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sexta-feira, 15 de maio de 2020

My God! A burguesia já desembarcou do barco do Bolsonaro - CNI - IstoÉ

É a primeira vez que vejo isso: a burguesia se afastando do capitão genocida.
O boletim da CNI, um sindicato de ladrões da burguesia, como diriam os marxistas, divulga matéria da revista IstoÉ, que se posiciona claramente contra Bolsonaro.
Paulo Roberto de Almeida

http://cni.empauta.com/e6/?autolog=eJwzMDAwMDQ3MDAzszQwAkIDU0NTACkDA--2B0--3D/#/noticia/2005151589550978003

Saia Bolsonaro


Revista IstoÉ | Reportagem Principal
15 de maio de 2020

Marcos Strecker e Vicente Viiardaga


O Brasil se torna um vetor mundial de expansão da pandemia, e o principal responsável é Jair Bolsonaro. A curva de crescimento dos infectados projeta uma das situações mais graves do mundo, mas o presidente debocha da crise. No sábado, 9, enquanto o País ultrapassava a marca de 10 mil óbitos, Bolsonaro passeava de jet ski - nos cinco dias seguintes, mais 3.149 brasileiros perderam a vida. No mesmo dia, mostrando sintonia com a sociedade, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) decretaram luto oficial. Mas não Bolsonaro. Alheio ao drama humanitário, ele continuou a enfraquecer a economia promovendo instabilidade e negligenciando a necessidade de um plano para a retomada. Tudo isso em uma semana crucial para o seu mandato. Inquéritos no STF podem esclarecer a tentativa de interferir na Polícia Federal (PF) e outros crimes. A intromissão na PF, denunciada pelo ex-ministro Sérgio Moro, está sob investigação na corte. Uma peça decisiva é o vídeo de uma reunião de ministros no Planalto. São processos que podem desembocar na sua saída.

A pandemia está colocando o Brasil no centro do mundo. O País já se aproxima da marca de 1.000 óbitos diários. De forma certeira, a Lancet, revista científica que é referência internacional, publicou um editorial demolidor com o sugestivo título de "So what?" (E daí?). Disse que o presidente se torna a maior ameaça ao combate da Covid-19 no Brasil. "Ele não só continua semeando confusão, desprezando e desencorajando abertamente as sensatas medidas de distanciamento físico e confinamento introduzidas pelos governadores e prefeitos, mas também perdeu dois importantes e influentes ministros nas três últimas semanas", aponta a publicação. Com a antipolítica de Bolsonaro, o País está se tornando um pária na comunidade internacional. A América Latina é o maior foco de crescimento no mundo, e o Brasil é o responsável por isso. A revista ressalta que o País tem a maior taxa de transmissão entre os 48 países analisados pelo Imperial College, de Londres, uma das universidades de maior prestígio da Europa. Na última semana, com mais de 188 mil infectados, tornou-se o sexto país com maior número de casos - atrás apenas de EUA, Rússia, Espanha, Reino Unido e Itália. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, citado pela revista, declarou que o Brasil pode liderar o número de casos da doença no mundo, e voltou a criticar Bolsonaro: "Os números falam por si só. Ele fez o que ele quis fazer, mas a história vai dizer quem estava errado e quem estava certo".

Desde que o STF suspendeu a indicação do nome de Bolsonaro para a direção da PF, a corte endureceu sua relação com o presidente
Enquanto o País padece, Bolsonaro luta para se manter no cargo. O principal alvo das hostes bolsonaristas atualmente é o STF, que tem inibido as vontades autoritárias do presidente. O isolamento crescente do presidente pode ser verificado em várias decisões recentes do tribunal. Desde que o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a indicação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, o STF endureceu sua relação com o presidente. Bolsonaro atacou Moraes dizendo que a decisão era política e que o ministro só ocupava um lugar na corte por causa de sua amizade com o ex-presidente Michel Temer. Os outros ministros criticaram o presidente e consideraram "inadmissível" qualquer ofensa pessoal aos magistrados. O ministro Gilmar Mendes considerou a atitude de Bolsonaro "ilegítima e inaceitável" e classificou as ofensas a Moraes de "censura personalista". O ministro Luís Roberto Barroso defendeu a "competência e integridade" de Moraes e disse que sua atuação no STF "tem se marcado pelo conhecimento técnico e pela independência".

Diante da decisão do ministro, manifestantes pró-Bolsonaro foram protestar em frente ao prédio onde Moraes habita, em São Paulo, e dois deles, um engenheiro de 64 anos e um autônomo de 58 anos, acabaram presos em flagrante por difamação, injúria, ameaça e perturbação do sossego alheio. Os dois pagaram fiança, mas foram proibidos de manter qualquer contato com o ministro, pessoal ou indireto, e devem a partir de agora respeitar uma distância de 200 metros de Moraes. Além disso, a Justiça determinou para os dois acusados o recolhimento domiciliar durante a noite e nos dias de folga e a proibição de deixar São Paulo por mais de oito dias sem autorização judicial. Grupos radicais que apoiam o presidente, atuando com violência ou produzindo fake news, estão sendo acompanhados de perto pelo STF por seu incitamento ao ódio e iniciativas antidemocráticas. A Justiça atuou firmemente para impedir o acampamento nos gramados da Esplanada do Ministério do grupo 300 do Brasil, que diz lutar contra a "ditadura do STF". Moraes é justamente o relator de um inquérito que apura a divulgação de fake news com ofensas caluniosas e difamatórias contra os ministros da corte e seus familiares. O inquérito se aproxima do clã Bolsonaro. A PF identificou o filho 02 do presidente, Carlos, como o coordenador das fake news contra o tribunal.

