vou ter de encurtar o processo.
Estou pensando em começar uma série, que intitulo, provisoriamente, de
Livros para ler Até o Fim dos Dias...
Nela, pretendo percorrer cada um dos livros ao meu alcance, e fazer uma anotação breve, ao estilo das minhas miniresenhas (mas provavelmente um pouco maiores, de duas páginas, aproximadamente), resumindo o livro, sem precisar ler linha por linha. Minha capacidade de absorção e de apreensão dos meus livros me permitiria fazer isso, o que seria até útil para ler apenas os que ainda valem a pena de serem lidos inteiramente.
Bem, vou começar com os que tenho em Hartford, e recolher mais alguns em Brasília, numa próxima ida.
O problema, como sempre, é guardar todos eles.
Já não tenho mais estantes disponíveis no apartamento. Vou precisar comprar mais.
Loucura infinita...
Paulo Roberto de Almeida
Princeton, 8 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
Across the whale in a month (17): o começo da longa viagem de retorno...
Esta primeira foto saiu completa -- o que é uma raridade -- porque duas chinesas nos pediram para fazer sua foto ali perto dessa escultura da Getty Villa, em Pacific Palisades. Reciprocidade turística serve para isso. Nem vou descrever todas as maravilhas de museu greco-romano do famoso milionário americano -- complemento, ou prato principal, do seu museu de obras modernas e contemporâneas, que está numa colina dominando a cidade -- porque seria impossível. Melhor que os curiosos visitem ambos locais pela internet, ou procurem ilustrações de suas dezenas de obras (sem contar as emprestadas para exposições especiais).
Depois de Los Angeles, fomos a Las Vegas, ficando no famoso hotel The Venetian. A esfera armilar é uma das muitas reproduções, ou peças artísticas, que enchem os olhos nesse hotel absolutamente fabuloso para tudo o que se possa imaginar para um hotel de cidade: tem até passei de gôndola (e talvez alguém reclame que não tenha uma pista para corrida de cavalos, mas quem sabe, algum outro hotel providencia isso).
Foi também no The Venetian que Carmen Lícia apostou contra a sorte, e ganhou. Eu não arrisquei um centavo sequer em qualquer modalidade de jogo, mas ela arriscou duas vezes. E o mais incrível é que nas duas vezes ganhou 19,90 dólares, com um "lucro", portanto, de 37,80. OK, já dá para pagar pelo menos 4 taças de vinho em restaurantes, aos preços habituais do cabernets e pinot grigios.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Accross the whale in a month (16): preços num mercado competitivo
1) Preço de apenas uma noite, num quarto normal, do Comfort Inn At The Bay, de San Francisco: $ 459.68
2) Preço de duas noites num quarto normal do Holiday Inn Santa Monica, em Los Angeles: $ 435.80
3) Preço de duas noites numa suite luxuosa do The Venetian, de Las Vegas, com direito a coupons para consumo e outras amenidades: $ 466.88
Assim é que as coisas funcionam no capitalismo.
Pena que no Brasil não seja assim, não é?
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Across the whale in a month (13, ops!): da Roma antiga para a Veneza moderna, em apenas 320kms...
Pela manhã fomos à Getty Villa, um monumento arquitetônico e uma homenagem de um grande colecionador, o homem mais rico do mundo em sua época, aos gregos e romanos, com uma infinidade de obras maravilhosas, que se combinam perfeitamente ao ambiente arquitetônico construído para abrigá-las.
Quem não visitou ainda a Getty Villa, na praia de Palisades, litoral de Los Angeles, não pode perder essa incursão, se estiver na Califórnia. Não existe nada igual no mundo, nem na Grécia, nem em Roma, nem em nenhum outro lugar. Absolutamente extasiante, a exemplo desta Leda e o cisne, entre dezenas de outros mármores, vasos, ânforas, bronzes, enfim, tudo o que se encontra em museus italianos, talvez, mas sem o charme deste pequeno grande museu histórico.
Carmen Lícia e eu passamos horas caminhando, e depois almoçamos no restaurante da própria Villa, antes de pegarmos a estrada para atravessar o deserto de Mojave, e o Death Valley (de raspão), em direção a uma outra maravilha construída pelo homem.
