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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Nunca antes no Brasil... nunca antes mesmo...

Nunca antes no Brasil, a presidência da República tinha sido tão democrática, tão transparente, tão resolvida, tão assumida, tão contente de si mesma, tão segura de suas certezas, tão bem com os seus bens, tão perfeita na transcrição fiel de segundo por segundo, minuto por minuto, hora por hora desses momentos memoráveis para a língua portuguesa, que por certo serão estudados durante anos, por gerações, na Academia Brasileira de Letras.
Louvo aqui a sinceridade total, a verdade exposta à luz do dia, o exercício perfeito de lucidez verbal, de satisfação com a exposição límpida, perfeita, fiel, de como as coisas realmente são.
Por isso, volto a repetir: nunca antes no Brasil tínhamos tido demonstrações tão acabadas de verdades presidenciais, manifestações tão claras de como as coisas se passam realmente.
É o caso, portanto, de repetir, com o historiador alemão Leopold von Ranke:
Wie es eigentlich Gewesen...
(como as coisas efetivamente se passaram).
Grato a todos os que colaboraram para esses momentos memoráveis da história pátria.
Paulo Roberto de Almeida

CELSO ARNALDO ARAÚJO
Blog de Augusto Nunes, 1/09/2013

O que a presidenta fala não se escreve ─ o dilmês, inédito idioma com um único usuário, estacionou sua semântica na fase pré-escrita da linguagem e, por isso, não pode ser transcrito sem grave ofensa à instituição da Presidência da República. Ao quebrar esse dogma, reproduzindo os discursos de Dilma com fidelidade quase integral, minutos depois de terem sido cometidos, o Portal do Planalto oferece à consulta pública, em tempo real, documentos preciosos que um dia serão analisados por historiadores isentos ─ e só então encarados com o devido espanto.
Desde o início das manifestações de rua, com a consequente queda vertiginosa de sua incrível popularidade, os discursos de Dilma se avolumaram em duração e frequência ─ às vezes três numa mesma cidade, no mesmo dia, cada qual numa plataforma diferente do Brasil Maravilha. Só de “comprimentos”, dá mais de meia hora/dia.
Mas esta semana, em Campinas, onde participaria de duas cerimônias, o espanto foi da própria presidente, logo aos 32 segundos do primeiro discurso, que celebraria a entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida na cidade, ao se dar conta de que um auto-hacker, falando em dilmês escorreito, invadira sua fala.
O preâmbulo “cut-cut” do discurso seria o caso edificante de uma mulher resgatada de sua miséria por um curso profissionalizante ─ e que talvez já tenha até casa própria, mas não é da Dilma.
“Eu quero cumeçá contando uma história pra vocês de uma mulher que estudou somente até a 5ª série ginasial e… aliás, a 5ª série do curso fundamental, porque vivia na roça com mais nove irmãos e não teve condições de continuar estudano. Mas essa mulher… eu vou tratá dela nu, na, na próxima cerimônia que eu vou participar aqui em Campinas…”
Continuar estudano? Só aí caiu a ficha: “essa mulher” era figurante do discurso seguinte, o de entrega de diplomas de cursos profissionalizantes para formandos do Pronatec. O que estaria fazendo ela numa entrega de casa própria? Ao perceber o erro, a presidente promete “tratá dela” na próxima cerimônia ─ seria quando falasse do Mais Médicos?
Enquanto o pânico certamente se instala nos arredores ─ com os assessores remexendo nervosamente a papelada para encontrar o texto da vez ─ Dilma não acusa o golpe e, sem perder a embocadura, como sói acontecer entre os grandes oradores, tenta encenar o teletransporte, à cerimônia seguinte, da personagem que não pertencia àquele mundo:
“… na próxima cerimônia que eu vou participar aqui em Campinas, que é a formação…do Bolsa Família”.
Espere: não seria do Pronatec? Que formação é essa do Bolsa Família? Da poupança?
Não há nada que não possa ser consertado em dilmês:
“Quiquié formação do Bolsa Família? Quando a gente dá o Bolsa Família, nós estamos permitindo que as pessoas sobrevivam..”.
Humm, essa história não vai acabar bem… Enfim, depois de segundos que pareceram uma eternidade, a mão salvadora ─ veja no vídeo acima ─ deposita sobre o púlpito o papel certo. Seria a hora de mudar de assunto e abandonar o penoso improviso ─ o tema da cerimônia, afinal, é a casa própria. Mas não Dilma.
Ela vai até o fim. A tal “formação do Bolsa Família” ─ que parece ter deixado de ser esmola para ser escola ─ precisa ser explicada.
“Quando a gente dá o Bolsa Família, nós temos de dá também condições pras pessoas mudarem de vida. Mudá de vida ocê muda de várias formas. Primeiro, estudano….”.
É o toque aristolélico, que explica a “formação do Bolsa Família”. Mas, espere: de novo, e a casa própria? Aqui está ela, gloriosa, embora em versão “própia”:
“Primeiro a casa própia. Segundo, curso profissionalizante pra pessoa tê a carteira assinada e podê consegui um emprego”.
Fechou o raciocínio? Sem dúvida, mas é preciso dar uma caprichada no enunciado, inclusive linkando a coisa com o motivo do discurso seguinte, de onde “essa mulher” saiu inadvertidamente:
“Tô feliz, bastante feliz, porque hoje, aqui em Campinas, é minha primeira visita como presidente. E como presidente, eu venho fazer dois atos que são essenciais pra mudar a vida das pessoas: casa própia de um lado, formação profissional de outro lado”.
E dona Maria ─ como se verá adiante ─ no meio dos dois.
Bem, o discurso prossegue, além do vídeo, por longos 22 minutos, integralmente transcritos pelo Portal do Planalto, com Dilma em seu melhor habitat: a velha história da casa que é muito mais do que uma casa. É uma casa:
“Hoje, nós estamos entregando 1060, 1060 moradias que são na verdade, não são construção, porque uma casa pode ser de material, pode ter azulejo, ferro, aço, alumínio, mas uma casa não é isso. Uma casa é onde a gente cria os filhos, onde a gente mora com a família, onde a gente recebe os amigos, onde a gente cria os laços afetivos que qualquer ser humano quer carregar ao longo da sua vida”.
Passada a tensão inicial, Dilma parecia exultante ─ mas com os pés no chão:
“Eu estou muito feliz, porque eu entro lá nos apartamentos para olhar o quê? Eu olho o chão, eu olho se o chão está coberto. A moça ali me perguntou, porque antes não se cobria o chão. A primeira fase, a primeira fase não se cobria o chão, agora que se começou a cobrir. Nós decidimos várias coisas, melhorias, porque você vai aprendendo. Agora é obrigado ─ é bom vocês saberem o que é obrigado a fazer: por exemplo, o chão tem de estar coberto, ou por madeira ou cerâmica, e a área social também. Se o seu não estava, ele terá de estar”.
E nada como o olhar de uma igual:
“Eu sou, como vocês… hoje eu não sou dona de casa porque eu sou presidente, mas eu fui dona de casa até pouco tempo atrás. Quero dizer para vocês que, como qualquer dona de casa, vocês têm de fazer o seguinte: vocês têm de olhar os preços nas lojas. E olhar o preço, ver qual é o melhor e comprar o que é melhor”.
Não é à toa que se tornou presidente: alguém já tinha pensado nisso antes?
A seguir:
─ A mulher que invadiu por engano o discurso da casa própria volta com tudo no discurso certo e é obrigada a ouvir a profissão de fé da presidente na educação e nos nossos mestres:
“E o professor, o professor, a pessoa professor e professora, nós, sociedade brasileira, governo, estudantes, nós temos de valorizar”
“Independentemente de quem quer que seja, nós carregamos a educação que nós conquistamos para nós”
─ Dilma pede ajuda aos universitários para lembrar o nome do micro-ondas

