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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Carta Capital e o Departamento de Propinas da Odebrecht - Alguma explicacao Mino Carta?

Um jornal, uma revista, um periódico, dedicado ao grande público, vive normalmente de publicidade, de assinaturas, de venda no varejo para simpatizantes e curiosos, ou de doações de ricos mecenas, que gostam de se promover, ou até fazer benfeitorias não identificadas.
Uma outra categoria, revistas científicas, ou publicações acadêmicas, podem receber verbas públicas ou apoio de entidades de fomento, mas esse tipo de ajuda raramente se traduz em propaganda do ou para o apoiador, ou submissão a interesses que não a do conselho editorial do veículo, e de toda forma cada colaboração publicada submete-se à revisão crítica de pareceristas anônimos, que julgam e avaliam a qualidade do material.
Em qual categoria entrariam as matérias da Carta Capital, beneficiadas por essas "doações" do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, ou seja, do Departamento de Propinas, como é vulgarmente conhecido esse "serviço" de boas intenções e de operações paralelas da companhia mais corrupta do Brasil? Como Mister Capital, aliás Mino Carta, explicaria que o seu jornal, manifesta e visivelmente empenhado na defesa e na promoção do governo companheiro se revela agora um recipiendário de dinheiro roubado do povo brasileiro, através de fraudes, fralcatruas, superfaturamento, desvios, roubos deliberados, enfim, ações criminosas?
Os editores, segundo a matéria do Globo, "negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht."
Ingênuos inocentes, trapalhões ignorantes, ou indivíduos de má-fé?
Paulo Roberto de Almeida

Odebrecht emprestou verba à ‘Carta Capital’ a pedido de Mantega
Financiamentos no valor de R$ 3,5 milhões foram feitos pelo departamento de propinas da empreiteira
por Guilherme Amado
O Globo, 13/12/2016 

O jornalista Mino Carta no Sem Censura, da TV Brasil

BRASÍLIA — A Construtora Norberto Odebrecht fez dois empréstimos para a Editora Confiança, responsável pela revista “Carta Capital”, no valor total de R$ 3,5 milhões, entre 2007 e 2009, a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega. A operação foi feita pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento da empreiteira que geria as propinas pagas. As informações constam de um dos anexos da delação premiada do executivo Paulo Cesena, que presidia até o mês passado a Odebrecht Transport, mas foi, antes disso, diretor financeiro da construtora.

Cerca de 85% do empréstimo já teriam sido quitados pela editora, de acordo com Cesena, por meio de eventos que tiveram o patrocínio da Odebrecht.

Cesena disse que recebeu a ordem de fazer um aporte de recursos para a Editora Confiança, em 2007, diretamente de Marcelo Odebrecht, então presidente da holding e atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e também delator da Lava-Jato

“Marcelo Odebrecht me chamou para uma reunião em sua sala, no escritório em São Paulo, e me informou que a companhia faria um aporte de recursos para apoiar financeiramente a revista ‘Carta Capital’, a qual passava por dificuldades financeiras. Marcelo me narrou que esse apoio era um pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda”, afirmou Cesena à Lava-Jato.

Em seguida, o delator disse ter entendido que se tratava de algo de interesse do PT.

“Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a uma solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido”, afirmou.

Marcelo Odebrecht também pediu a Cesena que contribuísse com a revista para que eles organizassem suas finanças e concebessem um plano de negócios sustentável. Marcelo temia que pudessem vir novos pedidos de dinheiro.

O presidente da holding teria orientado Cesena a procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da publicação, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial da “Carta”, para que fosse negociado o apoio financeiro.

A primeira reunião, no segundo semestre de 2007, ocorreu na sede da editora, na capital paulista. Cesena disse terem participado do encontro Mino Carta, Belluzzo e a diretora administrativa da editora, Manuela Carta. Nessa conversa, Cesena afirmou terem sido mencionados apenas pontos relacionados ao plano de negócios da revista e iniciativas para aumentar as vendas.

