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sábado, 15 de agosto de 2020

Ricardo Bergamini e Claudio Janowitzer sintetizam o Brasil atual: derrocada mental

Enquanto a elite brasileira desprezar números, gráficos e tabelas não haverá salvação para o Brasil, conforme pensamento abaixo: 

Andrei Pleshu, filósofo romeno.

“No Brasil, ninguém tem a obrigação de ser normal. Se fosse só isso, estaria bem. Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é proibido. O Brasil onde você pode dizer que dois mais dois são cinco, sete ou nove e meio, mas, se diz que são quatro, sente nos olhares em torno o fogo do rancor ou o gelo do desprezo. Sobretudo se insiste que pode provar”. 

O nível da escuridão e das trevas no Brasil atual é provado, de forma cabal e irrefutável, quando os bolsonaristas me agridem, ofendem, desprezam e humilham, apenas por continuar a fazer um trabalho que faço desde 1998, e que até 31/12/2018 eram utilizados por esses falsos liberais em seus artigos, debates e palestras e que, em sua grande maioria pediram sua exclusão da minha lista de leitores, por não suportarem as verdades catastróficas e apocalípticas dos números macroeconômicos gerados pelo governo do líder sindical petista (CUT da Segurança). Haja vista a fuga de capitais estrangeiros iniciada em janeiro de 2019, bem como dos oito executivos da equipe de Paulo Guedes.

Momento cultural.

Todos os grandes pensadores da história da humanidade relacionaram a existência de Deus aos números e cálculos. Vide abaixo:

Reflexão

“Somente os sábios enxergam o óbvio” (Nelson Rodrigues).


De: Claudio Janowitzer=
Enviada em: sexta-feira, 14 de agosto de 2020 20:24
Para: 'Ricardo Bergamini'
Assunto: RES: Sou apenas o mensageiro das informações oficiais do governo de plantão. - 02

Caro Ricardo Bergamini,

Embora não o conheça pessoalmente, sou leitor desde o início de 2016 de seus objetivos boletins de análises macroeconômicas, que demonstram de forma solidamente bem fundamentada que os atos do ocupante da presidência, filhos, aliados (agora engrossados pelo tal “centrão”) evidenciam o enorme despreparo para a tarefa de PASSAR O BRASIL A LIMPO. Tanto que forçaram o pedido de demissão do jurista Sergio Moro – respeitadíssimo pela maioria dos brasileiros por seu trabalho anti corrupção à frente da “Operação Lava Jato”.

Pelo contrário, o tempo dedicado pelo atual executivo – na ânsia de  abafar as evidências de criminosas práticas pregressas e perpetuadas, como “rachadinhas” e “funcionários fantasmas” (levantadas pelo Ministério Público, Policia Federal, TCU, STF) - é um claro sinal de que os atuais bolsominions são meras continuações do mesmo tipo de fanatismo que caracterizou os lulistas.  

Nota: Nunca votei no Lula e seus indicados mas sim nos candidatos do PSDB. A decepção com figuras como Aécio Neves fez com que eu me filiasse ao Partido Novo a partir de março de 2018 (o único que não depende do tal “Fundo partidário” e sim das mensalidades dos seus afiliados). Participei da campanha do partido nas eleições de outubro de 2018. Acompanho o trabalho de dois deputados estaduais aqui no Rio de Janeiro e conheci dois deputados federais em recentes encontro partidário. Tenho a melhor impressão da seriedade dessas pessoas e do partido.

A mobilização pelo atual governo da máquina pública - posta à disposição de figuras ligadas à milícia como o Sr. Fabricio Queiroz – é um doloroso sinal de falta de objetividade refletida em atitudes negacionistas como a de determinar que o Exército brasileiro fabrique quantidades monumentais de cloroquina – o qual é reconhecido por entidades especializadas no mundo científico como um medicamento não indicado no combate ao Corona-vírus.

Esse doentio negacionismo – o qual motivou o transtornado Sr. Jair Messias e afirmar convictamente  que  a pandemia não causaria mais que 800 mortes,  e que se tratava de uma “histeria” diante de uma “gripezinha” – resultou num desestimulo às medidas de “isolamento” ou “lockdown” adotado nas nações que souberam reconhecer a magnitude dessa praga.
A propósito, tenho utilizado o quadro abaixo nas correspondências que troco eventualmente com um grupo de cerca de 200 “undisclosed recipients”. Fazem parte dessa lista: parentes, amigos, colegas de colégio e faculdade e das nove empresas privadas onde trabalhei na diretoria financeira aqui no Rio de Janeiro - onde nasci há 83 anos:

Temos que nos livrar com enorme URGÊNCIA das duas PRAGAS: 
 - CORONA-VÍRUS  - Solução:  ISOLAMENTO. 
 - BOLSONA-VÍRUS - Solução:  IMPEACHMENT.

