O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Montesquieu, Monet, Stanislau Ponte Preta, tutti quanti...

Samba do europeu confuso...
(sendo politicamente correto, claro)

Ela fala pelo Brasil
26 de fevereiro de 2014 
O Estado de S.Paulo
Editorial

Até mesmo o lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da presidente Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula União Europeia (UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem sentido.

Ao falar de improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno; como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é institucional, pois Dilma é a representante de todos os brasileiros - e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória.

Logo na abertura do discurso na sede do Conselho da União Europeia, Dilma disse que o Brasil tem interesse na pronta recuperação da economia europeia, "haja vista a diversidade e a densidade dos laços comerciais e de investimentos que existem entre os dois países" - reduzindo a UE à categoria de "país".

Em seguida, para defender a Zona Franca de Manaus, contestada pela UE, Dilma caprichou: "A Zona Franca de Manaus, ela está numa região, ela é o centro dela (da Floresta Amazônica) porque é a capital da Amazônia (...). Portanto, ela tem um objetivo, ela evita o desmatamento, que é altamente lucrativo - derrubar árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo (...)". Assim, graças a Dilma, os europeus ficaram sabendo que Manaus é a capital da Amazônia, que a Zona Franca está lá para impedir o desmatamento e que as árvores são "plantadas pela natureza".
Dilma continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos gramaticais e atentados à lógica. "Eu quero destacar que, além de ser a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, mas, além disso, ali tem o maior volume de água doce do planeta, e também é uma região extremamente atrativa do ponto de vista mineral. Por isso, preservá-la implica, necessariamente, isso que o governo brasileiro gasta ali. O governo brasileiro gasta um recurso bastante significativo ali, seja porque olhamos a importância do que tiramos na Rio+20 de que era possível crescer, incluir, conservar e proteger." É possível imaginar, diante de tal amontoado de palavras desconexas, a aflição dos profissionais responsáveis pela tradução simultânea.
Ao falar da importância da relação do Brasil com a UE, Dilma disse que "nós vemos como estratégica essa relação, até por isso fizemos a parceria estratégica". Em entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que queria abordar os impasses para um acordo do Mercosul com a UE "de uma forma mais filosófica" - e, numa frase que faria Kant chorar, disse: "Eu tenho certeza que nós começamos desde 2000 a buscar essa possibilidade de apresentarmos as propostas e fazermos um acordo comercial".
Depois, em discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora fosse, misturando Monet e Montesquieu - isto é, alhos e bugalhos. "Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e algumas mulheres são, e por isso que as instituições têm que ser virtuosas. Se os homens e as mulheres são falhos, as instituições, nós temos que construí-las da melhor maneira possível, transformando... aliás isso é de um outro europeu, Montesquieu. É de um outro europeu muito importante, junto com Monet."
Há muito mais - tanto, que este espaço não comporta. Movida pela arrogância dos que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma foi a Bruxelas disposta a dar as lições de moral típicas de seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma estadista congênita, a presidente julgou desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários - um vexame para o País.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Da serie: Eu So Queria Entender... - Kibe Loco muito louco, e minha solidariedade aos companheiros da transcricao...

Cada vez que eu vejo, leio, escuto, um treco destes:

A questão da educação é uma questão fortíssima no Brasil. Acho que ela é, o Brasil hoje é um país, do meu ponto de vista, que tem na educação o seu grande caminho, porque, através da educação eu estabilizo a saída da miséria e a ida para a classe média. Só através da educação que nós vamos estabilizar, e educação de qualidade, senão você não estabiliza, ou então a pessoa fica lá. Então, discutiam porta de saída. A grande porta de saída é uma porta de entrada: é a educação.

eu fico me perguntando como é que fazem, com seus poucos cabelos, aquele pessoalzinho da transcrição, e depois os responsáveis por alimentar certos sites oficiais, e mesmo os blogueiros a soldo, os legionários do poder, os mercenários do partido totalitário, como é que eles fazem para tentar transformar uma coisa dessas em algo minimamente compreensível para essas gentes que precisam estar sempre sendo convencidas de que vivem no melhor país possível, governado da melhor forma pessoal, pelas gentes mais competentes que este canto de planetinha já produziu.
Deve ser uma tarefa hercúlea, quase impossível, e fico imaginando o diálogo entre dois dos serviçais:

" -- Pô, meu caro, dessa vez tá complicada a coisa. Você entendeu alguma coisa do que ela disse?
-- Dexa eu vê.... Hummm, tá difícil que tá porreta! Vê se ocê consegue concertar (com "c" no original falado, captado por nossos aparelhos ultrassensíveis fornecidos pela NSA) e vamos botar de qualquer jeito...
(pausa para esforço sobre-humano).
-- Ô meu, não dá mesmo; essa coisa deve ter até copiraite e não se pode sair por ai mudando o que não nos pertence. Melhor deixar como está...
-- É, cê tem razão. Até o pessoal do Kibe Loco não precisou nem inventar nada, colocar desenhos ou personagens; eles deixaram como está, veja aqui: http://kibeloco.com.br/2013/12/20/dilma-sobre-a-educacao/
-- Pois é, melhor ficar assim. Da próxima vez a gente pergunta para aquele pessoal do ministério da propaganda..."

