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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Cesse tudo o que a musa antiga canta...: lancamento do livro de Ricupero em Brasilia anulado

Que Camões me perdõe o uso, talvez indevido, dessa estrofe dos Lusíadas, mas creio que esse abuso se justifica. Explico e ilustro, a partir do anúncio de lançamento deste livro:

O embaixador Rubens Ricupero, que iria lançar em Brasília (dias 9 e 10 de outubro) o seu livro – A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2016 (Rio de Janeiro: Versal, 2017, 780 p.) – teve de postergar, ou anular, sua viagem à capital por motivos de força maior (literalmente...).
O programa de lançamento era intenso, como revelado nesta minha postagem de alguns dias atrás: 
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/ricupero-livro-diplomacia-na-construcao.html 
 
O último capítulo do livro, antes do Posfácio (datado de 27 de julho de 2017), termina da seguinte maneira: 

Ao alcançar este meu Cabo da Boa Esperança, certamente me enganei em julgar terminado o livro, da mesma forma que se equivocou Diogo Cão, a tomar a foz do rio Zaire pelo fim da África. Ergueu mesmo assim seu marco, deixou outro corrigir-lhe o erro e seguiu avante, dizendo: 

"A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus".

No caso do lançamento, eu nunca me tomei por Deus – impossível, até mesmo por ser um irreligioso igualmente imperfeito – mas o "por-fazer" era comigo mesmo, com marco ou sem marco, no caso, todos eles virtuais, nesta fase.
Havia até preparado o painel: 

e o banner de lançamento do livro no Itamaraty:


Outros lançamentos estavam previstos, como na UnB: 
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/rubens-ricupero-e-construcao-do-brasil.html
O Centro de Estudos sobre as Relações Internacionais do Brasil Contemporâneo
<https://mailtrack.io/trace/link/645b08bb1a6eefabc8a730336c0451d65a92e810?url=https%3A%2F%2Fsites.google.com%2Fview%2Fribrasil&userId=949769&signature=e988d976afc773a1>,
laboratório do programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da
Universidade de Brasília, convida para a Mesa Redonda “A diplomacia na
construção do Brasil – 1750 – 2016”, a propósito do lançamento do livro de
autoria do Embaixador Rubens Ricupero. O evento terá lugar no dia 10 de
outubro de 2017, as partir das 17:30h, como se vê no Programa abaixo.
*PROGRAMA*
*14h 30 min – Abertura*

- Prof. José Flávio Sombra Saraiva, diretor do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília

*14h 40 min – Mesa Redonda*

- Embaixador Rubens Ricupero – A diplomacia na construção do Brasil
(1750 – 2016)
- Prof. Estevão Chaves de Rezende Martins, professor titular do
Departamento de História da Universidade de Brasília – Debatedor
- Ministro Paulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisa de
Relações Internacionais da Fundação Alexandre de Gusmão (Ministério das
Relações Exteriores).

*Moderador*
- Prof. Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília.

*Sessão de autógrafos do livro A diplomacia na construção do Brasil (1750 –
2016)*
O evento terá lugar no Auditório do Instituto de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte –
Brasília – DF), no dia 10/10/2017, das 14h 30 min às 16h 40 min.

e na CNI: 

http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/cni-convida-para-o-lancamento-do-livro.html

Tudo cancelado, até nova oportunidade. Para os que não sabem, exatamente, porque os eventos foram cancelados, creio que estas duas postagens são suficientes: 



Para não frustrar aqueles desejosos de conhecer o livro, transcrevo abaixo uma pequena resenha que elaborei em intenção da imprensa periódica: 



