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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A educacao de Celso Lafer: uma homenagem ao mestre - Paulo Roberto de Almeida


Neste dia 19/12/2018, vamos fazer uma homenagem aos grande mestre brasileiro das relações internacionais, por ocasião do lançamento desta obra que reune mais de uma centena de artigos, ensaios, entrevistas e outros materiais produzidos ao longo de mais de meio século de um trabalho de mestre, justamente.
Colaborei primeiro com um resumo-apresentação de seu volume, que acabou transformando-se num "Posfácio" – de acordo com as instruções do ex-ministro – e foi incorporada ao livro como abaixo transcrito. Foi um prazer poder colaborar com a preparação editorial destes dois volumes, e sobretudo compor o índice onomástico, pois por ele se pode aferir as "afinidades eletivas" do ex-ministro: Norberto Bobbio, Hannah Arendt, Raymond Aron, Kant, e muitos outros.

A educação de Celso Lafer: um reconhecimento ao mestre

Paulo Roberto de Almeida
Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag/MRE.
in: Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação(Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1437 p.; lo. vol., ISBN: 978-85-7631-787-6; 762 p.; 2o. vol., ISBN: 978-85-7631-788-3, 675 p.), 2o. vol., p. 1335-1347.



Se as Confissõesde Santo Agostinho – que ocupam um lugar central na cultura cristã do Ocidente latino, ao dar início à tradição intelectual da autobiografia consciente e deliberada – apresentam essa característica de, pela sua própria natureza confessional, terem influenciado fortemente, segundo Stéphane Gioanni (L’Histoire, junho de 2018), o subjetivismo moderno, A Educação de Henry Adams inaugura, por sua vez – como construção consciente e deliberada de uma trajetória de vida tão confessional quanto as memórias do bispo da velha Hipona –, a moderna autobiografia intelectual, combinando objetivismo político com algum subjetivismo filosófico. Mais do que uma história de vida, ou uma simples memória, o livro de Henry Adams representa, mais exatamente, um grande panorama de história intelectual dos Estados Unidos entre a Guerra Civil e a Grande Guerra, um empreendimento talvez sem paralelo, até o início do século XX, na tradição ocidental das biografias “confessionais”.
Setembro de 2018 marca o centenário da primeira publicação completa da obra do bisneto de John Adams e neto de John Quincy Adams, dois antecessores presidentes. Sua educação primorosa, objeto da autobiografia (escrita na terceira pessoa), aproxima-se, em certa medida, da sólida formação intelectual de um dos maiores representantes da vida acadêmica e diplomática do Brasil: Celso Lafer. Cem anos depois da publicação daquela autobiografia pioneira, parece inteiramente pertinente seguir a “educação” de Celso Lafer, três vezes ministro, sendo duas como chanceler, chefe de missão em Genebra, professor emérito da USP, articulista consagrado, mestre de várias gerações de estudiosos de relações internacionais e de direito. 
A melhor forma de fazê-lo é por meio de uma compilação de seus muitos escritos sobre as relações internacionais, a política externa e a diplomacia brasileira, textos até aqui dispersos em um grande número de veículos impressos e digitais. A trajetória intelectual de seu autor se confunde com a própria evolução dos estudos e da prática das relações exteriores do Brasil no último meio século, mas estes dois volumes reproduzem apenas uma pequena parte de sua gigantesca produção acadêmica, profissional ou jornalística, deixando de integrar, por especialização temática nas áreas do título, uma outra parte essencial de suas atividades intelectuais, que cobrem os terrenos literário, cultural e mesmo de política doméstica.
A colaboração que pude prestar na montagem e revisão da presente coleção de textos – artigos, palestras, discursos, conferências, capítulos de livros – de Celso Lafer constituiu, ao longo do ano de 2018, uma das maiores gratificações intelectuais de minha relativamente curta trajetória como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, (IPRI), um modesto think tank, subordinado, como o Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) – seu contraparte do Rio de Janeiro –, à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), esta por sua vez vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). Digo uma das maiores gratificações porque, justamente, dois de meus critérios na organização de eventos e publicações no IPRI são justamente esses: tudo o que for intelectualmente gratificante e inovar sobre a agenda “normal”. 
Ainda antes de assumir formalmente a direção do IPRI, pude colaborar na montagem e realização de um seminário, de uma exposição e de um livro sobre o patrono da historiografia brasileira, o também diplomata, Francisco Adolfo Varnhagen: Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico(Brasília: Funag, 2016). Nesse primeiro empreendimento junto ao IPRI ofereci um estudo sobre o “pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade”, no qual tive a oportunidade e o lazer de atualizar suas propostas de “reforma do Brasil”, apresentadas pela primeira vez em 1849, no Memorial Orgânico, documento magistralmente retirado das cinzas pelas mãos do presidente do IHGB, o historiador Arno Wehling, um especialista e também admirador da obra historiográfica de Varnhagen. 