Vídeo ameaça o presidente

Os ministros do Supremo, porém, mantêm uma postura de cautela diante das diferentes versões sobre o vídeo da reunião do conselho de ministros, no dia 22 de abril, em que Jair Bolsonaro ameaçou demitir Sérgio Moro (

Outra razão que motivou o presidente a interferir na PF é o ataque a faca de que foi vítima durante a campanha eleitoral. Sempre insinuou que havia mandantes. Mas a PF concluiu em um segundo inquérito, entregue à Justiça na última quarta-feira, 13, que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho, por iniciativa própria e sem ajuda de terceiros. A conclusão diminui um dos argumentos do presidente para mostrar insatisfação com o órgão. A investigação sobre a possível interferência na PF pode, segundo juristas, levar a um processo por crime de responsabilidade. Na contramão dos fatos apurados até agora, Bolsonaro nega qualquer tentativa de interferência. Declarou que nenhum familiar dele foi investigado pela corporação. Mas a PF tinha um inquérito eleitoral até março passado que apurava se o seu filho Flávio cometeu lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral ao declarar seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018. Flávio atribuiu valores diferentes para um mesmo apartamento. A PF concluiu o caso e pediu seu arquivamento, sem quebrar seu sigilo fiscal e telefônico. Esse mesmo imóvel é objeto de outra investigação do Ministério Público do Rio sobre a prática da "rachadinha". Ainda corre na Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da PF do Rio um inquérito que cita Fabrício Queiroz, braço-direito de Flávio e amigo de 40 anos do presidente. A PF foi envolvida em mais um episódio ligado à família Bolsonaro. A pedido do presidente, abriu um inquérito para apurar a menção ao seu nome feita pelo porteiro do seu condomínio da Barra da Tijuca, no caso Marielle. Fora da PF, Flávio e Carlos Bolsonaro são alvos de cinco procedimentos de investigação do MP carioca que apuram a existência de funcionários fantasmas em seus gabinetes. Ao todo, 19 familiares de Bolsonaro estão sob investigação no Rio.

No STF, o presidente não tem encontrado respaldo para suas atitudes irresponsáveis. No mês passado, ele sofreu uma contundente derrota numa votação do pleno do STF, que, por 9 a zero, decidiu que o presidente não tem competência para tornar sem efeito, por meio de decreto, decisões tomadas por governadores e prefeitos para conter o contágio pelo coronavírus. Bolsonaro não pode se meter em atribuições que são dos governos estaduais e municipais. Mesmo assim, na segunda-feira, 11, o presidente voltou à baila e publicou em uma edição extra do Diário Oficial da União um decreto que inclui salões de beleza, barbearias e academias esportivas na lista de atividades essenciais que podem funcionar durante a quarentena. O próprio ministro da Saúde, Nelson Teich, foi pego de surpresa pela decisão.

De qualquer forma, graças à decisão anterior do STF, o novo decreto de Bolsonaro deve virar letra morta, já que cabe aos governos locais decidir o que pode ou não funcionar durante a pandemia. Vários governadores e prefeitos já declararam que vão ignorar o decreto. Mas as declarações diárias do presidente contra a quarentena surtem efeito. Desestimulam a população a seguir as normas de contenção e servem para abarrotar ainda mais os hospitais, já sem condições de atender a pacientes em UTIs em vários casos.

Em mais uma atitude nociva, Bolsonaro manteve até a terça-feira, 12, um silêncio antirrepublicano de dois meses sobre o resultado de seus testes de coronavírus. Finalmente, a Advocacia Geral da União (AGU) entregou ao STF três testes de coronavírus do tipo PCR, realizados pelo presidente, em março, sob os codinomes de Airton Guedes e Rafael Augusto, mas com CPF e data de nascimento corretos, que foram parar nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski - a quem coube a decisão de divulgá-los. Ele fez isso no dia seguinte.

A entrega dos testes atendeu a um pedido do jornal

O Estado de S.Paulo ao tribunal, que alegou interesse público sobre as informações referentes à saúde de Bolsonaro. A Justiça Federal de São Paulo e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) garantiram ao jornal o direito de ter acesso aos documentos. Os resultados mostraram que Bolsonaro não estava infectado na época da realização dos testes. Segundo a AGU, foram utilizados nomes de terceiros nos exames para a preservação da imagem e da privacidade do presidente e por questões de segurança.

A divulgação dos testes, que respeita o princípio constitucional do direito à informação, diminuiu a pressão sobre o presidente, mas não aliviou sua situação. Mesmo que escape da inquirição do STF e das dezenas de processos de impeachment protocolados no Congresso, por ora, ele é uma figura que diminui a cada dia e também apequena o Brasil, que se pergunta qual é o líder instalado no Planalto. Os bolsonaristas ainda se apegam à ideia anacrônica de líder no sentido antigo, de um "herói" capaz de guiar as massas pelo seu carisma. Mas, atualmente, o conceito mudou. O verdadeiro líder é reconhecido quando é capaz de resolver problemas concretos da sociedade em uma determinada situação. Nada mais distante do atual presidente, que anda na contramão do mundo na maior emergência dos últimos cem anos. O líder é capaz de unificar a sociedade. Bolsonaro, ao contrário, vive da polarização. O líder protege a população. Bolsonaro ignora a saúde do povo em função de seu projeto político pessoal. Ao contrário dos estadistas que cresceram com a crise pregando transparência, cooperação, solidariedade e se apoiaram na ação dos cientistas e na orientação dos especialistas, ele ignorou os conselhos técnicos e até este momento defende um medicamento, a cloroquina, que não foi referendado por estudos sérios - inclusive dois amplos trabalhos divulgados nos EUA nos últimos dias. Além disso, insiste em propagar desinformação sobre a doença, como um post no Instagram que mentia sobre os óbitos no Ceará. A rede precisou colocar um aviso de fake news na mensagem - mais um papelão para o presidente da oitava maior economia do mundo.

A publicação britânica Lancet apenas chancela o que os brasileiros já sentem. Os ataques de Bolsonaro às ações que poderiam atenuar os efeitos da doença fazem o País pagar um alto preço em vidas humanas. Mas também traduz uma percepção internacional que já se cristaliza, afetando a imagem do País. O Brasil vai na contramão do mundo. Para Bolsonaro, o desprezo pela vida humana e por ações humanitárias provocou o repúdio da comunidade internacional e a reprovação de órgãos como a Organização Mundial da Saúde. No último dia 26, relatores da ONU criticaram o governo brasileiro por políticas que colocam "a economia acima da vida" no combate ao coronavírus. A centenária revista The Atlantic chamou Bolsonaro de "líder mundial do movimento negacionista da Covid-19". O Financial Times o apontou como um dos quatro líderes mundiais que se recusaram a levar a doença a sério, ao lado do presidente da Belarus, do Turcomenistão e da Nicarágua. Apelidou-os de "Aliança do Avestruz". A crise na imagem brasileira já estava em curso, mas se aprofundou com Bolsonaro, diz Guilherme Casarões, professor da EAESP-FGV. "Ele ampliou a desconfiança. As demissões de Mandetta e Moro mudaram a percepção internacional de o presidente poder liderar o Brasil."