Tá difícil mesmo...
Toda a minha solidariedade nessas horas difíceis, mas quem mandou entrar nessa...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 10 de novembro de 2013

A arte da Logica e suas (des)aplicacoes praticas - Milton e Miriam Joseph

Uma anotação feita em meu Moleskine, a partir de uma leitura no Kindle do iPhone, em viagem...

Transcrevo de um livro que estou lendo no Kindle, sempre que posso, nos intervalos de várias outras leituras impressas, este trecho, retirado do Prefácio da Arte da Lógica, escrito em latim por volta de 1640, pelo poeta John Milton, sim, o mesmo do Lost Paradise, para organizar o pensamento em torno das chamadas artes liberais (gramática, retórica, lógica, etc.) e que traduzo livremente da versão em inglês:

Art of Logic
Milton

O objeto geral das Artes é a razão, ou o discurso. Estes são empregados seja no aperfeiçoamento da razão, com o objetivo do pensamento correto, como na lógica, ou no aperfeiçoamento do discurso, e aqui, seja para o uso adequado das palavras, como na gramática, seja para o uso efetivo das palavras, como na retórica.
De todas as Artes, a primeira e a mais geral é a lógica, depois a gramática, e por fim, a retórica, uma vez que podemos usar a razão sem discurso, mas não se pode usar o discurso sem razão. Atribuímos um segundo lugar à gramática, porque o discurso correto pode vir sem floreios ou ornamentações; mas ele nunca poderá ser enfeitado antes de estar correto.

In:
The Trivium: The Liberal Arts of Logic, Grammar, and Rhetoric
Sister Miriam Joseph, CSC, Ph.D.
edited by Marguerite McGlinn
(Philadelphia Paul Dry Books, 2002; Kindle edition)

Pois bem, algumas pessoas, no Brasil, se encarregam de desmentir o poeta Milton, e se atribuem alegremente a missão de bagunçar completamente as boas regras relativas à arte da lógica, e da gramática e da retórica também.
Não sei como isso é possível, ao mesmo tempo, mas o fato é que ocorre.
Alguns até fazem questão de, deliberadamente, estropiar a gramática, isto é, a linguagem (já que sequer escrevem um discurso), apenas com a intenção de, demagogicamente, "ficar mais perto do povo".
Outros o fazem involuntariamente, devido à sua manifesta, notória, patente, transparente, evidente, atestada incapacidade total em concatenar idéias, expressá-las com lógica, com as palavras corretas, enfim, de maneira relativamente racional, ou pelo menos vagamente compreensível.
Tarefa acima das capacidades humanas, para alguns...
Pois é, tem gente que usa o discurso sem qualquer razão, sem qualquer lógica, sem gramática, e sem floreios, numa retórica absolutamente incompreensível...

Pergunto novamente: como foi que chegamos a uma catástrofe dessas?

Paulo Roberto de Almeida
(em vôo, Bra-Porto Alegre, 29/10/2013)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Da serie: eu so queria entender (nao, nao precisa explicar...)


“Se nós apostamos num país que nós queremos ver como uma nação desenvolvida, e não só como um país que a economia cresce e se desenvolve, mas um país em que também cresce junto com a sua economia a sociedade, e cresce, sobretudo, a nação”.

Juro que eu continuo querendo entender, mas minha interação com lógica formal, desde os bancos escolares, foi muito precária, assim que eu tenho dificuldades em entender certas coisas: quem deve crescer: a nação, a economia, o país? Please, explain...

domingo, 13 de outubro de 2013

Da serie: Eu So' Queria Entender...

Sem necessariamente conseguir...
(Nem vou pedir para quem conseguir entender, me explicar; não faz nenhuma diferença, nenhuminha...)

"Tem uma infraestrutura muito importante para o Brasil, que é também a infraestrutura relacionada ao fato de que nosso país precisa ter um padrão de banda larga compatível com a nossa, e uma infraestrutura de banda larga, tanto backbone como backroll, compatível com a necessidade, que nós teremos para entrarmos na economia do conhecimento, de termos uma infraestrutura, porque no que se refere a outra condição, que é a educação, eu acho importantíssima a decisão do Congresso Nacional do Brasil em relação aos royalties".


"A destinação dos royalties e do fundo social para a educação, esses dois elementos, um de infraestrutura e outro na área de educação constituem nosso passaporte também para o futuro. Então, é um programa ambicioso, ele tem vários desdobramentos, ele não para aí, porque ainda inclusive nós não vamos iniciar esse processo, estamos em fase de discussão, esse que estou falando da banda larga. Mas eu estou aqui completando para vocês porque eu vou falar, aí, então, fica completado para vocês."