A viagem é tranquila, embora o trânsito das vias expressas de Los Angeles, e até San Bernardino seja alucinante de intenso. Provavelmente demoramos mais para fazer menos de 50 milhas do que nas 200 outras restantes, pelo deserto e pelas montanhas, embora sempre com um tráfego intenso, tanto de carros quanto de caminhões.
Nos hospedamos no The Venetian, que faz, com o Palazzo, ao lado, o maior conjunto veneziano depois da própria Veneza. Quem desejar saber como é, e quão grande é, este hotel com canais e gôndolas, 36 restaurantes, dezenas de lojas de luxo, centenas de mesas de jogo (que ainda não visitamos), pode entrar no site do hotel.
Inacreditável: eu tinha vindo a Las Vegas para ver o kitsch, e reformulei totalmente minha concepção de luxo, sofisticação e raffinement, pois não existe nada absolutamente kitsch, ou brega, e tudo é de muito bom gosto, com excelente decoração.
Ainda não comecei a fotografar, mas fiz duas no iPad, enquanto aguardava o jantar no Tintoreto: ataquei de linguine com camarões Pescadora, e um copo de Pinot grigio. Carmen Lícia se contentou com uma salada caprese (muzzarella de búfala e tomates) e um copo de Chianti.
Espresso, mais um passeio rápido, e descanso.
Amanhã, terça-feira, vamos à descoberta de Las Vegas e já nem temos mais certeza de que o Parque Nacional do Grand Canyon estará aberto para a próxima etapa da viagem: o governo está fechando, por falta de orçamento, e com isso fecham todos os parques nacionais...
Bem, não se pode dizer que o Congresso americano brinque em serviço: se é verdade que a peça orçamentária é a coisa mais importante da vida de uma nação, então os EUA são uma nação verdadeira, não o arremedo de país que temos, onde o orçamento não vale nada, nem o papel onde é impresso...
Paulo Roberto de Almeida
Las Vegas, 1/10/2013
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Across the whale in a month (12): Los Angeles, entre museus e Hollywood...
Invariavelmente se vai de uma via expressa a outra, e depois a sucessão de ruas, com alguns quilometros para o norte, o sul, o leste e o oeste, enfim, tudo o que se tem direito numa cidade extensa como LA (e não estou falando das praias, Long Beach ou Santa Monica).
Ontem, fomos ao Getty Museum, que ficava aberto até 21hs no sábado. Havia uma exposição especial sobre os vitrais de Canterbury e o saltério de St. Albans, ao norte de Londres, e também tirei fotos de vários quadros famosos, entre eles Van Gogh (reproduzido abaixo), Renoir, Monet, e outros.
Hoje andamos pela cidade, fomos a Hollywood, Beverly Hills e ao The Grove Mall, onde passei uma hora dentro da Barnes and Noble lendo o Basic Economics do Thomas Sowell. Almoçamos num restaurante italiano, Trastevere, de Hollywood, escondido atrás desses elefantes que parece terem sido retirados de Bollywood...
O cansaço da jornada me impede de discorrer mais amplamente sobre esses passeios, ilustrados por fotos feitas pela Carmen Lícia ou por mim...
Amanhã, ou hoje mais tarde, depois de visitar dois museus, entre eles a Getty Villa, vamos dormir no The Venetian, de Las Vegas, Nevada...
Paulo Roberto de Almeida
Los Angeles, 30 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Across the whale in a month (11): pausa para descanso, em Santa Barbara, CA...
Ou melhor, em Santa Barbara, CA, quase perto de Los Angeles (100 milhas, apenas).
Não por Los Angeles, nem pela praia, que eu não me inclino por nenhuma das duas.
Apenas porque Santa Barbara é um lugar extremamente agradável, onde se pode espairecer, no melhor clima da California.
Bem, vamos a coisas mais sérias...
Depois de termos feito uma visita à missão de Carmel, no dia de ontem, nesta sexta-feira visitamos a missão de Santa Barbara, a única que escapou de uma campanha de laicização, depois que o México se tornou independente e deu para enfrentar um dos demônios de sua história (um outro, tão grande quanto a Igreja, esteve representado pelo Império, obviamente). Belo passeio, também, devidamente registrado, ambos, fotograficamente, por Carmen Lícia, muito mais competente do que eu nessas artes de fixar imagens.