Construindo a nação pelos seus diplomatas: o paradigma Ricupero

Paulo Roberto de Almeida

Em meados do século XX, os candidatos à carreira diplomática tinham uma única obra para estudar a política externa brasileira: a de Pandiá Calógeras, publicada em torno de 1930, equivocadamente intitulada A Política Exterior do Império, quando partia, na verdade, da Idade Média portuguesa e chegava apenas até a queda de Rosas, em 1852. Trinta anos depois, os candidatos passaram a se preparar pelo livro de Carlos Delgado de Carvalho, História Diplomática do Brasil, publicado uma única vez em 1959 e durante muitos anos desaparecido das livrarias e bibliotecas. No início dos anos 1990, passou a ocupar o seu lugar o livro História da Política Exterior do Brasil, da dupla Amado Cervo e Clodoaldo Bueno. Finalmente, a partir de agora uma nova obra já nasce clássica: A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2016 (Rio de Janeiro: Versal, 2017, 780 p.), do embaixador Rubens Ricupero, ministro da Fazendo quando da introdução do Real, diretor-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento nos anos 1990, atualmente aposentado.
O imenso trabalho não é uma simples história diplomática, mas sim uma história do Brasil e uma reflexão sobre seu processo de desenvolvimento tal como influenciado, e em vários episódios determinado, por diplomatas que se confundem com estadistas, aliás desde antes da independência, uma vez que a obra parte da Restauração (1680), ainda antes primeira configuração da futura nação por um diplomata brasileiro a serviço do rei português: Alexandre de Gusmão, principal negociador do Tratado de Madri (1750). Desde então, diplomatas nunca deixaram de figurar entre os pais fundadores do país independente, entre os construtores do Estado, entre os defensores dos interesses no entorno regional, como o Visconde do Rio Branco, e entre os definidores de suas fronteiras atuais, como o seu filho, o Barão, já objeto de obras anteriores de Ricupero.
O Barão do Rio Branco, aliás, é um dos poucos brasileiros a ter figurado em cédulas de quase todos os regimes monetários do Brasil, e um dos raros diplomatas do mundo a se tornar herói nacional ainda em vida. Ricupero conhece como poucos outros diplomatas, historiadores ou pesquisadores acadêmicos a história diplomática do Brasil, as relações regionais e o contexto internacional do mundo ocidental desde o início da era moderna, professor que foi, durante anos, no Instituto Rio Branco e no curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Formou gerações de diplomatas e de candidatos à carreira, assim como assessorou ministros e presidentes desde o início dos anos 1960, quando foi o orador de sua turma, na presidência Jânio Quadros.
Uma simples mirada pelo sumário da obra confirma a amplitude da análise: são dezenas de capítulos, vários com múltiplas seções, em onze grandes partes ordenadas cronologicamente, de 1680 a 2016, mais uma introdução e uma décima-segunda parte sobre a diplomacia brasileira em perspectiva histórica. Um posfácio, atualíssimo, vem datado de 26 de julho de 2017, no qual ele confessa que escrever o livro foi “quase um exame de consciência... que recolhe experiências e reflexões de uma existência” (p. 744). Ricupero concluiu o texto principal pouco depois do impeachment da presidente que produziu a maior recessão da história do Brasil, e o fecho definitivo quando uma nova crise “ameaça engolir” o seu sucessor. O núcleo central da obra é composto por uma análise, profundamente embasada no conhecimento da história, dos grandes episódios que marcaram a construção da nação pela ação do seu corpo de diplomatas e dos estadistas que serviram ao Estado nessa vertente da mais importante política pública cujo itinerário – à diferença das políticas econômicas ou das educacionais – pode ser considerado como plenamente exitoso.
A diplomacia brasileira começou por ser portuguesa, mas se metamorfoseou em brasileira pouco depois, e a ruptura entre uma e outra deu-se na superação da aliança inglesa, que era a base da política defensiva de Portugal no grande concerto europeu. Já na Regência existe uma “busca da afirmação da autonomia” (p. 703), conceito que veio a ser retomado numa fase recente da política externa, mas que Ricupero demonstra existir embebido na boa política exterior do Império. A construção dos valores da diplomacia do Brasil se dá nessa época, seguido pela confiança no Direito como construtor da paz, o princípio maior seguido pelo Barão do Rio Branco em sua diplomacia de equilíbrio entre as grandes potências da sua época. Vem também do Barão a noção de que uma chancelaria de qualidade superior devia estar focada na “produção de conhecimento, a ser extraído dos arquivos, das bibliotecas, do estudo dos mapas” (p. 710). Esse contato persistente, constante, apaixonante pela história, constitui, aliás, um traço que Ricupero partilha com o Barão, o seu modelo de diplomata exemplar, objeto de uma fotobiografia que ele compôs com seu antigo chefe, o embaixador João Hermes Pereira de Araujo, com quem ele construiu o Pacto Amazônico, completando assim o arco da cooperação regional sul-americana iniciada por Rio Branco setenta anos antes.
O livro não é, como já se disse, uma simples história diplomática, mas sim um grande panorama de mais de três séculos da história brasileira, uma vez que nele, como diz Ricupero, “tentou-se jamais separar a narrativa da evolução da política externa da História com maiúscula, envolvente e global, política, social, econômica. A diplomacia em geral fez sua parte e até não se saiu mal em comparação a alguns outros setores. Chegou-se, porém, ao ponto extremo em que não mais é possível que um setor possa continuar a construir, se outros elementos mais poderosos, como o sistema político, comprazem-se em demolir. A partir de agora, mais ainda que no passado, a construção do Brasil terá de ser integral, e a contribuição da diplomacia na edificação dependerá da regeneração do todo” (p. 738-9). O paradigma diplomático já foi oferecido nesta obra; falta construir o da nação.

[Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de setembro de 2017]


Don't panikiert, os que desejam comprar o livro. Podem fazê-lo nas boas livrarias ou encomendá-lo diretamente à editora, como abaixo: 
 http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/ricupero-livro-diplomacia-na-construcao.html

Bem, por enquanto, ficamos assim: 

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram:
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram!
Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!


Luis de Camões, Os Lusíadas, Canto I, estrofe 3

Pela transcrição: 
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de setembro de 2017
 
 


 

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Ricupero: "Ninguem quer sair na foto com o Brasil" - FSP entrevista

"Ninguém quer sair na foto com o Brasil"

Entrevista / Rubens Ricupero

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Folha de S. Paulo, 26 de setembro 2017


Diplomacia não faz milagre. Hoje em dia, a imagem que o Brasil tem no exterior corresponde à realidade: um país com uma corrupção terrível, um presidente com uma segunda denúncia e a crise mais grave da história.
"Ninguém quer sair na foto com o Brasil", diz o embaixador Rubens Ricupero, 80, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente, que lança na semana que vem "A diplomacia na construção do Brasil - 1750-2016", uma abrangente história da política externa brasileira.


Na obra, Ricupero, que foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), retrata como a diplomacia, e não o poder militar ou econômico, asseguraram ao Brasil suas fronteiras atuais.
Ele analisa a influência dos EUA na política externa brasileira —"Eles não executaram (o golpe militar), mas foram os mandantes". Reserva críticas para a política externa "ideologizada" do PT, mas também faz elogios.
"Por que todo mundo queria estar com o Lula? O Lula era um vitorioso. Além do sucesso econômico e político, ele tinha o êxito moral, o combate à miséria e à injustiça. Hoje, deve ter muito pouca gente querendo sair na foto com o Temer. Ninguém pode imaginar que o Itamaraty vai alavancar o Brasil se o país não acabar com a corrupção, voltar a crescer e combater a miséria."
Abaixo, trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
*
Folha - O senhor testemunhou vários momentos importantes da história brasileira, relatados no seu livro. Pode contar algum?
Rubens Ricupero - Tem o encontro do Robert Kennedy com o ex-presidente João Goulart, em 1962. Era 17 de dezembro e eu era terceiro-secretário, um cargo bem baixo no Itamaraty. Brasília estava vazia e eu era o único diplomata respondendo pelo Itamaraty. O Robert Kennedy ia chegar e pediram para recebê-lo, em nome do governo brasileiro.
Podia parecer até uma ofensa, o terceiro secretário recebendo, e eu expliquei ao Lincoln Gordon (embaixador dos EUA na época) que eu era o único ali. Eu apertei a mão do Robert Kennedy.
No dia seguinte, às 11h, ele foi recebido pelo Goulart, no Alvorada. Eu fui, mas não entrei. Na sala estavam apenas Goulart, um intérprete do departamento de Estado, Kennedy e Lincoln Gordon.
Goulart não quis testemunhas porque provavelmente antecipava que ia ser uma conversa muito forte e não queria que ninguém ouvisse o que ele ia dizer.
Em 2014, foi revelado um memorando sobre o encontro, escrito por Gordon. Kennedy teria dito a Goulart: "Não temos problemas com independência na política brasileira, mas de fato objetamos a que essa independência se torne sistematicamente antiamericana, opondo-se a políticas e interesses americanos de modo regular".
Mais assombroso ainda, na primeira conversa que John Kennedy gravou no Salão Oval da Casa Branca, em julho de 1962, Goulart só estava no poder há 9 meses e os americanos já estavam convencidos de que era preciso levar os militares a dar um golpe no Brasil.
Eles reconheciam que os militares não queriam fazer isso, tanto que Gordon diz ser preciso "reforçar a espinha dorsal dos militares". Ainda falta escrever o livro sobre o papel dos americanos no golpe.
Não acho que eles deram o golpe, mas não tenho dúvida de que eles induziram e foram os primeiros a organizar. É como num homicídio, que tem o mandante e o executante. Os americanos não executaram (o golpe), mas foram os mandantes. Mesmo assim, estou convencido de que o Goulart caiu por culpa dele, quando ele recuperou os poderes e apostou na radicalização. Não havia ambiente para isso.

