Sobre “cartas de leitores” e “comentários” nas redes sociais: o mergulho na barbárie
Paulo Roberto de Almeida
Sou, sempre fui, um grande leitor das seções de “cartas de leitores” nos jornais e periódicos impressos, que são selecionadas e publicadas, e desde algum tempo dos “comentários” da audiência de quaisquer lives interessantes, e neste caso já não há mais seleção por editores responsáveis,: entra tudo de cambulhada, do bom, do mau e do feio.
Posso dizer que fico realmente impressionado, não exatamente com as reclamações, críticas ou argumentos contrários ao que diz, ao que disse o palestrante, eu mesmo, por exemplo.
Fico supreendido e até estarrecido com a violência de ataques grosseiros, ofensas raivosas, expressões de ódio e xingamentos dos mais escabrosos que são expelidos por uma malta de obscurantistas, ignorantes e intolerantes que dispõem atualmente de todas as condições técnicas para divulgar suas vulgaridades dignas dos mais rasteiros dos bárbaros sanguinários, uma tropa de boçais incultos que não mais estão contidos pela consciência de sua própria idiotice consumada. Trata-se de um fenômeno novo na história da humanidade, que significa o poder atribuído aos mais idiotas de expressar livremente sua agressividade, seu ódio à inteligência e à cultura, especialmente magnificadas desde que um grande idiota chega ao poder!
Estamos em face do triunfo dos idiotas, que vão nos vencer pelo número, de que falava Nelson Rodrigues?
Provavelmente! Mas eles não vão conseguir enterrar a inteligência e a cultura de forma permanente; são apenas temporariamente e parcialmente dominantes, o que já aconteceu, por exemplo, na guerra civil espanhola — no caso do coronel Milan Astray —, mais recentemente nos Estados Unidos sob o mentecapto Trump, e ainda agora no próprio Brasil com o boçal do Bolsonaro.
São momentos que nos constrangem e nos envergonham, pois representam a ascensão do obscurantismo, do ódio à inteligência, da intolerância com respeito à cultura, da recusa do saber, da negação da ciência. Tristes tempos, que depois passam, mas que mortificam, por saber que a ignorância crassa ainda encontra guarida em nossas sociedades.
Conclusão:
As hordas de Atila deixaram os cavalos nas planícies europeias e embarcaram nas redes sociais, a todo galope, em direção à ignorância...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 6/04/2021