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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 4 de junho de 2013

Franca: Ministra da Cultura quer que franceses paguem mais caro pelos seus livros (anti-Amazon)

Eu sempre pensei que um ministro da Cultura faria tudo para ampliar o acesso da cultura, aos livros, a um número amplo, o mais amplo possível, de leitores, de simples cidadãos. Ou seja, tudo o que puder baratear o custo e o preço de venda de objetos culturais deveria ser incentivado e isento de tributos. Assim penso eu, pelo menos.
Desde tempos imemoriais sabe-se que uma das melhores formas de baratear quaisquer bens ou serviços aponta na direção de acabar com todos os monopólios existentes, forçar a ampliação da concorrência em todas as suas formas, suprimir impostos sobre produtos essenciais (e se supõe que um ministro da Cultura considere um livro dessa forma), enfim, fazer de tudo para que o livro, como vários outros produtos, ganhe economias de escala, se multiplique "n" vezes e seja oferecido pelos mais variados canais, pequenas livrarias independentes, grandes cadeias, supermercados, padarias, online, ponto de ônibus, metrô, etc.
Em todos os países, em todos os tempos isso é verdade e assim deveria ocorrer. Acho.
Em países normais, pelo menos.
Mas a França não é um país normal (o Brasil também não, mas isso não vem ao caso agora). A França não apenas quer que seus cidadãos e cidadãs (les Français et les Françaises, du Général De Gaulle) paguem mais caro pelos livros que desejariam comprar, mas também pretende subsidiar as pequenas livrarias, que para eles são uma espécie ameaçada de extinção pelas grandes superfícies ou pelas vendas online (como a Amazon.fr). Talvez seja o caso, mas se o governo francês pretende subsidiar toda forma de produção e de comércio ameaçada de extinção pela progressão inevitável, incontornável, irrefreável das tecnologias produtivas e de distribuição, talvez ele devesse começar subsidiando a produção de velas, de maquinas de escrever, quem sabe de espartilhos e polainas?
Mais alguns anos a Amazon, se não se diversificar e modernizar, vai ser suplantada por outras formas de transmissão de lazer, entretenimento, bens culturais.
A Amazon eventualmente passará. A França não: ela ficará na sua inacreditável decadência produzida pela estreiteza mental de suas elites.
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Sim, volto ao caso do Brasil. Aqui, um companheiro genial (eu sempre vou admirar a genialidade deles para a  estupidez), propos ampliar a leitura. Para isso, ele queria criar empregos (públicos, claro, pagos com o nosso dinheiro) de "animadores culturais", pessoas que iriam em bibliotecas, escolas, supermercados, estimular a leitura entre os cidadãos. E como seriam pagos esses "animadores"? Ora, com um imposto sobre a cadeia do livro, como se eles fossem baratos no Brasil. Não é genial a ideia do companheiro?: para empregar seus militantes desempregados eles iriam contratá-los para animar sessões de leitura, provavelmente das Obras Completas do Guia Genial dos Povos... Nunca vou deixar de me surpreender com a estupidez genial do companheiros...

Amazon In France: French Culture Minister Calls Website 'Destructive For Booksellers'


The Huffington Post  |  By  Posted: 

It's no secret that France does not hold Amazon in high regard, but now the country's minister of culture has gone so far as to call the website, and other online retail giants,"destructive" for bookstores.
"Today, everyone has had enough of Amazon, which, through practices of dumping, cuts prices in order to enter markets and drive up rates once they have established a quasi-monopoly," Aurélie Filippetti said during a conference Monday, according to Le Monde.
"The book and reading industry is challenged by certain sites using every opportunity to break into the French and European book market," Filippetti continued, adding, "It's destructive for booksellers."
As Le Parisien notes, Filippetti expressed her concern that Amazon is practicing fiscal dumping the same day she announced the ministry's "unprecedented" plan of support for independent bookstores, whose sales have reportedly fallen by 8 percent in the past decade.
The culture minister also revealed her intent to examine other ways to inhibit Amazon's growth in the French market -- for example, by imposing restrictions on the site's discount offers.
Filippetti's remarks don't mark the first time Amazon has been targeted by France's Ministry of Culture. Last year, Filippetti's predecesor proposed a tax on book-selling sites that threaten independent retailers. While that proposal has not been passed, the ministry recnetly introduced a similar plan to tax the makers and distributors of digital devices, such as Amazon's Kindle and Apple's iPhone.
Amazon currently faces a $252 million tax bill from France for back taxes and penalties in relation to "the allocation of income between foreign jurisdictions." However, the commerce giant is contesting the claim, which stems from taxes due during the period of 2006 to 2010.