Por que?
Ele radicalizou em um momento de aguda Guerra Fria em que isso era inconcebível. Do Jacobo Arbenz em 54, na Guatemala, até o Salvador Allende em 73, no Chile, nenhum governo de esquerda na América Latina sobreviveu. O Lula só chegou ao poder porque a Guerra Fria tinha terminado.

Hoje em dia qual é o tom do relacionamento entre Brasil e EUA?
Os EUA, depois do fim da Guerra Fria e após os ataques de 11 de setembro de 2001, passaram a ter uma agenda internacional em que não há mais espaço para América Latina.
A pauta americana é dominada hoje por grandes temas de superpotência, como problemas no mar do sul da China e rivalidade estratégica com a Rússia, ou pela islamização da agenda internacional, por conflitos vinculados à radicalização de um de islamismo extremista.
Uma vez que desapareceu a ameaça comunista, para os americanos, o que se passa aqui pode incomodar um pouco, mas não muito. Até mesmo a Venezuela —eles prefeririam que fosse um país a favor dos EUA, mas podem conviver com isso perfeitamente.
Hoje em dia, na grande estratégia americana, não há espaço para o Brasil. O Trump até hoje não fez um tuíte especificamente sobre o Brasil —essa é a maior prova da insignificância do Brasil para o governo americano. Aliás, ainda bem, porque em geral, quando Trump põe alguém no Twitter, é para dar uma porrada.

Hoje nossa política externa para os EUA está mais para política externa independente, dos anos Jânio-João Goulart, ou alinhamento automático?
Hoje temos uma política independente. No discurso do Temer na ONU, que é o do Itamaraty, há defesa do Acordo de Paris e do multilateralismo, dois temas a que Trump se opõe. O Brasil tem o que dizer nessas duas questões.
O Brasil não é potência nuclear, nem militar convencional, nem econômico-comercial. A única área em que o país é potência é no meio ambiente, porque tem a maior floresta tropical do mundo, se o Temer e a bancada ruralista não destruírem.
Também na área de negociação agrícola comercial não se pode chegar a um acordo sem o Brasil. A última vez em que quase se chegou a um acordo, em 2008, foi um grande trabalho do (então chanceler) Celso Amorim, com apoio do Lula, um entendimento entre Brasil e UE para resolver um impasse. Mas aí os americanos e indianos torpedearam o acordo.

O Brasil nessas áreas é incontornável, mas com o Trump, como você pode ter um diálogo sobre o acordo de Paris, sobre a retomada da negociação multilateral de comércio agrícola, que é o que interessa ao Brasil?
Um dos momentos em que a política externa brasileira esteve mais em evidência foi em 2010, quando o Brasil, ao lado da Turquia, propôs um acordo resolver a questão nuclear do Irã...
Eu nunca fui um crítico do esforço que o Lula e o Celso (Amorim) fizeram. Há derrotas que honram mais que certas vitórias, essa é uma delas. Foi uma iniciativa inédita para um país latino-americano tentar chegar a um acordo numa área em que normalmente é privativa das grandes potências.
Quando se falava em multipolarismo, acreditava-se que as grandes potências nucleares e militares tinham finalmente aceitado que havia espaço para países intermediários como o Brasil, a Turquia, o México, a Índia.
Que esses países poderiam tentar solucionar um caso como o do Irã. Equivaleria hoje em dia ao caso da Coreia do Norte, se nós tivéssemos alguma influência sobre o governo de lá. O próprio Obama chegou a encorajar o esforço brasileiro por cartas.
Mas a Hillary (então secretária de Estado Hillary Clinton) era contrária e tanto o Brasil como a Turquia sobrestimaram sua influência sobre os iranianos. Conseguiram que os iranianos mostrassem alguma flexibilidade, mas não o bastante para permitir acordo naquele momento. E os Brics decepcionaram.
Se é verdade que os Brics constituem um agrupamento importante, como é que se explica que a Rússia e a China tenham se aliado aos americanos votando sanções adicionais ao Irã e arrancando o tapete debaixo dos pés do Brasil e da Turquia.
Meu livro mostra bem que era prematura essa percepção de que havia espaço para o multipolarismo. Na hora em que houve a prova de fogo, viu-se que as grandes potências não delegavam para ninguém.
Foi uma tentativa meritória, audaciosa, que longe de desonrar, deu prestígio para o país, que foi aplaudido no mundo inteiro. Perceba que eu não sou sectário. Discordo da política externa dessa época para América Latina, a política paralela do PT, feita por inspiração da ideologia, não pelos interesses do Brasil.