Ok, pessoal, esquece...

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um processo complicado de compreensao do processo (mas voces entendem...)

...ou não?

Porque, para se reservar água, é necessário ter onde reservar água.

Esse processo é um processo que ele é muito importante porque passa por uma compreensão diferenciada da situação. Isso que foi dito aqui: que não é necessário combater a seca, essa é uma visão errada, que nós todos concordávamos que nós temos que conviver com ela, e conviver com ela significará domá-la. É, na verdade, isso: conseguir gerenciá-la, conseguir fazer com que a população não tenha as consequências danosas que a seca produz.

Desisti, de vez, e definitivamente, nunca mais, ou nunca antes...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ainda nao consegui entender; quem conseguir me explique...

Medidas de caráter monetário são, em princípio, para estímulo interno à economia. Tarifas, em princípio, são usadas para regular comércio exterior.
Juntar as duas coisas me parece um tanto esdrúxulo.
Quanto à volatilidade, ela se manifesta, em princípio,quando um governo faz várias coisas contraditórias ao mesmo tempo, como, por exemplo, pretender rigor fiscal e simultaneamente estimular o consumo doméstico.
Enfim, alguém precisa lembrar certas coisas...
Paulo Roberto de Almeida

Reunião do G20

Ao menos no discurso, Dilma condena 'protecionismo'

Veja.com, 6/09/2013

No mesmo evento em que a presidente dirigiu críticas às medidas de estímulos monetários, por considerá-las 'protecionistas', ela votou contra um acordo que impede a adoção de novas medidas de entrave comercial

Apesar de o Brasil ter votado contra um acordo que impede a adoção de novas medidas protecionistas pelos países - o chamado "Stand still", a presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta sexta-feira que o Brasil "repudia todas as formas de protecionismo" no comércio exterior. Antes de deixar a Rússia, onde participou da reunião de cúpula do G-20, a presidente comentou que uma das "novas" formas de protecionismo é a oscilação das moedas, fator que afeta a competitividade dos países no comércio.
"O Brasil repudia todas as formas de protecionismo. As novas também. Repudiamos as (políticas protecionistas) tradicionais e repudiamos as não tradicionais derivadas, por exemplo, das políticas monetárias não convencionais expansionistas que produziram num primeiro momento a valorização das moedas vis-à-vis o dólar e agora, na saída, vão provocar o efeito oposto", disse a presidente Dilma que comparou políticas monetárias relaxadas adotadas pelos Estados Unidos, pela Europa e pelo Japão às "novas medidas" protecionistas. Dilma, porém, não citou nomes dos países que optaram por essa estratégia.
Para a presidente brasileira, o ideal é não ter na economia global movimentos dessa natureza "nem de um lado nem de outro". "Nós queremos estabilidade, uma baixa volatilidade, uma maior tranquilidade no que se refere aos efeitos das decisões dos países nas políticas domésticas. Essa foi uma questão que foi muito insistida", disse, ao comentar a discussão durante os dois dias de cúpula do G-20.
Apesar de não citar nomes, a presidente brasileira disse que "tudo o que é país emergente ou em desenvolvimento estava reclamando sobre o tema" durante a reunião de cúpula do G-20. 
A presidente disse ainda que a perspectiva de reversão da política monetária nos EUA é um tema de especial preocupação dos países emergentes e em desenvolvimento no G-20. "Todos os participantes entendem que é importante haver um papel de coordenação das políticas econômicas, especialmente nas economias avançadas do G-20", disse.O
"Ao sair da atual política monetária, especialmente no caso do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), o que não for bem comunicado, e se não for feito de uma forma muito cuidadosa, pode afetar países em desenvolvimento", afirmou Dilma Rousseff. A presidente reforçou ainda a defesa de reforma de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e também do sistema financeiro global.
(com Estadão Conteúdo)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pronto!: o Portunhol NAO e' mais a lingua oficial do Mercosul...

Estava tudo indo tão bem, com o Portunhol servindo de língua franca entre os brasileiros e os hermanos.
Não compreendo como isso foi acontecer, ou melhor compreendo...
Vocês também compreendem: melhor assim, não é mesmo?

Lombardi disse que o encontro entre Dilma e Francisco teve intérprete.

(das notícias online sobre o mais esperado encontro da cristandade, aquele que pode salvar o Brasil da decadência argentina; mas com tradução demora um pouco mais...)

domingo, 21 de julho de 2013

MPOG contrata assessores internacionais sabendo falar Ingles; o Portugues parece facultativo...

Esta frase, da oferta abaixo, feita pelo MPOG, é estupenda:

"Saber trabalhar sobre pressão..."


