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domingo, 2 de setembro de 2012

Capes contraria 'a revalidacao automatica de diplomas

No que faz muito bem.
Paulo Roberto de Almeida 

ESTABILIDADE ACADÊMICA
Por Marília Scriboni

Revista Consultor Jurídico, 4 de julho de 2012

"O Conselho Técnico-Científico da Educação Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível (Capes), ligado ao Ministério da Educação, é contrário à revalidação automática de diplomas de pós-graduação obtidos no exterior. O grupo encaminhou nota técnica sobre o assunto no último 26 de maio ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Para o grupo, “a adoção desse procedimento comprometeria todo o Sistema Nacional de Pós-Graduação stricto sensu, suas exigências e resultados, bem como sua estabilidade acadêmica e científica para a formação de quadros de nível de excelência internacional.
Algumas universidades do Mercosul vêm oferecendo mestrados em áreas como Economia, Direito, Administração e Medicina em dois meses, juntamente com pacotes de férias. É esse tipo de prática que a Capes vem querendo barrar, além das diversas ações judiciais que tentam fazer a revalidação automática dos diplomas. Há, inclusive, projetos de lei no Senado e na Câmara que tentam permitir a revalidação para cursos feitos em países de língua portuguesa e membros do Mercosul. Assim, a nota serve como um ato simbólico e um aviso de que os cursos desse tipo não são aceitos no Brasil.
O documento diz que “é motivo de muita preocupação que a revalidação automática de diplomas obtidos no exterior seja adotada sem exame e comprovação do trabalho científico, tecnológico, educacional e de inovação realizado tanto pelo portador do título, como pela instituição que o titulou”.
Ainda de acordo com a nota, “a República Federativa do Brasil persegue o objetivo de excelência e reconhecimento internacionais de seu sistema de pós-graduação, o que somente se mostra possível com a definição de parâmetros aceitos pela comunidade acadêmico-científica nos âmbitos nacional e internacional”.
A Capes diz, ainda, que “inexiste exemplo de país onde a revalidação de títulos obtidos no exterior seja aplicada automaticamente por ato normativo do Poder Legislativo, sem processos ou acordos construídos pela própria comunidade científico-acadêmica”. O assunto é regulado pela Lei 9.394, de 1996, que aprovou as diretrizes e bases da educação nacional.
O artigo 48 da lei estabelece que “os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular”.
Hoje, são três as possibilidades: Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação; Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação e os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior."
Marília Scriboni é repórter da revista Consultor Jurídico.

domingo, 17 de junho de 2012

O brejo acadêmico: quanto pior melhor? - Editorial Estadao

A universidade brasileira, sobretudo as federais, estão indo para o brejo há muito tempo, sobretudo em termos de qualidade, embora muitos podem discordar de minha opinião. Eu apenas me baseio no que vejo na área de Humanas, o que há de mais próximo do sindicalismo exacerbado que também contribui para mandar a universidade para o brejo. Minha previsão seria a de uma decadência bem clamorosa, para ver se, com uma supercrise, se poderia pensar em reformar esse monstro sem controle. Mas sou pessimista...
PRA