O senhor critica a ideologização do Itamaraty durante o comando de Celso Amorim, e o fato de ele e o então secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães terem se filiado ao PT...
Sim, eu sou uma espécie em extinção, da época em que o diplomata era um servidor que deveria servir imparcialmente o Estado. Fui treinado dessa maneira, hoje o pessoal novo não concorda.

Será que agora não está em curso uma ideologização, só que do lado oposto, contra a ideologia do PT?
Eu espero que não, me dizem que não houve expurgos. O embaixador do Brasil em Paris, Paulo Cesar de Oliveira Campos, foi indicado pelo Lula e não mexeram nele.
Eles, ao contrário, perseguiram muita gente, embaixadores de grande valor como o Marcos Caramuru, maior expert que tínhamos na China, o Gelson Fonseca Jr, intelectual mais brilhante do Itamaraty, foi embaixador na ONU e terminou a carreira como cônsul-geral no Porto. Como se explica isso, a não ser como perseguição ideológica?

O Brasil deveria romper com a tradição diplomática brasileira e impor sanções econômicas contra a Venezuela?
Eu não sou favorável às sanções, porque elas normalmente atingem o povo mais sofredor. O que o Brasil deveria fazer, e não está, é ser modelar no acolhimento dos refugiados venezuelanos. Deveria ser um exemplo para o mundo, e está sendo o contrário, os venezuelanos estão aí abandonados, e tem gente propondo que não deem refúgio. A melhor forma de o Brasil atuar seria dar acolhimento a esses refugiados.

O Brasil pode ser uma potência com relevância internacional?
A política externa é indissociável daquilo que nós somos em política interna e em economia. Tivemos nosso momento mais alto de prestígio na época do Lula, 2009, quando o Brasil conquistou o grau de investimento, a Copa do Mundo e os Jogos Ol
No entanto, houve uma percepção externa de que aquilo era irreversível. O próprio Lula semeou a destruição de suas conquistas, ao começar a arruinar as contas públicas, ao aceitar a corrupção —ele não a inventou, mas aceitou e levou a extremos. Ele e a Dilma, no fundo, foram autores de suas próprias ruínas e carregaram o Brasil junto.

Qual é a imagem do Brasil no exterior hoje?
Hoje a imagem do Brasil não é nem pessimista, nem otimista, corresponde à realidade: trata-se de um país com uma corrupção terrível, um presidente com uma segunda denúncia, ministros sendo investigados, uma crise que é a mais grave da história.
As pessoas dizem —por que a diplomacia brasileira não faz isso ou aquilo? Mas como, ninguém quer sair na foto com o Brasil. (Binyamin) Netanyahu veio para região e não se encontrou com o Temer, o vice-presidente americano, Mike Pence, também.
Por que todo mundo queria estar com o Lula? O Lula era um vitorioso. Além do sucesso econômico e político, ele tinha o êxito moral, o combate à miséria e à injustiça. Quem não queria ficar ao lado do Mandela? Hoje, deve ter muito pouca gente querendo sair na foto com o Temer. Ninguém pode imaginar que o Itamaraty vai alavancar o Brasil se o país não acabar com a corrupção, não voltar a crescer, não combater a miséria.

A certa altura do livro, o senhor diz que a "Dilma escondia debaixo da autossuficiência e da aspereza no trato com os diplomatas, insegurança nascida da falta de sensibilidade para relacionamento interpessoal."
Ela não tinha autoconfiança. Eu fiquei 10 anos na ONU. Em 2012, na reunião do G8 em Evian, o (então secretário-geral da ONU) Kofi Annan me levou como seu principal auxiliar. Nessa reunião, o (então presidente francês Jacques) Chirac tinha convidado o Lula, o líder chinês e o indiano, mas para uma reunião à parte.
Eu estava lá quando o Lula chegou, e pensei comigo: acho que o Lula vai ficar muito intimidado. Estavam presentes o Chirac, o (ex-presidente americano) George W. Bush, primeiro-ministro inglês Tony Blair, o (ex-chanceler alemão) Gerhard Schroder, (o ex-primeiro ministro italiano Silvio) Berlusconi e (o presidente russo Vladimir) Putin. Todos os grandes do mundo.
Houve uma sessão em que estavam falando sobre o problema da fome, e o Bush, que é evangélico, fez uma intervenção dizendo que tinha muito a ver com a Bíblia. O Chirac, com aquela arrogância francesa, disse: não tem nada a ver com religião ou a Bíblia.
Aí o Lula assumiu a defesa do Bush, disse —não senhor, tem tudo a ver, porque a Bíblia isso e aquilo. Ele estava com aquela cara de bravo, falando alto, e todo mundo afinou. Aí eu percebi: para o Lula, aquele pessoal eram os patrões da Fiesp, o líder metalúrgico não pode se intimidar com os patrões da Fiesp. A Dilma não é assim.

