Vou ter de acrescentar um capítulo final, conclusivo, a este livro:
Macron extingue corpo diplomático em reforma administrativa às vésperas do segundo turno
A medida foi criticada por diplomatas e a oposição, especialmente por Marine Le Pen, que disputa no domingo o segundo turno da eleição contra o presidente
AFP, 19/04/2022
PARIS - O governo da França publicou na segunda-feira, 19, um decreto no Diário Oficial que extingue o corpo diplomático do país, como parte de uma reforma administrativa planejada pelo presidente Emmanuel Macron desde o ano passado.
A medida foi criticada por diplomatas e a oposição, especialmente por Marine Le Pen, que disputa no domingo o segundo turno da eleição contra Macron, e Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado na disputa do começo do mês.
Le Pen acusou Macron de usar a reforma para partidarizar o serviço diplomático. “Ele quer trocar servidores imparciais por seus camaradas”, disse a candidata de extrema direita. Já Mélenchon lamentou a destruição de um corpo diplomático com séculos de experiência.
Com a medida, cargos no Ministério de Relações Exteriores deixam de ser exclusivos a diplomatas de carreira e podem ser preenchidos por pessoas oriundas de outras partes do serviço público e privado.
Além disso, esses servidores estarão vinculados a uma autarquia interministerial que centralizará essas contratações. A reforma tem como pano de fundo a insatisfação de parte dos franceses com o status atingido por trabalhadores de elite do serviço público, evidenciada com a série de protestos dos coletes amarelos, desde 2019. Um dos alvos da insatisfação era a Escola Nacional de Administração, criada pelo general Charles De Gaulle após a 2ª Guerra com o intuito de treinar os servidores franceses para o serviço público. O instituto mudou de nome e passará por uma reforma.
A partir de 2023, os diplomatas estarão trabalhando lado a lado com chefes de polícia, inspetores financeiros e outros servidores públicos de alto nível sob a bandeira “corpo administrativo do estado”. O governo defendeu sua reforma, dizendo que tornaria o serviço público mais “emprego” do que “status” e, portanto, mais operacional. / AFP