Para o País, as consequências são desastrosas. O custo humanitário é o mais alto e penoso, mas há também o dano econômico. Ações coordenadas em linha com a experiência internacional, como o isolamento social, os testes em massa e o monitoramento amplo da população abreviariam a quarentena. Além de se preparar de forma coordenada para enfrentar o surto, o País já deveria planejar a reabertura programada da economia. Como não há planos, a retomada será ineficiente e sujeita a retrocessos. A inação do presidente vai custar caro. "Com uma liderança apropriada, o Brasil claramente teria a capacidade de salvaguardar a saúde das pessoas, mas agora é uma área de alta incidência na América Latina. Isso não protege a economia, pelo contrário", declarou Maurice Obstfeld, ex-economista-chefe do FMI. Por causa das ações de Bolsonaro, ele calcula que a queda do PIB vai superar os 5,3% previstos pela entidade este ano. Analistas já projetam um tombo de dois dígitos. Pior, pode haver uma segunda onda de infecções, causando um rombo ainda maior na economia.

Prejuízos ao país

À medida que o Brasil se torna um vetor de disseminação da doença, a sua capacidade de liderança também é atingida. Desde o século XIX, o País conseguiu liderar a América Latina com uma política de não ingerência e poder brando. Agora, países vizinhos como Argentina, Paraguai e Chile já discutem a ameaça que o Brasil representa com o avanço da Covid-19. Um vexame para a tradição diplomática regional. Donald Trump, que Bolsonaro considera seu maior aliado, segue dando rasteiras no brasileiro. Diz que o Brasil tem um "surto sério" e avalia banir os voos entre os países. Já a China, maior parceira comercial do Brasil, é atacada pelo chanceler Ernesto Araújo. Bolsonaro destruiu o "soft power" cultivado ao longo de décadas pelo Itamaraty. A Lancet resumiu bem o dilema brasileiro. Para a revista, a desorganização no centro da administração do governo não é só um transtorno com consequências fatais no meio de uma emergência sanitária, mas também um forte sinal de que o líder do Brasil perdeu a sua bússola moral, "se é que alguma vez teve uma". Como a publicação aponta, o desafio para garantir o direito à saúde é, em última análise, político. "O Brasil deve unir-se para dar uma resposta clara ao 'E daí?' do presidente. Bolsonaro precisa mudar drasticamente o seu rumo ou terá de ser o próximo a sair", diz a revista. Uma afirmação precisa e verdadeira.

sexta-feira, 20 de março de 2020

O estado da desgovernança no Brasil - CNI (que teve seu chefe infectado) divulga matérias

Parece que a CNI está brava com o presidente. Em seu boletim mais recente recebi estas notas, o que talvez se explique pelo fato de seu presidente ter sido contaminado na viagem do presidente para prestar submissão ao chefe americano.


IstoÉ afirma que o presidente exibe um comportamento alheio à realidade com relação ao coronavírus. Segundo a revista, Bolsonaro “pode estar sofrendo de incapacidade e perturbações psicológicas”.   

IstoÉ Dinheiro mostra as iniciativas da indústria farmacêutica e de instituições de pesquisa médica mundiais e brasileiras para chegar à vacina capaz de proteger a população contra o coronavírus. 

 CNI na mídia
EUA
Brasil Confidencial, na IstoÉ, avalia que a viagem do presidente Bolsonaro e sua comitiva aos EUA desrespeitou as normas que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta vinha recomendando, de evitar viagens a locais com focos da doença.

De acordo com o texto, a viagem poderia ter sido cancelada, evitando a contaminação das pessoas de sua equipe.

Entre os infectados, expõe a abordagem, está o presidente da CNI, Robson Andrade, que estava na comitiva.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Itamaraty: SindItamaraty reagiu a tentativa de esvaziamento na promocao comercial

Transcrevo abaixo, e concordo integralmente com o teor, comunicado do SindItamaraty a respeito do projeto da CNI de criar cargos de adidos comerciais no exterior, uma falsa solução para um falso problema, e provavelmente apenas uma tentativa de se criar postos no exterior para designação provavelmente politica.
Paulo Roberto de Almeida

INFORMES SINDITAMARATY
SINDITAMARATY contesta a proposta da CNI de criação de cargos de adidos de comércio exterior
28.11.2014

O SINDITAMARATY tomou conhecimento da Carta do Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), datada de 21 de outubro de 2014, sobre proposta de criação da função de Adidos de Indústria e Comércio junto a representações diplomáticas do Brasil no exterior e manifesta-se contrário ao apresentado pela CNI, por representar grave aumento injustificado de gastos de dinheiro público, duplicação de esforços, desvalorização do serviço exterior brasileiro e tentativa de subtração de competências que por lei são exclusivas do Itamaraty.

A Lei nº 4.669/65 e o Decreto nº 56.702/65 atribuíram ao Ministério das Relações Exteriores atividades de promoção comercial no exterior por meio de suas missões diplomáticas e repartições consulares. Nestes quase 50 anos, o Itamaraty construiu amplo sistema de promoção comercial e de investimentos: departamentos especializados em temas econômicos e comerciais, além de extensa rede de Setores de Promoção Comercial (SECOMs), localizados em seus Postos no Exterior. Tudo em plena coordenação com instituições brasileiras, sejam elas públicas, sejam privadas, incluindo a própria CNI. São 102 SECOMs em 81 países e nos cinco continentes. E Isso não é pouco.

A proposta da CNI, infelizmente, não parece se preocupar em investir e contribuir para fortalecer a estrutura disponibilizada pelo MRE, o que parece ser mais econômico e logicamente viável. A proposta não cria cargos em locais onde é necessário abrir mercados e onde há carência de recursos. No continente africano, por exemplo, onde o Itamaraty já possui 47 postos e 14 SECOMs, segundo a proposta da CNI, o cargo de adido comercial seria criado na Embaixada do Brasil em Pretoria, capital onde já existe SECOM atuante e de forma expressiva.  O que dizer do fato do Itamaraty hoje defender os interesses da indústria brasileira no exterior e identificar temas que afetam nossas exportações de maneira reconhecidamente eficiente e relevante, por meio de suas delegações junto às organizações internacionais como a Comissão Europeia, o MERCOSUL, a ALADI e a OMC?

A criação dos adidos comerciais, proposta pela CNI, torna-se ainda mais preocupante quando comparada à existência de adidos agrícolas. Os adidos agrícolas, regulados pelo Decreto nº 6.464, de 27 de maio de 2008, são membros da missão diplomática subordinados ao Embaixador (“...Art. 8º  São deveres do adido agrícola:...II - abster-se de quaisquer manifestações públicas, escritas ou orais, sobre assuntos relativos às políticas interna e externa brasileira, sem a prévia autorização do chefe da missão diplomática;...").