O senhor diz no livro que Dilma foi uma das piores presidentes em termos de vocação para política externa.
Eu não conheço nenhum outro que tenha deixado 40 embaixadores esperando, sem apresentar credenciais. São coisas elementares. Ela não tinha interesse, não valorizava, não se sentia bem. E tinha uma mentalidade de tecnocrata no sentido limitado, a ideia de que as únicas coisas que fazem diferença são as concretas.
Então tudo o que o Itamaraty fazia, ela mandava rasgar aqueles papéis. O Itamaraty, a não ser que você esteja negociando o fim de uma guerra ou uma fronteira, só lida com o longuíssimo prazo. Por que que o (ex-chanceler José) Serra saiu? Ele é engenheiro, gosta de fazer coisas.
No Itamaraty, você lida com conceitos. O Lula, que é muito inteligente, percebeu que a política externa era uma tremenda alavanca, inclusive interna, e usou muito. Ela não soube usar. Diplomacia e política são a mesma coisa, Lula era um grande diplomata.

Como o senhor avalia a política externa hoje?
Estamos em um momento de gradual recuperação, tanto da política e da economia, quanto a política externa. Só vamos ter algo mais determinado depois das eleições. Isto é, se a eleição não "der ruim". Se tivermos um Bolsonaro da vida, é hora de fechar a butique mesmo.

Há muita tensão entre o ditador norte-coreano Kim Jong Un e o presidente americano, Donald Trump. O mundo pode estar próximo de uma guerra nuclear?
Não. Nós estamos há 72 anos sem uma guerra nuclear, em parte por conta do poder destrutivo das armas nucleares, que atua como deterrence, mas em parte porque a ONU, com todos os defeitos, mostrou que era maleável o bastante para acomodar grandes mudanças.
O norte-coreano não é louco. Ele conduz uma política muito lógica e racional, pois viu o que aconteceu com o (ex-ditador iraquiano) Saddam Hussein e o (ex-presidente líbio) Muammar Gaddafi, que não tinham armas nucleares. E ele não vai acreditar nos americanos, no que ele tem absoluta razão.

Mas mesmo se considerarmos que o Kim Jong-un não é maluco, está desenvolvendo instrumento de dissuasão, do outro lado há um ator não necessariamente racional, o Donald Trump...
Trump é autor de "The Art of the Deal", diz que é preciso desestabilizar o adversário e nunca deixar o oponente saber o que a pessoa vai fazer. Os dois são negociadores se ameaçando mutuamente. Não vai acontecer nada.
O planeta não vai acabar com um apocalipse nuclear, mas pode acabar como diz o verso do TS Eliot "not with a bang, with a whimper" (não com um estrondo, com um suspiro). O maior perigo que nós enfrentamos hoje é o aquecimento global. Mas as pessoas não percebem, porque a explosão nuclear é um perigo imediato, enquanto o aquecimento leva 30, 40 anos. Mas já está chegando.

O senhor conta no livro que, ao ser convidado para o ministério, disse ao presidente Itamar Franco não ser a pessoa mais adequada...
Eu disse a ele: não sou economista profissional, conheço muito pouco do plano, apenas o que a imprensa publicou. Disse que ele deveria convidar alguém que conhecesse profundamente o plano, até sugeri dois nomes, Edmar Bacha e Pedro Malan.
Ele me respondeu: nós já examinamos todas as opções e o senhor é a única alternativa. Embora a frase fosse um pouco críptica, uma frase em mineirês, eu entendi. Eu trabalhei a vida toda com mineiros, com Afonso Arinos, San Tiago Dantas, Tancredo Neves. O Tancredo dizia que eu era o mais mineiro dos paulistas. Percebi que o Itamar queria dizer que ele queria alguém fora da equipe, que devesse o cargo a ele, e não ao FHC.
O Itamar costumava dizer muito que eu era o sacerdote do real, em parte porque eu cumpria a função de pregar, na televisão, em parte era para chatear o Fernando Henrique, que ficou mais glorificado pelo real. Não deram muito crédito para o Itamar e ele deveria ter recebido, sem ele, o real não teria existido. Eu disse que era funcionário público, e aceitava.