Nos encontros posteriores, apenas com Manuela, Cesena comunicou-lhe que o empréstimo seria de R$ 3 milhões, por meio de um mútuo (empréstimo feito entre duas pessoas jurídicas), a ser pago em três anos, e que seriam cobrados juros à taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acrescidos de 2% ao ano.

Cesena afirmou que a operação foi feita por meio do Setor de Operações Estruturadas, comandado por Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, também delator na Lava-Jato. Embora tenha afirmado que não saberia detalhar, Cesena disse ter a informação de que “a operação e o pagamento à ‘Carta Capital’ se deu na forma de mútuo oriundo do caixa dois da Construtora Norberto Odebrecht”.

O segundo empréstimo teria ocorrido em 2009, solicitado por Belluzzo, desta vez no valor de R$ 500 mil. Novamente, após receber autorização de Marcelo Odebrecht, o apoio financeiro foi feito por meio do departamento da propina.

A Editora Confiança já teria honrado R$ 3 milhões da dívida, por meio de patrocínios que a Odebrecht deu a eventos da “Carta Capital” de 2010 a 2012.

“Em uma das reuniões que tive com Manuela Carta, a mesma apresentou-me o planejamento de eventos que a editora iria promover e questionou-me acerca do interesse em patrociná-los e que usaria esses recursos para amortizar o mútuo”.

Entre as provas, Cesena entregou e-mails, planilhas demonstrando a alocação de recursos e notas fiscais mostrando o patrocínio aos eventos da “Carta”.

Manuela Carta diz que o delator se expressou mal e que não houve empréstimo, mas um acordo de publicidade que previa um adiantamento de verbas. Segundo ela, tudo já foi quitado, com páginas de publicidade e o patrocínio da Odebrecht a eventos. Ela citou o apoio da empreiteira aos encontros chamados “Diálogos Capitais” e “Fórum Brasil”, e a um encontro com a presença do economista Paul Krugman.

— Temos tudo contabilizado — disse Manuela.

Belluzzo diz que procurou Marcelo Odebrecht e que foi firmado um acordo financeiro:

— Estávamos numa situação difícil e fizemos um mútuo que carregamos no nosso balanço por muito tempo, porque a revista estava precisando de financiamento. Está tudo no balanço da empresa, não tem nada escondido — disse ele.

Depois, segundo ele, foi negociado que o pagamento seria feito por meio de páginas de publicidade na revista. Manuela e Beluzzo negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
http://oglobo.globo.com/brasil/odebrecht-emprestou-verba-carta-capital-pedido-de-mantega-20635961#ixzz4SkYbo2dI

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Semelhantes se procuram, se protegem, trocam beneficios: o doleiro e o Senador

Não exatamente uma surpresa: o dinheiro sempre segue caminhos lógicos. Não há hipótese de dúvidas no itinerário.
Como diria um filósofo: uma mão lava a outra...
Paulo Roberto de Almeida 

Doleiro Alberto Youssef fez depósitos de R$ 50 mil a Collor

Polícia Federal encontrou comprovantes durante operações de busca e apreensão. Juiz informa ao STF que, por enquanto, 'não há qualquer indício do envolvimento' do senador nos crimes investigados pela Operação Lava-Jato

