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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O GRANDE FRACASSO da diplomacia bolsonarista - Roberto Venegeroles, Paulo Roberto de Almeida

Transcrevo primeiro a postagem de Roberto Venegeroles, extremamente relevante, e comento mais abaixo.

O que Eduardo Bolsonaro realmente queria com Trump em agosto passado?
Até onde pude acompanhar, talvez nossos jornais tenham comido uma bola na semana passada. A Bloomberg deu um furo de reportagem no último dia 10 revelando que Trump não tem planos de incluir o Brasil na OCDE, ao contrário do que aspirava o governo Bolsonaro. Isso foi noticiado por todos os jornais.
Mas parece que faltou fazer a pergunta retroativa aí em cima no título, talvez porque ninguém tenha se dado conta da cronologia dos acontecimentos:
28/08 - Trump encaminha carta à OCDE recomendando ingresso somente de Argentina e Romênia na organização, Brasil sequer é citado na carta. Isso só seria revelado publicamente pela Bloomberg pouco mais de um mês depois.
29/08 - Eduardo Bolsonaro, o chanceler Araújo e o assessor Filipe G. Martins viajam para os EUA para uma reunião com Trump. O encontro não estava previsto nas agendas de Trump e de seu secretário Mike Pompeo.
30/08 - O trio reune-se com Trump por 30 minutos em um encontro não aberto à imprensa para registro de imagens. Trump não registrou o encontro em sua agenda oficial e não o comentou em seu Twitter, como seria de sua praxe.
Quando anunciou a viagem da comitiva aos EUA no mesmo dia de partida, Eduardo Bolsonaro disse que o objetivo era agradecer Trump por seu apoio na cúpula do G7, que teve Macron como crítico do presidente Bolsonaro devido às queimadas na Amazônia.
Na saída do encontro, Araújo não fez nenhum anúncio novo de ajuda ou parceria com os EUA na questão da Amazônia ou em qualquer outra questão, afirmando que a visita foi “simbólica”, para mostrar que os dois países “estão na mesma página”.
Penso que a cronologia sugere um encontro com Trump feito às pressas, com motivos não devidamente esclarecidos, que a Casa Branca evitou registrar oficialmente, e anunciado um dia após Trump encaminhar sua decisão à OCDE (que se tornaria pública somente há quatro dias). Ao contrário do que o governo alegou, parece uma evidência de que foi mesmo pego de calça curta com a decisão de Trump, tentando revertê-la num ato desesperado de convencimento cara a cara na Casa Branca em 30/09.
Ou são apenas coincidências?
(14/10/2019_
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Meu comentário (PRA):

Roberto Venegeroles efetua aqui um importante exercício de jornalismo investigativo — no lugar dos jornalistas — que talvez seja o mais crucial no contexto de todos os grandes fracassos e desastres da Bolsodiplomacia aloprada, que comentei nesta manhã neste mesmo espaço, e por isso merece nossos cumprimentos e admiração, justificando, se fosse possível, um “Prêmio Esso de Jornalismo do Facebbok”.
Pode ser especulação, mas ele está revelando a missão mais desesperada dos dois amadores em diplomacia, Bolsokid e Robespirralho, na tentativa afinal fracassada de evitar o vergonhoso naufrágio da diplomacia de submissão não correspondida que os promotores dessa diplomacia abjeta pretenderam obter de uma administração que, fiel ao slogan de seu presidente sem princípios, só consegue pensar nela mesma.
A confirmar-se a sequência — que NÃO deve estar devidamente registrada nos telegramas oficiais da embaixada em Washington —, trata-se do mais rotundo fracasso até aqui encaixado pela série de desastres sucessivos produzidos pela tribo de trapalhões que pretende conduzir a diplomacia brasileira.
Mais grave ainda, essa malta de incapazes tentou esconder a vergonha, chegando a mentir descaradamente para a imprensa e a sociedade brasileira. Só perdem para o presidente laranjão, mentiroso contumaz e sem vergonha, que chamou a carta oficial do mais deplorável Secretário de Estado de “fake News”.
O assunto precisa ser devidamente investigado não só pela imprensa, mas igualmente pelo Congresso brasileiro.
Parabéns ao Roberto Venegeroles.