Aliás, o dia de ontem teve mais coisas do que simplesmente visitar a Missão de Carmel. Estivemos no Centro Steinbeck, como já referi anteriormente, e depois fomos almoçar na sua antiga casa, como reproduzida aqui neste menu do restaurante.
Na bookshop do Centro Steinbeck, compramos mais algumas lembranças, e livros, obviamente.
Carmen Lícia está lendo Travels with Charlie, que relata o coast to coast que o escritor fez numa camionete adaptada como pequena casa, na companhia de seu terrier francês no início dos anos 1960, logo depois de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura.
Eu comprei A Journey Into Russia, o relato da viagem que o escritor fez à então União Soviética de um Stalin triunfante, na companhia do fotógrafo Robert Capa, que ilustrou os contatos (difíceis) que tiveram com o povo russo (e ucraniano).
Depois viemos a Santa Barbara, mas chegamos tarde, e só conseguir dar um passeio noturno pela cidade, para localizar os lugares visitáveis.
Foi o que fizemos durante esta jornada de sexta-feira.
Pela manhã, visita ao Museu Marítimo, no porto, com belas coleções e um excelente filme sobre a localização do Titanic, e filmagem interna no barco submergido a 4 mil metros no Atlântico norte.
Depois, almoço no Wine Bistro, da State Street, a principal da cidade, com registrado nesta segunda foto gastronômica. Nada de excepcional, pois foi apenas um lanche rápido: Carmen Lícia atacou de salada grega com camarões, e eu pedi uma simples focaccia caprese, com salada igualmente. Mais interessante foram os dois Chardonnays que pedimos, ambos da região, mas de vinhedos distintos.
Depois fomos ao museu de arte (especialmente para ver os impressionistas franceses da coleção do milionário Armand Hammer, que era amigo de Lênin, ou pelo menos se aproximou do bolchevique para poder explorar o petróleo russo, na época soviético). Também tinha uma bela coleção de arte asiática, devidamente fotografada por Carmen Lícia.
Do museu de arte fomos, aí sim, à Missão de Santa Barbara, muito bem preservada como museu, mas com igreja ainda funcionando regularmente.
Agora pela noite, provavelmente mais turismo gastronômico, com um restaurante italiano em vista...
Sim, aceito algum convite para dar aulas em Santa Barbara, pelo menos nos bons meses da primavera e do outono...
Paulo Roberto de Almeida
Santa Barbara, 27/09/2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Across the whale in a month (10): coast to coast already done
Pela manhã, Carmen Lícia e eu fomos ao famoso Aquário da cidade, um dos melhores do mundo, e maiores também, pela diversidade da fauna, e também pela tecnologia usada nas muitas seções, especialmente didática sob todos os aspectos. Deveria ser mostrado como exemplo para qualquer outro aquário que pretenda ser chamado por esse nome.
Depois, tivemos o que se poderia chamar um lauto almoço: Carmen Lícia atacou de salmão, que ela sempre aprecia, em suas diversas apresentações. Eu fui de linguine pescadora, ou seja, massa com vários tipos de frutos do mar. Tudo acompanhado por uma garrafa de Chardonnay de Monterey, que eu consumi, provavelmente, a 9/10.
Sesta, depois.
Saímos no final da tarde para um passeio pela costa, até Carmel, uma pequena cidade na costa, ao sul de Monterey.
A noite foi dedicada a leituras e informações.
Nesta quinta-feira, 26, vamos começar a descer em direção a Los Angeles, com uma possível parada em San Luís Obispo, ou um pouco mais abaixo.
Permito-me relacionar aqui o conjunto de posts que já elaborei desde que iniciamos a viagem, o que pode facilitar a consulta aos que pretendem ter cada um dos relatos de etapa.