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL)
O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) (Sérgio Lima / Folha Imagem)
A Polícia Federal encontrou no escritório do doleiro Alberto Youssef, durante as operações de busca e apreensão da Operação Lava-Jato, oito comprovantes de depósitos bancários em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB -AL). Os depósitos teriam sido feitos no intervalo de três dias, em maio de 2013, e somam 50.000 reais. A descoberta da PF é citada em ofício do juiz federal Sergio Moro, do Paraná, remetido nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para explicar a sua atuação no processo decorrente da Lava-Jato.Procurado, Collor não quis comentar o teor do ofício.
O juiz Sergio Moro cita que os agentes da PF teriam localizado oito diferentes comprovantes bancários em valores de 1.500 reais, 4.000 reais, 8.000 reais e 9.000 reais, realizados entre os dias 2 e 5 de maio de 2013. De acordo com o magistrado, o material apreendido pela Polícia Federal foi encontrado "fortuitamente" durante a busca e apreensão no escritório do doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar uma organização criminosa que movimentou mais de 10 bilhões de reais em recursos públicos.
"Tal prova e eventual relação entre o suposto doleiro e o referido senador era absolutamente desconhecida deste juízo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e apreensão", afirma o juiz Sergio Moro no ofício. O juiz, no entanto, faz uma ressalva sobre a relação entre Collor e Youssef: "Observo que não há qualquer indício do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já foram objeto das aludidas oito ações penais propostas", diz em relação ao processo decorrente da Operação Lava-Jato.
Mas Moro também cita as jurisprudências do STF em casos de provas de delitos encontradas em investigações de outros crimes "não sujeitos a sua competência". Para o juiz, eventuais delitos cometidos por autoridades podem ser alvos de outras ações.
Doleiro – Youssef está preso desde março na sede da PF no Paraná e é investigado por lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas e outros crimes. Ele teria articulado com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um esquema para desvio de verbas em contratos fraudulentos da estatal na refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. O doleiro é réu em três das oito ações penais abertas pela justiça federal paranaense em decorrência da Lava-Jato, deflagrada em março.
Na segunda-feira, o ministro Teori Zavascki determinou a suspensão das investigações após reclamação dos advogados de defesa de Paulo Roberto Costa, que questionaram a competência do juiz Sérgio Moro sobre o caso. A alegação é que as investigações citavam autoridades, como os deputados federais André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SSD-BA), que têm direito a foro privilegiado. Paulo Roberto Costa foi libertado, mas os outros 11 investigados pela operação continuam presos após o ministro Zavascki rever a abrangência da decisão após o juiz Moro alertar para o risco de fuga dos demais detidos caso fossem liberados.
O ministro solicitou que os relatórios da operação, áudios e transcrições de escutas telefônicas e autos do inquérito fossem remetidos ao Supremo Tribunal Federal. Ao encaminhar os documentos para o STF, o juiz Sérgio Moro fez o ofício, datado do dia 20 de maio, para justificar a sua atuação nas ações. Ele cita o início das investigações, destinadas a apurar crimes de lavagem de dinheiro por doleiros que atuavam em Londrina (PR). A partir das averiguações, sendo constatada a ação do doleiro Alberto Youssef, foram autorizadas novas ações de interceptação e, em seguida, busca e apreensão sobre o doleiro.
"Em desdobramento natural da investigação e por entender que a realização de transações entre eles gerava conexão, autorizei a interceptação destes outros supostos doleiros. Autorizei, em decisões datadas de fevereiro de 2014, buscas e apreensões e prisões relacionadas aos casos", justifica Sérgio Moro. "Em todos esses casos, os indícios relacionados a autoridades com foro privilegiado surgiram em decorrência de medidas investigatórias dirigidas a Alberto Youssef. Jamais houve medida investigatória dirigida contra autoridade sujeita a foro privilegiado", completa.
(Com Estadão Conteúdo)

domingo, 5 de maio de 2013

Um mentiroso bem sucedido no antiterrorismo - Le Monde

James McCormick, détecteur gadget
Par Christophe Ayad et Eric Albert
Le Monde, 04.05.2013

A Londres,
La défense de James McCormick s'est finalement révélée aussi vide que ses détecteurs d'explosifs. Après trois ans et demi d'enquête de la police du comté de Somerset, le mensonge de ce Britannique de 57 ans a fini par être dévoilé. Jeudi 2 mai, il a été condamné à dix années de prison pour fraude. Mais combien de morts a-t-il sur la conscience ?