─ Os desafios do Mais Médicos:
“Nós vamos primeiro atacar o grosso”
“Gripe é aquilo que ataca cada um de nós”
“O Brasil precisa de oncologista, que vai tratar das doenças do câncer”.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Juro que eu so queria entender..., continuo querendo...

Quem entender me diga:


“O nordestino, já dizia um grande escritor brasileiro, é, antes de tudo, um forte. O cearense é, antes de tudo, um forte. O brasileiro é, antes de tudo, um forte. E nós sabemos que se tem países que vencem o inverno mais rigoroso, porque a cada ano ele se repete e mata tudo e todos, não tem alimentação, não tem produção, mas eles têm formas de conservar a produção.”


“Se a gente for olhar essas manifestações de junho, nós vamos ver que elas foram feitas por quê? Por que elas foram feitas? Por causa do seguinte: uma característica do ser humano nos distingue e nos transforma em capazes de fazer, de sair da idade do bronze e colocar um voo na lua. Qual é essa característica? É querer mais, é cada vez querer mais, como aquele pessoal que você tentava e tentava.”

quarta-feira, 5 de junho de 2013

40 licoes simples de um economista que chegou aos 40 anos - Bryan Caplan

Puxa vida: eu esqueci de fazer as minhas lições quando cheguei aos 40 anos (embora tenha feito outras já tendo passado); agora vou ter de redigir muito mais lições, ensinamentos, experiências. Assim será.
Com vocês, algumas lições verdadeiras, outras lógicas, outras ainda elementares, e algumas poucas tão complexas que vai ser difícil segui-las...
Mas vale tentar (embora a maioria seja feita de deduções, e portanto não aplicáveis no plano individual).
Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida


LIÇÕES DE VIDA

Quarenta coisas que aprendi nos meus primeiros 40 anos

Economista revela lições valiosas que aprendeu em suas primeiras quatro décadas de vida

por Bryan Caplan



1. A lei da oferta e demanda resolve incontáveis mistérios do mundo – tudo desde controle de aluguéis a congestionamentos em estradas.