Paulo Roberto de Almeida
Across the whale in a month (8): Sonoma, Sausalito, San Francisco
Segunda-feira, dia em que 99,99% dos museus americanos estão fechados, tivemos mais um dia de sorte
Across the whale in a month (9): Impressionistas em San Francisco, realizados em Monterey
Dia típico de viagem a passeio: museu pela manhã, viagem pela tarde, passeio na cidade pela noite, descanso no hotel.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Across the whale in a month (9): Impressionistas em San Francisco, realizados em Monterey
Começamos a terça-feira 24/09 cruzando toda a cidade de San Francisco, subindo e descendo morros e colinas um número incontável de vezes, até chegar no topo de uma colina verdejante, em frente ao Pacífico, em mar aberto, no museu Legion of Honor, um antigo memorial em honra aos soldados californianos que lutaram na Primeira Guerra Mundial, e que é administrado pelo Museum of Fine Arts de San Francisco.
O objetivo era simples, ver esta exposição:
o museu conseguiu reunir (a metade vindo do próprio Museum of Fine Arts de San Francisco) uma coleção impressionante de obras de diversos museus e coleções particulares todas unidas pelo tema da água: rio, mar, lagoa, barcos, e tudo o mais que guarde uma relação qualquer com a água (rio Sena, Oise, Mar do Norte, Mediterrâneo, etc.).
De fato, essas exposições especiais de museus americanos são excepcionais. Compramos o catálogo da exposição, assim como outros livros e objetos de decoração.
Enfim, foi uma feliz etapa por San Francisco, e uma visita com boas novas surpresas, em relação ao que já sabíamos da cidade, e que ambos conhecíamos de passagens anteriores.
No caminho para Monterey, paramos para almoçar em Rockaway Beach, em Pacifica, algumas milhas ao sul de San Francisco. Fried calamari, peixes, vinho, cerveja (moderadamente), e mais algumas compras e fotos da etapa.
Uma americana simpática se oferecer para fazer uma foto de Carmen Lícia e minha, no parking do restaurante, quando já estávamos prontos para retomar a etapa, como se pode ver pela bela foto abaixo.
Depois de nos acomodarmos no hotel, a poucos passos do aquário, saímos para passear pela redondeza, tipicamente preparada para o turismo: lojinhas de bugigangas (não deixamos de comprar algumas) e bares e restaurantes, além de museu de cera e outras bizarrices. Monterey foi imortalizada na obra de John Steinbeck, o famoso prêmio Nobel autor das Vinhas da Ira e tantas outras obras memoráveis.
Amanhã ainda estaremos em Monterey, com alguns passeis na região, inclusive Carmel, uma pequena cidade da qual Clint Eastwood já foi prefeito...
Paulo Roberto de Almeida
Monterey, 24/09/2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Across the whale in a month (8): Sonoma, Sausalito, San Francisco
Tendo pernoitado em Sonoma, como relatei no número 7 desta série, saímos pela manhã para percorrer novamente a cidade e os vinhedos da região. Na verdade, já tínhamos visto bastante vinhedos no trajeto do Napa Valley, assim que a região de Sonoma seria mais ou menos uma repetição do que tínhamos feito no dia anterior.
Escolhemos, Carmen Lícia e eu, arriscarmos a sorte na antiga casa e rancho, em que viveu e morreu Jack London, que virou reserva natural e museu, bem depois da morte do escritor. (Quem desejar saber mais sobre ele, consulte este verbete da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London)
Rodamos algumas milhas em direção ao norte, por uma estrada paralela à 12, que leva a Santa Rosa. No meio do caminho, se toma a via exclusiva que leva ao Jack London State Historic Park, local do antigo sítio onde o famoso escritor progressista do início do século 20 passou os últimos anos de sua vida relativamente breve (1876-1916).
O que eu esperava lá encontrar? Basicamente reminiscências de um autor que frequentou minha juventude -- várias de suas obras foram traduzidas para o Português, entre elas Tacão de Ferro, O Lobo do Mar, Caninos Brancos -- e talvez comprar alguns dos seus livros, já que não tenho mais nenhum. Seus livros podem ser conferidos nestes dois sites dedicados a sua vida e obra, tanto na parte geral: http://www.jacklondon.com/ como para a online collection: http://london.sonoma.edu/.