Logo em seguida, dediquei-me a retirar das “cinzas” de um injusto ostracismo político um outro colega diplomata, o economista de formação Roberto Campos, por meio de uma obra coletiva feita inteiramente à base da admiração de amigos: O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos(Curitiba: Appris, 2017). O livro, entretanto, por razões de oportunidade e de cálculo político, não foi publicado pela Funag, tanto quanto um outro, sobre o historiador e diplomata Oliveira Lima. Em seguida, aproveitando o desafio da publicação da magistral Fotobiografiade Oswaldo Aranha por seu neto, Pedro Corrêa do Lago (Rio de Janeiro: Capivara, 2017), e ajudado pela perícia documentalista de seu outro neto, Luiz Aranha, decidi montar, com a preciosa e estratégica ajuda do historiador Rogério de Souza Farias, uma compilação praticamente completa dos escritos de relações internacionais e de diplomacia brasileira produzidos ao longo de trinta anos pelo grande estadista gaúcho, o segundo maior chanceler brasileiro do século XX depois de Rio Branco, segundo Rubens Ricupero: “Oswaldo Aranha dominou a política exterior dos meados do século XX como Rio Branco o fizera na sua primeira década. Depois do Barão, ninguém mais alcançou, dentro e fora do país, o prestígio e a influência de Aranha, nenhum outro dirigiu a diplomacia com tanto acerto em tempos perigosos e de escolhas difíceis.” (Apresentação de Rubens Ricupero a: Oswaldo Aranha: um estadista brasileiroBrasília: Funag, 2017, 1o. vol.). 
A coletânea Aranha preenche, sem dúvida alguma, uma lacuna na historiografia brasileira da diplomacia contemporânea, ao recolher discursos, entrevistas, cartas e escritos diversos do político rio-grandense convertido em estadista de estatura mundial. Ela cobre momentos cruciais das relações internacionais e bilaterais do Brasil em pleno século XX, quando a diplomacia esclarecida de Aranha influenciou decisivamente a política do governo Vargas ao adotar a opção correta na voragem da Segunda Guerra Mundial, aliás a única concebível para um discípulo de Rui Barbosa, no formidável embate que se travou entre as democracias do Ocidente, capitaneadas por Churchill e Roosevelt, e os totalitarismos liderados pelos fascistas da Alemanha, Itália e Japão.
Esse trabalho de garimpo documental e de lapidação redacional dos escritos dispersos de Oswaldo Aranha, esteve, provavelmente, na origem da idealização, organização e montagem da obra que agora se apresenta: uma compilação seletiva dentre os muitos, incontáveis escritos até aqui dispersos de Celso Lafer, primeiro reunidos e organizados por ele mesmo, com a ajuda de Carlos Eduardo Lins da Silva, depois revistos e padronizados por mim, ao longo de muitas noites de indescritível prazer intelectual. Não sei se por pura emulação historiográfica, se por alguma secreta indução bibliográfica e documental, ou se por um evidente paralelismo diplomático, Celso Lafer e eu mesmo cogitamos, quase simultaneamente, que depois da “compilação Oswaldo Aranha” estava mais do que na hora de também pensarmos numa “compilação Celso Lafer”. Material, aliás abundante, não faltava para esse novo empreendimento.
A decisão foi então tomada em vista da existência, dispersa até aqui, dos seus muitos escritos de relações internacionais, de política externa e de diplomacia do Brasil, que constituem, ao mesmo tempo, um grande panorama do cenário mundial, político e econômico, nas últimas cinco décadas. Esses textos reproduzem meio século de ideias, reflexões, pesquisas, andanças e um exercício direto de responsabilidades à frente da diplomacia brasileira, em duas ocasiões, e, através dela, de algumas funções relevantes na diplomacia mundial, como a presidência do Conselho da OMC, assim como em outras instâncias da política global. Celso Lafer esteve à frente de decisões relevantes em alguns foros decisivos para as relações exteriores do Brasil, na integração regional, no comércio mundial, nos novos temas do multilateralismo contemporâneo.
Esta obra, construída ao longo de alguns meses de garimpo documental e de lapidação formal, a partir de um aluvião torrencial de pepitas preciosas que vinham sendo carregadas pelo fluxo heteróclito de publicações no decorrer de várias décadas, apresenta, finalmente, o que se espera seja uma obra de referência e uma contribuição essencial ao conhecimento da diplomacia brasileira e da vida intelectual em nosso país, a partir dos anos 1960 até aqui. Suas qualidades intrínsecas, combinando sólida visão global e um conhecimento direto dos eventos e processos que o autor descreve e analisa, representam um aporte fundamental a todos os estudiosos de diplomacia e de relações internacionais do Brasil, uma vez que reúne os relevantes escritos do mais importante intelectual desse campo, com a vantagem dele ter tido a experiência prática de conduzir a diplomacia brasileira em momentos significativos da história recente. As “questões polêmicas” da quarta parte reúnem alguns de seus artigos de jornal, nos quais exerceu um olhar crítico sobre a “diplomacia” implementada a partir de 2003, rompendo pela primeira vez a tradição secular da política externa brasileira, no sentido de representar o consenso nacional em torno dos interesses do país, para adotar o sectarismo míope de um partido que tentou monopolizar de forma canhestra (e corrupta) o sistema político. 