Exige-se conhecimento obrigatório de Inglês, mas aparentemente, o Português é facultativo...
Ou então poderia acrescentar o Português, entre os Requisitos apenas desejáveis.. 
Enfim, candidatos, apresentai-vos, com pressão ou sem pressão, sob ou sobre, whatever...
Paulo Roberto de Almeida 


COORDENAÇÃO-GERAL DE POLÍTICA COM ORGANISMOS INTERNACIONAIS – COGER
            A Coordenação-Geral de Políticas com Organismos Internacionais está abrindo processo seletivo para contratação de pessoal, para ocupar cargos, inclusive de confiança DAS 2 e DAS 3, dependendo do perfil dos candidatos selecionados. As vagas serão para a COPAG e a COPOG.

COORDENAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE PAGAMENTOS A ORGANISMOS INTERNACIONAIS - COPAG – SEAIN/MP 
Temas principais: Análise de solicitações de pagamento de contribuições e integralizações a organismos internacionais. Preparação da proposta orçamentária anual, preparação das solicitações de crédito orçamentário e revisão do cadastro de ações orçamentárias daquelas ações. Análise e parecer sobre a internalização de normas que criam encargos junto a organismos internacionais. Produção de relatórios anuais.

COORDENAÇÃO DE POLÍTICA COM ORGANISMOS INTERNACIONAIS

COPOG – SEAIN/MP

Temas principais: preparação de reuniões de diretoria e assembléias gerais. Análise de auditorias, orçamento, planejamentos, estratégias de atuação, aumentos de capital, recomposições de capital, aprovação de projetos, política de pessoal, entrada de novos membros, políticas de gênero, políticas para jovens entre outros assuntos.. Orçamento das integralizações, pagamento e controle do andamento dos créditos e da lei orçamentária. Entrada em organismos, instrumentos de adesão, promulgação de projetos de lei, decretos e outros instrumentos legais. Principais Organismos: BCIE, BDC, BID, BAD, CAF, FAD, FIDA, FONPLATA, GEF. Organismos Secundários: Banco Asiático, JBIC, JICA, AFD, Banco do Sul.

Pré-requisitos (obrigatórios):

- Conhecimento da língua inglesa, com capacidade de leitura de documentos;
- Noções de política internacional;
- Noções de economia;
- Noções de direito;
- Boa comunicação interpessoal e trabalho em equipe;
- Saber trabalhar sobre pressão, com mais de uma demanda por vez com prazos.

Requisitos desejáveis:

- Conhecimento da língua espanhola, com capacidade de leitura de documentos;
- Noções de orçamento público;
- Noções de direito internacional;
- Noções de economia internacional;
- Noções de contabilidade;
- Comunicação escrita e falada em língua inglesa e espanhola.

Enviar curriculum para seain-coger@planejamento.gov.br até 27 de julho, sexta-feira.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Juro que eu so queria entender..., continuo querendo...

Quem entender me diga:


“O nordestino, já dizia um grande escritor brasileiro, é, antes de tudo, um forte. O cearense é, antes de tudo, um forte. O brasileiro é, antes de tudo, um forte. E nós sabemos que se tem países que vencem o inverno mais rigoroso, porque a cada ano ele se repete e mata tudo e todos, não tem alimentação, não tem produção, mas eles têm formas de conservar a produção.”


“Se a gente for olhar essas manifestações de junho, nós vamos ver que elas foram feitas por quê? Por que elas foram feitas? Por causa do seguinte: uma característica do ser humano nos distingue e nos transforma em capazes de fazer, de sair da idade do bronze e colocar um voo na lua. Qual é essa característica? É querer mais, é cada vez querer mais, como aquele pessoal que você tentava e tentava.”

terça-feira, 2 de julho de 2013

Tentando entender... a de sempre...


“Eu não farei demagogia de cortar cargos que eu não ocupo. Se eu não ocupo, eu não gasto. Eu tentarei olhar de onde e de que setor é possível fazer ajustes. Mas eu não faço demagogia”

OK, eu também não consigo cortar cargos que eu não ocupo, só os que ocupo.
Mas, quem sou eu???
Um nada, um piolho, uma pulga (que às vezes incomoda...).
Eu não ocupo cargo nenhum, só de candidato a quilombola da resistência intelectual...
Enfim, quem entender, me explica, tá?
Paulo Roberto de Almeida 

domingo, 19 de maio de 2013

A macedonia de frutas da derradeira flor do Lacio, cada vez mais inculta...

..., mais feia, e quase desaparecendo...
Ou não é?:


“O Garrincha, na sua simplicidade, era um jogador que demonstrou que o Brasil não era de maneira alguma, nem tinha por que, era um vencedor, e não tinha porque ter esse arraigado complexo de vira-lata que o nosso cronista esportivo Nelson Rodrigues, um dos maiores teatrólogos do nosso país, nas vésperas da Copa do Mundo, da Copa da Suécia, denunciou a existência pela quantidade de gente que previa um fracasso”.