 Livro é testemunho vívido do 'consigliere' diplomático do Brasil

CRÍTICA / MATIAS SPEKTOR
COLUNISTA DA FOLHA

Folha de S. Paulo, 26 de setembro de 2017




"Quem é o Rubens Ricupero da nova geração?", perguntou-me outro dia um brasilianista. Resposta satisfatória não há, pois Ricupero talhou para si um lugar na vida pública brasileira que continua sendo único.
Ele é o consigliere diplomático por excelência. Quando Bobby Kennedy pousou em Brasília para dar um ultimato a João Goulart, antes do golpe, Ricupero estava lá. Quando Tancredo Neves montou um périplo internacional para legitimar a presidência indireta, Ricupero estava lá. Quando José Sarney avisou aos argentinos (antes do mundo) que o Brasil enriquecia urânio, foi ele o portador do recado presidencial. Quando Fernando Collor precisou de um elo com a Casa Branca, lá foi o embaixador.
Foi Ricupero quem assumiu a Fazenda para FHC poder sair candidato no governo Itamar. Foi com ele que a candidatura de Marina Silva definiu parte de seu tom. E foi nele que o comando do Itamaraty encontrou sua principal referência no governo Temer. A classe política pede seu conselho uma e outra vez.
Só que este consigliere tem um estilo todo pessoal. Impaciente com o conforto dos gabinetes, Ricupero gosta de embate. Escreveu uma dúzia de livros, assinou por décadas uma coluna nesta Folha, e abraçou a causa do ambientalismo com a energia do mais aguerrido ativista.
Muitas vezes exercitou o ofício de historiador. Leitor voraz e dono de uma memória implausível, tem um domínio do passado que assombra qualquer interlocutor.
Seus inimigos disputaram-lhe as ideias, mas nunca lhe questionaram a integridade e honra pessoal. Discutir com ele foi, e continua sendo, um grande prazer da boa batalha intelectual. Não há no Brasil de hoje personagem igual.
Este livro é seu mais completo testamento. Na superfície, é uma história ambiciosa da diplomacia brasileira — com começo em 1640 e fim em 2016 — contada a partir das tradições do Itamaraty, com todas as vantagens e problemas que isso acarreta.
Trata-se, no entanto, de algo bem mais complexo e fascinante porque, na prática, há dois livros em um.
O primeiro sintetiza os dramas nacionais e internacionais de cada governo brasileiro. Dos imbróglios da Regência aos dilemas de Ernesto Geisel, há detalhes curiosos, passagens deliciosas e humor mordaz. Como em trabalhos anteriores, a idolatria por Rio Branco e San Tiago Dantas dá o tom.
O segundo livro embutido nesta obra é mais ambicioso e agressivo. Ricupero volta à história das batalhas diplomáticas do Brasil no Prata para desfechar seu golpe contra a política externa do PT, em pleno século 21.
Em sua narrativa, o grande acervo diplomático do Brasil está na prudência, na rejeição aos voluntarismos, na temperança e na desconfiança profunda da busca de prestígio de chefes de governo e chanceleres. Há nisso uma certa idealização do passado, haja vista os avanços da historiografia sobre o período.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CNI convida para o lancamento do livro de Ricupero: A Diplomacia na Construcao da Nacao, 10/10, 17h30

Ricupero: livro A Diplomacia na Construcao do Brasil, 1750-2016, disponivel para compra

Finalmente, acabo de receber o anúncio da Editora Versal: 










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Rubens Ricupero lança:
“A diplomacia na construção do Brasil – 1750-2016”
(Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017)

Em edição de capa dura e ilustrada, obra única sobre a história das relações do Brasil com o mundo terá lançamentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, a partir do dia 3 de outubro

Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil. Além da expansão do território, em muitas das principais etapas da evolução histórica brasileira, as relações exteriores desempenharam papel decisivo. Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a abertura dos portos, a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio do regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico.

Até recentemente, a história das relações diplomáticas do Brasil se refugiava quase em notas ao pé da página ou, no melhor dos casos, em parágrafos esparsos dissociados do eixo central da grande narrativa. Com uma carreira dedicada ao serviço público, especialmente ao Itamaraty e à ONU, o diplomata e professor Rubens Ricupero enfrentou o desafio de “inserir o fio da diplomacia na teia sem costura da vida nacional, da qual é indissociável”. Aos 80 anos,  lança obra que é fruto de uma vida de ensino da história da política exterior brasileira: A diplomacia na construção do Brasil (Versal Editores).