Impasse nas federais

Editorial O Estado de S.Paulo, 17 de junho de 2012 | 3h 05
A greve das universidades federais, que paralisa as atividades de graduação e pós-graduação de 55 das 59 instituições de ensino superior da União, completa o primeiro mês com um impasse e um incidente.
O impasse foi causado pelo fracasso da última reunião entre representantes do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) e da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, realizada em Brasília. Depois de mais de três horas de discussões, o governo pediu uma trégua de 20 dias para apresentar um novo projeto de carreira para os professores, mas a proposta foi rejeitada. O governo quer adotar um plano de cargos e salários semelhante ao dos servidores da área de ciência e tecnologia e tem pressa em chegar a um acordo. O Palácio do Planalto teme que a greve se espalhe para outros setores do funcionalismo público, justamente num ano eleitoral. Os grevistas, contudo, acusam os Ministérios do Planejamento e da Educação (MEC) de insistir em diretrizes que já foram recusadas pelo Andes há pelo menos um ano e meio.
Já o incidente ocorreu no câmpus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Protestando contra a superlotação das salas de aula e a falta de um mínimo de infraestrutura, os estudantes invadiram as dependências da diretoria acadêmica e 26 foram presos, depois de um confronto com a Polícia Militar (PM). Eles foram levados à sede da Polícia Federal e indiciados pelos crimes de dano ao patrimônio e constrangimento ilegal.
Os líderes estudantis acusam os dirigentes da Unifesp de terem chamado a tropa de choque. Mas, vinculados ao PT e não querendo criar problemas políticos para o ex-ministro Fernando Haddad, candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, os dirigentes alegaram que a PM teria ido ao câmpus de Guarulhos por "conta própria". A informação foi desmentida pela PM. Segundo o alto comando, foi o setor de segurança da Unifesp que pediu providências para preservar o patrimônio da instituição. Uma semana antes, os dirigentes da Unifesp haviam pedido à Justiça que convocasse a PM para promover a reintegração de posse, autorizada pela Justiça, das dependências da diretoria acadêmica em Guarulhos.
Os professores das universidades federais têm duas reivindicações. A primeira é a exigência de um novo plano de carreira docente. A segunda reivindicação está diretamente atrelada aos seis anos em que Haddad esteve à frente do MEC. Durante sua gestão, foram criadas 14 novas universidades e autorizada a ampliação de muitos campi já existentes. A expansão da rede federal de ensino superior foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Lula e de sua candidata, Dilma Rousseff, no pleito de 2010.
O problema é que quase todas as universidades inauguradas com muita pompa e comício, por Haddad e Lula, estão ocas até hoje. "As condições de trabalho não acompanharam a expansão. Faltam bibliotecas, prédios, professores em número adequado. O ambiente de aprendizado está com prometido", afirma Marina Barbosa, presidente do Andes - entidade que durante anos esteve sob o controle do PT. Esse também é o entendimento dos especialistas em educação. "A política de expansão acelerada não obedeceu a nenhuma avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições onde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores, mesmo quando não havia candidatos qualificados, e sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados", diz Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
A última greve dos professores foi em 2005, ano em que começou a expansão da rede de universidades federais. Sete anos depois, o setor está em crise e não há sinais de que será uma crise de breve duração. Pelo contrário, os docentes acabam de receber o apoio dos técnicos da educação federal - uma categoria que cruzou os braços por mais de cem dias, em 2011.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

Jornalismo brasileiro: um pequeno retrato...

Claro, nem todo jornalismo brasileiro é assim, mas algumas faculdades de jornalismo permitem que cavalgaduras deste tipo consigam se formar: 
Coluna Plantão do Interior, do jornal Meio Norte, de Teresina:
Cabeleireira Adriana, acusada de matar milhonário, foi absorvida nesta madrugada

sábado, 26 de novembro de 2011

A educacao brasileira retrocede cada vez mais, e vai continuar retrocendo - gracas a Anpuh...

Uma sumidade educacional acredita que o PISA é uma "imposição da OCDE".
É a melhor garantia de que a educação brasileira vai continuar indo para o brejo. Graças a cavalgaduras que pensam assim...
Paulo Roberto de Almeida


Associação Nacional de História 
Informe ANPUH - edição 17, ano 3
25 de novembro de 2011 17:06


Aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro nas dependências do Conselho Nacional de Educação - CNE o Seminário Internacional sobre Avaliação na Educação Básica. Estavam presentes representantes do Canadá, Chile, Portugal, Argentina e Equador para debaterem as experiências internacionais de avaliação do programa PISA – Programme for Internacional Student Assessment. Foi um evento para nos fazer refletir sobre o processo de avaliação da educação básica, no qual estão envolvidos 65 países. Mais do que um processo avaliativo, o PISA é um indicador desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O PISA constitui-se em um programa internacional que avalia o desempenho de estudantes na faixa-etária dos 15 anos, idade média do término da escolaridade básica obrigatória na maioria das nações. O indicador é resultante das provas adotadas a partir de um eixo temático de três áreas distintas que as compõem: Leitura, Matemática e Ciência. Em sentido estrito, trata-se de um teste padronizado para aferir e avaliar a qualidade dos sistemas educacionais nestes países, incluindo o Brasil.
Para quase todos especialistas que estiveram presentes ao seminário a aplicação destes testes é apresentada como uma solução simples para o que, na realidade, é uma questão muito mais complexa. Ou seja, o PISA, assim como qualquer outro instrumento de avaliação de desempenho, apresenta, no melhor dos casos, uma fotografia de uma parte que os alunos podem realizar, todavia, estes mesmos testes não nos dizem tudo o que podem fazer nem porque podem ou não fazer.
Nesse sentido, o PISA tem levado muitos governos, incluindo o nosso, a orientarem suas formulações no campo da educação pelos resultados do referido programa. Destaque-se também o papel da mídia, que dá publicidade, a partir de manchetes sensacionalistas, sobre o desempenho dos países em função da pontuação recebida. É singular o modo como o governo se posicionou sobre os resultados do PISA: "O Pisa produz indicadores que contribuem, dentro e fora dos países participantes, para discutir a qualidade da educação básica e subsidiar políticas nacionais de melhoria da educação. O Ministério da Educação usará seus resultados para orientar os investimentos e ajudas técnicas com mais efetividade. É a primeira vez que os dados são divulgados por estado, diz o ministro Fernando Haddad".
Para além destes aspectos, vale destacar que estas avaliações padronizadas e seus usos estão marcadas cada vez mais pela inserção dos países participantes no mercado global, em que a educação está sendo submetida. Não podemos considerar uma avaliação que testa apenas um grupo de três áreas do conhecimento (matemática, ciências e leitura) possa determinar a qualidade do sistema educacional. É importante questionar porque outras disciplinas como as das áreas das Ciências Humanas, desprivilegiadas e não avaliadas? Portanto, esse programa não pode ser visto ou analisado como um instrumento que ofereça um julgamento definitivo da qualidade do sistema educacional de um país.
No último resultado da avaliação, o Brasil ocupou a 53ª colocação, entre os 65. O país ficou um ponto à frente da Colômbia, mas um ponto atrás da Jordânia. Estas diferenças de um ponto para cima ou para baixo nos fizeram melhor ou pior que estes países? A nossa educação, a partir deste resultado, melhorou? Estas tabelas criam de fato uma expectativa positiva ou negativa na mídia, que de posse destes dados, tão limitados e simplistas, estimulam padrões de avaliação desenvolvendo o "ranqueamento" das escolas criando a falsa impressão de que estas estatísticas são de alguma forma, um ranking das melhores e piores escolas do Brasil, criando-se a panacéia da comparação.
O convite formulado a Anpuh pela Câmara de Educação Básica nos colocou diante dos reais problemas advindos do programa PISA e que parecem orientar o MEC e sua enxurrada de avaliações, tais como a Provinha Brasil, Saeb, Prova Brasil, Encceja e Enem. Portanto, termos participado deste seminário, foi fundamental para entendermos que os processos de avaliação a que estamos submetidos, notadamente na educação básica, são frutos dos acordos bilaterais e da imposição de organismos como a OCDE.
Por tudo isso, não podemos deixar de estar presentes nestes fóruns, nem delegar a outros o papel de também discutir os modelos de avaliação que serão implementados no futuro documento das Diretrizes Conceituais e Operacionais para a Avaliação na Educação Básica.
Carlos Augusto Lima Ferreira
Departamento de Educação e Mestrado em História da UEFS
2º Secretário da Anpuh Nacional

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O que falta para melhorar o Brasil - Michael Reid (The Economist)


Uma matéria antiga, do ano passado, mas ainda válida...