Juro que eu só queria entender...
Eu queria parar de ler, mas como todo brasileiro, eu não desisto nunca...
Paulo Roberto de Almeida 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Departamento de traducoes estramboticas, ao trabalho, por favor...

Duas peças recentes, que eu continuo tentando entender...

1) “Mas voltando desse parêntese, a destinação dos royalties do petróleo. Ela não é trivial. Eu enviei para o Congresso quando vetei a medida, aliás, vetei parte da Lei dos Portos, dos Portos não, dos Royalties, e era do Petróleo, que mudava os contratos para trás, em uma afirmação que o Brasil tem que respeitar contratos gostando dos contratos ou não, não é uma questão de vontade, é uma questão de respeito à lei. Porém esse processo está sub judice, e a MP que define essa parte, essa parte dos royalties que é royalties, participações… essa parte da lei, aliás royalties, participações especiais e os recursos do pré-sal, destina à educação… essa lei, ela está parada porque ela está sub judice. O Supremo Tribunal está avaliando essa questão, se é ou não é inconstitucional ou não”.

2) “Todos os países para caminharem e caminham mais rápido quando há consenso, quando se constrói consensos. Consenso é algo que tem que ser construído, então caminha melhor, caminha de forma mais pujante, caminha mobilizando a todos quando é capaz de construir consenso. Nós construímos a necessidade de consensos e eu vou falar sobre dois consensos que eu acredito que sejam fundamentais para o país”.

O pessoal que trabalha em interpretação simultânea já desistiu; os que transcrevem da linguagem oral para a escrita, também. Resta o setor de decifração de manuscritos medievais, o pessoal que conhece linguagem de sinais, os últimos tradutores de Código Morse, enfim, alguém precisa vir em nosso socorro para que possamos entender o que está acontecendo nos mais altos escalões do poder...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 5 de maio de 2013

Por favor: um interprete, um tradutor, um adivinho, qualquer um...


Eu só continuo querendo entender -- não o que vai na cabeça do autor dessa peça de ficção-dicção-ajuntação -- mas  a que realidade se referem essas palavras juntas por algum acaso do destino, como um monte de dados atirados a esmo...

“Nós queremos incentivar a aviação para os pontos, as cidades médias do nosso Brasil afora. Daí porque nós criamos uma estrutura de subsídio, que vai assegurar um fluxo de passageiros. Porque um morador aqui de Uberaba, ele vai poder acessar a uma viagem de avião a um preço mais ou menos equivalente a uma viagem de ônibus. Em algumas cidades isso ocorrerá, no Brasil, e nós iremos fazer, também, primeiro começaremos com 280 e, depois, continuaremos. Então, para nós, é muito importante essas linhas regulares de avião para Uberaba”.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Quando e' que o meu sofrimento vai concluir o seu finalzinho do fim?

Deus, ó Deus da Gramático, do Léxico e da Concordância (tudo isso?, mas são vários deuses, então, sem falar das deusas, e da Nossa Senhora de Forma Geral), quando vai terminar meu sofrimento.
Eu sofro só de ler, mas também, de vez em quando, junto toda a coragem do mundo, a minha e de todos os outros sofredores, eu passo a ouvir.
E não creio no que estou ouvindo...
Deus, ó Deus dos desgraçados (como diria o poeta condoreiro), afasta de mim esse tormento...
Paulo Roberto de Almeida 

“Tem gente que acha que democracia é ausência de uns querendo uma coisa e outros querendo outra. Não é, não. Democracia é o fato de que há diferenças e de que a gente convive com elas, procura um ponto de equilíbrio e resolve as coisas. Eu não tenho problema nenhum, podem falar sem problema nenhum, só deixem eu concluir aqui o meu finalzinho, que eu estou no fim." 

sábado, 27 de abril de 2013

De serie (ja famosa): "Eu so' queria entender..."

Nem sempre é possível, mas a gente se esforça.
Quem entender me explica, tá?


“Por exemplo, eu vou dar um exemplo, morreu muita criação. Morreu muita galinha, morreu cabra, morreu boi, morreu criação. Então, nós vamos ter de retomar. Nós vamos criar um programa para retomar a criação. Justamente o bovino, tem de recuperar a criação. A mesma coisa com semente. Nós perdemos todas as sementes. E nós vamos voltar a distribuir”.

Et encore

“Nós sabemos que o dia em que a seca acabar, vamos supor, vai acabar num determinado mês, ela acaba. O governo federal tem de estar pronto para oferecer as condições para a retomada da produção… O segundo tempo, e aí nós temos de ter, por isso é importante a discussão de vocês. Por isso é importante a sugestão. É para essa questão. Como é que nós vamos retomar. O que é que nós temos”.

Et encore, encore, enfim, tem muito mais, mas eu paro por aqui...
Paulo Roberto de Almeida 



domingo, 14 de abril de 2013

Confesso que continuo nao entendendo...