Aí estou eu, numa foto feita por Carmen Lícia, em frente da placa que leva à sua residência, na verdade a segunda, já que a primeira, The Wolf House, desapareceu num incêndio quando estava quase pronta. A segunda, chamada de Happy Walls, foi construída em pedras grossas, e madeira resistente ao fogo (de uma espécie que existe na Califórnia).
Fiz, com meu pequeno iPhone, uma foto da placa da casa, que se encontra muito bem conservada, já que virou próprio público, fazendo parte do patrimônio do estado da Califórnia.
Carmen Lícia tirou muitas fotos dos objetos constantes do museu.
Quanto aos livros, muitos deles, dezenas: Jack London era um escritor voraz, e sua biblioteca provavelmente enchia mais da metade da casa. Foram conservados várias centenas, mas provavelmente apenas uma pequena parte da coleção original.
Dos livros que ele escreveu, havia várias edições originais, bem como uma estante inteira com suas edições estrangeiras, dezenas de traduções de suas obras mais famosas, além de uma coleção soviética oferecida pelo cônsul da URSS em San Francisco, no início dos anos 1960.
Jack London, que nasceu muito pobre e tenho uma infância de juventude de trabalho duro, se acreditava socialista, mas à maneira americana: era contra o capital, e pelos trabalhadores, mas também cultivava um intenso individualismo, e fazia tudo por sua própria conta, sem esperar nada do Estado. Pertenceu à fase romântica do socialismo, pré-bolchevique, e provavelmente jamais teria endossado os crimes contra os direitos humanos e os próprios direitos dos trabalhadores cometidos na União Soviética (que só veio a existir cinco anos depois de sua morte, ocorrida um ano antes da revolução bolchevista).
Além de um escritor prolífico de novelas e contos, Jack London também foi um grande reporter, tendo testemunhado como correspondente a guerra russo-japonesa de 1904-05, seguida da invasão japonesa da Coreia, que terminou com a independência do antigo reino, bem como a expedição americana em Vera Cruz, em 1914, no quadro da revolução mexicana. A foto ao lado, tirada por Carmen Lícia, mostra seus equipamentos de repórter de guerra.
Seus principais livros (não todos) estão listados nesta seção do site que lhe é dedicado: http://www.jacklondon.com/literature.htm
De minha parte, como não me dispus a pagar os preços salgados da loja do museu, pretendo comprar várias de suas obras no meu tradicional fornecedor de livros a 1 (UM) dólar, a Abebooks.com, agora complementada pela Thriftybooks.
Mas, acabei comprando uma história que não conhecia, e que me pareceu interessante: The Assassination Bureau, uma trama policial, cujo enredo já conheço, mas que não pretendo contar por enquanto, já que ainda não li, apenas folheei.
Depois, novamente estrada, em direção a San Francisco, mas não pelo interior, via Oakland e Berkeley, e sim mais próximo da costa, via Sausalito, uma simpática cidade à beira da Baía norte, antes de atravessar a Golden Gate (que na verdade está mais vermelha do que camarão), na qual paramos para almoçar já as 2hs da tarde, num restaurante à beira da marina.
O garçom nos fez uma simpática foto, em face de camarões grelhados e uma combinação de peixes e mariscos, além de caranguejo, tudo regado a Chardonnay e Pinot Grígio.
Finalmente, a travessia da ponte Golden Gate, e novo passeio turístico pela cidade, na verdade pela costa do Pacífico, Golden Gate Park e partes da cidade, até chegar no hotel. Não conseguimos o que pretendíamos, uma acomodação no Fisher's Wharf, pos os hoteis estavam completamente lotados em função de uma convenção internacional da Oracle -- mais de 50 mil visitantes, segundo a "estalajadeira" de um hotel mais para o centro -- o que de toda forma foi bom, pois os preços estavam provavelmente mais caros do que em New York.
Descansamos, e saímos novamente pela noite adentro, percorrendo a cidade: bairro chinês, bairro italiano, torre iluminada, porto e marina, terminando por algumas compras num supermercado.
O dia foi extremamente proveitoso, com menos quilometragem do que das vezes anteriores, e por isso mesmo, com muito mais coisas para visitar, ver, comprar, saborear.
Amanhã, ou melhor, hoje, terça-feira, 24, retomamos o circuito dos museus e continuaremos os passeios por esta linda região.