Comme tous les bons mensonges, celui de James McCormick était suffisamment énorme pour être crédible. L'homme d'affaires déclarait avoir inventé une technologie révolutionnaire qui permettait de détecter des explosifs dans un rayon d'un kilomètre. Un véritable rêve pour les services de sécurité du monde entier. Il suffisait de tenir dans ses mains un boîtier semblable à un gros allume-gaz, et sa longue antenne, similaire à celle d'un poste de radio, se dirigeait irrésistiblement là où se trouvait la bombe. Mieux encore, l'Advanced Detecting Equipment (ADE), un nom suffisamment abscons pour paraître réaliste, pouvait aussi détecter de la drogue, de l'ivoire, des billets de banque ou toute autre substance, voire des êtres humains.
Le tout avec une simplicité d'utilisation désarçonnante. Il suffisait de mettre un petit morceau du type d'explosif ou du matériau à détecter dans une jarre en verre ; placer un petit autocollant dedans, pour qu'il en absorbe les vapeurs ; coller l'autocollant sur une carte en plastique à glisser dans l'appareil ; et voilà, c'était prêt ! Ne restait plus qu'aux agents de sécurité à se promener, boîtier en main, pour déjouer aisément toute tentative d'assassinat ou de contrebande.

RADIESTHÉSIE
La science derrière ce boîtier révolutionnaire ? "C'est assez similaire à [celle] de la radiesthésie", affirmait sans rire M. McCormick dans un rare entretien qu'il a donné à la BBC en 2009. La radiesthésie ? En clair, le même principe qui se trouve derrière la baguette de sourcier, une croyance sans fondement qui pense pouvoir détecter les radiations. Mais, à 5 000 dollars pièce pour les moins chers, et 40 000 dollars pour les plus sophistiqués, l'ADE en imposait : il n'était pas question de mettre en doute le sérieux de la trouvaille.

Résultat, des services de sécurité du monde entier se sont arraché l'invention. L'Irak, traumatisé par des attentats quotidiens, a été le principal client, suivi par l'Afghanistan, en proie aux attentats-suicides. Le Niger, l'Arabie saoudite, la Géorgie, l'Algérie, la police et l'armée thaïlandaises ont aussi sorti leurs chéquiers, tout comme la Libye de Kadhafi ou les rangers kenyans. Même les Nations unies au Liban se sont équipées, à l'instar de Michel Aoun, dont les gardes du corps usaient de l'ADE avec le plus grand sérieux en 2006. De quoi permettre à M. McCormick de vendre au moins 7 000 appareils, dégageant des bénéfices de plus de 50 millions d'euros.

Avec sa petite moustache grise, son large embonpoint et ses cheveux tirés en arrière, l'homme était tout simplement un charlatan. Ses boîtiers étaient entièrement vides. Dedans, ni pile pour les faire fonctionner ni aucun principe actif. L'antenne n'était reliée à rien. La prétendue carte électronique qu'il fallait glisser dans l'appareil n'était qu'un petit circuit imprimé similaire aux alarmes antivols utilisées dans les magasins.

Inévitablement, des attentats ont eu lieu, sans que les ADE détectent quoi que ce soit. "Votre conduite frauduleuse pour vendre des appareils inutiles simplement pour un énorme profit a apporté un faux sens de sécurité et, selon toute probabilité, a contribué à tuer et blesser des personnes innocentes", a asséné le juge Richard Hone, quand il a lu son verdict. M. McCormick devrait cependant échapper à toute poursuite criminelle, parce qu'il sera très difficile de prouver le lien entre un attentat non évité et la vente de ces équipements.

L'IRAK, PREMIER CLIENT
C'est en Irak que le boîtier a été le plus populaire. Le pays en a acheté pour 45 millions d'euros entre 2008 et 2010. L'armée américaine avait bien donné plusieurs avis défavorables à cet achat, expliquant aux responsables irakiens, avant de quitter le pays, que seuls les chiens dressés à la détection d'explosifs étaient efficaces. En vain. A l'époque, les responsables irakiens voyaient dans l'ADE la panacée à la vague d'attentats sans précédent qu'a connue le pays de 2006 à 2008.