Será, será, será possível que um dia eu venha a entender certas frases, cujas circunvoluções, circunlóquios, interlúdios e outras cobrinhas mais continuam dando voltas em minha cabeça, tentando entender o significado dessas poucas palavras, em apenas três linhas, e não conseguido entender?
Será que um dia eu conseguirei?
Não tenho certeza. Mas vou continuar tentando...
Paulo Roberto de Almeida

“Tem muita gente que fica dizendo por aí que nós temos de reduzir, reduzir o emprego, porque isso é perigoso: ´ah, tem de desempregar´. Tem muita gente falando isso. Muita também não é, é pouca, mas faz barulho.”

Tem mais esta também:

É muito importante num país como o Brasil que nós ataquemos com educação todas as faixas etárias”. 

Será que conseguiremos sobreviver?

sexta-feira, 22 de março de 2013

Estando o MEC em Roma, natural que o linguajar seja conforme...

O patrono do MECsauro foi a Roma, como noticiaram todas as agências de notícias, além e acima, ao que parece, dos três outros ministros, que aparentemente tinham algo a ver com a visita, um por ser do ramo, outro por ser (ao que parece) do outro ramo (o teológico, mas da liberação, se é que vocês me entendem) e um terceiro já nem sei mais para que servia, parece que para qualquer coisa...
O fato é que, sendo o patrono da educação brasileira o metro e a rima do ensino do Português (pelo menos de certa educação), era natural que ele presidisse ao estilo, graça e beleza do linguajar presidencial, defendendo sempre as cores da última flor do Lácio, inculta e bela, vocês sabem, essa poesia de alguém que cultivava a bela e preferia que a inculta ficasse de fora, mas nunca se obtém o resultado desejado sem um bom manual do usuário.
Acho que foi isso o que faltou, ao que parece: um manual de Portuguese for D..., um um I....'s Guide for the Usage of Coloquial Portuguese. Na verdade, vai precisar ser agora em Portuñol, que já é a língua oficial do Mercosul e que agora passará a ser também a língua veicular para nossas relações diplomáticas com o Vaticano.
Atenção Lima Barreto, vai ser preciso dar aulas de Portuñol a cada embaixador brasileiro junto ao Vaticano... Sem a enganação daquele seu homem que falava javanês, por favor...
Melhor assim, podemos ignorar a gramtática nos dois idiomas ao mesmo tempo. São sempre dois coelhos, ou como diria alguém, dos conejos...
Paulo Roberto de Almeida

A presidente inventou que o Papa consegue entender até dilmês com sotaque cucaracha
Augusto Nunes, 21/03/2013

Pelo que disse Dilma Rousseff na entrevista coletiva em Roma, a conversa de meia hora com o Papa Francisco foi tão cordial que só não o chamou de Chico para não matar Lula de inveja. Confira  os melhores-piores momentos do palavrório em dilmês castiço, extraídos do vídeo de cinco minutos (sem dublagem nem legendas) e publicados sem correções nem retoques:

O PAPA E O BRASIL MARAVILHA
“Ele é uma pessoa extremamente carismática e, ao mesmo tempo, cum grande compromisso com os pobres, o que torna a relação com o Brasil uma relação muito importante para nós porque o governo brasileiro vem aos últimos 10 anos, a partir do Lula, focando a questão da superação da pobreza. E é uma política de Estado, eu inclusive, expliquei para ele como é que nós estamos, e ele conhecia bastante bem, não é, não houve nenhuma surpresa da parte dele, ele sabia o que nós estávamos fazeno”

O PAPA E O PAPELEIRO
“Uma coisa que para mim foi muito interessante, ele falou que teve um papeleiro, vestido de papeleiro. Papeleiro é o nosso catador de papel. Ele trabalhava com o papeleiro e teve um papeleiro aqui no dia da entronização representando os papeleiros argentinos e eu falei para ele que nós geralmente fazemos, como vocês sabem, o nosso Natal, nós fazemos uma missa sempre na época do Natal com os papeleiros”

O PAPA E OS JOVENS
“No que se refere à nossa Jornada Mundial da Juventude, a importância da juventude na construção do futuro da humanidade, e a Igreja como uma instituição secular tem no jovem, né, uma… um  foco muito grande e ele estava me dizeno que ele espera uma presença grande dos jovens na medida em que ele é o primeiro papa, ele é várias coisas primeiro: ele é o primeiro Francisco, o primeiro jesuíta, o primeiro latino-americano, o primeiro argentino, e ele espera a presença massiva de jovens. Nós conversamos …  muito entusiasmado … nós conversamos sobre a questão dos jovens, sobre essa questão das drogas, do crack, do reforço de valores, de princípios e de símbolos para a juventude”