As primeiras de uma série de palestras seguidas de sessões de autógrafos pelo país serão realizadas nos dias 3/10 no CIEE,  4/10 na FAAP e em 7/10 na JAPAN HOUSE, São Paulo  nos dias 9 e 10/10, em diferentes lugares, em Brasília, e nos dias 18 e 20/10, no Rio de Janeiro, respectivamente na Livraria Argumento do Leblon e no Itamaraty.

Com capa dura, 784 páginas e ilustrado com mapas, desenhos cartográficos e 80 imagens da história e da diplomacia, o livro analisa a diplomacia como causa e consequência da política interna e da economia do período colonial até os dias de hoje, incluindo a atual crise brasileira. Mostra, ao mesmo tempo, como a política externa contribuiu para a definição dos valores e ideais da identidade do país, de como os brasileiros se veem a si mesmos e sua relação com o mundo.

 Com documentos originais dos arquivos norte-americanos, o livro traz revelações novas sobre episódios como a intervenção militar de 1964 nos seus aspectos externos. Recorre a perspectivas comparativas com países latino-americanos e os Estados Unidos e renova a maneira de examinar a diplomacia em estreita ligação com os fatos políticos e as condições econômicas. “A ambição da obra é dialogar com os estudantes e também com aqueles que se interessam pela história do Brasil e sentem curiosidade pela forma como o país se relacionou com o mundo exterior e foi por ele influenciado”, explica o autor.

A DIPLOMACIA NA CONSTRUÇÃO DO BRASIL
Autor: Rubens Ricupero
Editora: Versal Editores
Formato:  17,5 x 24 cm
Páginas: 784
Preço: R$ 89,90

EVENTOS DE LANÇAMENTO

3 de outubro – São Paulo
Horário: 19:00 h
Onde: CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola
Rua Tabapuã, 540 Itaim Bibi

4 de outubro - SÃO PAULO
Horário: 18:30h
Onde: FAAP, Centro de Convenções,
Rua Alagoas, 903 Higienópolis

7 de outubro- SÃO PAULO
Horário: 10:30h
Onde: JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista, 52


9 de outubro – BRASÍLIA
Horário: 17:00h
Onde: Palácio Itamaraty, Brasília

10 de outubro – BRASÍLIA
Horário: 10:00h
Onde: Sessão Especial na Comissão de Relações Exteriores da CD
Presidida pela Deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), presidente da CRE-CD

Horário: 14:30h
Onde: Auditório do Instituto de Relações Internacionais da UnB
Natureza: Apresentação-debate com a participação do professor Estevão Chaves de Rezende Martins, do diplomata Paulo Roberto de Almeida, sob coordenação do prof. Antonio Carlos Lessa

Horário: 17:30h
Onde: CNI: Confederação Nacional da Indústria, SBN Quadra 1, Bloco C, Ed. Roberto Simonsen
Natureza: Talk-Show, com José Augusto Coelho Fernandes


18 de outubro - RIO DE JANEIRO
Horário: 19:00h
Onde: Livraria Argumento Leblon

20 de outubro – RIO DE JANEIRO
Horário: 10:00h
Onde: Palácio do Itamaraty
Debate com a participação de Rubens Ricupero, Marcos Azambuja e Gelson Fonseca (e, possivelmente, Celso Lafer, ainda não confirmado)

SOBRE O AUTOR
Nascido em São Paulo em 1937, Rubens Ricupero ingressou no Instituto Rio Branco em 1958 e iniciou a carreira diplomática em 1961.

Embaixador do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra, Suíça, nos Estados Unidos e na Itália, foi ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, ministro da Fazenda durante a implantação do Real, subchefe da Casa Civil e assessor especial do presidente José Sarney. Atuou como assessor de política externa de Tancredo Neves na campanha para a Presidência da República, em 1984/5, e registrou a experiência no livro Diário de bordo: a viagem presidencial de Tancredo Neves (2010). Entre 1995 e 2004, dirigiu como Secretário Geral a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra.

Diretor, mais tarde Decano, da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), professor do Instituto Rio Branco e da Universidade de Brasília, colaborador dos mais influentes órgãos de imprensa do país e de publicações especializadas nacionais e estrangeiras, Ricupero é autor de nove livros sobre história diplomática, política, comércio e economia internacional, entre os quais se destacam Rio Branco: o Brasil no mundo (2000), O Brasil e o dilema da globalização (2001), Esperança e Ação A ONU e a busca de desenvolvimento mais justo (2002). A diplomacia na construção do Brasil é sua mais recente obra.