Em gritante ofensa à Constituição Federal e à Convenção de Viena, os adidos de comércio exterior, conforme proposto pela CNI, seriam considerados membros da missão diplomática, porém não estariam subordinados ao Chefe da Missão. Esta situação configura tentativa de burla à competência do Ministério das Relações Exteriores em sua função de representação perante os governos estrangeiros.

Se existe um problema a ser enfrentado, esse problema é o desmonte do MRE, a desvalorização dos seus recursos humanos, o desrespeito ao seu trabalho, a suas competências e a suas capacidades, o desmantelamento de sua estrutura e o vilipêndio de seu orçamento. As vagas para o ingresso na carreira de diplomata têm sido reduzidas a níveis abaixo dos necessários para a reposição dos seus quadros. Há mais de cinco anos, não são realizados concursos públicos para as carreiras de oficial e assistente de chancelaria, os quais têm seus salários em grande defasagem em relação aos salários das demais carreiras de Estado da Esplanada, em níveis que chegam a 90% de diferença na remuneração.

Não é por acaso que o período de grande crescimento do comércio exterior brasileiro (2003-2010) tenha coincidido com o período de crescimento dos recursos humanos e financeiros do serviço exterior brasileiro, enquanto o do progressivo decréscimo de nossas exportações esteja coincidindo com o injustificável processo de desvalorização do serviço exterior e de esfacelamento do Itamaraty.

Fica então a pergunta: por que gastar mais recursos criando uma nova estrutura que vai desde a instalação de escritórios para os adidos, a contratação de pessoal local de apoio até a remoção de funcionários que estariam dispendendo energia e recursos públicos pela duplicação de esforços na execução do mesmo trabalho, há anos muito bem empreendido pelas carreiras especializadas do Serviço Exterior Brasileiro?

Sandra Nepomuceno Malta
Presidente do Sinditamaraty

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Brasil perde competitividade - Penultimo lugar em estudo da CNI

PRODUÇÃO INDUSTRIAL. COMPETITIVIDADE BRASIL 2013
CNI. ESTUDO, 12/12/2013

BRASIL OCUPA PENÚLTIMO LUGAR EM RANKING DE COMPETITIVIDADE. LEVANTAMENTO MOSTRA QUE O PAÍS MELHOROU EM APENAS DOIS DOS OITO ASPECTOS PESQUISADOS EM RELAÇÃO A 2012:


'DISPONIBILIDADE E CUSTO DE CAPITAL' E 'AMBIENTE MACROECONÔMICO'.
O Brasil é menos competitivo que seus principais concorrentes. O estudo Competitividade Brasil 2013, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que as empresas brasileiras só ganham das argentinas na competição por mercado em um conjunto de 15 países com características econômico-sociais ou posicionamento no mercado internacional semelhante. A posição de penúltimo lugar é a mesma do relatório anterior, referente a 2012. No entanto, com a inclusão da Turquia neste ano, passaram a ser 15 os países pesquisados, o que levou o Brasil a mudar da 13ª colocação para a 14ª. A nação mais competitiva do grupo permanece sendo o Canadá. Nos oito fatores considerados condicionantes da competitividade de um país, o Brasil se encontra no terço inferior (entre a 15ª e a 11ª posição) em cinco aspectos e, nos outros três fica no terço intermediário (da 10ª à 6ª). A pior situação é a dos fatores 'peso dos tributos' (14º lugar), 'disponibilidade e custo de capital' (14º), seguida por 'infraestrutura e logística' (13º), 'ambiente microeconômico' (13º) e 'educação' (9º). O país está um pouco melhor em relação à 'disponibilidade e custo de mão de obra' (7º), 'ambiente macroeconômico' (10º) e 'tecnologia e inovação' (8º). Com o objetivo de promover o aumento da competitividade da indústria na próxima década, a CNI lançou neste ano o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022, documento construído em conjunto com mais de 500 representantes empresariais. Ele servirá de base para as sugestões que o setor apresentará aos candidatos à Presidência da República em 2014. A resposta para muitos dos problemas identificados no estudo está no Mapa Estratégico. Ele define as ações necessárias para fazer o Brasil crescer mais e melhor e se tornar cada vez mais competitivo.

DESEMPENHO.
O país melhorou em apenas dois aspectos em relação à edição de 2012: 'disponibilidade e custo de capital' e 'ambiente macroeconômico'. No primeiro caso, passou do último para o penúltimo lugar, à frente da Argentina, em função da redução das taxas de juros. Já a desvalorização cambial fez o Brasil subir da última para a 10ª colocação no quesito 'ambiente macroeconômico'. Por outro lado, de 2012 para este ano, o país perdeu posição em três fatores: 'disponibilidade e custo de mão de obra', 'infraestrutura e logística' e 'tecnologia e inovação'. Todos os fatores influenciam o desempenho da indústria brasileira no mercado internacional. Nos torna menos competitivos, onera nossos investimentos e aumenta nossos custos. O importante é que o país consiga desenvolver uma agenda para enfrentar essas questões. É fundamental que o Brasil disponha de um sistema estruturado de metas e objetivos com monitoramento e acompanhamento dos resultados. Os vizinhos latino-americanos também estão em desvantagem. Com exceção do Chile, que se situa no terço intermediário e ocupa o 6º lugar, os demais países da América Latina encontram-
se no terço inferior. O México aparece em 12º lugar, a Colômbia em 13º e a Argentina em 15º.

PAÍSES.
Além do Brasil, foram avaliados: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, México, Polônia, Rússia e Turquia. Esta é a terceira edição do estudo, que foi publicado pela primeira vez em 2010, e novamente em 2012. Ao todo, são avaliados oito aspectos: disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística; peso dos tributos; ambiente macroeconômico; ambiente microeconômico; educação; tecnologia e inovação.

AVALIAÇÃO DO BRASIL NOS OITO ASPECTOS:

1. DISPONIBILIDADE E CUSTO DE MÃO DE OBRA. 

A perda do ritmo de crescimento da força de trabalho ajudou o Brasil a perder três posições no quesito de um ano para outro. Em 2012, o país ocupava o 4º lugar. Neste ano passou para o 7º. Os componentes do fator colocam o Brasil em posições bem distintas. Ao mesmo tempo em que ocupa a 4ª posição em disponibilidade de mão de obra, aparece em 12º lugar quando se compara o custo de mão de obra em função da baixa produtividade do trabalho na indústria.