O PAPA EM APARECIDA DO NORTE
“Ele me disse que ele vai a… vai comparecer a Aparecida, ele vai, logo depois da grande participação dele ir em Aparecida e até me lembrou que em 2007 ele esteve em Aparecida e me deu, inclusive, um livro que é a síntese do que eles fizeram em Aparecida em 2007, que foi uma conferência de bispos latino-americanos. E me disse assim: “Você não lê tudo, porque você pode se aborrecê. Então ocê pegue o índice e olhe os assuntos que te interessá vai lendo aos poucos”

O QUE DILMA ESPERA DO PAPA
“Eu acho que ele será um papa muito importante para o momento em que todos nós vivemos”

O QUE O PAPA ESPERA DO BRASIL
“Olha, eu tenho a impressão que ele, em vez de fazer um pedido, ele mais disse que tava com o Brasil, que estava com a América Latina, a forma dele falar é mais nesse sentido”

OS CONSELHOS DO PAPA A DILMA
Ele disse que tinha de evitá orgulho, o papa é muito, eu diria assim, muito modesto. Ele comentou que não se pode ter orgulho, nem pretensões, você tem que lutá para fazê as coisas direito, e lembrar sempre que tem um peso nas costas. Ele é um papa muito normal, viu?”

O comboio de fantasias desandou no fim da entrevista, quando uma jornalista quis saber em qual idioma Dilma e Francisco viraram amigos de infância. Resposta:

“Ele fala em portunhol igual à gente”, respondeu a entrevistada,. “Ele entende português bem, ele não tem tradução”.

Poliglota e argentino, o Papa decerto entende o que é dito em português. Quem não domina o idioma oficial do Brasil é presidente que se expressa em dilmês. Trata-se de uma ramificação degenerada do português, caracterizada por frases sem pé nem cabeça, metáforas amalucadas, raciocínios sem começo ou sem fim, torturas gramaticais, assassinatos ortográficos, platitudes lancinantes, brigas de foice entre sujeito e verbo e outras perversidades.

Caprichando na expressão beatífica de quem jamais cometeu um único e escasso pecado venial, a chefe de governo resolveu espalhar que o novo chefe da Igreja Católica entende esse espanto linguístico. Entende  tão bem que nem chamou um intérprete para tentar decifrar o que ela disse em dilmês com sotaque cucaracha. Ou o neurônio solitário mentiu de novo ou Francisco é muito mais que Papa. É o próprio Espírito Santo.

sábado, 21 de maio de 2011

As novas sauvas do Brasil: as pedagogas freireanas...

Não confundir freireanas com associações indevidas com mestre Gilberto Freyre, um grande sociólogo. Eu me refiro a Paulo Freire, um homem de boa vontade, mas tremendamente equivocado, sobretudo a partir de seu panfleto "Pedagogia do Oprimido", que parece ter se convertido no manual de besteirol das pedagogas atuais do Brasil.
A julgar pela sua influência na política educacional do Brasil, vamos continuar indo para o brejo em matéria de ensino e educação.
Monteiro Lobato lutava contra as saúvas, que segundo ele eram o atraso do Brasil. Ele queria dar-lhes morte à base de inseticida e outros defensivos agrícolas. Isso no campo das medidas profiláticas para tornar a agricultura viável e fazer o Brasil ficar mais rico.
Hoje nós estamos sendo atrasados pelas novas saúvas, as pedagogas freireanas.
Não pretendo matá-las com inseticida.
Meu decreto de pena de morte é puramente no campo das ideias.
Enquanto não matarmos essas novas saúvas -- apenas as ideias, insisto -- não vamos avançar em matéria de educação.

Se eu posso ilustrar o problema narrado abaixo com um caso real, absolutamente e INACREDITAVELMENTE real, aqui vai ele:
Uma pessoa, estudante universitária de jornalismo (que não preciso dizer quem é, mas vocês podem confiar em que o caso é tal qual ela me relatou), foi rebaixada em sua nota de trabalho de redação de uma típica matéria de jornal porque, segundo a ENERGÚMENA da professora, ela "tinha escrito de forma difícil, muito rebuscada, com linguagem acima da média da compreensão dos leitores. Teria de escrever de maneira mais popular, mais compreensível". E pronto, pau: nota 4.
A estudante em questão não é o que poderíamos chamar de intelectual, nem se distingue pela erudição, apenas ocorre de escrever corretamente, como se lê nos livros e nos bons jornais de nossa vida. Ou seja, está sendo punida por escrever corretamente, em Português da norma, não culta, mas normal. A professora, obviamente, é uma idiota completa, mas totalmente em linha com as novas pedagogas freireanas do MEC: ela pretendia uma escrita popular, e por isso rebaixou a nota, numa inacreditável demonstração de que a linguagem luliana ganhou definitivamente espaço neste país. O livro de Português distribuído pelo MEC apenas reflete essa triste realidade.
Estamos afundando lentamente...
Paulo Roberto de Almeida

Visão perversa
MERVAL PEREIRA
O Globo, 17/05/11

Há um aspecto perverso nessa crise do livro didático de português, que o MEC insiste em manter em circulação, que ultrapassa qualquer medida do bom-senso de um governo, qualquer governo.