Henry James, ao escrever em 1907 a sua autobiografia intelectual, admitia, indiretamente – segundo o prefácio de Henry Cabot Lodge à obra finalmente publicada em setembro de 1918 pela Massachusetts Historical Society –, que a grande ambição do neto e bisneto de presidentes era a de “completar as Confissõesde Santo Agostinho”. Mas, diferentemente do pai da Igreja Cristã, que, como grande intelectual, trabalhou a partir de uma multiplicidade para a unidade de ideias em torno da fé cristã, seu moderno êmulo americano reverteu a metodologia, passando a trabalhar a partir da unidade para a multiplicidade de ideias (The Education of Henry Adams: an autobiography, p. xxxiv, da edição de 1999 da Modern Library). Isso talvez porque, à diferença da angustiada defesa de uma rígida crença nos dogmas cristãos, exibida no quarto século da nossa era pelo pai intelectual da Igreja Católica, Henry Adams ostentava o agnosticismo científico típico dos primeiros darwinistas sociais do final do século XIX. 
Celso Lafer, herdeiro intelectual de grandes pensadores judeus do século XX, é, provavelmente também, um agnóstico pragmático, combinando destreza acadêmica e tino empresarial, como sempre foi a outra vertente de seus familiares e de um grande antecessor na diplomacia, seu tio Horácio Lafer, ministro da Fazenda e das Relações Exteriores na República de 1946. O modelo da autobiografia de Henry Adams, com suas três dezenas de capítulos seguindo a trajetória do ilustre herdeiro dos Adams nas grandes capitais do mundo ocidental – Washington, Londres (seu pai foi ministro na Corte vitoriana), Berlim, Paris (a Exposição Universal de 1900), Roma e muitas outras cidades dos Estados Unidos e da Europa–, poderia servir, eventualmente, para retraçar a carreira intelectual e diplomática de Celso Lafer, que também percorreu as grandes capitais da diplomacia mundial, como intelectual ou ministro das Relações Exteriores.
O jovem Adams, ao acompanhar como secretário o seu pai, designado em 1861 ministro plenipotenciário de Abraham Lincoln junto à corte da rainha Vitória, construiu uma educação “diplomática” no centro do que era então o maior império do planeta; ele pode encontrar-se com líderes britânicos da estatura de um Palmerston ou Gladstone, assim como, em suas andanças pela Europa, com “anarquistas” bizarros, ao estilo de um Garibaldi. Celso Lafer, por sua vez, construiu sua educação diplomática na observação direta do que foi feito por seu tio, Horácio Lafer, antes como ministro da Fazenda do Vargas dos anos 1950, depois à frente do Itamaraty, numa segunda fase do governo JK, dedicando a ambos trabalhos analíticos posteriores que figuram com realce em sua bibliografia. Da gestão do tio na política externa, destacou sobretudo sua ação no campo econômico: acordos comerciais, integração regional e aproximação à Argentina.
Essa educação continuou nos anos seguintes, de forma não surpreendente nos mesmos grandes temas focados anteriormente e, como Henry James, no contato direto com personalidades de realce na cena mundial; percorrendo as páginas dos dois volumes de Celso Lafer é possível registrar alguns dos grandes nomes do estadismo mundial, com quem Celso Lafer encontrou-se ou conviveu ao longo dessas décadas. Ele discorre, sempre de modo empático, mas penetrante, sem dispensar aqui e ali o bom humor, sobre líderes estrangeiros como Mandela, Shimon Peres, Koffi Annan, Antonio Guterres e, retrospectivamente, sobre o êmulo português do embaixador Souza Dantas, o cônsul Aristides de Souza Mendes, um justo entre os injustos do salazarismo. Dentre os diplomatas distinguidos do Brasil figuram os nomes deSaraiva Guerreiro e de Sérgio Vieira de Mello, para mencionar apenas dois nessa categoria.
Comparecem igualmente vários colegas e autores de renome, intelectuais da academia ou da diplomacia, como José Guilherme Merquior, Sergio Paulo Rouanet, Gelson Fonseca Jr., Synesio Sampaio Goes, Rubens Ricupero, Gilberto Dupas, Celso Furtado, Miguel Reale, Fernando Henrique Cardoso, entre os brasileiros. Estudiosos  estrangeiros, alguns conhecidos pessoalmente, aparecem sob os nomes de Karl Deutsch, Raymond Aron, Andrew Hurrell, Octavio Paz, Morgenthau, Kissinger e Prebisch. Suas resenhas e prefácios registram autores conhecidos na área, a exemplo de Sérgio Danese, Fernando Barreto, Gerson Moura e Eugenio Vargas Garcia, contemplados com extensas notas publicadas na revista Política Externa, da qual foi um dos responsáveis, junto com Gilberto Dupas e Carlos Eduardo Lins da Silva, durante vários anos.