Pour mettre en échec les kamikazes qui sillonnaient Bagdad en voiture à la recherche d'une cible, les autorités, aidées par l'armée américaine, ont mis en place un maillage serré de checkpoints dans la capitale. Chaque policier a sa méthode : l'air concentré ou faussement décontracté, l'un fait ouvrir les fenêtres, l'autre demande que l'on coupe le moteur, voire le téléphone portable, avant de promener le fameux ADE de M. McCormick. Il y a ceux qui déplacent l'appareil et ceux, plus feignants, qui le tiennent à bout de bras, laissant les voitures défiler. En fait, rien ne vibre sauf la main du policier ou son intime conviction, désignant - par instinct ou autosuggestion - les voitures suspectes à une fouille plus poussée, à l'ancienne.

ENQUÊTE OUVERTE EN 2009
Dès 2009, l'inspecteur général du ministère de l'Intérieur irakien, Akil Al-Turehi, a ouvert une enquête. Dix à quinze hauts responsables du pays auraient touché des pots-de-vin pour acquérir des milliers d'exemplaires de l'appareil miraculeux de James McCormick. Trois sont aujourd'hui sous les verrous, dont l'ex-responsable des démineurs de Bagdad, le général Jihad Al-Jabari. Depuis, l'ADE est devenu le symbole du cynisme et de la corruption des dirigeants irakiens. L'appareil, synonyme d'embouteillages, exaspère les automobilistes.

Plus personne n'y croit dans le pays, sauf les policiers qui continuent de l'utiliser, imperturbables. Interrogés lors d'un séjour à Bagdad, début avril, la plupart d'entre eux continuent de nier l'évidence, sans qu'on sache si c'est l'effet d'une fierté mal placée ou du désarroi d'avoir été ainsi bernés par leurs supérieurs. Comment autant de monde a ainsi pu se laisser berner pendant des années ? "C'est dur à croire. M. McCormick était un fraudeur sophistiqué, qui a développé sa tricherie pendant des années. Il était fort à ce jeu-là", répond, laconique, Nigel Rock, le policier britannique qui a mené l'enquête. Il prétendait posséder quatre laboratoires secrets au Royaume-Uni et en Roumanie.

L'homme arborait tous les signes extérieurs du parfait businessman. Ses brochures en papier glacé présentaient les avantages des différents appareils, dans des termes apparemment savants. La vidéo de démonstration ne lésine pas sur les effets spectaculaires : une voiture explose, s'envolant dans les airs au ralenti ; quelques instants plus tard, une maison est déchiquetée par une bombe de grande puissance. "Evitez ça !", clame le slogan, dans une ambiance digne d'un épisode de James Bond.

EFFICACE MÊME SOUS L'EAU
L'aplomb du Britannique impressionne. Dans une vidéo de formation qui se trouve encore sur YouTube, dans laquelle il explique le fonctionnement de l'appareil, l'homme affirme sans ciller que la technologie fonctionne aussi sous l'eau. Selon ses dires, dans la même vidéo, il aurait commencé à mettre au point l'ADE dès 1997. Mais c'est en 2001, après les attentats du World Trade Center, que les ventes ont vraiment décollé. "Les Twin Towers ont inséré la peur dans l'esprit des gens", explique-t-il.

James McCormick saura parfaitement exploiter cette anxiété. Pour mettre au point son engin, il achète aux Etats-Unis des détecteurs de balles de golf. Il transforme à peine ces gadgets à vingt dollars et les revend vingt-cinq fois le prix. Pour cet homme originaire d'une famille modeste de Liverpool, qui a quitté l'école sans autre diplôme que quelques épreuves du brevet des collèges, l'argent coule à flots. La belle vie commence. Il achète pour sa fille des chevaux de dressage. Il roule en Porsche Cayenne. A Bath, il acquiert la maison de l'acteur Nicolas Cage, pour plus de 5 millions d'euros. Dans la campagne verte de l'ouest de l'Angleterre, il se paye une ferme près du charmant village de Taunton, pour près de 2 millions d'euros, où il réside. Sans compter une villa à Chypre, une autre en Floride et un yacht, le Sunseeker. Des photos le montrent au volant de son bolide, en polo blanc, sirotant un verre de vin rouge.