2. Quase qualquer um pode entender a lei da oferta e demanda se ouvir calmamente. Infelizmente, o contrário também é verdadeiro.
3. A pobreza é terrível, e o crescimento econômico, não a redistribuição, é a cura.
4. As causas aproximadas do desemprego são a regulação do mercado de trabalho e a crença equivocada dos trabalhadores a respeito de justiça. Mas a causa fundamental do desemprego são os salários excesssivos.
5. A competição livre é muito superior à competição “perfeita”.
6. Governos com moeda fiduciária têm poder quase absoluto sobre o PIB nominal, mas muito menos sobre o PIB real ou sobre o emprego.
7. O risco moral (moral hazard) e a seleção adversa são em grande parte produtos de – e não a lógica para – regulação de seguros.
8. Restrições à imigração são crimes inúteis – e causam mais danos do que todas as outras regulações governamentais juntas.
9. O comunismo foi um desastre por causa de maus incentivos e não por falta de incentivos.
10. Os dois últimos séculos de crescimento populacional e prosperidade deveriam nos encher de admiração – e o melhor ainda está por vir.
Filosofia
1. O maior erro filosófico é exigir prova para o óbvio. Veja Hume.
2. O segundo maior erro filosófico é tentar provar o óbvio. Veja Descartes.
3. Se você não consegue explicar a sua posição claramente em uma linguagem simples, provavelmente você mesmo não a compreende.
4. Quando possível, decida debates sobre “o que é óbvio” apostando, não falando.
5. Ignorar os fatos de dualismo e livre vontade radical é antiempírico e anticientífico.
6. Falar sobre moralidade, se não existem fatos morais é como falar sobre unicórnios, se não existem unicórnios.
7. Não existem fatos morais.
8. Argumentos morais produtivos começam com casos claros e simples, não com teorias morais em cada frase ou problemas provocativos.
9. Violência e roubo são presuntivamente errados e, mesmo que você se chame “governo”, essas presunções ainda são válidas.
10. As melhores três páginas da filosofia ainda são “Carta a Meneceu”, de Epicuro.
Política
1. Eleitores são irracionais. E também o é pensar de outra maneira.
2. O governo não é uma solução para problemas de externalidade; ele é o melhor exemplo do problema.
3. O principal produto do governo não são os “bens públicos”, mas os bens privados que as pessoas fingem querer muito mais do que realmente querem. Veja o caso da previdência social.
4. As pessoas raramente usam o argumento mais internamente consistente para a ação do governo: paternalismo.
5. O caminho realista para um mercado mais livre não é uma “reforma do livre mercado”, mas austeridade.
6. Democratas e Republicanos são quase tão diferentes quanto católicos e protestantes – e 80% da união das suas recriminações mútuas são verdade.
7. Antes de estudar a opinião pública, você se pergunta por que a política não é muito melhor. Depois de estudar a opinião pública, você se pergunta por que a política não é muito pior.
8. Grandes motivos por que a democracia não é pior: participação desigual, negligência política e viés do status quo.
9. Os libertários são os dhimmis da democracia
10. Apesar de tudo, a vida nas democracias do primeiro mundo é incrivelmente boa para os padrões mundiais e históricos e continuarão se tornando melhores. Então, anime-se.
Vida
1. A vida é um presente e, quanto mais, melhor.
2. “Faça o que você ama e você nunca terá que trabalhar na sua vida”. Isso mesmo.
3. Seja amigável como uma questão de política. Vire a outra face diante de ataques pessoais. Pode parecer loucura, mas funciona.
4. A obsessão é uma solução poderosa para problemas físicos e sociais. Infelizmente, também é uma das principais causas de problemas emocionais.
5. Uma vez que você se torna adulto, pessoas religiosas te deixarão em paz se vocês as deixar em paz.
6. As pessoas mudam mais do que você pensa. Diga a você mesmo que isso não é culpa de ninguém.
7. A seleção é a chave para a harmonia social. Cerque-se de amigos verdadeiros que lhe amam do jeito que você é. Se você não vir ninguém por perto, procure por eles.
8. Crie os seus filhos com bondade e respeito. “Eu sou seu pai, não seu amigo” é uma razão para tratá-los melhor que os seus amigos, não pior.
9. Sua mente envelhece a uma velocidade menor do que você espera quando você é jovem e o seu corpo a uma velocidade maior.
10. A psicologia evolucionária é, de longe, a melhor teoria universal da motivação humana. Ignore-a ao seu próprio risco.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sacrebleu!: olhaeuai, por uma vez, concordando totalmente com o governo...

Essa é inédita, mas eu, e todos vocês, tínhamos de sobreviver para ver essa. Nem eu acreditava mais. 
Por uma vez (e espero que seja mais), estou concordando totalmente com o governo.
Comemorem, minha gente, pois não vai durar muito. Logo vão dar um jeito de conçertar a fraze...


E eu quero adentrar pela questão da inflação e dizer a vocês que a inflação foi uma conquista desses dez últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo.

Conheceram seus papudos de neoliberais?: vocês aí fazendo força para acabar com a inflação, sem saber que, depois disso tudo, viriam os companheiros muito mais melhor de preparados e que, finalmente dariam um geito de conçertar o erro...