Para editor da 'Economist', ‘Brasil grande’ deve evitar ‘Petrobras grande’

Petrobras colocou ações à venda recentemente
Petrobras colocou ações à venda na Bovespa recentemente
Para se transformar em um país desenvolvido, o Brasil precisa cuidar bem da exploração do petróleo da camada pré-sal, melhorar a qualidade da educação pública, estabelecer regras para aumentar a atração de investimentos privados de longo prazo e acelerar a redução da pobreza e da desigualdade.
A avaliação, com quatro pontos principais, é de Michael Reid, editor da revista britânica The Economist para as Américas e ex-correspondente da publicação no Brasil.
Reid é um dos especialistas ouvidos pela BBC Brasil como parte da série 'O Que Falta ao Brasil?', que discute os desafios do Brasil para se tornar um país desenvolvido.
Para o jornalista, o próximo governo brasileiro deve administrar o desenvolvimento do petróleo do pré-sal de maneira eficiente e de uma forma que não acabe transformando a Petrobras “em uma companhia inchada e superampliada”.
Ele diz ainda que o governo deve “evitar que a receita do petróleo corrompa as instituições públicas”.
O segundo ponto, segundo Reid, é a qualidade da educação. “O país precisa continuar e aprofundar a qualidade da educação pública”.
A atração de investimentos privados é a terceira questão considerada por ele importante para que o Brasil consiga se tornar um país desenvolvido.
“O governo deve ser muito mais agressivo ao estabelecer regras para atrair investimentos privados de longo prazo, principalmente em infraestrutura”, afirma Reid.
“O governo Lula passou oito anos nos quais fez pouco para estabelecer um marco regulatório para atrair investimentos privados”, avalia.
Para o editor da Economist, o programa Bolsa Família fez “um trabalho fantástico” para reduzir a pobreza e a desigualdade no país, mas isso ainda é insuficiente.
“O Brasil precisa ir além do Bolsa Família para reduzir a pobreza e a desigualdade de maneira mais agressiva”, afirma.
Reid cita ainda um quinto ponto que considera importante, o combate ao crime e à violência, mas faz a ressalva de que grande parte dessa responsabilidade não é do governo federal, mas dos Estados por meio de suas polícias civis e militares.

domingo, 13 de novembro de 2011

A imbecilizacao da educacao brasileira: um processo irremediavel?

Respondo pela afirmativa, com agravantes. Sim, acredito, não por uma crença pessoal, subjetiva, mas por conhecimento próprio, objetivo, que a educação brasileira, em todo e qualquer nível, e quanto mais alto pior, está, sim, em sério, acelerado e dramático processo de deterioração.
Não se trata apenas de mediocrização, o que já vinha ocorrendo antes que companheiros debilóide assumissem o comando da máquina de imbecilização social que constitui o MEC e outras agências da educação pública (mas que influenciam poderosamente o ensino privado, também).
O processo é muito pior, mais preocupante, perfeitamente dramático, totalmente previsível, infelizmente irrecorrível e aparentemente permanente: sim, estamos caminhando para a imbecilização completa da educação brasileira.
Nunca antes, tantos idiotas ocuparam tantos cargos nas instituições públicas de ensino, aquelas que determinam os padrões de ensino, que escolhem os livros que os estudantes vão ler (suponho) e aprender (aí já é uma hipótese), que nomeiam os outros idiotas que dirigem departamentos, secretarias e outras seções que dão as diretrizes para a implementação de programas idiotas, racistas, classistas e imbecilizantes -- como a obrigatoriedade de cursos dispensáveis em vários níveis, a exemplo de estudos afrobrasileiros e espanhol no primário e sociologia e filosofia no médio -- e que confirmam a continuidade da (de)formação de professores inúteis para uma educação medíocre que promete infernizar a vida dos alunos, de todos os alunos, pelo futuro previsível, e que deve continuar afundando intelectualmente o Brasil até onde a vista alcança e mais além. 
O que vai reproduzido abaixo é apenas uma pequena parte desse processo de imbecilização, e talvez não o mais importante ou dramático, pois conforma apenas um exame.
Alunos espertos podem entender o que os idiotas que formularam as perguntas querem que eles respondam e se conformar perfeitamente ao padrão imbecil pelos poucos minutos que vão estar envolvidos no exame idiota, responder o que se espera, e depois esquecer.
Muito mais grave é todo o processo de formação de professores -- com a pedagogia imbecilizante baseada em teorias idiotas, e manias ultrapassadas como Paulo Freire -- e de pedagogas ativas, as novas saúvas do Brasil, que preservam todo o conteúdo inútil que é servido muito mal a todos os alunos.
Grave também é a máfia sindical dos professores que ficam lutando por isonomia e benefícios materiais perfeitamente simétricos e sem qualquer conexão com o desempenho do professor e a perfomance geral do curso em causa.
Também grave é o culto das ideologias esquerdizantes, das concepções racistas sobre nossa formação étnica, do socialismo mais primário e rastaquera que possa existir, o que denota, mais do que militantismo político apenas ignorância e intolerância.
Enfim, tudo está errado na educação brasileira e vai demorar muito tempo para começar a consertar, se concertar...
Depois escrevo mais a respeito.
Paulo Roberto de Almeida 
PS1: Por ter lido alguns comentários a este post no avançado da noite no iPhone, sempre limitado em sua tela, acabei clicando errado num deles, o do Cristiano, colocando Recusar, em lugar de Aceitar (o espaço é diminuto). Depois não deu para consertar, pois o sistema do Blogger é implacável. Vou colocá-lo manualmente, desculpando-me pelo fato de aparecer sob meu próprio nome, e não no de seu autor legítimo, a quem agradeço e peço desculpas pelo ocorrido.
PS2: Os aliados dos idiotas que formularam essa questão imbecil nesta prova -- que deve se apresentar como eminentemente técnica em sua maior e essencial parte -- podem escrever, se desejarem, para este post, para protestar contra minhas palavras acima, exageradamente ofensivas, concordo, com muitos adjetivos e poucos argumentos substantivos, para dizer porque considero a educação brasileira em processo completo de imbecilização acelerada. Podem existir alguns visitantes deste blog que concordam, no essencial, com o que se está fazendo atualmente na educação brasileira (inclusão social, redução das desigualdades, correção do "neoliberalismo", etc). Sim, eles também têm direito à expressão neste blog, desde que venham com argumentos a favor legítimos, não com xingamentos contra este blogueiro. Eu me reservo esse direito...


