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segunda-feira, 31 de julho de 2017

A sempre inefetiva tentativa de banir o alcool das sociedades: India mogul (Delanceyplace)

Today's selection -- from Aurangzeb by Audrey Truschke. For as long as there have been governments, there have been attempts to curb the use of alcohol and other drugs by the masses. They have invariably failed. Aurangzeb, who presided over the greatest territorial expansion of the Mughal empire in India, was one of those who tried:

"Aurangzeb's attempt to reduce the consumption of alcohol across his empire was one of the more spectacular policy failures of his reign. Alcohol was widely condemned as un-Islamic, and Mughal kings had long been lauded across religious lines for en­couraging temperance. For example, the Jain monk Shanticandra wrote around 1590 about how Akbar 'banned liquor, which ought to be universally reviled.' Jahangir also claimed to have proscribed alcohol (despite being a prolific drinker himself). The repeated appearance of this ban signals that it was ineffective.


an old Aurangzeb in prayer

"In spite of the odds, Aurangzeb followed his forefathers and attempted to restrict the sale of wine and liquor. According to the testimony of the French traveler Francois Bernier, wine was 'prohibited equally by the Gentile and Mahometan [Hindu and Muslim] law' and was hard to come by in Delhi. More generally, however, imbibing alcohol was rampant in Aurangzeb's India. William Norris, an English ambassador to Aurangzeb's court in the early eighteenth century, testified that Asad Khan (chief vizier from 1676 to 1707) and other government ministers were 'fond of nothing more than hot spirits with which they make themselves drunk every day if they can get it.' Accordingly, Norris tried to influence Asad Khan by sending him some liquor and choice glasses with which to imbibe the 'strong waters.'

"While he personally declined to consume alcohol, Aurang­zeb knew that few of his imperial officers followed his exam­ple. Niccoli Manucci --unleashing his characteristic weakness for gossip and exaggeration -- wrote that Aurangzeb once ex­claimed in exasperation that only two men in all of Hindu­stan did not drink: himself and his head qazi, Abdul Wahhab. Manucci, however, divulged to his readers: 'But with respect to 'Abd-ul-wahhab [Aurangzeb] was in error, for I myself sent him every day a bottle of spirits (vino), which he drank in se­cret, so that the king could not find it out.'

"Aurangzeb's other attempts at censorship, such as curbing the production and use of opium, met with similarly dismal results."

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Author: Audrey Truschke
Copyright 2017 by Audrey Truschke
Pages 72-73

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domingo, 16 de outubro de 2011

Autonomia nacional em energia: Sumiu? - a fabula do petroleo e do etanol...

Não concordo com tudo o que vai escrito abaixo. Ou talvez concorde com o sentido geral, mas consoante meus hábitos empiricistas, preferiria apoiar com números e dados materiais cada um dos argumentos e afirmações.
Tudo o que diz o autor é verdade, mas nem tudo pode ser atribuído a um único homem, inclusive porque se trata de alguém que nunca leu, nunca estudou, e que possui uma inteligência apenas intuitiva, o que não quer dizer que acerte em todas as suas recomendações.
No caso da energia, o Sr. Luiz Inácio errou muito, mas muito mesmo. Mas ele não errou apenas por pretender fazê-lo, voluntariamente. Foi mal aconselhado. Os principais culpados da tragédia brasileira em energia foram seus conselheiros nessa matéria, em primeiro lugar a que agora ocupa a presidência.
Esse pessoal impôs um alto custo ao povo, isso é verdade, mas sobretudo impôs distorções tremendas à matriz energética do país, e à própria economia, cometendo erros que vão pesar anos e anos à frente, com os vieses estatizantes, e anti-capital estrangeiro que caracterizam sua (ausência de) racionalidade econômica, de fato, uma total falta de pensamento econômico mais elaborado.
De fato, pagamos muito caro pela nossa gasolina e ainda importamos. Pagamos muito caro pelo nosso etanol e ainda importamos. Existem diversas razões para isso, não apenas atribuíveis ao cérebro deformado do Sr. L.I, mas o sentido geral das políticas estatizantes e autonomistas foi ele quem determinou. Esse Senhor fez muito mal ao Brasil, e vai continuar fazendo, infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida


Célio Pezza*, 13/10/2011

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar. Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos. Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio. Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina. (Quem é inteligente e competente não fala, FAZ)

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobrás Biocombustíveis. Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada na gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum), compraram no último ano, várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25% do setor. A verdade é que hoje, este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo. Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.
***
L.I. usou a mentirinha acima para se enaltecer e eleger sua candidata. Jogou sujo, mais uma vez, pois sabia que, quando suas patifarias começassem a transbordar, seria no governo seguinte, deixando-o sem responsabilidade por tanta porcaria, ao menos diante dos eleitores que acreditaram nele. Por isso é preciso ser lembrado, sempre, de que ele é o principal causador tanto pela consequencia dos seus erros que começam a surgir, quanto pelos erros cometidos por sua sucessora, pois ele jurava que a atual presidente seria a melhor coisa para o país.  Quem elegeu Dilma não o povo que nem a conheia, foi L.I.

*Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete PortasAriane, e o seu mais recente A Palavra Perdida (www.celiopezza.com).

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Retrocede Brasil (5): monopolios e obrigatoriedade nos combustiveis

Insondáveis são os desígnios de deus e as escolhas do governo.
Pelo menos no que se refere a combustíveis.
Quando o petróleo aumentou barbaramente, pela primeira vez, o governo brasileiro, em lugar de fazer um ajuste pelos preços e tratar da recomposição da matriz energética como todo mundo, escolheu fazer dívida externa para continuar importando petróleo. Enfim, pode-se até dizer que foi uma medida "racional", pois sobravam petrodólares e as taxas de juros eram inferiores à inflação da OCDE. Deu no que deu: a dívida saltou três vezes e colocou-nos no buraco quando os juros aumentaram acima mesmo dos níveis históricos reais do capitalismo.
Ao mesmo tempo o governo iniciou um alucinante programa de substiuição de combustível, introduzindo o álcool subsidiado na matriz de combustíveis, financiando a despesa com mais inflação, que todos pagamos, mesmo aqueles que não usavam carro a álcool, ou qualquer tipo de automóvel.
Passou, com os prejuízos de sempre: fim de subsídios, virtual desaparecimento dos motores a álcool e real sucateamento de quem tinha carros idem. Passou, mas a conta ficou.
Depois, o governo (não este) fez a coisa certa: liberalizou o setor e o álcool passou a ser ofertado em bases de mercado, assim cada um podia escolher. A tecnologia (de mercado, não do governo) avançou para fornecer motores híbridos, o que me parece muito bem.
Até que veio um governo maluco e se sentiu ecológico bastante para sair patrocinando combustível de cana mundo afora. Never mind que não deveria ser nossa vocação sair plantando cana para fornecer etanol ao mundo inteiro, e que no meio do caminho o mesmo governo resolveu sujar a nossa matriz energética patrocinando uma aventura petrolífera estatal sem pé nem cabeça.
Enfim, o problema não está em diversificar a matriz. O problema está em que este governo, e um pouco todos os governos, são autoritários e intrusivos a ponto de tornar obrigatória qualquer solução que poderia ser encontrada pelo mercado num sistema de regulação aberta, permissiva, voluntária.
Não, assim como o governo decreta o monopólio da Petrobras para isto e mais aquilo, ele decreta quanto álcool se deve agregar à gasolina, etc. Quando a dinãmica do mercado muda, o consumidor fica à mercê dos monopólios setoriais e das regulações compulsórias.
Mas essa ainda é tradicional. Mais estúpida ainda foi a medida do governo que determinou a inclusão do biodiesel no diesel petróleo, em percentuais obrigatórios na escala do tempo, sem JAMAIS ter perguntado se o mercado se adequaria a isto. Ou seja, sem jamais levar em conta preços relativos, base produtiva, etc.
Agregando à estupidez, o governo pretendeu que o biodiesel seria feito de mamonas assassinas, quero dizer, de óleo de mamona feito por famílias de camponeses pobres do Nordeste. Juntar matriz energética com problema social é a coisa mais estúpida que existe, mas este governo é capaz de fazer estupidezes desse tamanho sem jamais se perguntar o que uma coisa tem a ver com a outra.
Deu no que deu: as mamonas assassinas não se materializaram -- e isso depois de muito dinheiro gasto em projetos e fábricas simplesmente inviáveis e o biodiesel é mesmo feito sem nenhuma mamona assassina, só com a prosaica soja.
Pouca gente neste Brasil, menos ainda jornalistas, se pergunta quanto dinheiro nosso foi gasto em projetos estúpidos do governo.
Parece que eles não se corrigem: tornam tudo obrigatório (no petróleo ainda é o caso): o monopólio de fato da Petrobras é responsável em parte pelo atual desabastecimento e alta dos preços.
Pelo menos tornaram mais aberta a obrigatoriedade do álcool anidro na gasolina: não resolve mas amplia as possibilidades de abastecimento. Sempre me surpreenderei com burrices de certos governos.
Paulo Roberto de Almeida