Désormais, la police britannique cherche à confisquer sa fortune. Elle a déjà gelé près de 18 millions d'euros, mais estime qu'une somme équivalente aurait été blanchie via Chypre, le Belize et Beyrouth. La fraude est donc désormais terminée. Mais en Irak, malgré le procès, les détecteurs continuent à être utilisés. "On ne peut pas les abandonner du jour au lendemain, nous confiait début avril à Bagdad l'un des rares policiers à reconnaître qu'ils ne servent à rien. Ce serait avouer qu'on s'est fait avoir. Et puis ils n'empêchent peut-être pas les attentats mais c'est une manière comme une autre de faire des fouilles au hasard."

Christophe Ayad et Eric Albert

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Chavismo: os estertores de uma doenca mental; o ocaso de uma ilusao - Augusto Nunes

O desfecho da eleição fraudada tornou irreversível a agonia do chavismo
Augusto Nunes
Direto ao Ponto, 15/04/2013 às 22:04

O candidato Nicolás Maduro resolveu transformar o chefe em múmia tarde demais: o processo de decomposição já começara. O motorista de ônibus que virou piloto de país vai descobrir em pouco tempo que também a tentativa de mumificação do regime tropeçou no péssimo estado de conservação do cadáver. O resultado da eleição deste domingo avisa que o chavismo poderá até continuar wuechavismo vagando no poder mais algum tempo. Mas a revolução bolivariana, como constatou nosso Reynaldo-BH no post publicado na seção Feira Livre, já apodrece numa urna de vidro.

Hugo Chávez vivia anunciando a chegada iminente do socialismo do século 21. Foi por ter recorrido a métodos do século 19 que o sucessor trapalhão ganhou a eleição. A oposição só perdeu para a fraude, para a coação ostensiva e para a boca-de-urna criminosa. Ainda que a apuração traduzisse a verdade, os 49,07% do total de votos atribuídos a Henrique Capriles bastariam para informar que Maduro precipitou a agonia da ditadura envergonhada instituída a partir de 1999. Raríssimas vezes os vencedores oficiais de uma eleição tiveram de engolir, com sorrisos de aeromoça, tantas e tão contundentes derrotas.

A avassaladora máquina de propaganda, a transformação do leviatã estatal num onipresente e onipotente pai-patrão, a ampliação obscena da fábrica federal de insultos e calúnias, a compra de gratidão com dinheiro do petróleo ─ nada disso impediu que metade do eleitorado dissesse não ao enviado do espírito santo que no momento se disfarça de passarinho. Não é pouca coisa. E não é tudo. Os estragos provocados pela votação do candidato oposicionista vão muito além da implosão da arrogância dos sacerdotes da seita.

A performance de  Capriles também abalou a fé dos devotos do chefe insepulto (até o repertório de milagres estocados por Chávez tem limites), confirmou que os institutos de pesquisa viraram comerciantes de porcentagens, baixou a crista de marqueteiros grávidos de autossuficiência e comprovou que as análises assinadas por jornalistas brasileiros são tão confiáveis quanto as previsões de Guido Mantega. Fora o resto. Vai ser divertido acompanhar as acrobacias da turma no esforço para justificar o fiasco. O que tem a dizer João Santana, por exemplo?

O ministro de Venda de Nuvens encurtou o expediente em Brasília para conferir dimensões amazônicas a um triunfo já decretado pelos institutos de pesquisa. Entrou na campanha com mais de 70% dos votos. Saiu com 20 pontos a menos. Se é que existiram, no mundo real, milhões de votos sumiram em duas semanas no buraco escavado por ideias de jerico. Foi o alquimista que enxerga uma rainha em Dilma Rousseff quem aconselhou Maduro a confundir-se com Chávez, empoleirar-se na urna de vidro e entrar para a história como inventor do velório-comício. Deu no que deu.