2. DISPONIBILIDADE E CUSTO DE CAPITAL. 

Em relação a esse fator, apenas a Argentina é mais mal colocada que o Brasil, que aparece em 14º. Considerando os três subfatores - custo do capital, disponibilidade do capital e sistema financeiro -, os resultados são distintos. O país é o menos competitivo no quesito custo de capital. O spread da taxa de juros permanece sendo o pior da lista, mas a taxa de juros real de curto prazo melhorou da 14ª posição para a 10ª de um ano para outro. Em relação à disponibilidade de capital, o Brasil ocupa uma colocação intermediária (8ª), assim como em relação ao sistema financeiro (7ª).

3. INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA.
Somente os vizinhos Colômbia e Argentina têm piores colocações que o Brasil (13º) nesse quesito. A culpa é da baixa qualidade da infraestrutura de transporte, um dos subfatores, que coloca o país no último lugar do grupo. O Brasil está mal colocado em todos os quesitos: qualidade das rodovias (13º), da infraestrutura ferroviária (13º), da infraestrutura portuária (15º) e do transporte aéreo (15º). Quando se analisa a infraestrutura de energia e telecomunicações, outro subfator, o país ocupa posição intermediária (7ª). Em relação ao subfator alfândega e operadores, que avalia a qualidade dos serviços associados ao comércio exterior, o Brasil ocupa posição intermediária (10ª).

4. PESO DOS TRIBUTOS. 
A carga tributária aparece como uma clara desvantagem competitiva em relação aos demais países. O Brasil aparece em 14º. Somente na Argentina o peso dos tributos é maior. No caso da tributação sobre o lucro das empresas, o Brasil fica à frente apenas da Argentina e da África do Sul. O Chile é o país que menos taxa o lucro. No quesito pagamento de impostos pelas empresas, o Brasil se situa na 13ª posição.

5. AMBIENTE MACROECONÔMICO.

A desvalorização do Real tirou o Brasil da última posição para a 10ª no fato ambiente macroeconômico. Também colaborou nesse sentido a trajetória do investimento estrangeiro direto no país. O país é o 4º mais competitivo nesse quesito. Em 2012, ocupava o 6º lugar. Os dois subfatores se contrapõem às outras variáveis que permanecem no terço inferior do grupo: taxa de inflação (11º), dívida bruta do governo (13º) e formação bruta de capital fixo (15º).

6. AMBIENTE MICROECONÔMICO.
O ambiente microeconômico não favorece o país. Apenas Rússia e Argentina têm piores condições que o Brasil, que está em 13º. A dimensão do mercado doméstico coloca o Brasil em 3ª posição, a mesma de 2012. Mas em relação à intensidade da concorrência no mercado doméstico, o país perdeu quatro posições, passando de 9ª, em 2012, para 13ª, neste ano. Em relação à barreira tarifária, caiu de 13º para 14º.

7. EDUCAÇÃO. 
Considerando os 11 países com informações disponíveis para as variáveis consideradas, o Brasil ocupa o 9º lugar. Aparece entre os três piores colocados em dois dos três quesitos analisados: disseminação da educação (8º entre 10) e qualidade da educação (10º entre 12). Já em relação aos gastos com educação, o paí aparece em 5º lugar, entre 13 considerados. O resultado indica que não houve alteração da posição do Brasil em relação à disseminação e à qualidade da educação, mas que o aumento dos gastos implicou em avanço de uma posição nesse quesito.

8. TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.
O Brasil está em posição intermediária em relação ao aspecto tecnologia e inovação. Entre os 14 países para os quais existem dados, o Brasil aparece em 8º lugar. Nos dois subfatores apoio governamental e P&D inovação nas empresas aparece em 9º.

ESTUDO: http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2013/12/12/5687/20131212121242781963e.pdf

APRESENTAÇÃO:
http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2013/12/12/5687/20131212120138768822u.pptx

terça-feira, 28 de maio de 2013

Mapa Estrategico da Industria - CNI

Não quero ser pessimista, mas minha ideia é que as medidas requeridas pela indústria ficarão no tradicional banho-maria no que depender do governo. No que depender dos próprios empresários, elas vão avançar penosamente, num ambiente terrível para os negócios, que teima em continuar horrível.
Paulo Roberto de Almeida

CNI (21/05/2013) - MAPA ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA 2013-2022
 
O Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 aponta o caminho que a indústria e o Brasil devem percorrer na próxima década para aumentar os níveis de produtividade e eficiência e alcançar um elevado grau de competitividade, respeitando os critérios de sustentabilidade. Resultado dos debates e das contribuições de 520 pessoas, entre empresários, executivos, acadêmicos e presidentes de associações nacionais setoriais e federações de indústrias, o Mapa identifica os dez fatores chave para a competitividade brasileira, que podem ser classificados em quatro grupos.
1. Na base de tudo temos a educação. Uma sociedade educada é essencial na construção de instituições e de um ambiente favoráveis aos negócios. A educação também é o principal insumo para a inovação.
2. A seguir, estão elementos ligados ao ambiente de atuação da indústria, que criam condições favoráveis aos demais fatores. São eles ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica e desenvolvimento de mercados.
3. O terceiro grupo impacta diretamente os custos de produção e dos investimentos, influenciando as condições de oferta. São eles a tributação, o financiamento, as relações do trabalho e a infraestrutura.
4. Por fim, tem-se o fator-chave inovação e produtividade, ligado às competências da empresa industrial.

A seleção dos fatores chave considerou os desafios e as oportunidades proporcionados à indústria pelas novas tendências mundiais, como o rápido crescimento dos países emergentes, os avanços tecnológicos e a mudança do clima.  Também avaliou as transformações recentes do país, como a expansão do mercado interno, as mudanças no perfil da população e o deslocamento da produção para o interior do país. Para cada fator chave, o Mapa aponta uma macrometa, que é o principal resultado a ser alcançado até 2022, e o indicador, cuja evolução mostrará se o país e a indústria estão no caminho da competitividade com sustentabilidade. Os fatores chave se dividem em temas prioritários e objetivos, que indicam as respostas aos principais obstáculos ao desenvolvimento brasileiro. O Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 também propõe ações transformadoras, capazes de fazer com que o país alcance os objetivos traçados. A proposta é que o Brasil chegue a 2022, ano em que se comemora o bicentenário da Independência, com  uma economia mais competitiva e mais justa. Essa nova edição do Mapa revisa e atualiza os objetivos, metas e programas do Mapa Estratégico 2007-2015, que a CNI apresentou à sociedade em abril de 2005.