A pretexto de defender a fala popular como alternativa válida à norma culta do português, o Ministério da Educação está estimulando os alunos brasileiros a cultivarem seus erros, que terão efeito direto na sua vida na sociedade e nos resultados de exames, nacionais e internacionais, que avaliam a situação de aprendizado dos alunos, debilitando mais ainda a competitividade do país.

O ministro Fernando Haddad, que já protagonizou diversas confusões administrativas, agora se cala diante dessa "pedagogia da ignorância" que apresenta aos alunos da rede pública a defesa de erros de português, como se fossem corretas ou aceitáveis expressões populares como "nós pega o peixe" ou "dois real".

(Aliás, cada vez que escrevo essas frases, o corretor de texto teima em sublinhá-las em verde, como se estivessem erradas. Esse computador ainda não passou pelo crivo do MEC).

Mas é o próprio MEC que veicula anúncios exaltando supostos avanços dos alunos brasileiros no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos).

O país registrou crescimento em todas as notas, embora continue muito abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e mesmo de alguns da América Latina.

Ora, se o próprio governo baliza sua atuação pela régua do Pisa, como justificar que a defesa de uma alternativa da fala correta seja uma política oficial do Estado brasileiro?

A professora Heloísa Ramos, autora do livro "Por uma vida melhor", da Coleção Viver, Aprender (Editora Global) acredita ser "importante que o falante de português domine as duas variantes e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala".

Seria preciso então que as escolas e faculdades ensinassem o português popular para os que foram alfabetizados pela norma culta, numa radicalização esdrúxula que esse raciocínio estimula.

O caráter ideológico de certos livros didáticos utilizados pelo MEC, especialmente de história contemporânea, ganha assim uma nova vertente, mais danosa que a primeira, ou melhor, mais prejudicial para a vida do cidadão-aluno.

Enquanto distorções políticas que afetem posições pessoais do aluno podem ser revertidas no decorrer de sua vida, por outros conhecimentos e vivências, distorções didáticas afetam a perspectiva desse aluno, que permanecerá analfabeto, sem condições de melhorar de vida.

Fosse o livro uma obra de linguística da professora Heloísa Ramos, nada a opor quanto à sua existência, embora seus métodos e conclusões rasteiras do que seja preconceito contra a fala popular possam, sim, ser refutados como uma mera mistificação política.

Se fosse um romance, não haveria problema algum em reproduzir a maneira de falar de uma região, ou os erros de português de um personagem.

Mas o livro didático não pode aceitar como certo o erro de português. Didática, pelo dicionário (?) é "a arte de transmitir conhecimento, técnica de ensinar" ou "que proporciona instrução e informação".

O fato de falarem de certa maneira em algumas regiões não quer dizer que este ou aquele linguajar represente o português correto.

A visão deturpada do que seja ensinar aparece na declaração de um assessor anônimo do MEC no GLOBO de ontem, alegando que não cabe ao ministério dizer "o que é certo e o que errado", e nem mesmo fazer a análise do conteúdo dos livros didáticos.

Se não exerce esses deveres básicos, o que faz o MEC em relação ao ensino do país?

Seria um equívoco lamentável e perigoso se o MEC, com essa postura, estivesse pretendendo fazer uma política a favor dos analfabetos, dos ignorantes, como se ela fosse a defesa dos que não tiveram condições de estudar.

Na verdade, está é agravando as condições precárias do cidadão-aluno que busca na escola melhorar de vida, limitando, se não impossibilitando, que atinjam esse objetivo.

Se, porém, a base da teoria for uma tentativa de querer justificar a maneira como o presidente Lula fala, aí então teremos um agravante ao ato criminoso de manter os estudantes na ignorância.

Querer transformar um defeito, uma falha da educação formal do presidente-operário, em uma coisa meritória é um desserviço à população.

Os erros de português de Lula não têm mérito nenhum, ele os explora para fazer política, é um clássico do populismo, cuja consequência é deseducar a população.

Mas ele nunca teve a coragem de defender a fala errada, embora goste de ironizar palavras ou expressões que considera rebuscadas.

Ele desvaloriza o estudo, com frases como "não sei por que estudou tanto, e eu fiz mais do que ele", ou quando se mostra como exemplo de que é possível subir na vida sem estudar.

Mas em outras ocasiões, estimula que a universidade seja acessível a todos, numa atitude que parece paradoxal, mas que ganha coerência quando se analisam os objetivos políticos de cada uma das atitudes.

Se, no entanto, o desdém pela norma culta do português transformou-se em política de Estado, aí teremos a certeza de termos chegado ao fundo do poço.