O desfecho do confronto reiterou que a oposição venezuelana aprendeu com os erros do passado e avança pelo caminho certo. Pela segunda vez em poucos meses, evitou disputas internas mesquinhas para unir-se em torno de um político capaz de expressar a essência do pensamento dos antichavistas. Um em cada dois venezuelanos entendeu que Capriles falava por ele. No Brasil, 45 milhões de eleitores procuram há anos um candidato que se oponha ao lulopetismo sem medo e sem mesuras. Mas a oposição oficial só interrompe as férias que já duram dez anos para trocar sopapos e desaforos no quintal ou a sala de jantar.

Um ano e meio antes da eleição presidencial, pesquisas espertas já garantiram a Dilma Rousseff um segundo mandato. Em vez de mirar-se no exemplo da Venezuela, mandar às favas os especialistas em engorda de popularidade e partir para a luta, os pajés do PSDB, do PPS e do DEM perdem com ciumeiras de colegial  o tempo que deveriam ocupar com a desmontagem das fantasias forjadas pelo governo mais bisonho do Brasil republicano.

Antes de exibir a combatividade que sempre lhe faltou, a oposição oficial terá de reencontrar a vergonha perdida há mais de 10 anos. E descobrir o que é altivez.

domingo, 14 de abril de 2013

Dinheiro publico: quando os brasileiros vao aprender? Acho que vai demorar

Onde tiver dinheiro público, pode ter absoluta certeza: tem um "isperto" que vai conseguir fazer o milagre da multiplicação dos pães, no caso, o desvio do dinheiro público (que na verdade é de todos nós) para suas contas, bolsos, aplicações fraudulentas.
Quando é que os brasileiros vão aprender que seria melhor fazer as coisas pelas vias normais do mercado, aberto, concorrencial, trannsparente, do que tentar aprovar programas governamentais para qualquer coisa?
Quando é que eles vão se dar conta de que, fazendo pelo Estado, vai custar o dobro (não raramente o triplo) e vai ficar muito pior do que se fosse feito em condições normais de mercado?
Acho que vai demorar, e muito...
As pessoas apenas acham que basta aumentar a fiscalização.
Aí, como já se gasta um percentual razoável com a intermediação governamental, vai se gastar um pouco mais para burocratizar um pouco mais, para evitar supostos desvios. Eles vão ocorrer, só que a comissão governamental e a taxa de corrupção vão drenar ainda mais recursos nos meios, e os fins receberão proporcionalmente menos.
Será que os brasileiros vão aprender?
Duvido...
Paulo Roberto de Almeida

Ex-servidores do Ministério das Cidades fraudaram o Minha Casa Minha Vida

  • Grupo criou esquema utilizando construtoras de fachada para obter contratos
Gabriela Valente
O Globo,

Fachada do número 4.553 da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, endereço da RCA e também da JB Lar
Foto: Eliária Andrade
Fachada do número 4.553 da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, endereço da RCA e também da JB Lar Eliária Andrade
BRASÍLIA — Um esquema de empresas de fachada, parte delas registrada no mesmo endereço e controlada por um grupo de ex-funcionários do Ministério das Cidades, abocanha cada vez mais contratos para construção de casas populares destinadas às faixas mais pobres da população. No centro da história está a RCA Assessoria em Controle de Obras e Serviços, empresa com sede em São Paulo e três sócios: Daniel Vital Nolasco, ex-diretor de Produção Habitacional do Ministério das Cidades até 2008 e filiado ao PCdoB; o ex-garçom do ministério José Iran Alves dos Santos; e Carlos Roberto de Luna. A RCA funciona numa sede modesta, mas apresenta números invejáveis para quem está no setor há tão pouco tempo. Alardeia atuar em 24 estados e mil municípios, e garante que entregou 80 mil casas. Hoje, estaria à frente da construção de 24 mil unidades. O faturamento milionário da RCA virou alvo de disputa judicial, que expõe supostas conexões da empresa com o PCdoB. Até a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tem o nome citado.