Reinaldo Azevedo, 12/11/2011

A grande obra deste lamentável Fernando Haddad no Ministério da Educação é a ideologização do ensino e dos exames de proficiência em qualquer nível. O Enem, nas áreas antes chamadas “humanidades” e “comunicação” (rebatizaram tudo, com uma linguagem pseudo, como diria Tio Francis…), é, antes de mais nada, uma peneira ideológica.
Inexiste autonomia universitária no Brasil no que diz respeito ao pensamento. É permitido divergir desde que seja “no campo da esquerda”. Esses vagabundos que rejeitam a PM na USP, por exemplo, querem “autonomia” pra fumar maconha, não pra pensar. Nessa área, eles acreditam já ter descoberto a verdade.
A estupidez se espalha. Enviam-me o exame para residência médica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (íntegra aqui). Demorei um pouquinho para voltar ao blog porque estava lendo a estrovenga. Há coisas próprias da área, sobre as quais não tenho a menor idéia. Mas há outras que conheço bem. Tomo como exemplo a questão 82. Há tempos não vejo nada tão estúpido. Vou expondo a questão para vocês aos poucos, em vermelho, comentando em azul.

82 - A respeito das influências do neoliberalismo sobre a Saúde, considere as seguintes afirmativas:
Bem, temos já uma questão na largada. “Neoliberalismo” é uma palavra que indica uma escolha ideológica. É uma leitura feita pelas esquerdas sobre um momento da economia mundial, que trouxe, entre outros “desastres” para a humanidade, a moderna economia da informação… Mas vamos lá. O candidato a residente já sabe que tem de aceitar que há “influência do neoliberalismo sobre (sic) a saúde”. Vamos seguir.