Tenho 2 filhos e três netos os quais - além da enorme parcela desassistida da população brasileira – são as causas que  me motivam a não esmorecer diante do desafio de reverter o quadro atual de monumental decrepitude social, política e principalmente moral. Por essa razão apoio integralmente o esforço de pessoas como você, cujos excelentes boletins contribuem para PASSAR O BRASIL A LIMPO. Não esmoreça!

Abraços
Claudio Janowitzer
Rio de Janeiro

sábado, 16 de maio de 2020

A boçalidade infectou o Itamaraty - Rafael Moro Martins (The Intercept Brasil)

Eu só corrigiria o título: não foi o Itamaraty que foi infectado, pois o corpo profissional continua perfeitamente são e funcional. São apenas alguns poucos idiotas que se deixaram dominar pelos malucos que comandam a política externa, e que se colocaram sabujamente a seu serviço.
Corrigiria também o final: o Itamaraty não está doente.
Quem está doente, ou já era, são os que o levaram a tal situação de prostração.
Paulo Roberto de Almeida


Sábado, 16 de maio de 2020

A boçalidade infectou o Itamaraty

"Temos hoje o prazer de contar com três ilustríssimos convidados", anunciou o mediador do debate via internet. "José Carlos Sepúlveda é discípulo do eminente líder católico Plínio Correia de Oliveira, de quem recebeu formação, e um analista político brilhante no canal Terça Livre."
O próximo da lista, direto de Miami, era o tuiteiro Leandro Ruschel, "comentarista dos jornais Conexão Política e Brasil Sem Medo". “Precisamos de mais pessoas [como ele] que mesmo do exterior contribuem para instruir a opinião pública brasileira", adulou o mediador. 
Por fim, Silvio Grimaldo, editor do Brasil Sem Medo, o jornal oficial de Olavo de Carvalho, nas palavras do mediador "uma mídia que oferece uma visão bastante diferente, muito voltada à realidade, à verdade". Recém lançado, o Brasil sem Medo engrossou as fileiras dos espalhadores de desinformação, mentindo ao afirmar, por exemplo, que o coronavírus não aumentou em nada o número de mortes por causa respiratória no Brasil.
Não era um evento privado com a nata do terraplanismo, mas o segundo seminário virtual sobre a conjuntura internacional no pós-coronavírus, promovido pela Fundação Alexandre de Gusmão. Conhecida no meio diplomático pela sigla Funag, é uma "fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores", criada em 1971 para promover atividades, pesquisas e estudos sobre relações internacionais. 
Nada disso deu as caras durante as duas horas e 45 minutos do debate que o ministro de segunda classe Roberto Goidanich, atual presidente da Funag, mediou na última terça-feira à noite e que tive o desprazer de assistir para contar a vocês na newsletter do TIB. Houve generosas doses do que se poderia esperar: mentiras, teorias da conspiração e pouco caso com os 12.400 mortos oficiais pela covid-19 que o Brasil contava àquela altura. 
"O superdimensionamento da crise do coronavírus é baseado em modelos matemáticos futuros, semelhantes aos usados para espalhar o caos climático", bradou Sepúlveda, um português radicado no Brasil desde a década de 1970 que foi protegido do fundador da Tradição, Família e Propriedade, a TFP, braço ultra-reacionário do catolicismo. "[Diziam que] Veríamos mortos nas ruas", zombou.
" A ciência nunca vai poder decidir o que é melhor para nós mesmos. Pedem mil provas da eficácia da hidroxicloroquina mas nenhuma do isolamento social", concordou Ruschel, um dublê de economista que passa o dia defendendo Bolsonaro no Twitter. 
Olavo não apareceu. Mas um único post dele no Twitter, minutos antes do debate, deu um resumo do que se ouviria. Natural: a Funag se tornou uma difusora do pensamento do guru ideológico do bolsonarismo.