domingo, 5 de maio de 2013

Presidente frances atira no proprio pe'...

Bem, é apenas uma maneira de dizer, claro. Ele não seria tão estúpido assim, e de fato não foi ele quem atirou no seu pé.
Foi o seu ministro da "Reconstrução Industrial", um socialista do século 19, que atirou no pé da França.
Pelo menos é o que diz este editorial do NYTimes...
Paulo Roberto de Almeida

EDITORIAL

Shooting His Own Foot

The announcement by the minister for industrial renewal, Arnaud Montebourg, that DailyMotion was “a golden nugget that needs to be preserved” sends a terrible message to French entrepreneurs and foreign investors. It suggests that any French enterprise that achieves success can never be acquired by a foreign business.
Nations are understandably hostile to foreign acquisitions of businesses important to national security or critical infrastructure. But it is hard to think of what vital French interest would be compromised if Yahoo were to take a controlling stake in a video streaming service that allows users to watch clips from “The Office.”
Mr. Montebourg seems to hold the mistaken notion that by keeping the ownership of DailyMotion in French hands he will encourage the development of a cluster of French Internet companies. Far from it. The experience of Silicon Valley suggests that companies and entrepreneurs succeed when they are free to work, merge and partner with the best and brightest from around the world.
Consider the example of Skype, the popular Internet phone service which is based in Luxembourg. It was started by Janus Friis, a Dane, and Niklas Zennstrom, a Swede. They sold their business to eBay, an American company, and went on to start and invest in numerous other companies.
The French economy is in a deep slump, with an unemployment rate of 11 percent in March, up from 10 percent a year earlier. It certainly doesn’t need protectionist measures grounded in meaningless nationalism.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ils sont fous, ces Gaulois (eu até diria outra coisa menos distinguida)

Como eu prometi que não iria mais chamar ninguém de idiota, vou abster-me, ainda desta vez, mas esta é a vontade que dá, ao assistir a essas manifestações absolutamente estúpidas dos franceses, jovens, velhos, sindicalistas, independentes, estudantes do ciclo médio, desempregados, enfim, todo mundo e seus cachorros e gatos estão fazendo manifestações esses dias, e o país já começa a ficar sem gasolina.
E contra quem eles manifestam?
Contra Sarkozy?
Não; pelo menos não de fato.
Eles manifestam contra eles mesmos, esses estúpidos franceses.
Pois é evidente: eles aprovaram, vinte anos atrás, essa aposentadoria simbólica aos 60 anos, e agora não conseguem se libertar da camisa de força.
À medida que a sociedade vai ficando mais velha, e eles vão vivendo mais, está claro que não se poderia manter as mesmas regras, sob risco de o dinheiro simplesmente acabar.
No mesmo momento, o governo britânica corta 25% do orçamento, despede 460 mil funcionários públicos e aumenta a idade de aposentadoria para 66 anos.
E pensar que os franceses estão protestando desse modo ante um simples aumento de 2 anos, de 60 a 62 anos, mas, isso, apenas em oito anos. Ou seja, quase nada.
Eles pensam manifestar contra o governo e estão simplesmente dando um tiro no pé.
Acho que não vou resistir e vou chamá-los de idiotas.

Paulo Roberto de Almeida