A educação de Celso Lafer se fez, primordialmente, em intensas leituras e eventuais contatos, com grandes nomes do pensamento histórico, filosófico e político da tradição ocidental, desde mestres do passado remoto – Tucídides, Aristóteles, Grócio, Vico, Hume, Bodin, Hobbes Montesquieu, Kant, Tocqueville, Charles de Visscher e outros – até mestres do passado recente, inclusive alguns deles encontrados em carne e osso: Hans Kelsen, Carl Schmitt, Isaiah Berlin, Hanna Arendt, Norberto Bobbio, Raymond Aron, Hedley Bull, Martin Wight, Albert Hirschman, Stanley Hoffmann e muitos outros. Um desses “grandes mestres” aparece apenas marginalmente, ou episodicamente nos textos aqui coletados: Karl Marx, objeto de várias referências indiretas no exame da literatura especializada. Henry James, de seu lado, faz, em sua autobiografia, diversas referências ao pai do “socialismo científico” e afirmou ter seriamente considerado, junto com as teses ousadas de Darwin, os argumentos defendidos em O Capital, embora não demonstrasse entusiasmo com os anúncios precursores quando à derrocada do capitalismo. 
James, na verdade, demonstra certo esnobismo em relação à maior parte dos teóricos que digeriu, em Harvard ou em suas leituras posteriores. Ao referir-se, por exemplo, à necessidade de conhecer os ensinamentos de Marx, continua dizendo que o confronto também devia ser feito em relação à “satânica majestade do livre comércio de John Stuart Mill” (p. 72). Mais adiante, ao fazer o balanço de sua visita à Exposição Universal de Paris, em 1990, que representava o triunfo do capitalismo da belle Époque, ele revela que “tinha estudado Karl Marx e suas doutrinas da história com profunda atenção, mas que não podia aplicá-las a Paris” (p. 379). No caso de Lafer, não há menção a algum estudo sério da doutrina marxista, mas as referências não faltam, seja por meio de Raymond Aron, seja através de obras de Hélio Jaguaribe.
Ambos, porém, Henry James e Celso Lafer, exibem o mesmo compromisso incontornável com os princípios do liberalismo político e dos governos democráticos. James, ao conviver mais longamente com o sistema parlamentar inglês, considerava que “o governo de classe média da Inglaterra constituía o ideal do progresso humano” (p. 33). Por classe média, ele queria dizer, obviamente, burguesia, em oposição à velha aristocracia de títulos, que não existia no seu país natal; ela estava surgindo, em sua própria época, mas apenas a partir do exibicionismo ostensivo dos “barões ladrões”, enobrecidos financeiramente a partir da idade dourada do capitalismo americano. Celso Lafer, do seu lado, sempre foi um liberal doutrinal e filosófico, não obstante seu alinhamento pragmático com a socialdemocracia na política brasileira, no que, aliás, ele combina com um de seus mestres, o jurista e intelectual italiano Norberto Bobbio. 