1 - Têm gerado um processo de competição ilimitada, que promove uma espécie de guerra de todos contra todos à custa da saúde dos trabalhadores.
Competição de quem com quem? Entre os planos de saúde, por exemplo? Quer dizer que a competição capitalista, positiva no mundo inteiro, seria ruim só no Brasil, é isso? Os trabalhadores que têm plano privado de saúde estariam mais mal assistidos hoje do que estavam há 20 anos, quando só os endinheirados tinham essa possibilidade? Mais: o “neoliberalismo”, segundo os esquerdopatas, teria triunfado nas década de 80 e 90, certo? Foi justamente nos anos 1990 que o Brasil estruturou as bases do SUS. O serviço é deficiente, sim, mas muito melhor do que dos anos 80 para trás (piorou nos governos petistas). O estudante informado, racional, que sabe onde tem o nariz, concluiu que a afirmação está errada. PORQUE ESTÁ ERRADA! Prossegue o examinador. Vamos à segunda proposição.
2. Constituem um modelo de competição que é cego para suas consequências sociais, ao promover competição ilimitada, a aceitação da injustiça, da violência e do sofrimento no trabalho.
Uau! Notem que essa alternativa tem rigorosamente o mesmo conteúdo da anterior, só que com outras palavras. Quem fez a prova achou que não tinha sido contundente o bastante na censura ao “neoliberalismo”. E o que dizem na 3?
3. Impondo como premissa das reformas que preconiza a redução dos gastos públicos, conduz os governos a economizar à custa do sofrimento da Nação, deixando de investir em práticas sociais como Educação e Saúde.
Como se vê, já se extrapolou da saúde para as outras áreas. O Brasil tem, à diferença do que sustenta o pilantra que redigiu a questão, um alto desembolso com saúde e educação. O problema é de outra natureza: ineficiência. Reparem na linguagem: “sofrimento da nação”… Chamar educação e saúde de “práticas sociais” é coisa de analfabeto sociológico fazendo sociologice. A esta altura, o estudante informado está escandalizado. Mas também já ligou o desconfiômetro: “Espere aí: as três afirmações têm o mesmo conteúdo; são só variações em torno do mesmo tema.” Então ele saltou para a quarta suposta conseqüência.
4. Preconiza a parceria público-privada, na qual a relação do público com o privado acentua a dívida do Estado com a maioria da população e ao mesmo tempo favorece a esfera privada e a acumulação do capital.
Heeeinnn? Deu pra entender que, no fim das contas, quem enche o rabo de dinheiro é o “porco capitalista”. Em suma, não fosse o capitalismo, a saúde seria supimpa, como na China, por exemplo, onde não existe um sistema universal de atendimento. Reitero: o SUS foi estruturado na vigência do que esses ignorantes chamam “neoliberalismo”. Mas vamos à 5ª.
5. As reformas instituídas na formação dos profissionais de saúde procuram adaptá-la às necessidades atuais do capital, tendendo a reduzir os conteúdos e priorizar o alcance de determinadas habilidades e atitudes.
Quais reformas? Do que falam esses brutos? Bem, o candidato já percebeu que, segundo o examinador, esse neoliberalismo é muito mau, odeia o trabalhador e os pobres e não produziu nada de bom
ATENÇÃO, MEUS CAROS! TODAS AS AFIRMAÇÕES, MERAS VARIAÇÕES EM TORNO DO MESMO TEMA, SÃO FALSAS PORQUE A PREMISSA ESTÁ ERRADA. Mas chegou a hora de o aluno responder.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
Parece piada, não? O examinador quer apenas a adesão do candidato a seu ponto de vista. Numa questão vigarista, em que todas as assertivas são falsas, é preciso dizer que todas são verdadeiras. É um troço orwelliano, é a “novilíngua”; o sentido está sempre pelo avesso: “liberdade é escravidão”.
Essas distorções estão em todo canto, em todas as provas, em todos os cursos — chegam também ao ensino privado de todos os níveis. Parece que o Brasil será o último país do mundo a abandonar esse submarxismo chulé, que vive mandando prender “os culpados de sempre”.
O que vai acima reflete um conjunto formidável de mentiras. A saúde privada precisa é de mais competição. A exemplo de qualquer outro setor, quanto mais se disputam os clientes, mais benefícios eles recebem. É por isso que há mais telefones do que brasileiros hoje; antes da privatização, tratava-se de um serviço de luxo.
É claro que, fosse levada a sério a Justiça, a questão deveria ser impugnada. Ela não testa um conhecimento objetivo; cobra do candidato um alinhamento ideológico, uma adesão a um valor triunfante entre os examinadores, o que jamais pode ser um critério de verdade.
É um escândalo político, moral e ético.