Parece muito bom morar na Califórnia, mas provavelmente vai custar caro morar bem, e comer bem...
Paulo Roberto de Almeida
San Francisco, 23-24/09/2103
PS: Aos interessados em conhecer a obra de Jack London, recomendo a consulta à lista de seus escritos, tal como constante do seu verbete na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Across the whale in a month (7): dos cassinos aos vinhedos, de Reno, NV, a Napa e Sonoma, CA
O caminho é muito bonito, feito de altas montanhas em sua primeira parte, inclusive com direito a neve e tudo o mais. Carmen Lícia fez dezenas de fotos do roteiro, neve, pinheiros, montanhas brancas, florestas, etc...
Depois é uma descida sinuosa, em direção a Sacramento, onde paramos para visitar.
Sacramento é uma cidade histórica, da época do ouro e da construção da ferrovia transcontinental.
Ainda conserva aquele ar de Hollywood: construções de madeira, saloons, hoteis rústicos, comércio para pioneiros, hoje cheio de bugigangas indígenas e californianas para os turistas, que somos todos nós. Só que não é Hollywood, e sim a cidade histórica, tal qual foi preservada. Estátua do Poney Express, carruagens com cavalos, barco de pás no rio, enfim, só faltaram bandidos assaltando os bancos...
Novamente a estrada I-80, que nos acompanha praticamente desde a costa leste, com alguns desvios para cima ou para baixo em alguns pontos, e chegamos a Napa, uma bonita cidade, atravessada pelo rio do mesmo nome, e seu vale repleto de dezenas, centenas de pequenos vinhedos, com seus nomes bizarros, ou simplesmente americanos.
Tem uma adega, que aliás eu já conhecia dos vinhos presentes em Hartford, que se chama "Ménage à Trois", o que é provavelmente charmoso para os americanos, mas não deixa de ser vulgar...
Tem muitos mais nomes curiosos, mas ficamos com a paisagem que cerca as duas vias que percorrem o vale, a leste e a oeste do rio Napa.
De Napa, viemos a Sonoma, chegando já no final da tarde, e só deu para fazer esta foto da Missão franciscana que pretendemos visitar amanhã, segunda-feira.
Agora vamos jantar...
Paulo Roberto de Almeida
Sonoma, 22.09.2013
domingo, 22 de setembro de 2013
Across the whale in a month (6): da planicie a montanha, da religiao aos cassinos...
Eu ainda tinha ficado devendo, nos meus posts 4 e 5 desta série, uma descrição do trajeto entre o estado de Nebraska e Utah, bem no coração dos Estados Unidos.
Carmen Lícia e eu tínhamos saído de Kansas City, no dia 18, quarta-feira, com duas paradas no caminho, em direção a Salt Lake City, Omaha, a mais populosa cidade do estado de Nebraska, e sua pequena capital, Lincoln, de que já falei no post 4 da série. Acabamos tendo de parar numa cidadezinha de cowboys, Ogallala, porque estávamos recebendo mensagens de inundação. De fato, ao lado do nosso hotel (onde chegamos de noite, e nem percebemos), o rio estava subindo, com águas recebidas do Colorado, onde as inundações foram de fato destruidoras. Por isso, aliás, desistimos totalmente de ir a Denver e Boulder, como planejado anteriormente, e subimos do Missouri direto para o Nebrasca, com uma pequena incursão no Iowa, contornando totalmente o estado do Colorado, pobrezinho.
De Ogallala viajamos todo o dia de quinta-feira, 19, cerca de 600 milhas, até chegar na capital do Utah, Salt Lake City, já pela noite. Atravessamos por inteiro o estado do Wyoming, cuja capital, Cheyenne, visitamos. Em várias paradas do caminho, atravessando o estado, foi comum encontrar homens de botas com esporas, mesmo dirigindo suas imensas camionetas. A cultura do cavalo, do chapéu de cowboy e de certos símbolos ligados à conquista do Oeste são visíveis, mesmo em crianças pequenas. Afinal de contas, estamos no Oregon trail.