Mais de uma centena de textos comparecem nos dois volumes, organizados em cinco partes bem identificadas, embora algumas repetições sejam detectáveis aqui e ali. O conjunto dos escritos constitui, sem dúvida alguma, um completo curso acadêmico e um amplo repositório empírico em torno dos conceitos exatamente expressos no título da obra: Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação. Os artigos, ensaios, conferências e entrevistas podem servir, em primeiro lugar, a todos os estudantes desses campos, não restritos, obviamente, aos próprios cursos de Relações Internacionais, mas indo ao Direito, Ciência Política, Filosofia, Sociologia, História, além de outras vertentes das Humanidades. Mas, os diplomatas profissionais e os demais operadores consolidados trabalhando direta ou indiretamente nessas áreas também encontrarão aqui um rico manancial de ideias, argumentos e, mais importante, “recapitulações” em torno de conferências, negociações, encontros bilaterais, regionais ou multilaterais que figuraram na agenda internacional do Brasil nas últimas décadas. 
A diversidade de assuntos, inclusive em relação aos próprios personagens que aqui comparecem, em “diálogos”, homenagens, obituários ou relatos de encontros pessoais, possuem um inegável vínculo entre si, pois todos eles têm a ver, de perto ou de longe, com a interface externa do Brasil e com os voos internacionais do autor. Os textos não esgotam, obviamente, o amplo leque de interesses e de estudos do autor, que se estende ainda aos campos da literatura e dos assuntos culturais em geral, trabalhos que figuram em diversos outros livros publicados de Celso Lafer, vários monotemáticos e alguns na categoria de coletâneas, como por exemplo os três volumes publicados pela Atlas, em 2015, enfeixados sob o título comum de Um percurso no Direito do século XXI, mas voltados para direitos humanos, direito internacional e filosofia e teoria geral do direito. A sua produção variada, acumulada intensa e extensivamente em tão larga variedade de assuntos, permite o mesmo tipo de “assemblagem” ocasional efetuada na presente obra em dois volumes. Apresentando, por exemplo, seus escritos focados em Norberto Bobbio: trajetória e obra (São Paulo: Perspectiva, 2013), Celso Lafer começa por lembrar justamente essa prática do mestre italiano: 
Bobbio, ao fazer, em 1994, um balanço de sua trajetória, observou que a sua obra caracterizava-se por livros, artigos, discursos sobre temas diversos, ainda que ligados entre si [nota: a referência aqui é à obra de Bobbio, O Futuro da Democracia]. Parte muito significativa e relevante da sua obra é constituída por volumes que são coletâneas de ensaios, reunidos e organizados em função dos seus nexos temáticos. Esses volumes de ensaios cobre os diversos campos do conhecimento a que se dedicou: a teoria jurídica, a teoria política, a das relações internacionais, a dos direitos humanos e o vinculo entre política e cultura, rubrica que abrange a discussão do papel do intelectual na vida pública. Esses volumes são representativos do contínuo work in progressda trajetória intelectual de Bobbio, esclarecendo como, no correr dos anos, por aproximações sucessivas, foi aprofundando a análise dos temas recorrentes do seu percurso de estudioso. (p. 23)

A partir da transcrição desse introito se poderia perfeitamente dizer: Ecce homo(talvez menos na linhagem nietzscheiana, e mais na do original bíblico). A afirmação se aplica inteiramente à própria trajetória acadêmica e profissional de Celso, ao seu percurso intelectual, à sua visão do mundo, com uma vantagem adicional sobre o jurista italiano, devido ao fato de Lafer ter sido bem mais do que um “simples professor”, ao ter exercido por duas vezes (até aqui) o cargo de ministro das relações exteriores (e uma vez o de ministro do desenvolvimento e de comércio exterior), funções certamente mais relevantes, para o Brasil, do que o cargo largamente honorífico concedido a Norberto Bobbio, já quase ao final da sua vida, de senador da República italiana. 

O percurso de Celso Lafer, no Brasil e no mundo, sua postura filosófica, de defensor constante dos direitos humanos e da democracia política, suas aulas na tradicional Faculdade de Direito (e em muitas outras conferências em universidades e várias instituições em incontáveis oportunidades), sua luta pela afirmação internacional do Brasil nos mais diversos foros abertos ao engenho e arte da diplomacia nacional, todos esses aspectos estão aqui refletidos em mais de uma centena de trabalhos carinhosamente reunidos sob a direção do próprio mestre e oferecidos agora ao público interessado. Não apenas o reflexo de uma vida dedicada a construir sua própria trajetória intelectual, esses textos são, antes de qualquer outra coisa, aulas magistrais, consolidadas numa obra unitária, enfeixada aqui sob a tripla dimensão do título do livro. 
Mais do que uma garrafa lançada ao mar, como podem ser outras coletâneas de escritos dispersos oferecidos a um público indiferenciado, a centena de “mensagens laferianas” aqui reunidas constituem um útil instrumento de trabalho oferecido aos profissionais da diplomacia, ademais de ser uma obra de referência aberta à leitura dos pesquisadores, dos professores e dos estudantes dessas grandes áreas de estudos e de trabalho acadêmico. Ao disponibilizar essa massa de escritos da mais alta qualidade intelectual ao grande público, esta obra faz mais do que reunir estudos dispersos numa nova coletânea de ensaios conectados entre si: ela representa, também e principalmente, um tributo de merecido reconhecimento ao grande mestre educador que sempre foi, e continuará sendo, Celso Lafer.
Vale! 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de julho de 2018



terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Lançamento de obra de ensaios do ex-ministro Celso Lafer: 19/12, IRBr e Carpe Diem

Lançamento de obra de ensaios do ex-ministro Celso Lafer:

Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia Brasileira: pensamento e ação

(Brasília: Funag, 2018, 2 volumes)
Instituto Rio Branco, 19/12, 16hs; 
Restaurante Carpe Diem, 19hs

O Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes Ferreira, o Senhor Secretário-Geral das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, e o Diretor do CHDD, embaixador Gelson Fonseca, prefaciador, têm o prazer de convidar para o lançamento da obra do ex-chanceler Celso Lafer, "Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia: pensamento e ação" (Funag, 2 vols.), no Auditório Araújo Castro do Instituto Rio Branco, no dia 19/12, às 16:00hs. 