CNI APRESENTA AS METAS PARA DESENVOLVER A INDÚSTRIA ATÉ 2022. 
MAIS DE 500 REPRESENTANTES EMPRESARIAIS AJUDARAM A CONSTRUIR O MAPA ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA, QUE DEFINE OS DEZ FATORES-CHAVE CAPAZES DE AUMENTAR A PRODUTIVIDADE DA INDÚSTRIA NOS PRÓXIMOS ANOS. 

Em 2022, ano em que o país completa 200 anos de independência, 2,2% de toda a produção mundial de industrializados será de produtos fabricados no Brasil. Atualmente, a participação dos manufaturados brasileiros no mercado mundial é de 1,7%. Essa é uma das metas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para os próximos dez anos definidas no Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022. Outra previsão feita pelo setor é de que, até 2022, a produtividade média da indústria, que vem crescendo a uma taxa anual de 2,3% nos últimos 20 anos, passe a dar saltos de 4,5% ao ano. A escalada da indústria a esses patamares, no entanto, requer um ambiente mais adequado à competitividade da indústria e do país. É esse cenário que está definido no Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022. O documento, desenhado em conjunto com cerca de 500 representantes empresariais durante nove meses, foi apresentado pela CNI. O Mapa é uma visão da indústria para o país. O lançamento do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 tem dois significados. O primeiro, e mais importante, é a reiteração do papel da indústria no processo de desenvolvimento do país. A indústria pode ser maior e melhor. O segundo significado é a crença em uma visão de longo prazo. O setor industrial está formulando uma estratégia sobre o que quer ser e o que precisa fazer. O Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 apresenta os dez fatores-chave que podem aumentar a produtividade e a competitividade, além de indicar os caminhos para o Brasil aproveitar as oportunidades e vencer os obstáculos que vão surgir na próxima década. O grande desafio é elevar os níveis de produtividade e eficiência, atuando nos fatores-chave de competitividade. O Mapa é uma cruzada pela produtividade. No cenário vislumbrado pelo setor industrial para 2022, a taxa de investimento (formação bruta de capital fixo sobre o PIB) do país vai passar de 18,1%, em 2012, para 24%, em 2022. Já os investimentos em infraestrutura vão saltar de 2,05% do PIB para 5% no mesmo período. A cumulatividade da cobrança de impostos será extinta. Nas relações de trabalho, a meta é que o país passe do 72º lugar para 40º no ranking de relações empregado-empregador do Fórum Econômico Mundial, que compara 144 países. Além desses objetivos, o país contará com melhor educação, um Estado mais eficiente e menos burocrático, entre outras melhorias. Para desenhar o Mapa, o setor industrial considerou as mudanças existentes no país e no mundo nos últimos anos, como os desafios que a inovação e a difusão de novas tecnologias trazem para o setor produtivo, o fortalecimento do mercado interno brasileiro, o crescimento dos países emergentes, entre outros.
DEZ FATORES-CHAVE. O Mapa Estratégico da Indústria está estruturado em dez fatores-chaves capazes de garantir a produtividade e a competitividade da indústria brasileira na próxima década. Esses requisitos foram selecionados por terem impacto relevante e direto na competitividade da indústria e por terem abrangência e durabilidade em termos de ganho de produtividade.

01. EDUCAÇÃO - A educação é a base do Mapa. A indústria precisa de equipes educadas e bem formadas que saibam utilizar melhor os equipamentos, criar soluções para os problemas do dia a dia, adaptar processos e produtos e desenvolver e implementar inovações. A meta do setor é de que, até 2022, o Brasil passe da 54ª posição do ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA/OCDE) para a 43ª. O ranking considera 65 países. Para isso, a nota média deverá passar de 401, em 2009, para 480, em 2021.

02. AMBIENTE MACROECONÔMICO - O país precisa de fundamentos macroeconômicos sólidos que reduzam as incertezas sobre o futuro e gerem confiança para o investidor. A taxa de investimento brasileira hoje é mais baixa que a de outros países emergentes, inclusive da América Latina. A indústria estabeleceu a meta de elevar a taxa de investimento (formação bruta de capital fixo sobre o PIB) de 18,1%, em 2012, para 24%, em 2022. A taxa de investimento média mundial em 2012 é de 23,6%.

03. EFICIÊNCIA DO ESTADO - Uma melhor gestão dos gastos públicos ajuda o país a melhorar a eficiência do investimento público. Para isso, é necessário melhorar a capacidade do Estado de planejar e executar suas políticas e investimentos. Pela previsão da indústria, o Brasil deve aumentar a participação do investimento na despesa primária total do governo federal de 5,8% em 2012 para 8% em 2022. Nos últimos cincos anos, a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi de 8%.

04. SEGURANÇA JURÍDICA E BUROCRACIA - Ter marcos regulatórios definidos e uma legislação com direitos e deveres claros e estáveis aumenta a confiança dos investidores e a competitividade das empresas. A posição do Brasil no ranking Doing Business deve passar da 130ª em 2012 para 80ª em 2022, entre 185 países. Em 2012, países com renda per capita próxima à brasileira apresentaram posições muito superiores, como a Colômbia (45ª), Peru (43ª) e África do Sul (39ª).

05. DESENVOLVIMENTO DE MERCADOS - O Brasil precisa estar integrado à economia internacional, participando de importantes redes globais de valor, o que contribui para gerar mais inovação, para permitir a troca de conhecimento e para agregar valor à indústria nacional. A meta da indústria é que a participação da indústria brasileira na produção mundial de manufaturados passe de 1,7%, em 2012, para 2,2%, em 2022.

06. RELAÇÕES DE TRABALHO - Um mercado de trabalho com um sistema legal e institucional juridicamente seguro e com relações mais adequadas às necessidades da economia aumentam a competitividade das empresas e o desenvolvimento do país. O objetivo da indústria é que de 2012 a 2022 o Brasil passe do 72º lugar para o 40º no ranking de relações empregado-empregador do Fórum Econômico Mundial, que considera 144 países. A nota média brasileira deve passar de 4,26 para 4,70 no período. A nota dos Estados Unidos hoje é 4,66. A mais alta é a da Suiça, 6,07.

07. FINANCIAMENTO - O ritmo de crescimento de uma economia e a competitividade da sua indústria dependem da disponibilidade de recursos para investimento e da capacidade do sistema financeiro de intermediá-los a baixo custo e de forma ampla. A meta é ampliar a capacidade de investimento das empresas. O Brasil deve aumentar a participação de recursos de terceiros no financiamento do investimento das empresas industriais de 34%, em 2012, para 50%, em 2022.