A RCA dá consultoria a prefeituras e beneficiários, e atua como correspondente bancário de sete pequenas instituições financeiras autorizadas a repassar verbas federais nos programas de casas populares para cidades com menos de 50 mil habitantes. Atuou no Programa Social de Habitação (PSH) e agora opera no seu sucessor, o Minha Casa. Até aí, tudo dentro da normalidade. Mas a RCA faz mais: consegue ao mesmo tempo ser representante do agente financeiro, tocar construções e também medi-las e fiscalizá-las. Para isso, usa uma rede de empresas que os sócios e os funcionários registraram em seus nomes e cujos endereços ou são na sede da RCA, em São Paulo, ou na casa de parentes.
O site da empresa dava o exemplo de como a RCA frauda o processo de seleção de construtoras que vão executar obras financiadas com recursos federais e encomendadas por prefeituras. Para contratar uma construtora responsável pela execução de obras no Espírito Santo, lançou um edital de convocação em dezembro de 2012. O site convocou os interessados e dias depois divulgou os vencedores. Duas foram selecionadas. Uma delas é a JB Lar. Tudo como manda o figurino. Não fosse um detalhe: o endereço da JB Lar é o mesmo da RCA, a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio 4.553. A JB Lar foi habilitada para construção de 95 casas no Espírito Santo. Na sexta-feira, após ser procurada pelo GLOBO, a RCA tirou do ar o link “Editais” do seu site.
Disputa pelo faturamento da empresa
O esquema de empresas de fachada está narrado numa ação na Justiça de São Paulo. Nela, Fernando Lopes Borges — outro ex-servidor do Ministério das Cidades, que seguiu na Secretaria Nacional de Programas Urbanos até ser exonerado por abandono do cargo em 2010 — apresenta-se como sócio oculto da RCA. Ele era representado no negócio pelo irmão Ivo, já falecido. E a disputa pelo faturamento da empresa começou justamente após a morte de Ivo.
Num acordo prejudicial, Fernando chegou a receber pouco mais de R$ 1 milhão da RCA. Mas quer mais e briga na Justiça. Na ação, afirma, sem apresentar provas, que o desvio de recursos do Minha Casa Minha Vida teria começado com Erenice Guerra. Ela teria articulado a entrada de bancos privados na operação do programa em pequenos municípios. Segundo o denunciante, teria direito a R$ 200 por casa construída. Fernando sustenta na ação que o negócio chegaria a render R$ 12 milhões.
Ele diz que o PCdoB desde 2005 receberia dinheiro desviado para a construção de casas populares do Programa de Subsídio Habitacional (PSH), que foi absorvido pelo Minha Casa Minha Vida. Procurado, Fernando sustentou que a RCA está envolvida em irregularidades nos programas federais do Ministério da Cidades, mas não quis confirmar as denúncias contra Erenice e o PCdoB. No processo, Fernando mostra uma troca de e-mails entre Carlos Luna, da RCA, e o escritório Trajano & Silva, que foi fundado por Erenice. Eles tratam da retirada do sócio Ivo e do valor que deveria ser pago a Fernando.
O esquema incluiria a construtora Souza e Lima Engenharia, que pertence ao ex-engenheiro e ao ex-gerente-geral da própria RCA. Essa empresa fez casas no Maranhão para o Minha Casa Minha Vida em contratos geridos pela RCA. Outra empresa de pessoas próximas prestou o mesmo serviço. A Martins MA Engenharia — que hoje pertence ao cunhado de Daniel Vital Nolasco — também construiu casa para a RCA.
Na ação, Fernando reclama a sociedade nas empresas de assessoria cadastral Artifício, Setorial, Sigma e Marketplan. Todas seriam do grupo RCA. As três primeiras têm Nolasco como sócio. José Iran é um dos donos da última. O grupo tem participação em outras empresas. Carlos Luna e José Iran são donos da Superdata. Luna é um dos sócios da LL Engenharia. Fernando relata no processo que há contratos com a DJC/Naza Engenharia, que seria responsável pela construção de oito mil casas. Essa empresa seria de Divaildo, irmão de Celma Casado Silva. Ela foi exonerada em fevereiro deste ano da Secretaria de Habitação do Ministério das Cidades. Segundo o órgão, ela foi exonerada a pedido.

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