Saímos das planícies do Middle West para as montanhas de Utah, subindo várias vezes, até descermos para as margens do grande lago salgado que dá o nome à cidade, capital do estado.
Postei, sob número 5, a foto da imensa catedral (não visitável) dos Mormons, no Temple Square, onde estivemos na sexta-feira, 20/09/2013, visitando vários outros prédios da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, a denominação oficial.
Aqui vai outra foto (feita com os recursos limitados do meu iPhone) da imensa catedral, de 1895, construída com imensos sacrifícios pelos mormons, numa fase em que a cidade era quase uma aldeia.
Os mormons são muito simpáticos, prestativos, sorridentes, agradáveis, na sua missão incansável, mas não intrusiva, de converter incautos e outros tementes a Deus, o que não é o meu caso. Mas eles não grudam, nem incomodam, como certos evangélicos chatos que se encontram em todas as partes, principalmente no Brasil.
Em todas as partes, pelo menos no Temple Square, você encontra duplas femininas, entre 18 e 25 anos, jovens de todas as partes do mundo, carregando materiais de informação, e uma bandeira na lapela, com o nome e a bandeira do país que representam, sempre sorridentes, solícitas, dispostas a ajudar com qualquer informação. Os mais velhos conversam sobretudo, e inevitavelmente perguntam de onde viemos, e se precisamos de algo.
Não encontrei livrarias, pelo menos daquelas que eu gosto, o que já diminuiria meu ímpeto de mudar-me para Salt Lake City, mas sob todos os demais critérios a cidade é extremamente agradável. Fomos à Universidade, um campus moderno, muito bem construído, ao museu de História Natural, e ao imenso Capitólio. Passeio proveitoso, durante todo o dia. Recomendo pela cidade, e o templo é um extra, estilo curiosidades culturais...
Sábado, 21, foi mais um dia de estrada, desde Salt Lake City até Reno, já na extremidade do Nevada, quase chegando à California. Foram mais de 500 milhas de estrada impecável, numa paisagem monótona pelos seus "desertos", ma verdade, uma vegetação rasteira o tempo todo, colinas com escassa vegetação, e muita montanha. Antes, porém, o imenso, enorme, gigantesco lago salgado, onde Carmen Lícia fez esta foto minha, posando na beira do lago salgado, ao fundo um barquinho singrando nas águas azuis.
Não apenas em volta do lago, mas em diversas outras pequenas lagoas salgadas, a indústria predominante é... obviamente, a do sal, com grandes pirâmides brancas e outros depósitos acumulados ao longo da estrada, durante muitas milhas.
Depois, é só montanha (não Himalaia, pois já estamos ao norte das Rochosas, mas ainda assim montanhas razoáveis, com vários passos e cartazes para o uso de correntes ou pneus de neve). Estada reta, com poucas curvas (nas subidas de montanhas) e paradas ao estilo americano do interior: rústico, sem o charme das estradas europeias, sobretudo sem o refinamento da gastronomia europeia.
Quem não tem cão, caça com gato, no caso hamburguers, wraps e saladas.
Reno é, provavelmente, a antípoda de Salt Lake City: voltada para os cassinos, para todos os vícios, ao que parece, e com fama de fazer casamentos em 20mns, sem muitas perguntas.
Ainda não descobrimos a cidade, com exceção de um rápido passeio pelo centro, com todos os cassionos iluminados atraindo milhares de jogadores de aventura ou viciados.
Não pretendo apostar um níquel, sequer um penny em qualquer máquina que seja, mas nunca se deve dizer nunca. Pode ser que a sorte me tente, rapidamente resultando no azar, o que acontece invariavelmente com 99pc dos apostadores.
A ver, neste domingo 22, se por acaso, tivermos disposição para tanto.
A intenção seria entrar na Califórnia rapidamente, para espairecer um pouco nos vinhedos de Napa Valley e nas margens do Pacífico.
A viagem continua...
Paulo Roberto de Almeida
Reno, 22/09/2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Fontes, fontes, fontes a mao cheia, mergulhe numa delas: em Kansas City...
Sem problemas: em Kansas City, você pode dispor de dezenas de fontes, dos mais variados tipos e para todos os gostos...
De Kansas City Missouri...
Paulo Roberto de Almeida