08. INFRAESTRUTURA - Para ter uma indústria cada vez mais competitiva, o país precisa ter uma rede eficaz de transportes que interligue os diferentes modais, além de oferecer disponibilidade de energia, uma estrutura adequada de transmissão de dados em alta velocidade (banda larga) e serviços de saneamento universalizados. Para alcançar esses objetivos, os investimentos em infraestrutura devem passar de 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2012, para 5%, em 2022.

09. TRIBUTAÇÃO - Uma estrutura tributária simples e transparente aumenta a competitividade da indústria e estimula investimentos. A meta da indústria é zerar a cumulatividade dos tributos no Brasil. O percentual de tributos com caráter cumulativo passaria de 7,7% do total de tributos em 2011 para 0% em 2022. Além do fim da cumulatividade, a CNI defende a redução da carga, a desoneração de investimentos e das exportações e simplificação da estrutura tributária.

10. INOVAÇÃO E PRODUTIVIDADE - Para obter ganhos na produtividade, a empresa precisa investir em inovação. A meta é que a produtividade da indústria brasileira cresça a uma taxa média anual de 4,5% até 2022, contra um crescimento de 2,3% ao ano registrado nos últimos 20 anos. Estados Unidos, França e Japão apresentaram taxa média superior a 3% ao ano no mesmo período. A Coreia do Sul registrou taxa de 8% ao ano.

EDIÇÃO ANTERIOR. Apresentado em abril de 2005, o Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015 foi resultado de um cuidadoso trabalho do Fórum Nacional da Indústria que se estendeu por mais de seis meses e mobilizou cerca de 300 representantes empresariais de 60 entidades. O documento foi construído com base no modelo de gestão Balanced Scorecard, da Harvard University, nos Estados Unidos, que permite o acompanhamento sistemático e periódico dos indicadores e metas traçados pela indústria.

MAPA ESTRATÉGICO DA INDÚSTRIA 2007-2015. O Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015 revela a visão de futuro dos industriais para o Brasil. Apresentado à sociedade em abril de 2005, o documento define as estratégias e as bases necessárias para o desenvolvimento de uma indústria forte, dinâmica e com participação expressiva no comércio mundial. Aponta, ainda, os indicadores e traça os objetivos, as metas e os programas capazes de consolidar o Brasil como uma economia competitiva, inovadora e inserida na sociedade do conhecimento. Entre as metas estabelecidas para 2015 estão o crescimento de 7% para o Produto Interno Bruto (PIB), a expansão de 6% na produtividade industrial e a redução dos juros reais para 4% ao ano. Além das metas econômicas e das voltadas à modernização e ampliação da infraestrutura e da inovação, há objetivos e indicadores para a melhoria da educação e da qualidade de vida da população. O Mapa foi construído com base no modelo de gestão Balanced Scorecard, da Harvard University, nos Estados Unidos, que permite o acompanhamento sistemático e periódico dos indicadores e metas traçados pela indústria. Assim, é possível identificar os êxitos e os fracassos do país no caminho do desenvolvimento sustentado. O acompanhamento das metas e dos indicadores do Mapa também permite a correção dos rumos e a adequação das ações para que o Brasil alcance as metas traçadas para 2015. Resultado de um cuidadoso trabalho do Fórum Nacional da Indústria, que se estendeu por mais de seis meses e mobilizou cerca de 300 representantes empresariais de 60 entidades, o Mapa orienta a ação política da CNI e o diálogo da indústria com o governo, os parlamentares e a sociedade.

sábado, 25 de maio de 2013

Da politica industrial para o simples bom senso - IEDI e CNI (mas naocontem com o governo)

Pedro Passos e o Novo Mapa de Competitividade da Indústria

Mansueto Almeida
Já há algum tempo tenho observado as opiniões do empresário Pedro Passos da Natura e presidente do IEDI. As suas declarações agradam tanto defensores quanto críticos da política industrial e mostra que, talvez, suas ideias seja o que se poderia chamar de o “denominador comum” nesse debate.
O empresário deu uma entrevista para a coluna da Maria Cristina Farias, na Folha (clique aqui), e deu uma palestra no fórum de BioEconomia, em outubro de 2012(vídeo pode ser assistido aqui), onde destaca que: (i) o governo ajuda excessivamente o setor automobilístico, que para ele é desnecessário; (ii) fala que os incentivos à inovação no Brasil são baixos e a economia ainda é excessivamente fechada, (iii) o Mercosul hoje mais atrapalha do que beneficia a  inserção externa de empresas brasileiras, (iv) precisamos estabelecer metas para educação – conseguir nos próximos vinte anos estar entre os dez melhores países do mundo na qualidade de educação (medida pelo PISA), (v) reduzir  a proteção da economia, etc.
Quais setores da indústria o Brasil deverá promover para ser mais competitivo?Nos pronunciamentos do empresário isso não parece ser importante. O que parece ser mais relevante é o fomento à inovação e maior integração com o resto do mundo que, naturalmente, favoreceria os setores da indústria mais ligados aquelas cadeias produtivas que Brasil já tem vantagem comparativa. Assim, nossa política seria diferente tanto do modelo Coreano quanto da política de estímulos setoriais que o Brasil tem feito intensivamente desde 2008.
O pensamento do presidente do IEDI me parece algo muito particular dele, não sei se é consenso no próprio IEDI. No entanto, e para a minha surpresa,  o novo mapa estratégico da indústria da CNI (clique aqui), divulgado esta semana, vai ao encontro das opiniões que Pedro Passos vem defendendo. O novo mapa estratégico da indústria da CNI parece corroborar a tese de críticos da política industrial de que a competividade da indústria depende pouco  ou nada de estímulos a setores da indústria (política industrial) e muito mais de medidas horizontais e consistência das políticas macroeconômicas.
O mapa fala de controle dos gastos públicos, aumento do investimento público, melhoria da qualidade da educação, segurança jurídica, produtividade, eficiência do Estado, tributação, produtividade, etc.  O documento quando fala de políticas setoriais na p. 59 –exatamente três parágrafos- o faz de maneira tímida. Assim, ao que parece, a própria CNI não acredita mais em política industrial. Não seria então o caso de a entidade deixar isso claro para o governo?
É verdade que no mapa há uma macrometa de aumentar de 1,7% para 2,2% a participação do valor adicionado da manufatura no Brasil em relação ao valor adicionado da manufatura no mundo, mas isso pode ser alcançado com a sensível diminuição da participação de vários setores da indústria de transformação (o que é provável acontecer) na economia brasileira.
Adicionalmente, ao contrário do Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), de 2008, ou do Plano Brasil Maior, de 2011, o mapa estratégico da indústria não cita um única vez, nas suas 141 páginas, nenhum setor econômico específico como confecção, têxtil, química, etc. Ou seja, o mapa de competitividade da indústria é talvez o melhor documento contra a política indústria nos moldes que se faz hoje. Resta saber se de fato ele reflete o pensamento dominante da CNI ou se é um conjunto de idéias além das políticas setoriais que a instituição tradicionalmente defende.
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Fonte: Mapa Estratégico da CNI

sábado, 15 de dezembro de 2012

Industria brasileira: competitividade e abertura (as piores possíveis) - CNI-Funcex