Governo autoriza menos álcool na mistura para gasolina não subir
Martha Beck, Luiza Damé e Monica Tavares
O Globo, 29/04/2011

O governo deu ontem o primeiro passo numa política permanente para garantir o abastecimento de etanol no mercado e minimizar os impactos da entressafra da cana-de-açúcar nos preços dos combustíveis. Uma medida provisória (MP) que será publicada no Diário Oficial dá à Agência Nacional do Petróleo (ANP) o poder de regular os estoques de etanol no país. Além disso, o texto amplia a margem com a qual a equipe econômica pode trabalhar se tiver que mexer na mistura do álcool anidro na gasolina. Esse intervalo, que hoje varia entre 20% a 25%, passou para 18% a 25%.

Segundo técnicos da área econômica, a ideia no futuro é estabelecer uma regra pela qual o percentual sempre seja reduzido nos primeiros meses de cada ano, quando a oferta do produto cai em razão da entressafra. O novo intervalo torna a calibragem da mistura mais fácil e dá mais margem de manobra ao governo caso os preços do álcool disparem.

No caso da ANP, regular os estoques significará ter mais controle sobre o setor sucroalcooleiro e monitorar indicadores como níveis de produção, estoques e fluxo de comercialização das usinas. A agência será responsável pela comercialização, estocagem, exportação e importação de etanol. Para isso, o etanol ganhou o status de combustível.

Numa ação mais emergencial, o governo também estuda mexer imediatamente na mistura do álcool à gasolina em razão da disparada dos preços do etanol no mercado doméstico, que está pressionando a inflação. Neste caso, no entanto, o martelo ainda não foi batido. Como a entressafra da cana já está chegando ao fim, o etanol tende a cair ao longo das próximas semanas e reduzir as pressões sobre os combustíveis.

— Tudo vai depender do comportamento dos preços — disse um técnico, lembrando que, em alguns dias da semana passada, o álcool chegou a ficar mais caro que a gasolina nas refinarias.

Isso porque, além de estar praticamente sem reserva de etanol, as pequenas distribuidoras tiveram dificuldades de logística para entregar o produto. O comportamento, explicam os técnicos, também foi influenciado pelos feriados da Semana Santa, quando a maioria dos postos elevou pedidos. As distribuidoras, que não dispunham de álcool adicional, subiram preços.

Embora o governo costume alterar a mistura do álcool à gasolina para se preparar para a entressafra, a ação não faz parte de uma política. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que tem observado abusos nos preços dos combustíveis no país:

— Há nove anos o preço da gasolina não tem aumento nas refinarias. Mas ela passa pelas distribuidoras, pelos postos, e o mercado é livre para estabelecer os preços.