O professor Celso Lafer também convida para o lançamento dessa mesma obra, a partir das 19:00hs no restaurante Carpe Diem (104 Sul).
O sumário da obra, em dois volumes, encontra-se disponível no link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/celso-lafer-livro-publicado-pela-funag.html.
A obra estará disponível digitalmente nos próximos dias, na Biblioteca Digital da Funag (http://www.funag.gov.br/loja/), sendo que os exemplares impressos estarão sendo vendidos pela Funag a R$ 31,00 o exemplar.

terça-feira, 31 de julho de 2018

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ricupero, Affonso Santos, livros de historia diplomatica - RJ, 25/07

Cerimônia de lançamento das obras:


Barão do Rio Branco – Cadernos de Notas: a questão entre o Brasil e a França (maio de 1895 a abril de 1901)
Affonso José Santos 
(Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão–FUNAG, 2018)

e  
A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016
Rubens Ricupero 
(Rio de Janeiro: Versal, 2017)

a realizar-se no dia 25 de julho de 2018 (quarta-feira), às 10 horas no Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro.

“Barão do Rio Branco – Caderno de Notas” examina o período de 1895 a 1901,
em especial no que diz respeito ao arbitramento dos limites da fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. A publicação distingue-se pela ampla documentação francesa pesquisada, a par dos registros pessoais do Barão e de documentos da chancelaria brasileira. Com a leitura da documentação, pode-se avaliar o desempenho de Rio Branco como advogado do Brasil na Questão do Amapá. O prefácio da obra é do embaixador Rubens Ricupero.

Por sua vez, “A Diplomacia na Construção do Brasil” é reconhecida com a mais completa e atualizada história das relações internacionais do Brasil, um livro decisivo para a compreensão de nossa diplomacia e de seus resultados.

A cerimônia contará com apresentação das obras por seus autores, que
responderão a perguntas do público.

Muito agradeceríamos a gentileza de confirmar sua presença pelo correio
eletrônico cgp@funag.gov.br.

O Livro Negro da Nova Esquerda - Agustin Laje e Nicolás Marquez


O Livro Negro da Nova Esquerda (pré-venda)
Livro em pré-venda. Entrega estimada: setembro/2018

O Livro Negro da Nova Esquerda, best-seller em toda a América Latina, ataca e questiona os “dogmas” do progressismo revolucionário, que devasta a cultura e as estruturas sociais vigentes, na esperança renovada de construir, sobre os escombros da sociedade atual, o futuro “paraíso” socialista. 
Páginas: 300
Autores: Agustin Laje e Nicolás Marquez

Livro em pré-venda. Entrega estimada: setembro/2018
Após a queda da URSS, muitos setores do mundo livre descansaram com a sensação de que a utopia coletivista havia sido derrotada para sempre. Contudo, alguns poucos anos depois, abraçando novas bandeiras e reinventando o seu discurso, ergueu-se uma espécie de neocomunismo que passou a dominar, em grande medida, o ambiente político e cultural do Ocidente. 
Os velhos princípios socialistas da luta de classes, do materialismo dialético, das guerrilhas e da revolução proletária, foram substituídos por uma nova agenda progressista na qual se destacam o garantismo penal, o ecologismo, o indigenismo, o feminismo radical e a ideologia de gênero. 
Toda essa salada vanguardista se abriga sob temas de aparência nobre, tais como igualitarismo, inclusão, diversidade e direitos das minorias. A nova esquerda não busca mais sequestrar empresários e embaixadores; ela sequestra as mentalidades e o senso comum; não se esforça para tomar as fábricas, mas para ocupar os meios de comunicação e as universidades; e não tenta confiscar as propriedades, mas as almas, corações e mentes.
O Livro Negro da Nova Esquerda, best-seller em toda a América Latina, escrito pelos argentinos Nicolás Márquez e Agustín Laje, ataca e questiona os “dogmas” desse progressismo revolucionário que devasta a cultura e as estruturas sociais vigentes, na esperança renovada de construir, sobre os escombros da sociedade atual, o futuro “paraíso” socialista. 
Autores:
Nicolás Marquez (Ramos Mejía, 1975) é um advogado, escritor e professor argentino, autor de 10 livros, e colunista de diversos meios de comunicação latino-americanos. 
Agustin Laje (Córdoba, 1989) é um pensador argentino, autor de 5 livros; escreve para diversos meios de comunicação como La Prensa, InfobaeLa Voz del Interior, Perfil, a revista Forbes, entre outros. É diretor do think tank Centro de Estudios LIBRE