domingo, 6 de novembro de 2011

Paulo Roberto de Almeida em Mandarim: educacao na America Latina

Recentemente, dei uma longa entrevista, por telefone e em inglês, a um jornalista chinês, Xingfu Zhu, do jornal de Shanghai Wenhui Daily. Não sei exatamente o que ele captou como informação.
O tema era a educação em países da América do Sul, que conheço apenas por leituras e visitas ocasionais para seminários acadêmicos.
Em todo caso, aqui vai a entrevista tal como publicada em chinês, seguida da tradução feita pelo Google, e portanto meio bizarra, para não dizer completamente deformada. Mas algo se pode reter.


Global window of Shanghai Wenhui Daily

Wave of student protests in Chile intensified
Neighbors began to reflect on their own system defects
South American countries:  "every family has its own problem" so far as education is concerned
Published on 2011 -10-21    Authored by  Xingfu Zhu of Shanghai Wenhui Daily


智利学生抗议浪潮愈演愈烈 邻国开始反思自身制度弊端
南美国家家家有本难念的教育经

日期:2011-10-21 作者:朱幸福 来源:文汇报


图片作者: 
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本报首席记者 朱幸福

(...)

(本报巴西利亚10月19日专电)

Global window of Shanghai Wenhui Daily

Wave of student protests in Chile intensified
Neighbors began to reflect on their own system defects
South American countries:  "every family has its own problem" so far as education is concerned
Published on 2011 -10-21    Authored by  Xingfu Zhu of Shanghai Wenhui Daily

Photo by:
The newspaper's chief correspondent Xingfu Zhu 
    
    Since yesterday, the Chilean university student organizations to hold another two-day national protest, asking the Government to carry out major reforms in education, but to protest the government's negotiations with the students appeared rupture. Chilean President Peinie La [Sebastian Pinera] said, to calm the increasingly violent student protests, the government will not hesitate to act in accordance with an emergency security law.

Chile student protests have continued for 5 months now and the government has not yet reached any compromise. How should it treat the student movement in Chile? This long-running student movement in what direction the future development? South American countries like Chile, is there a higher education issues and challenges? 
To this end, the reporter visited the University of Brasilia Center, Professor of International Political Economy Paulo Roberto de Almeida and former Brazilian Minister of Culture Jeronimo Moscardo.

Chile - the political driving force behind the student movement
    
Almeida: Behind this student movement has a left-wing parties and trade unions in Chile's complex background, they use the student movement and the right-wing government led by President Peinie La rival. Peinie La Chilean right-wing parties on behalf of the President, advocating a market economy and privatization. Look at the student protest movement in Chile, one must distinguish between what is real education, which is Chile's left-wing parties and trade unions in the background waves. Currently, Chile is about two shares of political forces around the student movement against each other, do not give. Analysts here believe that the student movement in Chile, the trend may be gradually moving towards the development of radical and violent, political forces behind the contest will only end in the next general election through the ballot to decide.

As we all know, Chile is Latin America's economic model, a very high degree of openness of its economy, currently 80% of the world's economies signed a free trade agreement. Chilean government's economic management is also very good, in the 1990s, annual economic growth rate remained at 4% -6%, and low inflation, fiscal balance, known as the Latin American region "little tiger." According to the World Economic Forum evaluation report, Chile's economic competitiveness in Latin America ranked first, the world number 30.

Bad luck is that Chile's devastating earthquake in February last year, total direct economic loss of one-tenth of the gross domestic product. Has more than 20 billion in assets Peinie La president came to power in March last year started well, just waits to be held in Chile on the occasion, erupted in Chile this year, domestic large-scale student movement. Chile's education system is really lagging behind, with its global economic competitiveness is not commensurate in many places for improvement. However, the student movement in Chile too much violence associated with the color, the student movement has been the trade unions and leftist parties around, so that the education complex and politicized. Chile's market economy, from government to provide scholarships for students from poor families is necessary, but the student movement asked the Government to provide free education for all students, free lunch and transportation, how is this possible to do so.