COEFICIENTES DE ABERTURA COMERCIAL, JULHO-SETEMBRO/2012
CNI. FUNCEX. (14/12/2012) 
COEFIENTE. A publicação Coeficientes de Abertura Comercial acompanha o grau de integração da economia brasileira com a economia mundial. Os indicadores medem a importância das vendas externas para a indústria brasileira e participação das importações no consumo doméstico. Os coeficientes são apresentados como dados anuais, estimados trimestralmente, a partir de estatísticas de produção do IBGE e de comércio exterior da Secex/MDIC. Os coeficientes de abertura comercial são elaborados em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior – Funcex.
 
Participação de importados no consumo dos brasileiros cai pela primeira vez desde 2009. Maiores quedas foram registradas nos setores farmoquímico e farmacêutico e de petróleo e biocombustíveis.  O Coeficiente de Exportação ficou estável em 18% no terceiro trimestre. Depois de 10 trimestres consecutivos de alta, a participação de produtos industriais importados no consumo dos brasileiros  caiu para 22,1%  no terceiro trimestre deste ano.  A queda foi de 0,2 ponto percentual em relação ao segundo trimestre, informa o estudo Coeficientes de Abertura Comercial. Apesar das medidas de estímulo à indústria brasileira adotadas pelo governo, não é possível afirmar ainda que as importações continuarão caindo, enquanto os mercados desenvolvidos estiverem em baixa, a produção dos países asiáticos serão desviadas para economias em crescimento como a brasileira. Dos 27 setores avaliados pelo estudo, 12 importaram menos que no trimestre anterior.  As indústrias de petróleo e biocombustíveis e as de farmoquímicos e farmacêuticos  foram as que tiveram as maiores quedas. No setor de petróleo e biocombustíveis, a queda foi de 2,4 pontos percentuais. No de farmoquímicos e farmacêuticos, a retração foi de 0,7 ponto porcentual. Nos setores em que se registram quedas, as variações podem ser atribuídas à alta na taxa de câmbio ocorrida no início do ano e às medidas adotadas pelo governo para a desoneração dos setores industriais, conforme estudo elaborado em conjunto com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). As exportações da indústria em relação ao total da produção se mantiveram  em 18% no terceiro trimestre. A estabilidade do Coeficiente de Exportação também é resultado das medidas de desoneração da folha de pagamento de alguns setores e à desvalorização do real desde o início do ano. O Coeficiente de Exportações, porém, ainda está bem abaixo da máxima histórica de 20,7% registrada no segundo trimestre de 2007. O mercado externo está muito ruim,  por isso as exportações não decolam. A maioria dos setores da indústria de transformação aumentou as exportações no terceiro semestre de 2012 em relação período imediatamente anterior. Os que mais ampliaram as vendas ao exterior foram o de fumo, couros e calçados e máquinas e materiais elétricos.
CNI (14/12/2012) – ECONOMIA BRASILEIRA. COMPETITIVIDADE
Brasil ocupa penúltimo lugar em ranking de competitividade da CNI. Brasil perde apenas para Argentina entre 14 países. Canadá é o grupo melhor posicionado no levantamento.  
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou estudo que informa que, dentre 14 países pesquisados, o Brasil se encontra em penúltimo lugar no chamado "ranking" da competitividade, ficando à frente apenas da Argentina. O aumento da competitividade é o maior desafio do Brasil. A baixa competitividade do país é registrada por diferentes indicadores e estudos, nacionais e internacionais. Ao comparar a situação do Brasil com um conjunto de países mais próximos, este relatório deixa mais evidente os desafios do país. No estudo, a CNI considerou os seguintes países: Brasil, Argentina, México, Colômbia, Rússia, Polônia, África do Sul, Chile, Índia, Espanha, China, Austrália, Coreia do Sul e Canadá. A maior parte dos países da lista representa economias em desenvolvimento. O Canadá é o país melhor posicionado. Esse país só não aparece no terço superior no fator 'ambiente macroeconômico', onde divide as últimas posições com Brasil, Austrália e Rússia. Ainda compondo o grupo de quatro países do terço superior, têm-se Coreia do Sul, Austrália e China. O potencial competitivo de uma economia pode ser avaliado a partir do exame dos fatores que condicionam a capacidade de suas empresas para o manejo eficaz de mecanismos de competição.
Entre os fatores avaliados estão: disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística e carga tributária. E estas variáveis afetam o ambiente macro e microeconômico, além do nível educacional da população e da tecnologia e inovação.
Fonte das informações. Para fazer o estudo, a CNI informou que foram consolidadas informações de vários estudos feitos ao redor do mundo. Segundo a entidade, foram utilizados os documentos mais recentes para cada indicador, o que, em alguns casos, ainda têm dados relativos ao ano de 2009 e, também, de 2011. Entre as fontes de informações, a CNI utilizou dados do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI), da OCDE, da Unesco e do Fórum Econômico Mundial.
 
Medidas recentes do governo não foram consideradas.  
A entidade informou, porém, que o estudo não considera as novas medidas anunciadas pelo governo no decorrer deste ano para aumentar a competitividade da economia brasileira. No decorrer de 2012, o BC seguiu baixando os juros, fixando a taxa básica em 7,25% ao ano, na mínimia histórica, além de o governo ter estimulado um aumento no preço do dólar - favorecendo exportações e tornando as compras do exterior mais caras. Também ampliou o processo de desoneração da folha de pagamentos e reduziu tributos para estimular o consumo, como o IPI da linha branca e de automóveis, e renovou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), implementado via BNDES, que oferece juros mais baratos para investimentos.