domingo, 8 de julho de 2018

Guerrilha do Araguaia: novo livro de Hugo Studart; Brasilia, 17/07, 19hs

Hugo Studart lança livro com revelações sobre a Guerrilha do Araguaia

Hugo Studart, ex-repórter da revista “Veja” e doutor pela UnB, lança mais uma obra sobre a Guerrilha do Araguaia
Divulgação
O jornalista e doutor em História Hugo Studart lança o livro “Borboletas e Lobisomens — Vidas, Sonhos e Mortes de Guerrilheiros do Araguaia” (Francisco Alves), na terça-feira, 17, às 18h30, no restaurante Carpe Diem, CLS 104, Asa Sul, Brasília.
Studart relata que, na sua pesquisa de nove anos, consultou mais de 15 mil páginas de documentos secretos das Forças Armadas e registrou as memórias de guerrilheiros sobreviventes, de militares e de camponeses.
“É uma obra ideologicamente equilibrada e intelectualmente honesta, mas também historicamente incômoda e polêmica, pois descortina segredos que tanto os militares quanto os comunistas vêm tentando manter ocultos”, anota o editor Carlos Leal.
No prefácio do livro, o professor José Geraldo de Sousa enfatiza: “Hugo Studart colabora para pôr em relevo a exigência de memória e verdade como um caminho a ser percorrido na senda da construção democrática. Ele levanta, com seu trabalho artesão, de pesquisador diligente, fragmentos de registros de um enorme baú de ossadas. É obra enciclopédica”.
O embaixador Paulo Roberto de Almeida, no posfácio, sublinha: “Este livro, além de ser um relato intelectualmente honesto, tão objetivo quanto permitem os documentos remanescentes, foi magnificamente construído segundo as melhores técnicas da história oral e documental. Vale ler, refletir sobre seus dados e meditar sobre o futuro da política no Brasil”.
O jornalista e historiador mostra que um livro de História pode conter furos de reportagem. Sua pesquisa sobre as mortes de camponeses — quase sempre ignoradas pelo próprio PC do B — incursiona por campos inexplorados. Studart nota que é possível que alguns guerrilheiros, para sobreviver, aceitaram um pacto com militares. Um deles seria Hélio Navarro, o Edinho, filho de um oficial das Forças Armadas.
Mestre e doutor em História pela Universidade de Brasília, Studart é autor do livro “A Lei da Selva — Estratégias, Imaginário e Discurso dos Militares Sobre a Guerrilha do Araguaia”. Trata-se de sua dissertação de mestrado.



quarta-feira, 16 de maio de 2018

Livro: Brasil: o futuro que queremos - lançamento em SP

Dia 22 de maio, às 19hs, na Casa do Saber em SP:

Brasil: O Futuro Que Queremos

Atenção: este evento acontece presencialmente na Casa do Saber (rua dr. Mario Ferraz, 414, São Paulo). A ordem de ocupação dos lugares será a ordem de chegada, não sendo possível a reserva de assentos. Após o horário de início os lugares ainda disponíveis serão cedidos para quem estiver aguardando por vaga – procure se organizar e evite atrasos.
Casa do Saber e Editora Contexto convidam para conferência de lançamento de Brasil: O Futuro Que Queremos (Contexto, 2018), com a participação do organizador, Jaime Pinsky.

Os gritos de indignação seletiva, que abafaram o debate de ideias nos últimos tempos, poderiam dar a falsa impressão de que os brasileiros são incapazes de estabelecer um diálogo qualificado e construtivo. Isso não é verdade: o Brasil dispõe de gente preocupada com os rumos do país. Sem milagres, com propostas concretas, elaboradas a partir de suas experiências e estudos, Antônio Corrêa de Lacerda, Cláudia Costin, Eduardo Muylaert, Fabio Feldmann, Glauco Arbix, Jaime Lerner, Luís Eduardo Assis, Milton Leite, Nabil Bonduki, Paulo Roberto de Almeida, Paulo Saldiva e Roberto Rodrigues tratam de áreas fundamentais para o interesse da nação, oferecendo, ao final, sugestões sólidas para o futuro do país.

Apó a conferência haverá venda de exemplares e sessão de autógrafos.  


 
 
 
LANÇAMENTO
 
Brasileiros de diferentes linhas políticas apresentam seus projetos para o Brasil. Não são palpites de leigos, são projetos de governo pensados por especialistas para as áreas de Educação, Saúde, Segurança Pública, Cidades, Habitação, Ciência e Tecnologia, Economia, Agricultura, Meio Ambiente, Política Externa e Esporte. Um livro para qualificar e dar rumo ao debate público no Brasil neste ano decisivo para o país.
 
R$49,90
 
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APRESENTAÇÃO E LANÇAMENTO DO LIVRO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
 
MAIO 2018
 
 
BRASIL: O FUTURO QUE QUEREMOS
 
19h - apresentação*
20h30 - autógrafos
(aberto ao público)
Casa do Saber SP
 
*Para participar da apresentação é necessária inscrição prévia no site da Casa do Saber. Vagas limitadas.