Argentina - is now a hundred years ago the best regression
    
Almeida: Compared with the adjacent Chile, Argentina's economy and education in Latin America 100 years ago is the best, economic strength and quality of education comparable to Europe, France, Italy and other countries. Before the outbreak of World War I in 1913, Argentina's equivalent of the U.S. 70% of national income, now shrunk to 33% of the United States. Throughout the 20th century most of the time, the quality of education in Argentina is very good. However, Peronism in Argentina destroyed the economy and education. President Peron in the 1970s created a "union republic", the radical labor movement as a tool of political manipulation of President Peron, trade unions organized a strike in order to improve benefits often strike, Argentina's economic strength and quality of education was deteriorating.

Moscardo: Argentina's high level of education, high rates of highly educated population, the country engaged in academic research particularly large number of intellectuals, many Argentines have won the Nobel Prize. However, Argentina's academic education too much, quite far away from practical application. Because Argentina has too many college-educated intellectuals, people have too many ideas and positions, it is difficult to manage this country the government can not solve the many problems facing the country and crises. Brazil, on the contrary, highly educated population ratio in Brazil is relatively low, in the small number of pure academic research, it is easier to manage the Brazilian government.

Moscardo: Most of Chile's elite higher education in the United States, by the American "cultural imperialism" a great influence on government ministers are basically trained at Harvard University's elite. Opposite the University of Brazil, Brazil is not the best university education in Latin America, mainly the Portuguese colonialists left the problem, they do not want to Brazilians in the political control of their own. Brazilians are now in charge of their own university education, the university's influence began to increase. University education in Brazil the main problems currently facing is the increasing commercialization of university education, many large companies running the university, the university education as an industry to support, they need only to train personnel, university education seriously out of line with the national interest.

Brazil - "iron rice bowl" to reduce the quality of education
    
Almeida: Brazil today there are some very good public and private universities, such as some church-run universities and University of Sao Paulo, etc., but in the northern mountains and the Amazon region, some of the poor quality of university education. University education in Brazil today, the biggest problem is the weak teachers. Country has two million -300 million teachers, only half can be class, other teachers can only work in the administrative bureaucracy. In the class teacher, the professor who eat a "big pot", regardless of your level of education, we get the same wages, arouse the enthusiasm of the teacher's teaching is not up, the quality of education students worrying.

University education in Brazil caused by eating "iron rice bowl" of the main reason is that the education sector there are strong trade unions, some of them are in Brazil called "triad." The number of public university teacher income, not by the school, but by the trade unions have the final say. Brazilians pay taxes to the government, then the money sent to the Brazilian government at all levels of trade union organizations across the country, the teacher's salary is controlled by the trade unions. Trade unions in Brazil is now becoming a very popular industry, as long as the Department of Labor registered, you can get money from the government. Today, the Brazilian trade union monopoly of all schools, while other unions have opposed. Lerner insured Rover Education Brazil education law deeply influenced by extreme leftist ideas, people believe that egalitarianism and nationalization, against profits and capitalism.

On general education, primary school children in Brazil, only 50% of the students and secondary education. When the Brazilian high school students graduated from school, only about 15% of the people to go to college. Most private universities in Brazil, but in private universities, students from poor families to pay 200-2000 riyals per month (1.7 riyals equivalent to one U.S. dollars) tuition, very expensive, and the children of the rich more state universities, tuition is entirely free, this phenomenon is very unreasonable. Decline in the quality of education in Brazil, coupled with long-standing practice in this country, "de-industrialization" policy, as a constraint to enhance the global competitiveness of this country one of the obstacles.

In the South American countries, Peru's education, there are two extremes of good or bad. Hispanic Peru has a very good job, live in comfortable houses, mostly well-educated people. But in Peru, 60% -70% of the population is indigenous, living in the Amazon basin or the mountains, where the quality of education is poor. Peruvian Spanish is the official language of the law, while the Indians inhabited the promotion of bilingual education. However, the Indians received the right track in terms of education there is still a lot of obstacles, the Government of Peru to promote bilingual education and reduce inequalities between whites and Indians continue to face enormous challenges.

(Filed from Brasilia  on October 19)