O Itamaraty escancarou suas portas a Olavo de Carvalho com a nomeação de Ernesto Araújo. "Ele é mais um entre vários [do governo] que não tinha espaço entre os grandes em sua área, como Paulo Guedes, Abraham Weintraub. O que o garante no cargo é o fato de ser discípulo fiel de Olavo de Carvalho", me disse Guilherme Casarões, professor da FGV e pesquisador de política externa.
"Como depende do olavismo para existir como figura pública, Ernesto precisa dar palanque e amplificar a voz dele. A Funag é usada não só para  legitimar ideias estapafúrdias mas também para cacifar pessoas que até ontem não tinham a menor relevância", prosseguiu Casarões. É, como já se falou, a vingança dos ressentidos.
Araújo foi uma escolha de Eduardo Bolsonaro e de Filipe Martins, o assessor de Jair para assuntos internacionais cujo maior predicado é ter sido aluno de Olavo de Carvalho. Martins foi o primeiro da turma a ser convidado para proferir um seminário na Funag – falou sobre o que chama de globalismo, em maio passado.
Desde então, um compilado de nomes desconhecidos até a ascensão da extrema-direita falou perante plateias de diplomatas e na internet – todos os seminários são transmitidos e ficam disponíveis num canal no YouTube.
Seguiram-se eventos parecidos com gente como os influenciadores Flávio Morgenstern (condenado a pagar R$ 120 mil a Caetano Veloso por promover um linchamento público no Twitter, acusando o cantor de pedofilia) e Alexandre Costa (autor de livros que batem George Soros e sociedades secretas no liquidificador para fazer panfletagem terra-planista), a juíza Ludmila Lins Grilo (que garante haver uma conspiração de colegas ativistas a favor do globalismo), o professor de direito Evandro Pontes (auto-denominado “tio careca”) e a deputada federal Chris Tonietto, do PSL fluminense, para quem “o meio ambiente também não pode ser tratado como se fosse Deus”. 
Tido como funcionário correto no Itamaraty até ser guindado por Araújo ao comando da Funag, Goidanich se proclama um "soldado da atual política externa", me contou o embaixador Paulo Roberto de Almeida. "Ele é alguém que se prestou a ser um serviçal do chanceler acidental, que por sua vez é serviçal dos malucos que mandam na política externa", resumiu.
"Ele engajou a Funag numa guerra cultural contra o que veem como uma ameaça que é o que se chama de globalismo", me falou um embaixador que ocupa um cargo importante no Itamaraty, pedindo sigilo.
"Está em busca de promoção, por isso estará alinhado com qualquer coisa que o ministro solicitar da instituição", resumiu um outro diplomata que é próximo ao setor militar e também prefere não se identificar por medo de represálias. 
No debate de terça passada, Grimaldo fez questão de agradecer "também ao ministro Ernesto Araújo pelo convite". Mas Goidanich pareceu à vontade no papel de bajulador de gente que usa o Itamaraty para ganhar a relevância que jamais teria por conta própria.
Quem não acredita tem uma nova chance de conferir nesta terça, dia 19, para quando está marcada uma nova rodada – a terceira – do seminário sobre a conjuntura pós-coronavírus. Os debatedores da vez são mais do mesmo: o condenado Morgenstern (seu sobrenome verdadeiro é Azambuja), a juíza Grilo e o youtuber Bernardo Küster, que costuma reproduzir mentiras como a que afirma categoricamente que "o parlamento francês legalizou a pedofilia".
Eu pedi comentários a respeito dos eventos olavistas ao Itamaraty. Não recebi nada até fechar este texto. Enquanto isso, as baboseiras e mentiras com o selo da Funag seguem à disposição no YouTube. 
"Espero que o espectador não encare visão dos nossos convidados como as da Funag ou do Itamaraty", despistou Goianich, ao final do debate de terça passada, antes de mandar a real. "Mas os supostos especialistas defendem ideias globalistas e este tipo de ideia [olavista] não tem muito espaço. Agradeço canais que reproduzem nossos debates. O objetivo é disseminar o conhecimento." 
Foi prontamente atendido. As teorias da conspiração, na versão 2020, vão com chancela do Itamaraty, emporcalham a imagem do Barão do Rio Branco e atiram na privada o bom trabalho de décadas que tornou a diplomacia brasileira respeitada e influente no mundo. 

O Itamaraty está doente.


Rafael Moro Martins
Editor Contribuinte Sênior