Quem não é de São Paulo ou não poderá comparecer ao evento presencialmente, curta a página da Casa do Saber no Facebook e acompanhe a conferência on-line, ao vivo, de onde estiver.
 
 

 
 
 
(11) 3832-5838
contato@editoracontexto.com.br
www.editoracontexto.com.br
 

quinta-feira, 3 de maio de 2018

O Brasil que Queremos: livro, Jaime Pinsky (org.)

Recebi um convite do editor, historiador e amigo Jaime Pinsky, dois meses atrás, para redigir um capítulo sobre relações internacionais e política externa do Brasil para um livro que deveria reunir, de acordo com a recomendação, ensaios não teóricos, mas pragmáticos sobre o que o Brasil deveria fazer para corrigir distorções presentes e assegurar seu desenvolvimento sustentado, com transformações estruturais e justiça social nos anos à frente.
Após alguma hesitação, por razões profissionais, decidi aceitar, pois me permitiria discorrer sobre os aspectos de nossa interface externa que conviria implementar, com vistas à inserção internacional do Brasil, embora eu me tenha limitado às relações econômicas internacionais do país, tema de minhas pesquisas e, supostamente, de minha especialidade.
Este o meu trabalho:

“Relações internacionais”, Brasília, 1 fevereiro 2018, 11 p. Colaboração ao livro organizado por Jaime Pinsky, Brasil: o futuro que queremos (São Paulo: Editora Contexto, 2018; ISBN: 978-85-520-0058-7).

O livro será lançado no dia 22 de maio em São Paulo, conforme o convite que reproduzo abaixo.
Paulo Roberto de Almeida




Sumário

Introdução –Jaime Pinsky, 7
Educação – Claudia Costin, 11
Saúde – Paulo Saldiva, 25
Cidades, Jaime Lerner - 43
Moradia, Nabil Bonduki  - 61
Segurança pública – Eduardo Muylaert,  87
Ciência e tecnologia – Glauco Arbix, 107
Economia e finanças – Luís Eduardo Assis, 141
Política econômica – Antonio Corrêa de Lacerda, 163
Relações internacionais – Paulo Roberto de Almeida, 185
Agricultura – Roberto Rodrigues,203
Meio ambiente – Fabio Feldmann, 223
Esporte – Milton Leite, 237

Os autores, 251

Os gritos de indignação seletiva, que abafaram o debate de ideias nos últimos tempos, tanto no âmbito da política formal quanto no espaço das mídias sociais, poderiam dar a falsa impressão de que somos incapazes de estabelecer um diálogo qualificado e construtivo. Isso não é verdade. O Brasil dispõe de gente preocupada com os rumos do país, de pessoas com ideias e projetos que podem (re)colocá-lo nos eixos. Sem milagres, com propostas concretas, elaboradas a partir de experiência e estudos. E mais ainda, sem palavras de ordem. Sem ofender os que pensam de modo diferente.
Este livro reúne doze desses brasileiros para tratar de áreas fundamentais para o interesse da nação. São especialistas e intelectuais de alto nível, com bons propósitos, detentores de senso de responsabilidade com relação aos caminhos que nosso país pode e deve trilhar, e que oferecem aqui sugestões sólidas para o futuro que queremos. 
Um livro para todos aqueles que acreditam no Brasil.

“Como historiador e cidadão, julguei que poderia ajudar o país promovendo um debate de alto nível sobre alguns dos problemas mais importantes que o Brasil precisa resolver nos próximos anos. Concebemos a obra com o objetivo explícito de qualificar o debate, de avançar na discussão de ideias, de reunir um grupo de brasileiros dispostos a sugerir políticas públicas em sua área de especialização e interesse. O leitor não vai encontrar aqui ensaios acadêmicos, embora todos os autores reunidos tenham competência para formulá-los, com muita qualidade. Simplesmente, não era esse o objetivo que buscávamos atingir. Não se trata também de panfletos destinados a justificar a plataforma de um ou outro partido político. O que não impede que capítulos deste livro inspirem a criação de leis, seja em uma modesta Câmara de vereadores, seja no próprio Congresso Nacional. 
Cada capítulo pode ser um ponto de partida para uma ação efetiva em uma área importante. Embora cada autor seja responsável apenas pelo seu capítulo, pela sua área de especialização, o conjunto de textos forma um livro que se torna um projeto de políticas públicas em diferentes áreas: economia, educação, agricultura, questão urbana, ciência e tecnologia, política externa, saúde pública, política de esporte e meio ambiente. Os autores tiveram total liberdade de colocar suas ideias e estas foram integralmente respeitadas. 
E democraticamente colocamos este maravilhoso conjunto de ideias à disposição de todos.”
Jaime Pinsky